[ Cookies ]

– Oee! Ichigo! Abra a porta para mim! Ichigooo!!– Gritava Rukia pela quinta vez consecutiva parada em frente a porta da casa do shinigami substituto com uma sacola de supermercado em mãos. Uma grande sacola por sinal.

– Não dava pra você esperar mais um pouco?! Eu tava dormin... Ei! Que monte de tralha é essa?! – Perguntava o ruivo já irritado abrindo a porta drasticamente. Provável que seja pelo fato da baixinha tê-lo tirado da cama em plenas nove horas da manhã.

– Eu fiz compras para nós. – Disse entrando e andando em direção a cozinha da casa. Assim que chegou lá, colocou a sacola com grande dificuldade sobre a pia, estava pesada. Ichigo só observava a cena recostando-se em uma parede próxima do mesmo cômodo.

– Por que comprou tanta coisa? – Indagou com a expressão mais sonolenta que se possa imaginar.

– Caramba! Nem pra me ajudar né, jegue?! – Rukia ignorou a pergunta do ruivo.

– Por que não abriu a porta sozinha? Tem as chaves, não? – E Ichigo, ignorou o comentário da morena. O rosto dela já estava em tom rubro, tudo culpa do stress momentâneo.

– Porqueee... – Tentava ao máximo não explodir com o garoto. Passou a mão pelo rosto, esticando a pele. Como se aquela atitude fosse acalmá-la. – A sacola estava muito pesada e não consegui pegar as chaves na bolsa!

– Por que não colocou a sacola no chão e pegou as chaves na bolsa? – Perguntou em tom ríspido e indignado. Ichigo não acreditava na possibilidade de Rukia não ter pensado naquilo. Não, havia algo de muito cruel naquela cabecinha.

– Sabe que eu não pensei nisso? – Rukia fazia cara de “caiu a ficha agora” sorriu sem jeito para o ruivo que a olhava desconfiado.

– E, por que comprou tanta coisa? – Resolveu não questionar sobre a “possível” falha da garota e arriscou perguntar novamente sobre o que ela tinha comprado.

– Seguinte: ­– A pequena, agora estava virada para a pia, lavando as mãos que deveriam estar sujas pelo contato com as caixinhas e a sacola do supermercado. – Seu pai e irmãs não estão. E eu comprei umas coisinhas para não morrermos de fome, já que aqui não tinha nada de bom. E eu tinha um pouquinho de dinheiro comigo e...

– Percebi que eles não estão, mas, pra onde foram? – Interrompeu. Era estranho o fato de seu pai ter saído com suas irmãs e não ter levado Rukia e ele junto. Bem, não tão estranho assim, daquele homem podia se esperar qualquer coisa.

– Não entendi direito... – Virou-se para o morango e o fitou com semblante desentendido. – Só sei que hoje mais cedo...

'– Rukia-chan! Quero que tome conta do Ichigo! Por um tempinho! Por favooor!! – Isshin parecia estar fazendo um pedido de vida ou morte, chorando e ajoelhando aos pés da garota.

– Ma-mas, o que houve? – Rukia ficara preocupada com o homem. Era uma excelente atriz...

– Eu preciso levar Yuzu e Karin para passarem um tempo comigooo! Só por algumas horas! Sinto que elas já não me amam mais, é a puberdade! Maldita puberdade! Elas não me dão mais atenção! Oh Rukia-chan, deveria saber, é horrível! – O homem choramingava enquanto se arrastava de um lado para o outro da sala. Era uma cena de se dar pena (Ou risadas).

– Bem... Sendo assim, eu acho que o senhor deveria levar o Ichi...

– Não! Ele é um aborrecente! – Interrompeu aos gritos. – Só irá atrapalhaaar! Por favor, Rukia-chan, cuide daquele traste para que não faça nada de errado! Não quero que ele atrapalheee!! – Mais enrolado com as palavras o pai de Ichigo não poderia ficar. Ao repetir isso, suas lágrimas triplicaram, e Rukia começava a temer uma inundação dentro da casa. Isshin era um homem estranho, muito estranho.

