Jornada para o amor. escrita por ElaineBDQ


Capítulo 19
O preço da liberdade.




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Samuel olhou ao entorno da clínica e sorriu. Estava satisfeito com o resultado. Tudo estava perfeito! Depois de muito trabalho, por fim tudo estava pronto.

Luana entrou na sala e aproximou-se dele. Ela também estava eufórica com o resultado do trabalho.

— Esta linda. Parabéns meu amor!

Luana abraçou Samuel e colou os lábios ao dele num beijo carinhoso. Ela era uma mulher linda e amável. Sempre estava ali, pronta para ajudá-lo. Ele se sentia o feliz por tê-la conhecido.

— Porque você está me olhando assim? — ela perguntou, após notar o olhar carinhoso de Samuel em sua direção.

— Estava vendo o quanto você é linda.

Ela sorriu enrubescendo. Aquilo lhe tornava ainda mais bela! Samuel tocou nas faces coradas e as acariciou com delicadeza. Ela fechou os olhos para desfrutar do gesto carinhoso. Ele lentamente a trouxe em sua direção e beijou-a novamente. Por alguns segundos eles permaneceram desfrutando daquele momento.

Então o amigo dele entrou na sala. Tratava-se do segundo sócio da clínica. Ele desculpou-se por atrapalhar o momento do casal, mas precisavam comer alguma coisa.

O tempo passou rápido! Pensou Samuel, reconhecendo de fato, que estava na hora da refeição. Por sorte, no térreo do prédio tinha um restaurante.

Fernanda ficou tão entretida ao trabalho e acabou esquecendo as horas. Ela olhou no relógio e ficou assustada. Antes de sair para comer algo, ela se olhou no espelho. O hematoma no braço dele já estava desinchando, mas ainda estava muito dolorido. Os lábios tinham uma fina cicatriz no canto, mas com um pouco de maquiagem foi possível esconder. Ela colocou o óculos escuro para esconder o roxo nos olhos e saiu para a refeição.

Durante aquele dia não encontrou com Samuel. Foi um alívio, pensou ela. Não gostaria de imaginar as loucuras que Lorenzo faria caso soubesse da presença dele. Só ao pensar naquilo, sentia calafrios!

O restaurante do prédio estava razoavelmente vazio. Isso também era ótimo, pois evitaria encontros inoportunos. Não queria falar com ninguém naquele momento. Certamente encheriam de perguntas e poderiam ver coisas que ela preferia manter em segredo.

Fernanda escolheu uma mesa e sentou. Enquanto aguardava um garçom ela deparou-se com Samuel. Ele estava sentado próximo à mesa dela. Junto a ele, estavam Luana e mais um amigo. Eles conversavam e riam como um casal apaixonado. Em certo momento, ele se aproximou e beijou-a de leve.

O casal parecia estar feliz em desfrutar a companhia um do outro. Mas aquela cena lhe causava ciúme. Sim, ciúmes. Pois, ela desejou por um momento estar no lugar de Luana. Queria novamente sentir o abraço de Samuel. Queria poder sentir o calor de seu corpo, e os beijos que faziam com que se esquecesse de tudo.

Samuel notou a presença de Fernanda, e a encarou fixamente. Ela não pôde desviar o olhar, pois se sentia presa à ele. De repente, a vista dela começou a ficar embargada. Precisava sair dali, ou desabaria na frente dele. Ela levantou da mesa e foi em direção a área livre. Precisava respirar um pouco! Sentia-se sufocada.

Céus! Estava ficando louca! Fernanda recriminou-se. Ela não se conteve, quando sentiu as lágrimas correrem em seu rosto. Por sorte, o local estava vazio e ninguém a incomodaria.

Sons de passos próximos ao local a assustou. Ela virou o corpo para ver quem era. Para sua surpresa, em sua frente estava parado Samuel. O olhar dele estava fixo sobre ela. Algo aconteceu naqueles poucos segundos em que eles estiveram se olhando. Fernanda não pôde esconder as emoções e acabou desabando:

— Porque você voltou? Porque depois de me acostumar a ficar longe de você?

Aquelas mesmas perguntas ecoavam na mente de Samuel. Porque a tinha encontrado novamente? Porque o destino estava brincando dessa maneira? Quando finalmente ele já havia aceitado perdê-la.

Ele lentamente se aproximou dela e parou em sua frente. Queria tocá-la, mas sabia que não devia. Sua razão dizia isso, mas suas emoções acabaram vencendo.

