Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: ZAYDE WØLF - Hustler



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Elizabeth Cooper

O som do celular vibrando incessantemente no criado mudo me fez acordar assustada, meu coração quase saiu pela garganta. Pela primeira vez nesse último mês tinha me deleitado na doce inconsciência do sono.    

No aparelho ‘pai’ aparecia aceso enquanto o celular dançava pela madeira. O peguei assustada.

— Pai? – fitei o relógio sob a escrivaninha, já eram quase três da tarde.

Já chegou da aula querida? — ele disse docemente e a ira me tomou.

— Já papai.

Como foi o filme ontem? Te liguei três vezes e fiquei preocupado que visse minha mensagem.

Foi cheio de surpresas.

— Foi muito bom, acha que vai ficar quanto tempo aí? – quis entrar no jogo.

Ah, não muito. Devo voltar amanhã pela manhã. – um silêncio se fez e logo completou – Você fica bem por aí?

— Ficarei ótima. – concordei e nos despedimos logo em seguida.

A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Tudo o que imaginamos ser a nossa maior verdade vida pode se tornar nossa maior decepção.

ALGUMAS HORAS ANTES

— Você fica aqui um momento? – Jughead disse alto competindo contra o som da música.

— Achou ele? – ainda o buscava na multidão de pessoas que iam e vinham.

— Não, só preciso ir ao banheiro. – ele disse disperso em sua própria mentira.

Eu confiava nele. Sweet Pea era um serpente e assim como nossas leis ordenavam ele não seria deixado sozinho. Se Jughead queria resolver esse problema sem mim estava tudo bem, desde que tudo fosse resolvido.  

— Ok. – me debrucei sobre o balcão assentindo.  

Em poucos segundos ele já havia sumido entre as pessoas e eu observei o palco mais uma vez. Não podia acreditar que já havia dançado em um, por mais ridículo que fosse senti saudade da sensação de estar ali, sendo desejada, aclamada e aplaudida. Estar no comando fazia total sentido pra mim, principalmente agora que sabia pilotar uma moto. 

— Ei Malachai! – um homem gritou próximo a outro sentado ao meu lado – Quando é que teremos novas dançarinas aqui? Esse lugar já tá uma merda.

Olhei para o garoto que parecia embriagado me afastando um pouco mais até a ponta do balcão. Ele jogou o braço ao redor do tronco do amigo que expirava uma remessa de fumaça e descartava as cinzas em um cinzeiro próximo.

— Fica tranquilo Joe, a gente tá resolvendo umas cargas que chegaram. – virou uma dose de um líquido amarronzado de uma vez na boca – Hal já vai liberar dinheiro para quantas dançarinas a gente quiser nessa merda.

Meu coração disparou e levei as mãos na boca puxando o ar em um susto. Era uma coincidência filha da puta. Meu movimento rápido chamou a atenção de Joe que cambaleou para o meu lado.

— Noooossa, oi gracinha. – ele descansou o cotovelo parando a poucos centímetros de mim – Nunca te vi aqui antes, tá sozinha?

Seu bafo podre de cerveja vencida ardeu em meu nariz e recuei dois passos onde já não havia mais balcão, apenas uma parede de tijolinhos.

— Não. – disse baixo demais.

— Qual é loira, - fingiu olhar em volta – não vejo ninguém aqui que seja merecedor, a não ser eu. – um soluço o cortou.

Um garoto bêbado não me assustava, poderia facilmente chutar suas bolas e sair correndo dali.

— Não concorda Malachai? – o homem de cabelos cacheados me olhou desinteressado, meu coração pulou ao o reconhecer.

— Tanto faz Joe! – ele gritou virando outra dose de sua bebida e em seguida conversando com alguém ao seu lado.

Malachai não me viu na floresta, eu sim. Ele nunca me reconheceria.

Joe cambaleou um pouco ao trocar as pernas e vi sua tatuagem Ghoulie no antebraço. Eu poderia me aproveitar desse momento.

— Então, é Joe não é. – fingi uma voz doce com o estomago embrulhado com seu cheiro fedido.

Ele abriu um sorriso largo exibindo uma fileira de dentes amarelados. Um soluço se seguiu.

Nojo.

