A História do Clichê escrita por Louis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Atenção: cena romântica com algum sangue envolvido. Será que dá certo?



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Os punhos da Vampira e as palavras que não seguram

Valentina entrou na enfermaria indo direto pros armários onde encontraria ataduras e curativos. Como castigo pela falta de controle, teve que tratar do rosto sangrento do companheiro. E sabia como fazer. O professor não gostou do que fez, mas merda! O burguês não estava olhando como se ali não fosse o lugar dela. Não parecia querer usá-la para nenhuma fantasia excêntrica. Ele só estava curioso.

Como agora.

—Eu posso quebrar o seu nariz de verdade, burguês. - Explicou sem emoção, vendo o outro sorrir. Seu tom frio não era de ameaça.

—Está sempre se defendendo? - Ele sentiu o algodão gelado limpando o sangue meio seco em seu rosto, procurando por algum corte.- Incomoda tanto assim que te olhem?- Ótimo, ela era alta, mas ainda teve que levantar os pés pra alcançar seu rosto, o que era fofo em algumas circunstâncias. Exceto pelo rio de sangue que saía pelo nariz fino. Não poderia esquecer de colocar os exames de anemia em dia.

—Você nunca me olhou antes. - Se fosse de acordo consigo, Valente ficaria envergonhada. Mas não era, então deu apenas de ombros. Sim, já havia visto o menino mais alto jogando. Já havia o visto flertando com garotas por aí. Não era como se gostasse dele, sua mente lembrava sempre que o via cruzar os corredores cercado de outros idiotas.

Nao era como se importasse o olhar dele. Só incomodava nunca ser vista. No coração, órgão que veementemente, Valentina ignorava. Mas aquilo foi escolha dela, sua cabeça prática lhe avisava quando seu músculo cardíaco apertava. Então era só sair dali e seguir invisível para o prodígio do basquete, como sempre.

—E você por acaso já me olhou? - Enzo sorria divertido. Não costumava provocar as garotas, geralmente era tido como gentil em muitos aspectos. Valentina com certeza não concordaria com essas afirmações.

—Tenho olhos na cara, otário! - A mão pesou onde mais doía, e Enzo se contorceu.

Fracote.

—E eu não? - Ele a viu sorrir perversa. Não conhecia ninguém como ela. Nunca.

—Quatro. Mas mesmo assim não viu a bola. E nem vê quando está sendo inconveniente. -Já a tinha tirado do sério e Enzo se perguntou por que não costumava provocar ninguém. Era divertido.

Sempre uma resposta para tudo ?

—Você é sempre grosseira assim?- O rapaz não a conhecia tão bem pra detectar a mágoa nos olhos. Mas lá estava.

—Oh, desculpe! Talvez não tenha recebido a tão polida educação de vossa senhoria! Os Mascarenhas realmente não se importam de ter uma selvagem tão próxima do seu herdeiro? Talvez esse seja o motivo de nenhum burguês me querer aqui? Sou mal criada, grosseira! - Ironia visível. Perdeu totalmente a paciência e saiu jogando os algodões por aí enquanto saia da sala, deixando um Enzo chocado com o rosto pulsando de dor.

Atrasado, o garoto teve reação. Puxou-a pelo braço, pressionando-a sobre os armários. Não estava nervoso,mas não gostava de conversas inacabadas. Mesmo que aquilo fosse um esboço de conversa mal feita pelo Destino.

—Olha, desculpa! Eu não quis ofender! - Bufou, e a garota olhou bem no fundo dos olhos dele.

—Pára de ficar me olhando assim! -Gritou, desesperada. Enzo sorriu, mostrando suas covinhas fofas que em nada combinavam com o corpo grande.

—Desculpa! Você é bonita, só isso!- Explicou, já entendendo que aquilo tudo era apenas embaraço.

—Pára de pedir desculpa toda hora! Você é mesmo um idiota!- Ela desviou o olhar. Enzo sorriu mais ainda. Seu rosto estava quente e ele se perguntou se ela o mataria se fosse beijada.

—E você é uma valentona metida! Se acha melhor que todo mundo!- Riu mais, realmente se divertindo da cena típica. A garota bufou. Ah, sim. Eles iriam se beijar.

—Eu me acho? Está aqui fazendo essa cena ridícula porque acha que eu vou cair nessa! É patético e você vai me soltar. - Ameaçou, sem sucesso. O rapaz passou as duas mãos pela careca.

—Eu não tô segurando você. -Enzo gargalhou.- Não tô segurando! - O braço dela girou pra dar um soco bem dado, mas ele segurou.-Vai continuar tirando sangue de mim? Podemos só conversar.

Valentina sorriu. Um sorriso de aviso. Firmou o pescoço, dando uma cabeçada no nariz dele. O garoto chiou de dor.

—Maluca! - A garota saiu pela tangente, mas ele voltou a agarrar. - Ah, não Valentina. Você vai tratar disso também.

—Você não aprendeu ainda?- Ela tinha lágrimas nos olhos. Estava com tanta raiva! - O que mais vou ter que quebrar pra você se afastar? - O garoto deu um passo pra trás, mesmo assim segurando seu braço sem força.- Se afasta!

Enzo respirou fundo. Ok, geralmente era o gentil. Mas Valente precisava entender algumas coisinhas. Em um movimento girou, pressionando-a na parede com o corpo, exercendo o tamanho sobre ela. A menina estava quente e respirava com dificuldade. 

—Vai ter que me quebrar inteiro. Entendeu?- Ele sussurrou, e se aproximou mais. Não era como se tivesse pingando sangue do seu nariz que nem parecia doer. - Mas agora, você vai me ajudar a fazer um curativo nisso e eu não vou contar pra ninguém. - Explicou, e a garota desviou o olhar outra vez. Uma agressão daquelas lhe daria uma expulsão.- Eu vou ficar calado o tempo todo. E depois, nós vamos esquecer isso tudo.

A menina concordou, os dois foram devagar de volta à enfermaria. E tudo foi concluído como Enzo ordenou.

Bem, quase tudo.


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Notas finais do capítulo

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