Samuel estendeu as mãos e tocou a face delicada. Seus olhares se encontraram e não foi necessário palavras. Bastava olha-la para saber que ainda a existia aquele amor adormecido. Tocá-la foi bom demais!Pensou ele.

Fernanda também se entregou a sua carícia. Por um breve segundo eles deixaram que suas emoções se fluíssem na forma de carícias e em seguida um abraço.

Ela não tinha ideia do que um simples abraço poderia significar, até partilhar aquele momento com Samuel. Durante todos aqueles anos sentiu falta daquele calor.

Samuel afastou e segurou o rosto dela entre suas mãos. Ele afastou o óculos escuro. Ele queria ver aqueles belos olhos azuis turquesa. Mas para seu espanto, viu o machucado na face dela. Lentamente ele tocou no local com cuidado.

— O que houve? — A pergunta parecia idiota. Ele imaginava o que tinha acontecido. Durante o tempo que trabalhou na casa de Fernanda, foi testemunha das infindáveis brigas entre ela e Lorenzo. Certamente ele seria o responsável.

Fernanda não queria que ele visse aquilo. Ela virou o rosto para ocultar e tentou fugir, mas Samuel foi rápido e a impediu. Ele a segurou no local onde estava machucado e foi impossível conter o gemido de dor.

O olhar de pânico dele foi visível. Mas ainda foi sua expressão de fúria. Samuel sempre foi um homem gentil com as mulheres, e jamais aceitava que alguma fosse tratada com violência.

— Como ele pôde?

Para Samuel aquela situação era inconcebível. Fernanda recuou sentindo-se constrangida.

— A quanto tempo isso está acontecendo? — o modo como ele falava demonstrava que exigia uma resposta Mas ela não queria falar! Ou seria obrigada a revelar segredos ocultos.

— Eu não quero falar! Qual o sentido disso? Olhe para você! Volte e faça companhia a sua namorada! — Fernanda se desvencilhou dele.

Samuel não estava disposto a deixar aquele tema pela metade. Ela adiantou o passo e adentrou no elevador. Ele a seguiu entrando junto.

— Eu já disse que não quero falar! — disparou ela vendo que ele pretendia segui-la.

— Você o ama tanto assim?

Que resposta teria para aquela pergunta? Indagou-se ela. Era óbvio que não amava Lorenzo! Como responder a ele que seus motivos eram outros? Fernanda o encarou fixamente e disse:

— Às vezes temos outros motivos além do amor.

O elevador parou no andar onde ela desceria. Samuel não a impediu e ela agradeceu, pois estava bem tensa. Quando as portas abriram ela saiu apressada sem olhar para trás.

Samuel ficou inquieto ao pensar em Fernanda. Imaginar a violência que ela estava vivendo era algo que o angustiava. Não compreendia porque ela permitia isso. Muitas coisas eram incompreensíveis para ele.

Luana o encontrou no corredor. Ela estava com a expressão de curiosidade.

— Você disse que ia ao banheiro e não voltou mais...

— Perdão. Precisava me certificar de uma coisa.

O modo como ele respondeu poderia soar estranho, Samuel sabia disso. Mas realmente, não queria explicar seus motivos. Não naquele momento.

— Desculpe.

Ela gesticulou em negativa e segurou a mão dele. Era uma sinalização que estava tudo bem. Que ele não precisava se preocupar.

— E o Daniel?

— Ele saiu, mas disse que voltará depois. Vamos!

Samuel assentiu concordando. Tentaria não se preocupar com Fernanda. Tentaria esquecer a sensação maravilhosa ao tocá-la. Tentaria colocar o passado de vez no passado!

A semana foi bem agitada, mas realmente gratificante. Fernanda recebeu a ligação do advogado avisando-a que a fazenda era da família dela novamente. Ela sentiu um alívio e sorriu entre lágrimas de felicidade.

Sandra entrou no quarto e a encontrou chorando. A senhora ficou angustiada, pois pensou que novamente ela tivesse brigado com Lorenzo.

— Porque essas lágrimas?

— De alegria Sandra. Finalmente acabou! A fazenda é nossa novamente! — Ela se aproximou da amiga querida e a abraçou. Em retribuição ela também abraçou sentindo-se feliz por Fernanda.

— Acabou!

— O que você vai fazer agora?

O que ela faria agora? Essa pergunta ecoou na mente de Fernanda. Já vinha se preparando para esse momento, mas ainda parecia surreal que tivesse conseguido.

Na segunda feira Lorenzo faria uma viagem de trabalho. Seria o momento ideal para a mudança de casa. Em seguida continuaria com o pedido do divórcio. Estava preparado para o que aconteceria depois. Mas estava disposta a ir até o fim!

