Monarquia Serpente - Bughead escrita por Fortunato


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Música do Capítulo: why mona - Wannabe



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Jughead Jones

— Não é obvio? Ele quer encontrar minha mãe tanto quanto eu...

A expectativa transbordava de seu rosto e meu coração se apertou. Eu não conseguia imaginar nenhuma maneira de seu pai conseguir informações tão confidenciais. Além dos serpentes, somente o Xerife, meu pai, tinha acesso a esses registros, até porque cada emboscada era acompanhada por ele.

— Tudo bem, mas como será que ele conseguiu isso? – pensei que talvez ele pudesse ter roubado informações da delegacia.

— Um jornalista consegue tudo o que precisa pra publicar uma matéria. – ela fitou o papel – Para encontrar alguém importante não seria diferente.

Concordei com um aceno de cabeça, não a quis contrariar, agora tínhamos um tesouro nas mãos graças ao Hal. Quando minha mãe foi embora minha mente se fragmentou em vários pedaços. Os serpentes me ajudaram a remenda-los até que tudo se acalmasse em mim. Elizabeth provavelmente estava muito mais fragmentada com tudo isso. Seus olhos verdes se ressaltavam com as olheiras, mesmo com a luz clara era possível notar pequenas veias sob sua pele fina e pálida.

Voltei minha atenção novamente ao mapa, era completo demais. Mesmo que ele fosse da delegacia, nós não tínhamos informações sobre a cabana onde os Ghoulies escondiam mercadorias. Caso esse lugar estivesse marcado, poderia ser um dos instrumentos utilizados para encontrar as irmãs Cooper anos atrás. E esse seria o “lar” do morador refugiado. Não era tão simples quanto eu pensava.

— E então, você sabe onde é a cabana que viu aquele dia? – apontei a lanterna para ele novamente, ela também o analisava minunciosamente.

Sua mão pequena atravessou o mapa até chegar em um ponto especifico.

— Parece ser aqui, era bem afastada de tudo, mas também era perto da estrada. Eu não corri tanto para chegar até o campo. – seu dedo indicador pousou em um xis pequeno e isolado.

Bingo.

— Com certeza é. Não fizemos nenhuma emboscada nessa floresta. – pensei melhor – Na verdade nem chegamos perto dela, as emboscadas eram só distrações.

— Como assim? – questionou tirando seu olhar do papel.

— Eles estavam a frente de nós, se deixavam capturar para nos distrair. – minha voz soava derrotada e uma angustia me preencheu, a gangue estava repleta de adolescentes drogados graças a mim.

— Então agora é hora de dar um passo à frente deles. – sua mão tocou meu ombro o apertando, me aliviei a olhando e ela se recompôs no mesmo instante apontando novamente a marcação – Tá vendo essa trilha aqui? – seu dedo seguiu uma pequena linha sinuosa que terminava em uma rua. – Ela termina ainda em Riverdale, apesar do limite de municípios. Não acho que alguém more ali. – olhou melhor o mapa tombando a cabeça – Na verdade, nunca ouvi falar desse lugar.

Girei o mapa tentando analisar a região.

— Interessante... – me lembrei que já havia estado ali assim que entrei para a gangue, até meu pai descobrir e proibir qualquer serpente ali.

Droga.

— O que? – Elizabeth questionou curiosa.

Sorri desconfortável.

— Essa parte de Riverdale é ainda pior do que o lado Sul. – ela arqueou uma das sobrancelhas sugerindo uma melhor explicação – Bom, aqui ficam um aglomerado de boates e clubes de strip. – limpei a garganta – É por isso que você não conhece.

Elizabeth semicerrou os olhos analisando meu rosto.

— E como é que você sabe disso?

— Eu já estive lá com Sweet Pea e os garotos. – dei de ombros.

— Ah...

No silêncio que se seguiu eu me senti um completo idiota, poderia ter mentido sobre isso. Elizabeth vagava seu olhar pelo mapa parecendo perdida em pensamentos. Possivelmente estava repetindo mentalmente o quanto eu era um babaca quando queria.

— Não tem mais nada pra me mostrar? – me lembrei de que havia um papel amassado por trás dos outros.

— Nada tão importante que não possa ficar pra depois. – dobrou tudo guardando na mochila novamente.  

Ela conferiu algo no celular que estava em um bolso externo da mochila comprimindo os lábios e o guardando em seguida, já deveria ser madrugada.

