Uma Breve Vista da Morte - Contos Avulsos escrita por Claire


Capítulo 2
Copycat Killer




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Passos na escada acompanhavam o ritmo acelerado do coração do menino enquanto ele se escondia em seu armário. Através da porta vazada ele só conseguia ver luzes e sombras a banharem seu quarto, outrora tão seguro e confortável, porém os sons não o deixavam em paz.

Começou com um leve farfalhar vindo de algum lugar no jardim, porém logo se tornou um pandemônio de gritos e choros vindos de todas as partes da casa. Ele sabia, pelo cessar repentino de uma das vozes, que sua mãe não mais vivia. Seu pai, agora, corria pela escada perseguindo algo que para ele não fazia sentido; apenas a última frase dita por ele o fazia manter-se calmo: "Esconda-se, cuide da sua irmã!".

Esta estava em baixo da cama dele, escondida entre os cobertores jogados de lado ao acaso e a escuridão, porém ele ainda podia ver seus olhos lacrimejantes brilhando. De repente o som de passos parou e ele soube que algo tinha acontecido, porém estando no armário ele nada podia ver além de suaves nesgas do quarto - e a porta, obviamente, estava fechada.

Ele ouviu quando algo tocou sua porta por fora e sentiu vontade de correr e se esconder com sua irmã, que parecia tão frágil naquele momento, porém não tinha certeza se conseguiria chegar até lá antes da porta ser aberta. Foi quando ouviu a tranquilizadora voz de seu pai no corredor:

— Podem sair, já acabou. 

Ele se sentiu aliviado ao ouvir aquilo, porém algo não estava certo... Por que ele não tinha entrado? A menina, porém, não pensou em nada além do alívio e logo saiu de seu esconderijo, abriu a porta e ganhou o corredor. Ele quis gritar, quis puxá-la para dentro do armário, quis dizer que devia ficar, porém estava paralisado... O medo não permitia que se movesse. A voz chorosa da garota foi logo silenciada por um som de algo sendo arremessado contra a parede, e após alguns segundos de total e completo silêncio, o corpo da garotinha caiu com um baque surdo na porta do quarto.

Agora completamente apavorado, ele se encolheu ainda mais no fundo de seu esconderijo e aguardou pelo que lhe pareceram anos até que passos voltassem a ser ouvidos. Um homem entrou no quarto, porém estava escuro demais para ver quem era. Ele só via que algo pingava de suas mãos e que parecia muito tranquilo naquele momento. Cada célula do seu corpo gritava para que ele não se movesse, então assim permaneceu até que o homem desconhecido terminasse sua volta pelo quarto, detendo-se em um carrinho de brinquedo que ele deixara em cima da cômoda, e então saísse dali.

Longos momentos se passaram e ele ouviu o som da porta da frente ser aberta e em seguida fechada, porém ainda assim não se moveu. Ele chorava silenciosamente e esperava que algo acontecesse... Aos poucos seu corpo saiu daquele torpor e ele conseguiu enfim abrir a porta do armário e sair devagar, com todo o cuidado que pôde, a fim de verificar o que acontecera no corredor. O corpo de sua irmã jazia sem vida aos seus pés e ele viu sangue saindo por baixo da porta do quarto dos seus pais. Chorando alto, ele desceu as escadas a fim de alcançar o telefone.

Porém assim que ele alcançou o térreo, mãos fortes agarraram seu pescoço. 

Ele nunca soube se os seus gritos foram ouvidos.


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