— Vou precisar de sua ajuda Sandra.

— Você sabe que eu estou aqui.

— Obrigada. Obrigada minha amiga. Se não fosse por sua ajuda, não sei como teria suportado tanto tempo.

— E o Samuel?

Fernanda baixou o olhar rendendo-se. Não tinha muito que fazer. Samuel já tinha feito sua vida e não seria ela a empatar isso. Naquele momento, a porta foi aberta e Antônia entrou no quarto. A menina esfregava os olhos e trazia na mão o urso de pelúcia que tanto ela amava.

— Mamãe.

Ela pegou a filha no colo e beijou-a com carinho. A menina reconheceu o colo da mãe e se aconchegou colocando o polegar na boca. A cena não poderia ser mais terna. Em poucos minutos a menina voltou a dormir.

— Essa garota não tem jeito! — Sandra falou enquanto se aproximada de Fernanda para pegar Antônia, mas ela gesticulou em negativa.

— Deixe-a dormir aqui comigo. Quero olhar meu filhote...

Sandra sabia que Antonia lembrava muito o pai, e certamente Fernanda sentia saudade dele. Isso era perceptível pelo modo como ela olhava com ternura para a filha. A senhora saiu do quarto e fechou a porta com suavidade.

Fernanda deitou a filha na cama e ficou olhando para ela por alguns minutos. Dentro de poucos dias, sua pequena poderia ter um lar tranquilo. Naquela casa, Antônia era impossibilitada de fazer suas atividades de criança. Lorenzo sempre foi muito restrito com ela. Em nenhum momento demonstrou carinho para a menina. Ele deixou claro, que apenas a aceitaria na sua casa, mas jamais ela seria sua filha! Foram dias horríveis que estavam chegando ao fim.

Fernanda organizou todas as coisas em caixas. Certamente Lorenzo ficaria furioso quando descobrisse sua ida de casa. Deixaria para ele apenas a surpresa, e o andamento do pedido de divórcio enviado pelo advogado. Queria evitar brigas desnecessárias. Tinha medo de viver aquele pesadelo novamente. Aquelas cenas ainda eram vivas na mente dela.

A mudança foi organizada de maneira rápida. Ela levou apenas suas coisas e alguns brinquedos de Maria Antonia. Quando a menina chegasse da creche já iriam direto para a nova casa

— Tudo pronto? — perguntou Sandra após colocarem a última caixa dentro do carro da mudança.

Fernanda olhou para a casa onde tinha vivido durante aqueles anos. No início foram dias bons e agradáveis, mas ao longo do tempo tudo virou num verdadeiro pesadelo.

— sim. Eu espero você Sandra.

A senhora confirmou que se juntaria a ela mais adiante. Primeiro organizaria sua saída para depois se encontrar com ela.

Chegando à nova casa, Fernanda abriu todas as janelas. Ela queria desfrutar da bela vista do jardim. Imaginava Antônia correndo naquele gramado. Ela sorriu sentindo alívio por estar livre daquela prisão.

O telefone soou e ela reconheceu o numero de Carlos. Ele estava eufórico com a notícia e agradeceu a ajuda dela para reerguer a empresa.

— E a única lembrança da nossa família. Enquanto tiver forças, vou lutar por isso.

— O que você vai fazer agora maninha?

— Viver! — Ela sorriu sentindo paz. Há tempos que não sabia o que era aquilo.

Carlos ficou feliz pela irmã e desejou sorte para ela.

— E a empresa? Vai continuar?

Ainda não havia pensando nisso, mas por hora, tomaria umas férias. Precisava desse tempo para se organizar e ajustar o que precisava ser feito. Além do mais, queria evitar encontrar com Samuel.

— O que você decidir, eu estarei aqui para te apoiar.

— Obrigada Carlos.

Antônia ficou tímida quando chegou na casa. Era de se esperar, afinal ela havia crescido numa mansão. Passados alguns minutos, ela foi para o jardim e correu feliz em direção ao balanço. Finalmente ela podia correr e brincar como uma criança na sua idade. Fernanda observava de longe enquanto ela se embalava no balanço.

A campainha soou e Fernanda foi abrir a porta. Para sua alegria, era Milena que trouxe algumas compras.

Fernanda abraçou a amiga querida. Ela foi uma das pessoas que ajudou no processo de organizar a nova casa. Milena sabia tudo o que havia acontecido entre ela e Samuel.

— Antônia, a tia Milena chegou!

A garota correu toda alegre ao ouvir a voz de Milena. As duas tinham uma conexão especial.

