Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 36
Capítulo 36 - Bônus


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: James Bay - Us



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Alice Smith – Diário

O orientador seguiu até as últimas folhas da pasta com as sobrancelhas arqueadas.

— Bom Alice, suas notas estão boas e você tem um excelente quadro curricular para o curso que quer fazer. – sorriu – Não tenho como não criar expectativas em você, creio que em breve receberá uma carta com sua aprovação.

Mantive a postura apesar de sentir minhas mãos úmidas de suor.

— Eu agradeço muito. – falei.

Logo ele se levantou e ajeitou o paletó antes de me estender a mão.

— De antemão já te desejo boas-vindas ao campus.

Fiz o mesmo com um aperto firme, assim como Thomas havia me aconselhando na noite anterior. Eu queria transmitir confiança, seriedade e principalmente compromisso. Compromisso com a minha nova vida.

Bom, minha e de Forshyte que me esperava do lado de fora.

— Consegui! – disse com a voz aguda pulando em sua direção.

O moreno levantou meu corpo em seus braços me girando no ar por longos segundos, até que por fim me desceu lentamente aos seus lábios.

— Nem sequer passou pela minha cabeça o contrário disso. – ele sussurrou contra meu rosto antes de me beijar demoradamente.

— Ham-ham. – o orientador pigarreou ao sair pela porta de entrevistas com sua maleta de mão retangular – Espero que mantenha o bom currículo Alice.

Forshyte não pareceu se incomodar apenas organizando os cabelos penteados com gel para trás. Eu por outro lado empurrei o seu corpo para longe do meu, sentindo meu rosto queimar.

— Claro que sim senhor. – murmurei baixo.

Não tão satisfeito o homem seguiu pelo corredor e finalmente pude suspirar aliviada quando ele sumiu de vista. Forshyte me puxou mais uma vez pela cintura.

— Acho que nós devemos comemorar.

Sorri.

— Ainda não temos o seu resultado.

Ele apenas deu de ombros.

— Tenho tanta certeza quanto tive de você. – o olhei com repreensão, odiava a forma como era convencido as vezes – Minhas notas estão ótimas e, no grande jogo do final de semana com certeza vou ser selecionado por algum olheiro. Só preciso fazer o que faço sempre.

— E precisa ser menos convencido. – disse beijando o canto de sua boca.

Ele fingiu decepção. Eu não deveria me derreter por uma cena dessas, mas ver Fp manhoso e feliz assim enchia meu coração de um sentimento que não conseguia explicar.

Emoldurei seu rosto em minhas mãos.

— Eu tenho certeza que você vai ser selecionado, é o melhor do time. – o forcei a olhar para mim.

— Melhor que o Hal? – ele disse com um sorriso sínico.

— Esquece isso Fp. - Revirei os olhos o soltando.

Assim que um grupo de alunos dobrou o corredor Fp se afastou repentinamente de mim, se escorando na parede atrás de si. Todos pareciam estar entusiasmados com algo, possivelmente boas notícias nas entrevistas com os orientadores, não sabia e não me importava.

Apenas foquei minha atenção no olhar de acusação que Penélope fez deslizar entre nós dois.

Uma vez ela havia me contado que queria muito cursar direito e que ter uma advogada na gangue seria bom para todos.

Não neste caso, já que eu definitivamente era culpada.

Assim, que o grupo de alunos atravessou o corredor Forshyte me olhou com pesar. Ambos sabíamos que essa conversa surgiria. 

— Você não contou à Gladys não é? 

Ele engoliu em seco antes de negar com um aceno lento. 

— O término foi duro o suficiente para ela Alice. Em breve vamos embora da cidade, ela não precisa saber que estamos juntos. 

— Você a ama? - a pergunta surgiu como um impulso, mas não me arrependi de tê-la feito. 

Ele pensou por um momento. 

— Qualquer sentimento que eu possa ter por ela não é nada comparado ao que sinto por você. – ele tocou meus cabelos colocando-os para trás da orelha – Ninguém pode estragar o que temos, a não ser nós mesmos. 

Sua mão segurou meu queixo me fazendo olhar para ele. 

— Ok?

Fechei os olhos concordando.

Ele suspirou.

