(IN YOUR SHADOW(I CAN SHINE) - TOKIO HOTEL) / UNWELL - MATCHBOX 20

2007

              Cassandra subiu ao púlpito e ajustou o microfone para que este ficasse em uma altura razoável. Ajustou sua beca e pegou o papel que trouxera para sua formatura. Ela seria a oradora de sua série. Respirou fundo e de repente todos estavam a observando no centro do campo de futebol americano, lotado por pais, alunos, ex alunos e no centro os formandos. Respirou fundo outra vez e viu Bill, Tom, Sophie, Rachel, Bianca e mais vários conhecidos no centro dos formandos e Anna mais atrás, ela havia vindo apenas para ver a formatura dos amigos já que sua própria seria em duas semanas, e assim começou.

-- Bom, como vocês devem ter notado, eu montei um discurso aqui, mas eu dei uma relida e não ficou muito bom, então prefiro guardá-lo para outra ocasião e dizer por improviso o que realmente pensei sobre esse ano. -- Tom sorria a olhando, estava orgulhoso de sua princezin, cresceram muito juntos -- Logo após a morte do meu pai, ainda na Austrália isso, minha mãe decidiu que nós deveríamos nos mudar para cá, afinal, foi aqui que meus avós criaram ela. De início eu posso jurar que queria morrer, afinal toda minha vida estava instalada lá e aqui eu só conhecia duas pessoas, sendo que uma não está mais entre nós e a outra é Frau Nicht, que me ajudaram muito a superar a morte do meu pai. Com tudo o que aconteceu vim um tanto abalada para cá e acabei conhecendo pessoas incríveis. Meus melhores amigos e até alguém que eu odiava que eu descobri que poderia ser muito mais do que eu jamais imaginei que fosse...

             Cassandra ia falando e suas lembranças voltavam a tona em sua mente, como se fossem muito recentes

"-- Cassandra! – Tom exclamou indo atrás dela enquanto a mesma se virava para ir embora – Espera! Cass! Eu não quero espalhar pra escola inteira. -- Ok! Eu acredito Kaulitz! Eu acredito! – Cassandra gritou irônica enquanto arrumava o boné e corria para longe, aquilo era de mais para ela. – E é sério Tom, NUNCA mais olhe pra mim de novo, fique sabendo..."

"-- Então me faça ficar -- ela murmurou no ouvido de Tom, que corou -- Me dê motivos para ficar -- ela passou as unhas longas por dentro da camiseta branca de Tom e a forçou para cima, tendo apoio para retirá-la -- Estive com saudades tambem -- ela depositou um casto beijo em seu peitoral e foi distribuindo beijos até sua orelha, passando pela clavícula e pelo pescoço o que o fez corar e se arrepiar "

-- Todas essas pessoas que conheci aqui, tiveram um valor especial para mim -- a garota de cabelos negros prosseguia -- Cada um de seu próprio jeito. E assim, eu pude crescer e ver exatamente quem sou e o que pretendo ser daqui pra frente e me fizeram ver que mesmo quem você menos espera pode estar fazendo mudanças significativas em sua vida enquanto pessoas que você acreditava serem as mais importantes para você acabam se mostrando as mais inúteis e mais cretinas de sua vida. Outra coisa que me fizeram ver é que não há gestos muito simples ou muito complicados para provar sentimentos e sim pequenas, mas significativas, ações que nos trazem as melhores sensações de paz do mundo e que fazem com que o mundo deixe de existir. Há também duas coisas que aprendi esse ano, que chamam-se perdão e culpa. A culpa por ter feito algo errado e que pode nos fazer perder a vontade de viver por não saber lidar com ela...

"-- É o acidente -- Cassandra apertou-se ao tórax de Tom, abraçando-o com força enquanto algumas lágrimas fugiam de seus olhos -- A mãe da Katy ta me culpando pelo acidente, ela fica dizendo o tempo todo que se eu não quisesse ir embora depois daquilo... E talvez a culpa seja minha porque se eu não quisesse tanto ir embora, teria prestado atenção no fato de que ela estava bêbada e que não tinha condições de dirigir... Mas eu não me importei, eu só quis saber de ir pra casa o quanto antes possivel..."

--[...] E o perdão, por poder esquecer a culpa que o consome durante seus dias, em pequenas súplicas que nos trazem certo alívio instantâneo pelo peso da culpa aliviado. Muitas vezes ele aparece do modo mais diferente o possível, em situações muito mais que extremistas, mas uma hora ele vem e nos traz toda a paz que pedimos a Deus em nossas vidas. E muitas vezes, é o pedão vindo de um alguém em especial, que nos mantém vivos, que nos traz de volta as razões de nossa existência...