— Uma amiga minha quer dançar aqui, vim ver como é. – ele piscava um olho de cada vez e eu percebi que não precisava enrolar, apenas interrogar – Hal vem sempre aqui?

— Huum, - encarou uma garrafa nas prateleiras atrás do balcão levando uma mão desajeitava ao queixo – Acho que ele nunca vem, muito raro. – outro soluço.

— Não é ele quem escolhe as dançarinas? – ele negou com a cabeça mais vezes que o necessário – Quem é então?

Ele fez um bico estreitando os olhos e seus lábios se curvaram para baixo parecendo pensar. 

— Uma velha ruiva. – soluço.

— Qual o nome dela Joe? – insisti.

— Pérol... não, - sorriu – Penélope.

— Ok, sabe o sobrenome de Hal Joe? – forcei uma voz doce.

— Pra quê eu saberia disso se o que importa é o seu lindo nome? – sorriu levando a mão a uma mecha do meu cabelo, dei um tapa rápido e ele sorriu – É selvagem então... – enrugou o nariz.

Eu poderia vomitar ali mesmo se não fosse chamar atenção. O empurrei com uma das mãos quando ele chegou um pouco mais perto, mas ele não pareceu se importar ou quem sabe nem mesmo percebeu.

— Se ele não vem aqui, onde ele fica então? – ele virou o líquido de sua a garrafa batendo-a na madeira do balcão assim que terminou.

— Acha que eu sou idiota só porque bebi? – soluçou comprimindo os olhos ao me olhar.

Sim.

— Ah Joezinho, - prendi a respiração e levei uma das mãos ao seu cabelo soado – só pensei que se fosse um lugar mais reservado nós poderíamos ir até lá juntos, não é?

Ele soluçou mais uma vez abrindo um largo sorriso.

— É claro. – se apoiou no balcão mal parando em pé.

— E então, onde é?

— Uma casa velha na floresta. – ele encostou o dedo indicador entre as sobrancelhas quase caindo para frente - Acho que organiza tudo de lá. 

Eu aproveitei sua distração para sair dali não mais do que depressa e contar a Jughead sobre a nova descoberta, mas ao correr meus olhos pelas pessoas uma imagem se repetia. Praticamente todos ali tinham a mesma marca: uma caveira macabra com os dizeres em baixo. Era o ninho deles, estávamos rodeados de Ghoulies. Ajeitei meus óculos no rosto me encolhendo, não enganaria ninguém com eles, eu ainda era loira.

Se eu estivesse certa apenas dois ali poderiam me reconhecer. Meus olhos pararam no careca de cavanhaque acompanhando cada movimento seu. Esperava que ele me visse e avisasse a todos os outros, mas levou seu celular ao ouvido saindo do lugar. Ao lado de onde ele estava um outro de cabelos arrepiados jogava cartas e ria distraído. Era um bom momento para dar o fora.

Em poucos segundos encontrei Jughead e juntos fomos até a saída. Mas é claro que como tudo na minha vida, não seria tão fácil assim. Assim que Jughead tocou a porta de saída alguém do lado de fora a puxou para entrar, ele pareceu despreocupado até que seus olhos pararam em mim.

— Ei, não conheço você? – Jughead me puxou para fora e a porta se fechou atrás de mim.

Ele ainda segurava minha mão ao analisar meu rosto. Por mais amedrontada que eu pudesse estar, enquanto estivesse com ele eu sabia que tudo ficaria bem. Fizemos o caminho contrário de poucos minutos atrás e eu me aliviei, até que começaram a nos seguir. A tensão fez com que minhas articulações se enrijecessem e as unhas começaram a ferir a palma da mão livre. Senti a umidade do sangue e pude perceber que apertava a mão de Jughead com mais força que o normal, ela também estaria ferida se não fosse por ele.

— Demonstrações públicas de afeto deixam as pessoas desconfortáveis. – Jughead sussurrou e eu neguei com a cabeça, agora não era momento para suas idiotices - Tudo bem, só confia em mim.

Ao virarmos o beco ele me puxou de encontro ao seu corpo me girando contra a parede. Com seu rosto tão próximo do meu eu não conseguia pensar no que poderia estar acontecendo, ele fitou meus lábios os unindo em seguida. Não era momento pra isso, nós precisávamos fugir. Duas sombras surgiam na parede e eu finalmente entendi o que ele queria dizer.

