Lágrimas de Diamante escrita por Isa Rangel


Capítulo 1
Alfa


Notas iniciais do capítulo

Comecei a escrever por volta dos meus 13 ou 14 anos fortemente influenciada pelos livros de Harry Potter. Sempre gostei de ler mas quando comecei esta saga em especial, me arrisquei em começar a escrever. Amo escrever!
Fui até meus 16 anos escrevendo fanfics e compartilhando no falecido orkut, até que me vi diante de um bloqueio literário que durou anos.
Hoje, com 24, graças a Deus me senti inspirada a escrever uma história dessa vez influenciada em duas séries que tanto amo.
Depois de quase um mês estruturando no caderno e passando para o computador, Lágrimas de Diamante ganhou vida aqui na Spirit e eu espero sinceramente que ela te envolva assim como tem me envolvido.
Tomara que eu possa contribuir para o "desestresse" do seu dia!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777284/chapter/1

Mudanças não são fáceis, mesmo quando são planejadas, sempre significam que você ficará no mínimo 1 mês com toda a sua vida resumida a caixas, ligações para alterar endereço, burocracias do novo imóvel e como não pode faltar: passar por todo o processo mínimo de socialização que a nova vizinhança exige de você. 

Veja bem, eu não sou a moça do interior que se mudou para a cidade grande. Eu sou a moça da cidade grande que se mudou para uma maior ainda. Moça esta que estava sentada há horas no chão da sala com caixas amontoadas pelo cômodo e uma garrafa de coca cola na mão. 

— Em algum momento, ainda hoje, você precisa ter pelo menos arrumado um espaço para dormir, Felicity. - Pensei em voz alta, porém com a entonação de que tinha mais alguém ali comigo. Felicity Meghan Smoak, esta sou eu, hoje com 28 anos, graduada em jornalismo e nova-iorquina há 4 horas, com um acentuado sotaque Canadense.  Após prestar excelentes serviços para o The Globe and Mail em Toronto desde que saí da faculdade, recebi a oportunidade de fazer minha sonhada pós graduação em jornalismo investigativo com uma considerável bolsa de estudos, e, chegando perto dos 30 anos, essa pós precisava acontecer agora ou não aconteceria nunca mais.
Junto a isso veio uma oportunidade de emprego no The Wall Street Journal, localizado no  coração do distrito financeiro de Nova Iorque: Wall Street. Terra de lobos. Um prato cheio para matérias investigativas, escândalos e máscaras caindo. 

Saí dos meus devaneios e voltei a atenção para a sala de estar, com todas aquelas caixas. Bebi mais um gole de coca-cola e ouvi meu estômago protestar, reivindicando mais do que as rodelas de abacaxi que comi antes do voo e os goles de coca-cola. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo na minha vida que eu mal pude pensar em comida, porém, agora que fui lembrada, não conseguia parar de pensar em outra coisa. 
Tomei um banho frio para aliviar o estresse do meu corpo e coloquei um vestido de malha fina, escolhendo um casaco simples para me acudir em uma friagem inesperada. 

Próximo ao meu prédio encontrei uma lanchonete e decidi ficar por lá mesmo, entrei no ambiente e só o cheiro da quantidade absurda de bacon sendo frito foi o suficiente para entupir minhas artérias. Não pretendia comer ali, apenas pedir, pagar e voltar para o apartamento. 
Enquanto aguardava minha "janta" ficar pronta, observei que o uniforme das garçonetes assemelhava-se muito com a roupa que eu estava vestindo, exceto pelo fato de que seus vestidos tinham o mesmo padrão de cores da lanchonete com a logo do mesma estampada na altura do peito esquerdo com o nome delas costurado acima. Acredito que essa cômica coincidência resultou no que eu ouvi enquanto aguardava meu pedido, logo após o barulho baixo e oco de algo sobre o balcão ressoar perto de mim. 

— Esse café está uma porcaria. - Ouvi uma voz masculina resmungar atrás de mim. - Já é a terceira vez que isso acontece... será que se eu passar a pedir com  açúcar, vocês entendem que o meu café é amargo? - Em seguida o dono da voz remexeu o copo com raiva, exteriorizando sua decepção e respingos quentes caíram no dorso da minha mão.
Calmamente, fiquei de frente para o dono da voz, deparando-me com um homem alto, com cabelos castanhos claros, quase louros e olhos tão azuis que chegavam a ser vítreos. 

Os olhos dele percorreram meu corpo, analisando meu vestido e caindo em si quanto ao erro grosseiro que cometeu, sua expressão outrora carrancuda, agora estava envergonhada.
— Caramba... - foi a única coisa que ele balbuciou. Ainda em choque pelo erro, pareceu-me, pela confusão em seu olhar, que aquele homem não encontrava as palavras certas para se desculpar e eu já não estava de bom humor, então limpei o café que caiu na minha mão em seu terno e cuspi dentro do copo devolvendo-o para o homem em seguida. 
— Espero que esteja ao seu gosto agora. - Disse à ele antes de pegar meus pedidos e ir para casa. 
Após eu sair da lanchonete, levou apenas alguns minutos para ouvir as passadas pesadas e apressadas atrás de mim. Revirei meus olhos e virei o corpo na direção do som. 
— O que você quer? Te serviram sopa fria também? - Eu já imaginei que fosse o cara da lanchonete vindo atrás de mim e de fato era.
Ele apertou o passo para me alcançar mais depressa e com o dedo em riste, disse:
— Tem formas mais civilizadas de resolver os problemas, sabia? - Me afastei um pouco dele com um sorriso debochado no rosto. 
— Eu percebi como você prioriza o tratamento civilizado pela forma que falou comigo lá dentro, que na verdade foi a forma como você se dirige à garçonetes, pois achava que eu era uma. 
Ele respirou fundo com os olhos fechados por um instante e então disse:
— Isso é uma grande perda do meu tempo. Boa noite! - E virou-se de costas para ir embora. 
— Você é ridículo! - Gritei. - Trate as pessoas como gostaria de ser tratado! - Irritada, virei-me para ir embora também. 

Uma esquina antes de chegar ao meu prédio, levei um esbarrão de um homem tão forte que eu quase caí no chão. Ele andava de cabeça baixa mas isso não me impediu de perceber que estava com raiva. O vi entrar em um beco e resolvi ignorar, já havia alcançado minha cota de estresses por uma noite. Massageando o ombro que foi acertado, caminhei os poucos metros que faltavam para eu chegar ao meu prédio, quando ouvi dois estouros ocos, dois tiros. 

Pela proximidade do barulho deduzi que vieram do beco onde aquele homem havia acabado de entrar, pelo pouco que reparei vi que ele não parecia estar indo resolver os preparativos para a festa de uma criança. Estava encapuzado em seu casaco escuro, entrando em um beco tarde da noite...  eu era novíssima na cidade, mal tinha começado a trabalhar, voltar atrás e ver qualquer coisa comprometedora poderia gerar graves consequências para mim, Então, engoli toda a curiosidade e aflição, liguei para a polícia anonimamente informando o que eu tinha acabado de ouvir e segui meu caminho. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas de Diamante" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.