P.O.V. Jeremy.

Graças ás histórias da minha mãe decidi estudar ocultismo, mas depois de ver a mulher se transformar de lobo em mulher e de volta... cara, muda a perspectiva.

Estava pesquisando quando minha melhor amiga Greta joga uma bolinha de papel em mim.

—Ei!

—O que?

—O que pode ser tão importante assim?

Ela veio e viu o que eu estava pesquisando.

—Lobisomens! Uu!

Uma garota que passava deu risada e moveu a cabeça em negação. Ela estava usando óculos escuros e a biblioteca estava quase que no breu total.

Cega?

Então, ela tirou um computador da bolsa, ligou-o e começou a ler. Não. Ela não é cega.

Me aproximei dela e vi o que ela estava digitando. 

A maioria das lendas sobre os sobrenaturais foram sonhadas por humanos, bruxas com chapéus pontudos, gatos pretos e vassouras, vampiros que se transformam em morcegos, saem dos túmulos, queimam ao sol e dormem em caixões e lobisomens que se transformam em bestas durante a lua cheia. No meio de todas estas besteiras, tem uma pequena minúscula e quase imperceptível partícula de verdade.

Uma vez, um humano viu algo, algo que assustou os humanos duma certa forma que eles criaram estas lendas bobas para negar a existência destas criaturas magníficas.

—Vai me dizer o que você quer, ou vou ter que adivinhar?

—Você acredita? Acredita que existem de verdade?

—Você não?

—Eu sou Jeremy Howard.

—Muito prazer.

—Você deveria me dizer o seu nome.

—Deveria?

—Minha amiga e eu vamos sair pra tomar café, quer vir com a gente?

—Não posso tomar café. Olha, conselho de amiga... se você for inteligente vai ficar bem longe de mim.

—E se eu não for?

—Então é muito provável que não sobreviva. Olha, você acha que entende, mas não entende. Agora você é só um humano que viu algo que não consegue explicar, mas se continuar por este caminho... menino está brincando com fogo. E logo, vai ser arrastado para dentro de uma guerra que acontece a muito tempo. Se não for cuidadoso, vai ser pego e vai ficar preso no meio de forças que você não consegue nem começar a entender. E eu não serei capaz de te ajudar.

—Você parece falar por experiência própria.

—Humanos acham que vampiros, lobisomens e bruxas são lindos, mágicos. E eles são, mas não se engane... eles são criaturas predatórias. Vampiros são atraídos pela matança, o cheiro do sangue é praticamente irresistível. Lobos nos primeiros anos não conseguem se controlar no seu estado primal, leva anos para se ter consciência quando está transformado e bruxas... bem,  bruxas quando provocadas são responsáveis por algumas das maiores atrocidades da história.

Ela voltou a digitar.

—Sua amiga está te esperando. Não é cavalheiresco deixar uma dama esperando.

—Greta e eu somos só amigos.

—Então, ou ela tá se iludindo, ou você está iludindo ela.

Eu nunca a vi assim. Greta é como uma irmã.

Sai, mas pude ouvir a garota cantando. Era uma música doida.

Quem diabos é ela?

P.O.V. Greta.

A cabeça dele tá na lua.

—Ei! O seu café vai congelar.

—Foi mal. Greta, se eu te perguntasse uma coisa... me responderia honestamente?

—Claro.

—Você é afim de mim?

Engasguei com o meu café.

—Quem te disse essa asneira?

Sabia que tinha desviado o olhar, sou uma péssima mentirosa.

—Oh, Greta. Olha, eu não... não vejo você assim.

—Eu sei. Só, vamos fingir que você não sabe. Você deixou muito óbvio e muito claro que sou como uma irmã.

Disse magoada.

—Sinto muito.

—Só, vamos mudar de assunto tá bem? Quem diabos era aquela garota de óculos escuros numa biblioteca que é praticamente o breu?

—Não sei, mas quero descobrir.

Greta olhou pra mim e perguntou rindo:

—Ela ao menos deixou o sapatinho?

Ri também.

Nós ficamos conversando e perdemos totalmente a noção do tempo. Estávamos voltando para casa, somos vizinhos quando havia esta confusão na rua.