Me entreguei ao seu beijo envolvendo seu corpo em meus braços. Nunca pensei que atuaria um beijo, mas se era necessário ser feito, seria com êxito. Nossas línguas colidiram uma contra a outra em uma harmonia perfeita. Não era difícil atuar com Jughead, seu cheiro era atrativo, seu gosto era saboroso e seu corpo era quente. Nos encaixávamos com tanta facilidade que em determinado momento não era mais atuação. Aquilo se tornou uma necessidade urgente de tê-lo pra mim.

Jughead levou sua mão ao meu rosto e pouco tempo depois me soltou abruptamente rompendo com o beijo. Seu rosto configurava uma careta e eu senti minhas bochechas queimarem. O que havia feito de errado? Eu sabia que não fazia seu tipo de garota ideal principalmente com esses óculos que ele dizia ser tão feios. Só não precisava ser tão rude. 

— Desculpa. Eu não consegui pensar em outra coisa, e...

— Tudo bem... acho que funcionou... – tirei os óculos concluindo que os homens tinham ido embora - Já tá amanhecendo, é melhor a gente ir.

Um flash de Joe falando sobre o tal Hal ficar na cabana da floresta me atingiu, se ele estivesse sozinho poderíamos desvendar tudo. Mas e se fosse meu pai? Faríamos o que? Eu não conseguia pensar direito com tanta coisa acontecendo, mas se Jughead se resolvia com Sweet Pea eu mesma me resolveria com meu pai.

— Não. – Jughead disse alarmado – Eu não posso fazer você correr esse risco, só deixa o mapa comigo, tá bom? – ele não poderia ir até lá e vê-lo na cabana – Tá tudo bem entre a gente?

— Desculpa eu só... –  tentei pensar no que fazer – Tô meio desorientada com isso tudo...

— Isso tudo o beijo ou... – ele ia começar de novo com o sermão chato de que nós nunca ficaríamos juntos e que não gostava de mim, ou talvez zombaria de mim de novo, então o cortei.

— Ah estar aqui, num aglomerado de motéis, bordeis e boates, entrar pelos fundos de um estabelecimento, ser seguida, estar sob risco de vida... -  ser beijada e rejeitada ao mesmo tempo e a probabilidade de meu pai ser um criminoso do tráfico ficariam de fora da lista por enquanto.

— Você ainda é você. – sorriu e eu quis chutá-lo no mesmo lugar que quis chutar Joe – Esquece, vamos embora.

Eu estava convicta de que a coincidência do nome Hal era apenas o destino sendo filho da puta e para provar isso meu pai estaria em casa dormindo, mesmo que não estivesse lá quando eu saí. Por isso iria tirar a prova o mais rápido possível. Estava ansiosa para chegar em casa e ver seu carro na garagem, mas isso não aconteceu.

Entreguei para Jughead o jornal no lugar do mapa, o distraindo com a primeira coisa que me veio à mente. O fato dele me chamar pelo nome me fazia sentir uma velha de 70 anos e a história caiu muito bem no momento. Como incentivo inventei um apelido pra ele de última hora, já estava ótima em atuações e não me sentia mal por isso. Meu lado obscuro tinha talentos deliciosos.

AGORA

(música)

Por incrível que pareça me sentia completamente disposta, como se uma alta voltagem percorresse meu corpo me energizando. Fui para o chuveiro e tomei um banho demorado me lembrando do beijo de Jughead. Por mais falso que fosse, tinha mexido comigo e bagunçado tudo o que toda vez eu tentava organizar em mim com relação a ele. Eu precisava colocar na cabeça que ele me achava só uma garotinha inocente em comparação com as mulheres que provavelmente conheceu naquele lugar.

Levei as pontas dos dedos aos lábios os tocando. Seria complicado.

A campainha tocou duas vezes seguidas me alertando, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha para descer. O cretino a tocou duas vezes de novo. Só alguém tocava essa campainha assim.

— Betty, eu sei que você tá em casa! – a voz aguda de Verônica ecoou – Se você não abrir eu juro por Deus que arrombo essa porta!

Desci as escadas num pulo abrindo a porta. Ela me olhou estática com o rosto vermelho em raiva e em seguida começou.