— Eu acho que nós poderíamos ir até esse lugar do mapa e quando estiver quase amanhecendo eu te levo até a cabana. Sabe, a floresta é realmente muito escura... e fria. – baixou o olhar para os meus braços descobertos.

— Tem certeza que quer ir até lá? – questionei incomodado, não queria leva-la até lá.

Elizabeth revirou os olhos pegando o capacete da moto o encaixando na cabeça e eu fiz o mesmo.

— Tá tudo bem, eu não sou uma criatura inocente.

Mas parece.

Ela sinalizou com a cabeça ainda de pé ao lado da moto enquanto abotoava minha jaqueta em seu corpo franzino.

— Sua vez de fazer as honras.

Subi na moto e a olhei por cima do ombro.

— Prometo não correr dessa vez.

— Por quê? Tá com medo? – ela semicerrou os olhos atravessando a perna sob a moto.

Me imergi em sua imagem sentindo a estranha necessidade de analisar cada detalhe seu, para me lembrar depois e principalmente para aproveitar aquele momento. Só voltei à orbita quando seus braços me envolveram.

Não fode Jughead. Merda.

Baixei o apoio da moto dando partida e acelerando rumo à estrada. A moto respondia imediatamente à aceleração e pedia mais a cada marcha. Conforme o velocímetro subia eu podia jurar que a moto não encostava no asfalto, como se alçasse voo. Sua leveza era surpreendente. Ao passar de 100km/h senti um aperto no tórax me lembrando de que não estava sozinho, puxei a alavanca do freio logo em seguida desacelerando aos poucos.

— Foi mal, mas essa moto é sensacional! – gritei por trás do capacete.

Em poucos minutos a estrada acabou em uma rua mal iluminada por postes, que logo desembocou em uma sequência de letreiros luminosos de neon. A rua parecia estranhamente movimentada e eu parei a quatro quadras da estrada, em um beco onde eu e os garotos costumávamos deixar as motos com a certeza de que ninguém tocaria nelas. Elizabeth me soltou prontamente descendo da moto em um salto. Se virou para tirar o capacete fazendo sua trança cair sobre as costas.

Imaginei que ela poderia estar chateada com a forma que pilotei, sendo de novo um babaca.

— Me desculpa mesmo. – desci logo atrás.

Ela se virou confusa deixando o capacete no banco.  

— Pelo que? – uniu as sobrancelhas enquanto abria a mochila.

— Por ter corrido, não foi por mal. – cocei a nuca desconcertado.

Ela forçou um sorriso largo.

— Chama aquilo de correr? – tirou algo da mochila – Coitado. – balançou a cabeça em negativo.

Me espantei quando ela tirou um óculos de grau com uma armação enorme e ridícula da mochila encaixando-o no rosto, foi até o retrovisor da moto conferindo se estava tudo no lugar.  

— Que merda é essa? – eu estava completamente perplexo com a cena.

Ela voltou sua atenção para mim e seus olhos foram até a touca.

— Isso Jughead – a puxou da minha cabeça – é ser inteligente e não dar a cara a tapa. – ergueu a sobrancelhas – Eles já me viram antes e provavelmente devem te conhecer. – tirou um boné da bolsa o encaixando sob meus cabelos agora bagunçados.

— Tipo a jaqueta né. – percebi suas bochechas corarem próximo ao meu rosto e não consegui deixar de sorrir.

Ela se fingiu ofendida, mas por fim acabou sorrindo também.

— Tipo a jaqueta... – repetiu concordando.

— Mas você ainda é loira... – constatei que era sua característica principal.  

— É...- passou a mão pelos cabelos parecendo pensar.

— E agora? – ajeitei o boné abaixando-o um pouco frente ao rosto.

Ela caminhou até o fim do beco e eu a segui prontamente.

— Agora damos uma olhada por aí. – observou ao redor – Não deve demorar pra amanhecer e então vamos até a cabana.

Concordei com a cabeça e começamos a caminhar pelas ruas. Tudo parecia normal desde a última vez que eu estivera ali, a não ser pelo fato da grande movimentação. Pessoas iam e vinham em grande escala, a maioria parecia fora de si, drogados ou bêbados.

Um homem passou ao nosso lado com duas garotas com roupas curtas sorrindo e mexendo no cabelo. Uma delas deu uma gargalhada escandalosa fazendo Elizabeth se assustar. Me envergonhei profundamente de já ter estado aqui.