– Bem... Nesse caso, eu tomo conta dele sim... – Não tinha escolha, ou fazia isso ou era capaz de ter que pegar uma canoa em algum lugar.

– Oh! Obrigado Rukia-chaaan! – Isshin abraçou a garota, abraço que cá entre nós, quase a fez quebrar alguns ossos. – Yuzu! Karin! Acordem! Vamos sair e nos divertiiir!~

Rukia observou com expressão bastante confusa o homem subir saltitante e rapidamente as escadas indo em direção ao quarto de suas filhas, e se surpreendeu de os gritos dele não terem acordado o mais estressado da casa.' 

– Heeein?! – Foi o que Ichigo disse assim que Rukia terminou de contar o que havia se passado antes dele acordar.

– É isso. Tenho que “tomar conta de você”, e por isso comprei toda essa “tralha”. – Enquanto falava fazia sinais de aspas com os dedos. – Agora, seja um garoto bonzinho e vá tirando as coisas da sacola para mim. Já volto. – A pequena se dirigiu para fora da cozinha, provavelmente iria ao banheiro ou ao quarto guardar sua bolsa no guarda-roupa.

         – Baka... Do jeito que fala, até parece que eu sou um garotinho... – Ichigo começou a tirar todas as embalagens e caixas da sacola animadamente, examinando cada uma delas, e percebeu algo estranho. Rukia só havia comprado doces. Balas, chocolates, pirulitos, bolinhos, mas o que mais tinham eram Cookies; aqueles biscoitinhos de sabor baunilha com gotinhas de chocolate. Por cima havia contado três caixas, mas assim que tirou tudo da sacola pôde ver que eram oito no total. – Essa garota é doida... – Resmungou.

– Ainda tá de pijama?! – Rukia retornara a cozinha, estava com outro vestido, um azul claro simples, mais curto que o verde que usara para sair.

– Agora que percebeu? E que monte de porcaria é essa?! Você só comprou doce! Quer me matar de obesidade e/ou diabetes?!

– Não reclame, ok? Eu achei que você gostasse de tudo que tem aí.

– Eu gosto, mas, comer só isso enjoa, não acha?

– Engraçado... Eu nunca enjôo... – Disse com o semblante mais inocente que Ichigo já havia visto. – Quanto mais eu como, mais me dá vontade de comer. – Aproximou-se do rapaz e pegou uma caixinha de Cookies que estava em sua mão. – Bem, vá se trocar. Deixa que eu arrumo tudo. E não se esqueça: hoje, quem manda na casa sou eu. – Gabava-se olhando para Ichigo com o dedo indicador da mão esquerda levantado.

– Ah é, isso porque quem mora aqui, sou eu. – Resmungou mais uma vez.

– Seu pai disse isso pouco antes de sair. Não questione as ordens dele! – Ralhou segurando a caixinha de Cookies que pegara na mão do ruivo, e procurando alguma coisa logo em seguida na gaveta do armário que ficava próximo a pia.

– Grande! Agora já não restam dúvidas: Meu pai é louco. Somente um louco deixa a casa nas mãos de outra louca.

– O que quer dizer com isso?! – Rukia tirara uma tesoura (nem um pouco pequena) de dentro da gaveta e ameaçara discretamente atirá-la no ruivo.

– Tá vendo?!

– Baka... – Rukia usara a tesoura para cortar parte da caixinha dos biscoitos, assim que o fez, pegou um e colocou de uma vez na boca.

Ichigo pouco depois, virou-se e saiu da cozinha sem dar uma palavra. Iria se vestir, não porque Rukia havia mandado, mas sim porque já não conseguiria mais dormir. A garota certamente não deixaria.

“Esse vai ser um longo dia...” – Pensava o ruivo enquanto subia as escadas rumo ao seu quarto.

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