— Às vezes eu só queria entender o que se passa na sua cabeça. – ela levantou as sobrancelhas escuras entrando casa a dentro.

Seus saltos faziam cliques e ela foi até a cozinha deixando sua bolsa e uma sacola do Pop’s em cima da mesa.

— Vai se vestir B. - ela apontou a escada com o indicador – Não discuto com mulheres nuas.

Rolei os olhos subindo as escadas.

Desde que vi a sua discussão com Archie eu havia me afastado dos dois, respondia mensagens vagamente e espiava os corredores da escola tentando evita-los. Claro que ela havia ficado brava e Archie ter me visto em uma moto pode ter piorado tudo. Vesti as primeiras roupas que encontrei na gaveta, não tinha diferença já que eram todas pretas agora.

Assim que desci as escadas ela pegou um prato com o hambúrguer do Pop’s e uma garrafinha de Coca deixando-a sobre a mesa de centro da sala.

— Senta. – ordenou se sentando também.

Obedeci com o instinto de sobrevivência apitando.

— Betty, se você não fosse minha amiga e não tivesse essa carinha tão fofa eu te mataria. – afirmou – De onde você arrumou a ideia de pilotar uma moto!??? – sua voz era de incredulidade e seus olhos se arregalaram – Na verdade eu sei de onde, mas achei que tivesse mais juízo.

Archie lhe contaria sobre a moto mais cedo ou mais tarde. Pude entender a fúria de Verônica pelo seu tom de voz, mas sua expressão era fraternal. Só ao tê-la aqui comigo eu percebia o quanto senti sua falta. Me arrastei para mais próximo dela deitando minha cabeça em seu ombro, ela me envolveu em um abraço e beijou meus cabelos, senti meus olhos lacrimejarem e os pisquei até que as lagrimas fossem embora.

 - Olha B, eu sei que tudo o que você tá passando é difícil e que sua cabeça deve tá uma bagunça, mas eu te amo e estou aqui com você pro que precisar. – me levantou para que me pudesse ver melhor – Entendeu?

Sorri de lábios fechados concordando com a cabeça.

— Onde você estava ontem? Tive que mentir para o seu pai e espero que seja por um bom motivo.

Me endireitei no sofá.

— Ele me ligou ontem a noite perguntando se nós íamos demorar no Drive-In e eu disse que você ia dormir na minha casa. Você estava buscando pipoca na hora e não pode falar com ele. – arqueou as sobrancelhas.

— Verônica Lodge você é um diabinho. – sorri.

— Não é à toa que meu negócio pessoal se chama Inferninho. – deu de ombros – E então?

Contei a ela sobre tudo que tinha acontecido até ali, sobre a moto, a cabana e o medo de morrer, contei sobre os papeis que tinha descoberto no escritório do jornal, e por fim a noite de ontem que incluiu a encenação com Jughead. Claro que entre tudo isso tivemos sermões, descrenças e os clássico suspiros com a boca em O.

— Eu posso ver? – concordei com a cabeça buscando os papéis.

Ela retirou o salto se sentando lateralmente. Me lembrei no mesmo momento que faltava ler um deles, a carta misteriosa. Enquanto Verônica abria o mapa eu iniciei a leitura.

“Riverdale, 4 de julho de 1991

Eu sei que está apavorada, assustada e sem saber o que fazer. As coisas podem parecer cruéis e muitas das vezes são. Mas não imagine que ele foi embora por sua causa. O conheço a tempos e sei que ele sempre odiou o pai e já não suportava mais a ideia de conviver com ele.

Eu tenho a mais convicta certeza de que se ele soubesse dessa criança estaria aqui agora ou então voltaria o mais rápido possível. Mesmo que ele não volte, eu te garanto por tudo que é mais sagrado neste mundo que eu como sua melhor amiga vou te ajudar com isso. Tenha essa certeza e a carregue com você por onde for."

Peguei o pedaço que já tinha guardado o completando perfeitamente.

"Alice, você sempre honrou fielmente nossas leis e a mim... eu sei o quanto foi doloroso para você esconder isso por tanto tempo, mas eu devo te lembrar: nenhum serpente fica sozinho. Assim que possível, o encontraremos, te dou essa certeza."