— Sobre o quê Nick tava falando? – Elizabeth continuava olhando para frente com seus óculos ridiculamente grandes.

Nick era um desgraçado, e eu me arrependia de cair nas suas provocações, mas não voltaria atrás. De qualquer forma seria uma disputa “amistosa” sem valer dinheiro e sem que o Xerife soubesse, só nós dois. E a essa altura todos já estavam sabendo, menos ele. Tal Boy havia me ensinado o pouco que sabia, mas quando alguém lhe contou sobre Nick ele simplesmente caiu fora.

— Como assim? – me fazer de desentendido era uma possibilidade, eu realmente não queria que Elizabeth me visse brigando.

— Você sabe Jughead, lá no bar. – ela deu de ombros levando as mãos aos bolsos.

— Elizabeth, só não vá até lá. – ela me olhou lateralmente baixando o cenho – É perda de tempo, Nick e eu só vamos acertar umas coisas.

— Hum, - ela fingiu concordar – parece que vocês não se entendem bem.

— Ele é um babaca. – sibilei alto num pensamento pessoal.

— Eu percebi. – ela concordou – Porque você brigou com ele no dia que foram até minha casa?

Baixei o cenho. Não esperava que ela soubesse isso.

— Nada demais. – fingi.

— Fiquei sabendo que tem a ver comigo. – ela disse naturalmente.

— Ah... – passei a mão sob a nuca pensando em algo que não fosse simplesmente ‘me deu vontade de amassar a cara dele quando falou de você’ – Não sei te dizer, eu acho que...

— Jughead. – ela segurou meu cotovelo o apertando – Aquele é o Sweet Pea?

Meus olhos foram na direção em que ela olhava buscando por ele. Vi apenas uma estampa de cobra me encarar a metros de distância e por pouco tempo. Instintivamente quis ir até lá tirar a prova.

— Droga, vamos embora. – Elizabeth me puxou para trás cobrindo o rosto – O que ele vai pensar de ver nós dois aqui? – continuava me puxando.

— O que? – questionei perplexo. Era mais suspeito o que ele estava fazendo ali.

Enquanto ela dava as costas ao local onde ele entrava seus olhos foram direto para um letreiro luminoso. Segui seu olhar tentando entender o que estava acontecendo.

Motel 24h.

— Ah. - foi só o que pude dizer – Elizabeth eu preciso falar com ele, ou pelo menos saber o que ele tá fazendo aqui.

Ela levantou as sobrancelhas.

— Não é obvio? – seus olhos se arregalaram.

— Não, ele não tá aqui pra isso. - balancei a cabeça em negativa com uma careta - Ele tem andado estranho e entregado cargas em lugares sem me contar. - mesmo que não fosse da minha conta.

— Ele não me encontrou no campo e não foi na aula hoje... – ponderou baixo.

— Sim. – concordei.

— Então vamos falar com ele. – seu rosto se tornou pura preocupação e eu poderia jurar que uma pontada de ciúmes me atingia, mas isso não fazia sentido.

(música)

Fomos até o lugar em que ele havia entrado. Eu não conhecia, na verdade conhecia apenas um bar onde menores de idade podiam entrar e beber à vontade. De acordo com o letreiro o lugar se chamava‘Platinum Ghost’, contava com um segurança na porta que provavelmente chamaria a atenção barrando menores de idade. Analisei ao redor e vi uma saída de emergência lateral, segurei a mão de Elizabeth a levando comigo.

— Por aí não, somos menores de idade e o segurança vai estranhar uma nerd por aqui. – contorci o rosto para o seus óculos.

— Sweet Pea também é e entrou por lá.

— Vai ver o segurança conhece ele. – conclui puxando a porta que ecoou uma música agitada.

Quando a fechei olhei em volta garantindo que ninguém tivesse percebido. O lugar era completamente comum, até parecia um pouco com o Whyte Wyrm, com palco, mesa de sinuca e tudo mais. Paramos em um balcão de madeira onde algumas pessoas bebiam e riam exageradamente.

— Tá vendo ele? – ela disse próximo ao meu ouvido compensando o som da música.

— Não e você? – continuei olhando ao redor.

— Também não.

Fitei seus óculos uma última vez, era engraçado como ela parecia uma garotinha de ensino fundamental. Seu olhar se perdeu em uma barra vertical no palco onde não havia ninguém. Em uma entrada lateral um garoto alto com pele acobreada conversando com um homem me chamou atenção.

