Paredes de ar escrita por Senhorita Amabel


Capítulo 12
Inconstância




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Gentil, beijou os lábios da menina que se atirou do terraço, levando consigo o último sussurro de esperança...

Foi-se para o outro lado do mundo.  

Lá encontrou pessoas nas ruas e a brisa se tornou um vendaval que bagunçou cabelos e derrubou uma xícara de chá.  

Fugiu outra vez e dessa vez transformou-se em um tornado que destruiu casas, arrastou corpos, varreu plantações.  

E se foi. Tornou-se outra vez brisa, dançando gentil, deslizando pela janela do poeta que ao senti-la, sorriu, pensando que talvez o mundo pudesse ser gentil e que a vida valia a pena. Escreveu um poema bonito sobre o amor e logo a brisa se foi, quase ressentida, indo embalar outro corpo despencando de uma ponte, derrubar o prato de comida de um pobre faminto, destruir a casa pequena de uma mãe que suou a vida inteira para construí-la.   

Pois que era vento, ar, atmosfera, a benção de uns e a desgraça de outros. Assim pensou a brisa, triste, quando se tornou vendaval, depois tornado, para depois se acalmar e, numa ária triste, amaldiçoar a inconstância de ser tudo e não ter nada a não ser as memórias que guardava em si e que se perdiam entre os átomos dispersos que ela era.  


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