V E N U S - Origin escrita por badgalkel


Capítulo 16
1.15 Missão resgate




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A dor em seu peito era abrangente, assim como as batidas de seu coração tão nítidas e frenéticas. Sua respiração estava ofegante e a falta de ar era enorme, seus pulmões a qualquer momento poderiam explodir.

O suor começou a escorrer por sua testa e os tremores nas mãos começaram a deixa-la preocupada.

Além da sensação de peso sobre seus ombros e a boca seca, as mãos frias sinalizavam apenas uma coisa.

Ela estava perdendo o controle.

E não podia de maneira nenhuma. Muito menos ali, em um local cheio de enfermos.

Portanto andou desnorteada procurando a saída da tenda.

Steve ao longe percebeu a movimentação anormal e correu para lá.

Chegou no momento em que Harriet ia dar de cara com o chão.

— O que aconteceu? – Indagou preocupado.

— Tenho que sair daqui. – Disse com dificuldades. – Você tem que me tirar daqui.

— Claro, só um instante... – Steve olhou para os lados um lugar mais afastado que pudesse leva-la. Só tinha dúvidas se realmente devia fazê-lo ou voltar com ela para o pronto-atendimento. Claramente ela estava tendo outra crise. – Aw! – Ele urrou, ao receber uma carga elétrica nas mãos. – O que diabos está acontecendo?

— Só me tira daqui, Steve. – A garota suplicou ofegante.

Antes que ele pudesse pegá-la por completo no colo e sair correndo dali Peggy surgiu do meio dos socorristas e, assim que os localizou, correu em sua direção.

— Harriet! – A agente exclamou.

Harriet subiu os olhos para identificar o rosto de quem a chamava e sentiu sua pele queimar quando o fez.

— Você, - ela disse. – Você sabia disso!

— Peggy, ela está tendo um ataque, temos que leva-la...

Steve fora rispidamente interrompido pela agente que, com o coração em pedaços, tentava debater arrependida: - Eu tentei te falar... Eu só queria te proteger.

— Eu precisava saber!

Harriet então respirou fundo fechando os olhos. Ainda estava sendo segurava por Steve, não duvidaria de que se ele a soltasse suas pernas não conseguissem a sustentar.

Seu mundo se tornou uma completa escuridão.

Não podia acreditar que aquilo que tão temia havia acontecido diante de seus olhos e mal percebera.

Chorou. Permitiu-se liberar todas as lágrimas que havia em seus dutos lacrimais. Chorou tanto que soluçava sem conseguir respirar.

Steve e Peggy respeitaram seu momento. Os dois permaneceram ao seu lado e esperaram que ela liberasse tudo o que fosse preciso para se sentir melhor.

Assim que ela conseguiu se controlar, surpreendentemente não liberando mais choque nenhum de sua pele, pisou firme no chão. Steve continuou com as mãos ao seu redor, assegurando-se de pegar caso caísse novamente.

Assim que se ergueu e secou as lágrimas, mirou Peggy desapontada.

— Pensei que fosse minha amiga. – Falou calma.

— E sou. – afirmou. – Por isso quis lhe poupar tanto sofrimento.

— Uma hora ou outra, - começou esbravejando, porém se conteve ao sentir a energia pulsar em suas veias. – Eu iria acabar sabendo.

— Eu sei, - lamentou. – Quis adiar isso o quanto possível, mas a conclusão seria a mesma. Me perdoe.

Harriet mirou o semblante angustiado da amiga e mordeu o lábio inferior para não praguejar e se arrepender depois.

— Podem me dizer o que diabos está acontecendo? – Questionou um Steve curioso.

— Schmidt mandou uma unidade para Azzano, 200 homens batalharam. Menos de 50 retornaram. – Peggy anunciou com pesar, vendo Harriet se encolher novamente. – O público de sua apresentação era o que restou do 107º. O resto foi morto, - engoliu em seco quando viu mais lágrimas escorrerem pelo rosto da amiga – ou capturado.

— O 107º? – Indagou Steve exasperado, surpreendendo as duas.

— O que foi? – Indagou Harriet com o cenho franzido.

— Venha! – Chamou ás duas, seguindo apressadamente até a tenda principal.

Peggy e Harriet se entreolharam sem entender antes de o seguirem.

— Coronel Philips. – O loiro saldou.

— O herói Americano com "Um Plano em Mente". – Zombou. – Qual o plano de hoje?

— Quero as baixas em Azzano. – Declarou convicto.

As duas o observavam ainda confusas.

— Não me dá ordens. – O coronel lembrou.

— É apenas um nome: Sargento James Buchanan Barnes, do 107º.

Harriet sentiu o coração dar um salto. Não se recordava de falar o nome completo de James ao amigo.

— Eu e você –  O coronel indicou a agente - teremos uma conversa que não irá gostar.

