Magi Progenie - A Origem da Magia escrita por Child


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Batalha pela Espada


Notas iniciais do capítulo

Agradeço ao Danilo e a Keila, criadores do trio composto pelos Guardiões do Equilíbrio.

Vamos a fic!



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A cantoria harmoniosa daquele ser puro e bondoso ecoava pela clareira dos pinheiros, aquele não era um local de costumeira visita por ela mesmo que este a agradasse em diferentes momentos, não era segredo para nenhuma criatura naquela ilha que sua majestade preferia as planícies marítimas ou até mesmo os céus por se sentir mais livre.  A criatura então pairava rente ao solo pois não ousaria tocar seus pés no chão ainda mais naquela clareira, sua pele extremamente fina seria facilmente arranhada flores espinhosas que ali enfeitavam o caminho - desabrochando pela sua simples presença - até mesmo a criatura mais poderosa da ilha abominava os tão ardentes arranhões mesmo que estes se curassem em milésimos de segundos depois. Continuou seu percurso avistando a Costa do Sol Poente cujas águas faziam-se presentes desde já.

 

Sentiu um arrepio na espinha, era como se seu próprio corpo lhe avisasse de um mal presságio uma vez que aquela sensação não era nada comum e o que veio a seguir também não. Os pinheiros ao redor de si fecharam seu caminho impedindo que seguisse adiante, os animais mais inofensivos e incapazes de se defenderem fugiam para o sul - localizado em suas costas - em instância e rapidez, foi quando o céu deu o primeiro sinal do que havia acontecido. Havia uma parte da ilha nomeada como a Floresta das Trevas Eternas ao norte e completamente isolada das outras locações, conhecida por situar as piores criaturas daquela Ilha, uma barreira de proteção impede que as criaturas impuras vivessem e atacassem aquelas de bom coração.

 

—  Majestade. - Uma voz grave revelou a presença de um leão de pelos cinza com uma juba em chamas ardentes na coloração azul, seu nome é Cidoimos. Ele fez uma reverência a ela ao chegar perto o suficiente para que uma distância de dois metros o separasse.

 

— Cidoimos, eles estão a tentar novamente? - Indagou a autoridade maior da ilha.

 

— Sim, Majestade.

 

A manhã ensolarada fora consumida por uma massa cinzenta provocada pelas nuvens densas e opacas que se formavam nos céus, raios e trovões ecoavam pela ilha assustando os pobres animais que tremiam aterrorizados causando extrema irritação da Mãe Natureza. A fada e Cidoimos trocaram olhares e ele abriu caminho para que ela fosse na frente, em um único disparo a Rainha da Ilha quebrou a barreira do som, suas asas era a única entre as fadas com capacidade para atingir tamanha velocidade e apenas Cidoimos era capaz de acompanhá-la sem tropeçar ou ofegar.

 

Cidoimos era um dos três Guardiões do Equilíbrio da Ilha de Avalon, ele representava todas as criaturas neutras  que possuíam uma parcela de maldade e bondade no coração, dos seus irmãos ele era o único que possuía dois mantos de magia: a branca e a negra. Como seus poderes envolvem diretamente a cinesia do som, ele é único ser na ilha capaz de acompanhar sua rainha, na verdade, ele até poderia deixá-la para trás, mas nunca a desrespeitaria dessa maneira a não ser que ela permitisse.

 

A fada ainda em movimento se concentrou por uns instantes de olhos fechados e viu cada canto da ilha, mudou o percurso, seus olhos que tudo viam encontraram sem demora um paladino das sombras marchando em direção a um local em específico: a Lagoa da Névoa. Ela rosnou baixinho e acelerou, era de seu conhecimento o que ele queria naquele local em específico.

 

— Cidoimos, eu hei de ir a Lagoa da Névoa. Compareça a Floresta das Trevas Eternas e retome com a barreira. - Ele então fez uma reverência rápida para ela que seguiu para um caminho diferente atingindo o máximo da capacidade da velocidade de suas asas.

 

Não demorou muito, ela já via uma figura masculina no horizonte  remando em direção ao ilhéu que centralizava a lagoa da Névoa e decidiu esperar sua chegada lá mesmo. Encontrou a espada Excalibur ainda cravada na pedra e esperou pacientemente por seu oponente, não a entregaria assim sem uma luta, não havia forjado aquela espada para qualquer um.

 

Então seu oponente apareceu, aquele que autoafirmava paladino das sombras trajava uma armadura de ferro envelhecida completa, com exceção do elmo. Ele encarou a fada que parecia tão inofensiva aos olhos de muitos, seus cabelos tão louros quase grisalhos, pele alva e sem nenhuma marca de tempo, olhos azuis acinzentados ainda mais intensos refletidos a água, e uma expressão sempre serena.