Eu não imaginava o que levava Sweet Pea a estar aqui, mas não queria envolver Elizabeth. Nós resolveríamos sozinhos, por mais que ele não gostasse de mim e eu muito menos dele, ambos conhecíamos os problemas um do outro.

— Você fica aqui um momento? – gritei para Elizabeth.

— Achou ele? – ela se sobressaltou apreensiva.

— Não, só preciso ir ao banheiro.

Ela recostou sobre o balcão balançando a cabeça.

— Ok. – assentiu.

Andei por entre um aglomerado de pessoas que passavam até chegar onde o havia visto. A porta dava para um corredor com pouca luz. Assim que passei pela porta uma mão me segurou pelo ombro me puxando para trás.

Merda, como eu odiava isso.

— Ei, onde você pensa que vai? – me virei e vi um homem pouca coisa mais alto que eu.

Analisei sua cara carrancuda e feia percebendo seus músculos logo em seguida. Era um bom momento pra me fingir de bobo.

— No banheiro. – fiz a melhor cara lavada que pude.

— Ok, garotinho. É pra lá. – ele praticamente me empurrou na direção oposta apontando com o polegar uma porta do outro lado do salão.

— Ah, valeu cara. - olhei para trás e ele ainda continuava lá vigiando a entrada. Saco.

Decidi dar mais uma olhada, provavelmente haveria outra forma de chegar até lá. Continuei andando ao redor, até que vi Elizabeth caminhando até mim apavorada segurando as alças da mochila com força.

— O que foi? – segurei seus ombros assim que ela chegou.

— Lembra daqueles caras que eu disse ter visto na cabana da floresta? – suas sobrancelhas se juntaram – O de cabelos encaracolados está no balcão, chamaram ele de Malachai. – todos os meus sentidos se alertaram e eu segurei a mão de Elizabeth instantaneamente.

— Ele te reconheceu? – meu coração acelerou, estávamos em um campo minado com o principal prêmio deles.

— Ele não me viu na floresta. – ela engoliu em seco – Mas um dos que me viram está encostado ali na parede conversando, o careca acabou de sair pra atender o telefone. – sua mão estava completamente gelada e seu rosto sem cor alguma.

— Olha, - me voltei para ela – nós vamos sair daqui e vai ficar tudo bem tá? – ela comprimiu os lábios assustada – Eu prometo. – garanti.

Ela concordou com a cabeça e segurei sua mão mais uma vez guiando o caminho até a saída por onde tínhamos entrado antes. Ao empurrar a porta alguém do outro lado a puxou.

Merda.

Ele era careca e sua tatuagem estampada no bíceps não deixava dúvida.

— Valeu cara. – tentei agir naturalmente puxando-a comigo para o ar frio da madrugada.

— Ei, não conheço você? – ele disse encarando o rosto dela.

Assim que a porta se fechou e a imagem de Elizabeth apavorada me fez apertar mais ainda sua mão.

— Vamos rápido. – caminhamos a passos largos até o beco onde estava a moto.

Dessa vez a rua não estava tão movimentada como antes. O tráfego era apenas de pouquíssimos carros que iam em uma única direção, a noite já havia acabado. Em poucos segundos pude ouvir passos a metros de onde estávamos, olhei para trás disfarçadamente e haviam dois deles agora. O careca e mais um outro.

— Quem mais te viu na floresta? – sussurrei.

— Ahm, - ela fitava o vazio – um cara muito magro de cabelos espetados. Porque?

— Eles estão nos seguindo. - uma ideia me veio à mente – Já assistiu Capitão América?

Ela me fitou incrédula.

— Demonstrações públicas de afeto deixam as pessoas desconfortáveis. – repeti a fala do filme assim que entramos no beco.

Ela balançou a cabeça em negativo sem entender.

— Tudo bem, só confia em mim. – disse o mais sincero possível. 

Girei nossos corpos a encostando contra a parede, era seu rosto que eles não podiam ver. Puxei sua cintura comprimindo-a contra mim e uni nossos lábios. Ela estava completamente tensa e seus braços pendiam ao redor do corpo.

Precisávamos mais do que isso para causar desconforto em quem olhasse.