— Por favor diga-me que está vivo. B-A-R... – O loiro insistiu.

— Eu sei escrever. – Cortou-o rudemente.

Harriet só observava atentamente.

O coronel se levantou e depositou a pasta em mãos em uma pilha de outras pastas enquanto dizia: - Nem sei quantas cartas de condolências já assinei hoje.

O peito de Harriet e Steve se encheram de esperanças até ser tirada deles com um só sopro: - Mas o nome me soa familiar. Sinto muito.

Harriet mordeu o lábio inferior e pousou a mão sob a testa.

— E os outros? – Steve continuou. – Haverá uma missão de resgate?

Harriet atentou-se.

— Sim, claro. – O coronel disse. – Queremos ganhar a guerra!

Steve pareceu perplexo.

— Mas se sabe onde estão...

— A 48 quilômetros das frentes, em área fortemente guardada. – Apontou no mapa posto em um mural cheio de pinos indicativos. – Perderíamos muitos homens. Não entende disso porque você é um corista.

— Entendo muito bem. – O rapaz retrucou sem hesitação.

— Então podem ir andando. Se li direito nos pôsteres, tem que estar em outro lugar. – Finalizou antes de se retirar e deixá-los para trás.

Steve analisou bem o mapa com indicações precisas e respondeu, mesmo que o coronel já não pudesse ouvir: - Sim, senhor. Eu tenho.

Assim que Steve saiu em passadas pesadas, Harriet foi em seu encalço.

— O que vai fazer? – Indagou tentando acompanha-lo.

— Resgatar os que foram capturados. – Pronunciou. – Não merecem ser mortos porque o coronel se sente acuado e não quer perder ainda mais homens.

— Mas Steve... – segurou-o pelo braço, chamando sua atenção. Steve olhou diretamente em seus olhos, fazendo-a recordar dos de Barnes. – Como sabia o nome completo de James?

— Ora, não teria como não saber. Conheço-o desde que me entendo por gente.

— Só um minuto... – Harriet parou para refletir. – O seu amigo que estava em terras inimigas o qual você não tinha notícias era o mesmo James o qual não recebia minhas cartas?

— Puxa vida... – soprou assim que se deu conta de tamanha coincidência.

— Mas... – recordou-se – você chamava-o por outro nome.

— Bucky. – Sorriu. – É um apelido de quando éramos crianças.

— Bucky... – repetiu sorrindo. – Claro. Buchannas...Como não percebi isso antes?

— Está vendo Harriet? – Declarou. – Isto é o destino. Se realmente acredita que estamos aqui por uma razão maior, vai me ajudar a resgatá-lo de lá.

Harriet mirou os olhos azuis de Steve intensamente, estes eram muito semelhante aos azuis de James. Não pensou duas vezes.

— Conte comigo.

—x-

— Está louca? – Howard indagou retoricamente. – Acha mesmo que eu vou lhe emprestar um avião para voar para a sua morte?

— Deixa de ser patético, Howard. – Harriet revirou os olhos. – Só preciso que dê uma carona à Steve até o local. Voltarei com você sã e salva.

— E o que me garante que não vai querer acompanha-lo no resgate? – Questionou cruzando os braços em sua frente. – Eu meio que notei que você é insana de vez em quando.

— Steve não quer que eu vá, - revelou – diz que se for para perder vidas, uma é melhor do que duas.

— Não me convence. – Howard torceu o nariz, pronto para se retirar do quarto e da conversa desagradável.

— Você me deve isto. – Ela apelou para o emocional, já que o racional não estava contribuindo. – Eu poderia ter recebido a notícia de uma forma melhor. Mentiu para mim.

— Não menti. – Negou imediatamente. – Eles são homens de divisões que tiveram recentes ataques, não há erros neste fato.

— Não tenta me enrolar. – Pediu séria. – Você sabe que podia ter evitado todo aquele escarcéu.

Howard encolheu os ombros, ela tinha razão.

— Tudo o que peço é que pilote até o local e deixe Steve lá. O resto ele providencia.

— Acredita mesmo que ele sozinho vai derrotar uma base da HIDRA? – Questionou arqueando uma sobrancelha.

— Eu tenho fé que sim.

—x-

— Howard? – Steve indagou desconfiado ao adentrar o galpão de madeira, onde eram estacionadas as aeronaves e demais automóveis. – Duvidei que fosse participar do nosso pequeno motim.

— Acredito que devemos fazer o que é certo ou, ao menos tentar. – Respondeu sorrindo.

— Tudo pronto para irmos? – Indagou Harriet, indicando o pequeno avião de metal em sua frente.

— Temos um pequeno problema. – Howard revelou com pesar. – A bateria do avião está descarregada. As luzes de referencial ficaram ligadas e... bom, o avião não liga.

— Não temos um tipo de energia alternativa? – Peggy questionou.