 

— Ela não pertence a vós. - Trovejou a fada.

 

— Ainda não. - Ele retrucou dando três passos em sua direção puxando sua espada da bainha, partindo para cima dela com um golpe de baixo para cima.

 

A fada deixou que uma espada escorregasse da manga de suas vestes até sua mão e segurou sua própria espada de prata polida pelo cabo levantando-a rapidamente na vertical, as espadas se chocam, faíscas se espalham dando início a uma disputa de força acirrada. Ela sentia a magia correndo em suas asas da mesma forma que o sangue corria em suas veias. Ela sabia que o homem em questão não sairia sem lutar e por mais que ela detestasse conflitos, aquilo era inevitável.

 

— Então a grande majestade sabe usar uma espada - Disse ele ironizando o título da fada na ilha.

 

A fada era simplesmente a senhora Nyneve de Avalon, a dama do Lago, amiga do mago Merlim, mãe de todas as criaturas mágicas e aquela que forjou a espada Excalibur - agora cravada em uma pedra após a morte do rei Arthur - se ela não soubesse manusear uma espada, nunca poderia tê-la forjado. O paladino avança adiante com um passo, rapidamente a fada forçou o deslizar de sua própria espada para a ponta da espada de seu oponente, forçando-a mudar seu curso e jogando seu dorso para trás caso seu oponente recuperasse o controle da arma. Nyneve restabeleceu o limite de distância que fora perdido e manteve posição, seus pés estavam separados e firmes no solo, suas mãos seguravam o cabo da espada com firmeza, mas não empunhava força desnecessária e para ter mais alguma vantagem tratou de recolher suas asas para dentro de seu corpo; embora elas não afetassem sua agilidade ou o peso de seu corpo, é verdade que a área de ataque do inimigo se estendia e qualquer erro poderia custar-lhe suas asas e dependendo do local que fosse atingida até mesmo sua vida.

 

Percebeu o paladino vindo ao seu encontro novamente e manteve seu foco nisso, ele atacou na diagonal virou e investiu nos pés e logo em seguida tentou furar seu abdômen, mas nada que ele tentasse surtia efeito, Nyneve tinha a vantagem da agilidade. Dessa vez foi ela quem avançou, as lâminas gritavam estridentes com os golpes em sequência e aleatórios para que o inimigo não notasse nenhum padrão - realmente não havia um padrão -, mas houve um descuido.

 

Não muito longe dali escutou um grito de agonia o que a fez parar para tentar usar sua onipresença por meio segundo, seu maior erro. Fora desarmada no mesmo instante. Ouviu o grito mais uma vez identificando a sonoridade das ninfas que habitavam a Lagoa da Névoa, mas algo lhe impediu. Sentiu algo quente escorrer por sua perna no mesmo instante em que um feitiço rúnico era ativado ao chão.

 

— MALDIÇÃO! - Agravou Nyneve tardiamente.

 

Não havia mais nada a ser feito, o próprio sangue de Nyneve estava sendo usado para a execução daquele ato e ela não conseguiria quebrar aquele feitiço tão facilmente, contudo não deixaria se vencer. Desenhou no ar seu próprio símbolo rúnico de proteção e iniciou uma ladainha usando toda a magia de seu corpo para contrapor aquele feitiço. O paladino então ao perceber a Dama do Lago lutando tanto para não perder caminhou em direção a Excalibur, mas a fada ordenou que as águas da Lagoa da Névoa viessem ao seu encontro e formassem um domo ao redor da Excalibur, o homem tentou por várias vezes penetrar na proteção incessantemente, até que desistiu por um motivo maior.

 

— É inútil, minha senhora. - Disse o paladino a uma terceira pessoa.

 

A feiticeira então se fez presente da densa clareira que regia a pedra onde a Excalibur estava cravada, suas vestes se arrastavam pelo chão devido o longo vestido carmesim em um estado péssimo pois estavam rasgados e lamacentos indicando uma batalha recente, seu corpo estava igualmente sujo e coberto de arranhões. O paladino imediatamente correu em amparo a feiticeira, ajoelhando-se diante da mulher e pegou sua mão, dando-lhe um beijo nas costas desta.

 

Nyneve encarava a cena com repugnância, não pelo que estava vendo em si - pois essa adorava todo e qualquer tipo de afeto demonstrado - mas a fada sabia que aquele era resultado de um feitiço de amor profundo, o paladino só estava sendo usado.