No mesmo instante ela pareceu entender a ideia e lançou os braços ao meu redor, sua língua delineou meu lábio inferior pedindo passagem e eu rapidamente cedi. Uma de suas mãos foram até minha nuca afagando meus cabelos. Deixei uma das mãos em sua cintura fina e levei a outra até o seu rosto, incialmente para cobri-lo, mas conforme o beijo se intensificou eu me perdi do motivo por estar fazendo aquilo. Só precisava continuar.

Explorar sua boca era interessante principalmente porque seu gosto condizia exatamente com o cheiro que ela exalava. Era de um morango tão doce que eu não me enjoaria nunca. Mesmo quando o ar faltou eu me recusei a solta-la, pelo contrário, meu corpo estava em combustão contra o seu em um beco mal iluminado.

Não Jughead. Soltei-a imediatamente tão assustado quanto ela havia estado antes.

— Desculpa. – minha voz saiu quase em um fio – Eu não consegui pensar em outra coisa, e...

— Tudo bem... acho que funcionou... – ela tirou os óculos olhando a rua que agora estava completamente vazia – Deu certo... – sua voz estava trêmula e em seu rosto havia pura confusão.

Minha respiração ainda estava completamente desregulada e quanto mais eu tentava me controlar mais parecia difícil. Ela foi até a moto pegando o capacete e eu a segui prontamente.

— Já tá amanhecendo, é melhor a gente ir. – ela disse com a respiração também descompassada.

— Não. – parei em sua frente, ela não me encarava por mais que eu a olhasse fixamente – Eu não posso fazer você correr esse risco, só deixa o mapa comigo, tá bom? – abaixei o rosto até que ficasse no nível do seu olhar – Tá tudo bem entre a gente?

— Desculpa eu só... – fechou os olhos fazendo um o com a boca expirando o ar – Tô meio desorientada com isso tudo...

— Isso tudo o beijo ou... – engoli em seco.

— Ah estar aqui, num aglomerado de motéis, bordeis e boates, entrar pelos fundos de um estabelecimento, ser seguida, estar sob risco de vida... – enumerou nos dedos das mãos nervosamente e eu ri.

— Você ainda é você. – sorri com um suspiro.

Ela finalmente me encarou, confusa.

— Esquece. – peguei o capacete subindo na moto – Vamos embora.

Nenhuma jaqueta ridícula tiraria dela a doçura de ser a garota que ela sempre foi e isso aquecia meu coração. Eu encontraria Alice por ela, ou morreria tentando.

— Pode me deixar em casa? - ela subiu na moto atrás de mim.

— Hum, posso.

— Você pode ir pra casa com ela já que tá sem uma. – completou se segurando em meus quadris.

Dei partida na moto saindo do beco e pensei por um segundo.

— Então busco você pela manhã para a escola? – disse por cima do ombro.

— Eu cogitei a ideia de faltar. – ela disse quase rouca.

Concordei com um aceno de cabeça arrancando com a moto. Indo direto pra casa dormiríamos quatro horas ou menos, mas eu não me sentia cansado e sim alarmado.

A viagem de volta foi completamente silenciosa. Assim que a estrada cortou o campo onde estávamos horas atrás o sol já ameaçava surgir tornando o céu cinza e em menos de vinte minutos já estamos na porta dos Cooper.

Ela desceu num salto assim como antes retirando o capacete e em seguida minha jaqueta.

— Elizabeth, tá tudo bem mesmo não é? – ela fez uma careta.

— Só se você parar com isso. – abriu a mochila puxando o mapa – Já deu de me chamar de Elizabeth. – ergueu as sobrancelhas ao me entregá-lo.

Sorri aliviado.

— Quer que eu te chame de quê então se esse é o seu nome? – fingi seriedade.

— Betty talvez?

Que clichê.

— Vou pensar em algo. – pisquei com um olho jogando a jaqueta no corpo.

— Cuidado com ela viu. – desamarrou a sua jaqueta da cintura indicando a moto com o olhar.

— Porque? Ela é o amor da sua vida? – dei a partida acelerando ainda no lugar.

— Não. Ela não. – voltei minha atenção a ela apreensivo esperando que completasse – Bom descanso Jug. – simplesmente me deu as costas subindo as escadas até sua casa.

— Bom descanso Liz. – disse baixo, mas ela já estava longe o suficiente pra escutar.

A uma semana atrás eu tinha prometido me afastar, mas considerando o fato dela ser um imã para problemas e a minha maior qualidade em ser um problema, inevitavelmente, um dia eu estaria completamente atraído por ela.

Esse dia chegou.


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