Enquanto os três discutiam possibilidades, Harriet deu a volta no pequeno avião e abriu sua caixa externa de comando. Onde ficava o motor e bateria agrupados.

Notou a alavanca acionada e desativou-a.

— Vamos lá, - esfregou uma mão na outra. – Vocês têm que me servir para alguma coisa.

Ela pôs as palmas das mãos nos encaixes da bateria, concentrando-se e imaginando pequenas faíscas saindo de suas mãos e integrando a bateria. Supreendentemente foi preciso apenas uma dose de carga elétrica para preencher todo o depósito de energia. Um estalo agudo e faíscas flamejando por todos os lados lhe indicaram isto.

Rapidamente ela retirou as mãos, acionou a alavanca e fechou a comporta protetora.

Quando retornou aos outros, estes ainda discutiam uma forma de energia.

— Tenta agora. – Pediu, com as mãos guardadas nos bolsos do casaco grosso. Sua palma havia ficado levemente grossa, mas em poucos minutos aquilo desapareceria.

— Como assim, "tenta agora"? – Howard perguntou confuso.

— Tenta ligar o avião.

— Por que...

— A alavanca de liberação de energia da bateria estava desligada. – Mentiu.

— Mas eu chequei mais de uma vez...

— Só tenta, Howard. – Cortou-o com suplica nos olhos.

Ele, por sua vez, entrou no avião e foi diretamente para a dianteira, virando a chave de segurança no contado e acionando o botão. Imediatamente o avião ligou. Causado grandes sorrisos nos rostos dos quatro.

—x-

— A HIDRA fica em Krausberg, entre duas montanhas. – Peggy indicada em um mapa de bolso – É uma espécie de fábrica.

— Vamos deixa-lo bem na porta! – Howard disse, com os olhos grudados na imensidão azul e mãos nos controles de lemes de direção.

— Me deixe o mais perto que puder! – Solicitou Steve. – Vocês terão muitos problemas.

— E você não? – Peggy retrucou.

— Para onde vou, se gritarem comigo, atiro neles.

— E atirarão em você de volta. – Ela insistiu.

Harriet, que até então só observava, concentrando-se em permanecer calma para não soltar faíscas por todo o avião, refletiu sobre a conversa dos dois.

Steve detinha o soro no corpo, mas não era invencível. Ela, com suas fagulhas, poderia dar cobertura ao rapaz. Assim, evitando que se machucasse.

Porém, antes que pudesse sugerir algo, mirou Howard.

Não podia fazer isso com ele.

Da última isso quase o consumiu por inteiro.

Ele não tinha nenhuma noção do poder que ela literalmente tinha em mãos. E ela não tinha coragem o suficiente de revelar agora.

Percebeu sua respiração descompassada.

Ah, não.

Concentrou-se apenas nas boas lembranças de James e tentou ignorar todo o resto. Não podia perder o controle logo ali.

— Stark é o melhor piloto civil que conheço. – Pôde ouvir Peggy dizer ao longe. – E doido o bastante para entrar lá.

Fechou os olhos.

— Então... vocês dois... – a voz de Steve tamborilou. – Fondue?

— Esse é o seu trasponder. – A agente disse, ignorando as incitações do loiro. – Acione quando estiver pronto e o sinal nos levará até você.

— Essa coisa funciona?

— Foi testado mais que você, parceiro. – Howard brincou.

E então, a primeira explosão aconteceu.

Harriet abriu os olhos imediatamente.

Tiros vindos de todos os lados atacavam o pequeno avião.

— Volte aqui! – Peggy esbravejou, vendo Steve ir em direção à porta de saída. – Vamos colocá-lo lá dentro!

O avião balançava excessivamente, dado que Howard tentava se desviar dos tiros.

— Se segurem! – Alertou o piloto.

Harriet sentia seu estômago revirar dentro de seu corpo. Náuseas indicavam inconstância de seu controle.

Droga, não conseguiria controlar por muito tempo.

— Depois que eu sair, deem a volta e saiam daqui! – Steve ordenou.

— Não pode me dar ordens! – Disse Peggy de volta.

— Claro que posso! – Steve sorriu. – Sou um Capitão!

Ele ajeitou os óculos de proteção e saltou do avião.

Enquanto Peggy o observava cair, Harriet decidiu tomar uma decisão.

Andou até a porta de saída por onde Steve acabara de saltar aos tropeços e colocou a cabeça para fora, tentando localizar de onde vinham os tiros que os desestabilizavam.

— Saia já daí! Qualquer desequilíbrio você cai! – Alertou a agente aos gritos.

Harriet observou a altura em que estavam e sentiu náuseas novamente, assim, respirou fundo para se concentrar.

Localizados os atiradores ao solo Harriet só fez apontar-lhes as mãos e deixar que a energia saísse de você.

Em questão de segundos, os tiros cessaram.

— Mas que diabos...


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