"-- T-Tom, posso te pedir uma coisa? -- ela disse com as lágrimas fugindo e ele assentiu com a cabeça -- M-me descul-pa. E e-eu te a-amo... -- Tambem te amo liebe, e você vai ficar bem, te prometo..."

--[...] Em meio a todas essas lições que aprendi esse ano, a principal de todas foi que todos podem fazer parte de sua vida, mesmo que isso seja o que você menos deseja e que essa pessoa tão indesejada pode se tornar a melhor da sua vida e a que você sentirá mais saudades quando partir para outro país, Então por tudo o que houve este ano e por todas as mudanças que ocorreram comigo e com meus colegas, agradeço ao corpo docente por tudo e principalmente por terem dado a mim e mais alguns alunos a chance de realizar um intercâmbio de dois anos em um país de sua escolha... É, é isso que eu queria dizer. Conseguimos!

(WALK AWAY - FUNERAL FOR A FRIEND )

              Todos ergueram-se de suas cadeiras e começaram a aplaudir a garota de pé, sentindo o quão verdadeira a garota de cabelos negros e mechas azuis fora verdadeira. Tudo o que ela estava dizendo era verdade, tudo o que ela descrevera foram suas lembranças e suas vivências, todas baseadas no que fora aquele ano. Foi para seu lugar ao lado de seus amigos e houve mais um ou dois discursos que os alunos não notaram pois conversavam entre si. Os formandos estavam totalmente distraídos até o momento  em que o professor titular soltou a frase "Parabéns meus alunos, vocês estão formados!" 

            Aplausos em pé e chapéus sendo lançados ao alto. Todos começavam a se movimentar, indo em direção a amigos e familiares. Anna correu para os braços do namorado, beijando-o intensamente com os pés fora do chão e este abraçou-a por trás colocando seu queixo na clavícula dela. Sophie, Anna, Rachel e Cassandra abraçaram-se, comemorando o fim o ano letivo, mesmo que a fomatura da segundo fosse apenas daqui a duas semanas, ela sentia-se junto aos melhores amigos. Georg, Tom, Bill e Gustav também abraçavam-se, lembrando dos vários anos que estudaram juntos naquela mesma escola e então os oito juntaram-se em uma roda só, abraçando-se em uma grande roda e gritando a única coisa que lhes havia em mente naquele momento: Liberdade.

             Logos após se disperçarem, o Kaulitz mais velho levou a garota de cabelos negros e mechas coloridas para um pouco mais longe da concentração de gente, na porta da escola, onde se conheceram e sentaram-se na escadaria para conversar um pouco. Conversando animadamente enquanto Cassandra lhe contava a idéia de seu intercâmbio. Iria voltar para a Austrália, queria reviver um pouco a vida que deixou lá ao mudar-se para Hamburgo. Mas logo Tom retirou uma rosa do bolso da camisa social que estava por baixo de sua beca preta e entregou a garota

-- Que linda Tom, obrigada, muto obrigada mesmo. -- a garota sorriu ele retribuiu-o, sem graça

-- É que sabe, você vai passar dois anos fora do outro lado do mundo, e sabe, vai me deixar com saudades então... É pra você se lembrar de mim.

-- Obrigada, mas tem outros jeitos de fazer com que eu me lembre de você quando eu for em três dias. -- ela riu maliciosamente e ele a acompanhou

-- Como seriam esses jeitos?

-- Seriam apenas dois e um eu quero agora -- ela riu e segurou a beca dele pela barriga, prendendo-se a ele -- Posso?

-- Sempre vai poder.

             Depois disso Tom colocou as mãos no rosto da garota com mechas azuis e trouxe seu rosto para mais próximo do seu enquanto esta tinha as mãos espalmadas na barriga do garoto de tranças e beijaram-se. Beijaram-se intensamente do modo que há muito tempo não se beijavam e isto lhes dava margem para saber exatamente o que ela queria e o que viria quando eles voltassem para casa. Tirariam as becas e as roupas sociais e ficariam se atritando em ritmo perfeito até o amanhecer. Tom poderia arrumar as coisas para a faculdade e Cassandra tinha tempo dos ultimos toques para a viagem. Tudo estava nos eixos e provavelmente manteriam-se assim por muito tempo, mas se saíssem não importava... De um modo ou de outro eles sempre estariam juntos de algum modo.