— Então acho que temos uma comemoração a fazer. 

◙ ○ ◙ ○ ◙

(música)

Eu me apertava contra seu corpo conforme Fp percorria a trilha estreita e se desviava das raízes protuberantes que surgiam no caminho, iluminadas apenas pelo fraco farol de sua moto. 

Já fazia mais de cinco minutos que percorríamos aquele caminho sem chegar a lugar nenhum e a esta altura dentro da floresta densa eu começava a duvidar da sanidade mental dele por nos trazer até aqui. Afinal, quem nos garantiria que conseguiríamos voltar depois? 

Todavia, a trilha finalmente se abriu para o fim da floresta e início de um extenso lago perfeitamente estático. Era possível ouvir uma queda d’água não tão longe dali, bem baixinho. Era um represamento natural do rio Sweetwater que mais parecia com um pedaço do paraíso. 

Vagarosamente me permiti desabar sob o cascalho úmido. A paisagem banhada pela luz da lua tomou minha atenção por tanto tempo que imaginei estar em um sonho. Era tudo intocado, como uma obra de Deus pintada a mão. 

Forshyte suspirou demoradamente ao meu lado, acordando-me à sua presença. No silêncio que se seguiu tentei interpretar o que se passava com ele. Ao contrário de mim seus olhos não admiravam o lugar, tão pouco buscavam memorizar cada detalhe ali como eu. Me ocorreu que talvez ele tivera estado ali tantas vezes que não era um lugar fabuloso para ele como era para mim. 

Subitamente ele deu um sorriso ladino sem deixar de fitar o cenário a nossa frente. 

— Quer me perguntar alguma coisa ou vai só ficar me admirando? 

— Não estou te admirando. - respondi irritada. 

— Que estranho, tem saliva escorrendo aqui. - fingiu limpar o canto da minha boca com o polegar. 

Dei um tapa leve em sua mão a afastando. Ele deu uma risada abafada. 

— Porque não para de me olhar então? - franziu o cenho apoiando as mãos no cascalho. 

— É, eu realmente quero te perguntar uma coisa. – revirei os olhos.

— Se quer mesmo saber, você é a quinta garota que trago aqui. - murmurou com tranquilidade. 

Meus olhos se arregalaram em surpresa. Logo ele ergueu as mãos. 

— É brincadeira. - riu. 

Não pude evitar de sentir uma pontada de ciúmes. Fp mentia com facilidade e sua ficha não era tão limpa nesse assunto. Bufei com a ideia.

— Não precisa emburrar Alice, estou sendo sincero, nunca trouxe ninguém aqui. - ele repetiu com mais seriedade. 

Dei de ombros na tentativa falha de fingir não me importar. Além de não saber mentir eu tinha expressões faciais transparentes demais. 

Decidi ir direto ao ponto. 

— Como descobriu esse lugar? - voltei minha atenção ao lago inerte. 

Forshyte apoiou os braços nos joelhos. O semblante vazio o preencheu mais uma vez. 

— Ao acaso. 

Comprimi os olhos.

— Ah sim, porque todos nós andamos por aí e de repente encontramos um paraíso natural. 

Ele mordeu os lábios por um instante, receoso.

— Um tempo atrás eu precisei deixar o pátio de trailers. Meu pai estava com problemas sérios com álcool e, não importa onde eu estivesse, ele conseguia me encontrar, precisava descontar os seus problemas.  — sua voz rouca fraquejou — Eu vim para a floresta pensando que ele não me encontraria, não imaginei que viria tão longe. 

O nó que se formou dentro de mim me fez pensar que ele se comportava de determinada maneira para não ser consequência do que lhe acontecia.

Forshyte era mais do que as misérias da vida e eu o admirava por isso. 

— Quer saber de uma coisa? Guarde na memória. Esse não é o lugar onde, um dia, você fugiu do seu pai.  — disse me despindo — Esse é o lugar onde viemos comemorar nossa nova vida. 

Sem pensar na temperatura da água saltei dentro do lago com a maestria. A água não era gelada como parecia, por ser inerte estava até agradável. Forshyte sorria radiantemente me assistindo emergir da água. 

— O convite ficou subtendido ou vou precisar te jogar na água? - anunciei. 


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