Quem era sua melhor amiga? Quem tinha ido embora e deveria voltar? Com o quê minha mãe estava assustada e que criança era essa? Dobrei a carta apavorada.

— Betty, – Verônica chamou apontando o mapa – Me diz uma coisa, onde foi mesmo que você conseguiu esse mapa?

— No escritório do jornal. – disse naturalmente.

— Tá, - ela levantou as sobrancelhas – e porque a gráfica do meu pai tá circulada bem aqui?

— Você tá brincando. – me aproximei olhando o mapa – Porque diabos seu pai tem uma gráfica?

— Ele quis investir nisso um tempo atrás, achou que seria um bom negócio. – suas sobrancelhas se juntaram quando ela me entregou o mapa.

Trocamos os papéis e ela colocou seus óculos para ler. Ao terminar me encarou incrédula balançando a cabeça.

— Tem como isso ficar ainda mais estranho? – balançou a carta.

Levei as mãos ao cabelo ainda molhado relaxando o corpo contra o encosto do sofá.

— Eu sinceramente espero que não. - suspirei pesadamente fechando os olhos.

Quanto mais eu descobria menos sentido tudo tinha. Porém todas as peças do quebra-cabeça estavam em mãos, só precisava de uma boa oportunidade de juntá-los.

O cheiro do hambúrguer fez com que minha barriga roncasse de fome, coloquei o prato no colo mordendo um pedaço enorme. Verônica me olhava com surpresa e suas sobrancelhas se uniram me encarando.

— Você roubou a fome de quem?

Sorri sem separar os lábios.

— E tem como roubar fome de alguém? Que eu saiba fome só se mata, não se rouba.

— Claro que tem. – ela começou a calçar os saltos – Quando eu era uma pré-adolescente papai sempre dizia que um beijo pode roubar a sua sorte. – ela dançou com os olhos de um lado para o outro – Analisando agora podia ser pra me afastar dos garotos, mas eu tenho quase certeza que esse karma rouba fome também.

Revirei os olhos.

— Não roubei a fome de ninguém V.

— É a primeira vez que te vejo comer em semanas. – sorriu e essa parecia ser a sua maior conquista da semana.

— Parece que as coisas podem realmente ficar mais estranhas. – conclui.

— Depois da sua dança no White Wyrm eu tento não me impressionar com mais nada. – ela se levantou pegando o prato e a garrafa vazia para levar até a cozinha.

Estava aí. A oportunidade de finalizar o quebra-cabeças veio a cavalo, quebrando as portas no peito para invadir minha cabeça com mais ideias loucas.

— Então espero que não se impressione com uma ideia que acabei de ter. – meu rosto se iluminava com a possibilidade. Sua expressão de desdém não me desanimou nem um pouco.

Contei todo o plano que havia formulado e sua boca se abriu em surpresa ao final.

— Por favor V, você disse minutos atrás que me ajudaria com o que eu precisasse. - fiz um beiço – É só me emprestar aquela peruca que usou na inauguração do inferninho e me dar cobertura com Hal, o resto eu me viro.

Ela massageou as têmporas com as pontas dos dedos fechando os olhos.

— Nada disso mocinha. - respirou fundo antes de os abrir novamente -  De jeito nenhum vou te deixar fazer isso... sozinha. – uma sobrancelha se ergueu.

Um sorriso malicioso se formou em meu rosto.

— Começamos hoje? – ela perguntou colocando a alça da bolsa no antebraço.

— O quanto antes. – respondi animada me levantando.

Ela abriu bolsa retirando uma chave de carro a balançando.

— Não é só você que tem novidades. – deu um sorriso genuíno – Vem, as coisas estão no armário do inferninho. Se quisermos fazer isso direito vamos precisar de um belo trato no visual. – tocou os cabelos.

Sorri genuinamente, era acolhedor ter ela comigo novamente.

— Só vou pegar minhas coisas. – subi as escadas animada pegando minha jaqueta e a mochila.

Não tinha esquecido do objeto metálico que estava dentro dela. Na verdade, na pior das hipóteses se tudo desse errado, ela poderia salvar nossa pele.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, agora é só adrenalina, por isso os capítulos serão um pouco maiores.
A música é uma homenagem ao ultimo filme em que Lili participou e vocês vão entender o porque em breve.

Beijooooooos!



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