 

— Você não entende, querido, magia precisa ser combatido com magia. - Disse a feiticeira sorrindo provocante para Nyneve.

 

— Como ousas, Medeia? Trair a mim? - Indagou Nyneve retoricamente.

 

— Cale-se! - Exclamou Medeia fechando os punhos e permitindo que o feitiço que drenava magia da fada-maior se intensificasse.

 

Medeia ainda mantinha o sorriso falso e provocante nos lábios, dirigiu-se ao domo de gelo e invocou palavras de fogo para que pudesse usar o elemento. Sem pestanejar ela ateou fogo de suas próprias mãos de maneira contínua, não demorou muito para que o calor das chamas ardentes que a feiticeira havia criado derretessem o gelo, faltando muito pouco para que a Excalibur ficasse completamente desprotegida.

 

Nyneve mantinha-se forte e perseverante em seu contra-feitiço, aquilo já havia ido longe demais. A fada soltou um grito de ódio ao mesmo tempo que suas mãos elevaram-se aos céus, uma ventania formou-se e balançou até mesmo as árvores mais fortes, o chão passou a tremer como se o maior e mais pesado dos gigantes estivesse se aproximando. Nyneve, a dama do lago vivera por toda a vida em Avalon, sua magia estava espalhada por todos os quatro cantos daquele lugar, a Ilha de Avalon não era uma ilha mágica simplesmente por ser, tal local tornara-se assim porque a própria fada permitiu que a magia de seu corpo fosse levada pelos ventos quando voava de um canto para outro, que o solo a germinarem quando em contato com seus pés ou que as águas se alimentassem de sua magia a ponto de se tornarem curativas, a Ilha de Avalon era a própria magia de Nyneve correndo pelos ventos, solo e água.

 

Imediatamente mais feiticeiras se aglomeraram em torno de Medeia surgindo de portais, das águas e dos ares enquanto Nyneve absorvia novamente toda a magia que deixara a deriva para a Ilha, quebrando o feitiço rúnico que a aprisionava logo em seguida, Nyneve ainda furiosa se voltou para aquelas que romperam sua confiança e se uniram a uma pessoa que ousasse importunar a paz que fora imposta com tanto esforço àquela ilha.

 

A magia de Nyneve naquele momento não poderia ser alcançada por ninguém naquele momento, seu corpo extraordinariamente havia mudado de forma para uma fada de luz prateada tão ofuscante quanto o sol.

 

— Vocês, feiticeiras, viverão para sempre como traidoras e perderão a pureza de sua magia. E de agora em diante estão banidas para sempre desta ilha! - Profetizou Nyneve estalando os dedos fazendo com que um buraco se abrisse bem abaixo de seus corpos que ao caírem um por um se fechou.

 

Nyneve retornou ao solo no mesmo instante que os três Guardiões do Equilíbrio faziam-se presente a frente da Excalibur.

 

— Majestade! - Ambos a reverenciavam, quase encostando seus focinhos no chão.

 

— Guardiões. - Nyneve também os reverenciou. - Sinto que sei por que estão aqui.

 

— Majestade, enquanto a Excalibur permanecer aqui, sempre haverá alguma criatura impura nessa ilha querendo o poder dessa espada. - Disse Aletheia, a guardiã da magia pura.

 

— Eu não gosto de concordar com Aletheia, mas ela tem razão. - Concordou Mekhan, o guardião da magia impura.

 

— Minha alteza, se a senhora permitir. Encontraremos um local para abrigar a espada que vossa excelência forjou. - Disse Cidoimos.

Nyneve pensou um pouco e deixou sua aparência de um ser de luz, observou que grande parte das criaturas da ilha estavam ali apenas esperando que ela tomasse uma decisão, desde os gnomos até os Guardiões do Equilíbrio.

 

— Compreendo vossas vontades, a Excalibur ficará mais segura no mundo dos mortais, mas tenho uma condição: escolherei mortais e contarei-lhe a verdade. Eles deverão estar cientes do que estarão protegendo.

 

— Que assim seja, Majestade. - Disseram os três guardiões em unisom.

 

— Iniciaremos os preparativos, Majestade. - Disse Cidoimos.

 

— Há muito tempo eu venho zelado por vós, seus destinos já haviam sido escritos antes mesmo deste fatídico dia acontecer… - Articulou Nyneve com um sorriso no rosto e olhando para os céus onde podia ver aqueles que já tinham sido escolhidos. 

 

Por séculos e séculos não teve contato algum com humanos, mas isso estava pra mudar.


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Notas finais do capítulo

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