Cassandra chegou em casa e logo se arremessou dentro do banheiro para esfriar o corpo dentro do banho para esfriar a cabeça. Jasmine, sua irmã mais nova, foi atrás dela, mas sem sucesso de descobrir o que se passava na cabeça da irmã mais velha que chegara em casa marchando em silencio, ignorando qualquer um que falasse de bom humor com ela.  “Quem aquele maldito pensa que é?!” Cassandra perguntava a si mesma enquanto a água quente caia em seus ombros e em sua cabeça, escorrendo pelos longos cabelos negros “Quem ele pensa que é para acabar com o meu plano que tinha tudo para ser perfeito e então me segurar com força sem me machucar e ainda me beijar? Quem ele pensa que é? É meu namorado? Eu nem ao menos sabia que tinha um namorado! E mesmo que eu tivesse não seria ele!”  Esse era o único pensamento na cabeça da garota de cabelos negros e mechas verdes, enquanto deixava a água escorrer por todo seu corpo, automaticamente relaxando seus músculos, mas não resolvendo sua irritação devido aos últimos acontecimentos. Cassandra recostou-se a parede fria de azulejos rosa - colonial e a cena de seus lábios se tocando martelava constantemente, do mesmo modo como parecia haver correntes de arame farpado cruzando, envolvendo e atravessando seu coração e seus pulmões. Ela havia dito o que tanto queria, então por que se encontrava daquele modo?  Simultaneamente Tom chegou em casa pisando fundo na madeira e no piso frio. Estava contente por ter feito o tem ansiado desde que viu Cassandra pela primeira vez ao mesmo tempo em que sentia seu corpo inteiro formigar e se petrificar a cada passo que dava devido ao que ouvira. Ela realmente o odiava? Realmente sentia repulsa e desprezo por cada parte existente daquele ser? Devia ser, era o que Tom deduzia. Afinal, ela estava apenas brincando com ele, apenas brincando de uma brincadeira que havia começado a virar algo mais sério. Mas então, por que ela não se livrou dele no exato segundo em que ele a beijou?  Por mais que essa perguntar martelasse sua mente, ele sentia-se completamente destruído por dentro devido à certeza de que Cassandra realmente havia dito que o odiava. O que ele havia feito? Ele era muito cafajeste para ela? Era isso que o fazia tão desprezível aos olhos dela?  Tom colocou as costas contra a parede de seu quarto e deixou-se escorregar pela extensão da mesma, pensando no que iria fazer a respeito da situação. Agora que aquela afirmação rodava sua mente, martelando-a constantemente, ele tinha finalmente tido a certeza de que Cassandra não era apenas mais uma em sua vida, e sim AQUELA garota que ele poderia dizer: eu te amo.  Cassandra ainda deixava a água quente cair sobre seus ombros e agora os resquícios de maquiagem que ainda não haviam saído de seus olhos estavam saindo devido a algumas poucas lágrimas teimosas que fugiram antes mesmo que ela percebesse, o que fez com que a garota de cabelos negros e mechas coloridas deixasse suas costas escorregarem pelo azulejo azul e seu corpo tocar o chão delicadamente devido ao leve desespero que estava tomando conta de seu corpo.  Ela não estava compreendendo o porque do desespero e das lágrimas. Havia dito tudo o que queria para Tom, havia dito que o detestava e o odiava porque ele havia beijado-a e era isso que ela queria dizer. Cassandra havia dito isso mesmo, realmente queria dizer isso, mas não havia considerado todas as sensações que vieram a seu corpo e a sua mente no momento em que o garoto alemão de dreads juntou seus lábios aos delas. Estava desconsiderando a ansiedade e o torpor, que foram as duas coisas mais notáveis em sua confusão interna de sentimentos.  Repentinamente veio a sua mente mais algumas imagens e cenas em que Tom aparecia. Primeiro a que havia vindo no momento em que Katherine o agarrava, ele largando sua prima ruiva e vindo para ela, algo que ela estava se recusando a lembrar que pensou. Em segundo lugar, veio a cena de ele a seu lado, ali, a água caindo em ambos os corpos, ela com os dedos entrelaçados na nuca dele enquanto ele passava seus lábios por toda a extensão de seu pescoço e a segurava pela cintura do mesmo modo que a segurara mais cedo. Sacudiu a cabeça com força enquanto seus olhos estavam fechados, parecendo que isso a ajudava a não pensar nessas cenas.  Saiu do banho, enrolando-se na toalha azul escura e indo para seu quarto, sem antes certificar-se de que seus olhos não estavam inchados. Não deixaria que Jasmine a visse em um momento como este, que acabara de derramar lágrimas por um garoto idiota que ela mesma havia afastado intencionalmente.  Infelizmente Jasmine já estava sentada a frente do guarda roupa, de perninhas cruzadas no carpete creme.  -- O que aconteceu? – perguntou Jasmine, assustando Cassandra  -- Nada! – Cassandra respondeu rapidamente – E por que me assustou assim?!  -- Não era a intenção, mas se você se assustou, então há alguma coisa. – a menina de maria-chiquinha no cabelo saltou para a frente da irmão e seus olhos brilhantes tornaram-se instigantes – Estava chorando?!  -- Não! Claro que não! Sabe que eu não choro!  -- Você não chora, mas agora estava chorando. Conheço-te Cassie! Sei quando não estar bem e quando alguém esta confundindo esse seu coraçãozinho que você faz aparentar ser um iceberg. – a mais velha olhou para a irmã perguntando-se de onde ela sabia de tanto – Por acaso não tem a ver com aquele garoto que vocês estavam discutindo outro dia e bolando planos mirabolantes para acabar com ele não é?  -- Ok – Cassandra desabou na cama, suspirando pesadamente – Eu confesso. Tem a ver com ele.  -- Mas o que aconteceu pra te deixar assim?  -- Senta ai que a história é longa.  Cassandra suspirou pesadamente mais uma vez, deixando seu corpo tombar na cama king size, e Jasmine sentou-se ao lado da irmã e a esperou contar tudo o que havia acontecido. Jasmine ouvia atentamente a cada coisa e a cada detalhe que a irmã contava sobre o que acontecera mais cedo naquele dia. Desde a parte que elas usaram o fato de Anna ter de ir arrumar o vestido de seu aniversário de 18 anos para tirar Bill de perto até a parte em que ela própria havia fugido depois de ter dito que odiava Tom.  Ao final da história Cassandra tapou o rosto com as duas mãos, sentindo novamente o comichão na boca do estomago no fim da história. Parecia que aquela parte em especial lhe causava essa sensação estranha de nervosismo e formigamento. Jasmine estava quieta analisando as expressões da irmã mais velha enquanto narrava a história, sabia exatamente o que se passava na mente da irmã somente por ver suas expressões.  -- E foi isso. – Cassandra encerrou a historia depois do resumo de 20 minutos  -- Interessante isso – Jasmine franziu o cenho – Muito interessante essa história.  -- E então Sherlock? O que acha?  -- Tenho minha solução cara Watson.  -- Diga então  -- Acho que você gosta dele e ele gosta de você. E está de parabéns, porque se esse menino for tudo o que a Kat diz, então você é uma garota que merece o Nobel e uma marca no Guinness  -- Por que?   -- Segundo a Kat, ele não se apaixona e não tem apego nenhum para quem não seja seu irmão e seus pais. Então parabéns Cassandra, cara Watson, você conseguiu conquistar o coração de uma pessoa que parecia não ter.  -- Nada a ver! – Cassandra rebateu alto – Ele nunca seria afim de mim.  -- Mas você é afim dele.  -- Euck – Cassandra fez uma expressão de nojo e ressaltou-se – Eu nunca me apaixonaria por um cara que dorme com qualquer coisa que ande e tenha duas pernas e que faz questão de mostrar isso para toda a escola. Ele é desprezível!!  -- Mas não quer dizer que ele não tenha chamado a sua atenção e mexido com seus sentimentos, sua coração de iceberg! – Jasmine partiu-se a rir com seu próprio comentário – Par perfeito! O cara que nunca se apaixona por estar sempre curtindo suas orgias e a garota que tenta se mostrar completamente nula a sentimentos. Dois corações de iceberg e se chocam e...POW! Todo o gelo desmorona.  Cassandra passou alguns instantes tentando entender o que a irmã mais nova acabara de dizer até finalmente compreender plenamente que Jasmine estava dizendo que ela e Tom eram um par perfeito devido a seus corações nunca conquistados. Assustada com a possível próxima conclusão da irmã, Cassandra arremessou uma almofada com força na irmã mais nova, querendo que ela saísse de seu quarto para que ela tivesse um espaço pleno para raciocinar.  A garota de cabelos negros passou a toalha no cabelo uma ultima vez após passar um de seus quinhentos cremes de hidratação capilar e a enrolou em forma de turbante na cabeça. Pegou a primeira calça de moletom que vira no armário, uma preta de bolinhas rosas, e a vestiu, indo direto para a cama king size, deitar-se enquanto observava a luz do por do sol que invadia seu quarto através do cubículo que era sua varanda, de debaixo do cobertor de lã marrom. Virou-se contra a varanda e todas as cenas começaram a passar em sua mente enquanto ela arremessava a toalha, que estava em sua cabeça, para algum lugar distante de si.  Toda maldita cena do dia passando em sua mente e travando na parte em que Tom tocava seus lábios com os próprios. Passou as longas unhas de francesinha por seu lábio inferior, relembrando-se da sensação do piercing comprimido contar sua boca, de o quanto a boca dele era macia e especialmente da delicadeza com o qual ele fez tudo aquilo. Cassandra sabia que ele poderia muito bem fazer tudo aquilo de modo agressivo e violento, e era o que ela mais tinha certeza, mas não. Ele fez cada movimento com uma sutileza incrivelmente dantesca que a fazia ter duvidas se aquele era mesmo o Tom Kaulitz Trumper que a prima comentava tanto.