A noite foi bem agradável. Ela e Fernanda conversaram sobre muitas coisas e principalmente sobre os novos planos.

Fernanda foi até a empresa organizar algumas documentações. Ela informou que se ausentaria durante alguns dias. Não sabia exatamente quanto tempo seria, mas realmente precisava de férias. Durante aqueles anos ela trabalhou sem parar. Tudo o que queria era descansar!

Ela organizou alguns materiais e os carregou até o carro. Ela abriu a porta malas e guardou as caixas.

Fernanda entrava no carro, mas sentiu alguém toca-la no braço. Ela virou para ver quem a segurava e deparou-se com Lorenzo. Ela sentiu o pavor atingi-la. Tinha projetado aquele momento, mas a verdade é que tudo era muito diferente de sua imaginação.

—Você é mais esperta do que eu julguei.

Fernanda se desvencilhou dos braços que a prendiam e o encarou. Tinha aprendido a não demonstrar temor, apesar de sentir medo.

— Eu não tenho mais nada a falar com você!

— Engano seu!

Lorenzo se aproximou com fúria e pressionou-a sobre o veículo parado. A intenção era intimidá-la, mas ela não permitiria!

— Você certamente já recebeu a visita do advogado.

O modo como ele a encarou foi a confirmação de suas suspeitas.

— Nosso contato será apenas através do advogado. Não fique desesperado, não pretendo exigir nada de você. A não ser minha liberdade!

Ela se afastou dele e abriu a porta do carro, mas Lorenzo não estava disposto a deixar aquilo sair barato.

— Não pense que eu desistirei!

— Eu não pretendo desistir. — ela virou de frente para Lorenzo. — Eu estou decidida! Dessa vez é até o fim!

— Essa sua decisão tem relação com aquele negro imundo?

Fernanda odiava quando ele se referia a Samuel daquele jeito. Odiava o preconceito dele.

— Não!

Samuel estava saindo do prédio e se dirigia ao estacionamento. Ele percebeu uma movimentação estranha. Ao aproximar-se notou que Fernanda estava sendo intimidada. Ele se lembrou das marcas das agressões causadas por Lorenzo. Ele se aproximou em largas passadas e num gesto rápido o retirou de cima de Fernanda.

— Fique longe dela! —A voz dele soou autoritária. Samuel não estava disposto a manter nenhum diálogo com ele.

Quando Lorenzo percebeu a presença de Samuel, não pôde conter sua indignação.

— Então é por isso? Sua vagabunda miserável!

Num gesto de fúria, Lorenzo a empurrou. Na tentativa de não cair, Fernanda tentou apoiar a mão no chão, mas acabou machucando o pulso.

— Você é louco!

Samuel se interpôs entre eles e ajudou Fernanda a levantar. Em seguida ele virou para Lorenzo e disse:

— Não ouse tocá-la!

— Negro insolente! Quem você acha que é? A Fernanda é minha mulher. Você ouviu? Minha mulher!

Lorenzo estava descontrolado. Ela nunca o tinha visto daquele jeito e ficou temerosa pelo que pudesse acontecer.

Samuel empurrou Lorenzo e em seguida o atingiu com um golpe no rosto.

— Nunca mais faça isso! — disparou Samuel em tom de ameaça. Ele foi em direção a Fernanda. Estava preocupado com o machucado no braço dela. Ele segurou-a e viu a marca roxa.

— Dói?

Fernanda olhava para o modo como ele tocava em seu braço. Era como se tivesse o poder de remover a dor.

— Você ignorou as minhas advertências...

Fernanda viu o momento que Lorenzo apontou a arma na direção deles. Num gesto de defesa ela o empurrou Samuel e ela acabou sendo atingida pelo tiro. Nunca em sua vida imaginou viver uma situação como aquela. De repente, sentiu uma quentura atingir sua costa. Em seguida tudo foi ficando escuro e seu corpo perdeu as forças.

— Fernanda! — Samuel a amparou. A voz de Samuel soava longe e aos poucos foi ficando cada vez mais distante. Fernanda olhou para ele. Tudo foi ficando escuro e ela desmaiou.

Samuel olhou para Lorenzo. Ele que parecia assustado com o que havia acontecido. No desespero ele fugiu do lugar. Ele não tinha como segui-lo. Naquele momento, Fernanda era o mais importante. Rapidamente a colocou dentro do veículo e procurou por socorro.

Durante o trajeto sua mente só conseguia pensar nela. Queria que tudo desse certo! Queria que ela ficasse bem!

 


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