;anémones escrita por imensiflor


Capítulo 1
00.01


Notas iniciais do capítulo

oi, olá, oi! como que vai do seu ladinho? eu realmente espero que esteja tudo calminho ♥
faz tanto tempo que não volto, e, hoje, voltei! sinto falta de tudo que um dia fora plantado em mim por aqui e de como era gostosinho postar um escrito.
tá um tantinho que confuso e aleatório demais, mas veio um temporal e as roupas no varal voaram. espero que fique à vontade durante e depois desta leitura cheio de um sentimento de amor e admiração aos queridos e incríveis: kim namjoon e carlinhos de andrade :') ♥



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em teu crespo jardim, anêmonas castanhas 

detêm a mão ansiosa: devagar.

cada pétala ou sépala seja lentamente 

acariciada, céu; e a vista pouse,

beijo abstrato, antes do beijo ritual,

na flora pubescente, amor; e tudo é sagrado.

 [carlos drummond de andrade]

 

 

anémones;

aquieto a ideia de conferir se havia mesmo trancado a porta de entrada. o fato é que, depois de puxar e empurrar descontroladamente cinco vezes – às vezes fora até mais, será? –, meus braços não aguentam e minhas mãos soltam as sacolinhas com minha sopa de letrinhas e algumas de minhas frutas favoritas, compradas em uma tendinha demasiadamente adorável, e então se esborracham no chão. assim como tudo aquilo que ainda resta de mim.

poxa vida. quero encontrar um tiquinho de força aqui do meu lado de dentro, destrancar de vez esta porta, descer correndo pelos lances de escada com minhas meias já muito velhinhas e de bichinhos horripilantes, dizer mais uma vez boa noite para aquela senhorinha tão gentil e que me acolhe toda manhã com um cantar enroladinho do incrível frank sinatra, me entregar à chuva que cai graciosa e livremente lá fora, dançar junto aos pingares, mas apressar os passos enquanto sorrio para as diversas flores que riem das sacadas e meu coração brinca de pular amarelinha sem fim, chegar no metrô e entrar simplesmente em um trem já sem mais destino à uma próxima estação.

vago meus olhos por cada cantinho e assento, àquela hora, esperando alguém para aquecê-lo. e eu corro pelo corredor, tropeçando em meus próprios pés e sentindo aquela bagunça louca balançar em meu peito junto aos meus fios curtos, embaraçados e ressecados e já pouco azuis. vejo-te ali. nem tão distante, todavia, ainda distante. porque tu está a ler aquela mesma poesia linda, aquela que costuma recitar em um silabar silencioso. e sinto. e sorrio. e é como se eu estivesse sendo acariciada. abraçada. amada. porque vejo-te ali, todo pintado das mais diversas cores, feito de todas as existentes e inexistentes poesias. seus dedos passam, com leveza e amor e cuidado, por cada linha. e é um carinho pelas palavras tão bonito e cheio de ti.

diga-me, para onde vai? por anêmonas castanhas que são os teus olhos, diz que não tem parada também. não por agora. não por este instante.

porque quero tanto encontrar um tiquinho de força aqui do meu lado de dentro, abrir de vez este meu coração, alcançar tuas mãos e observar as pintinhas que habitam teu rosto (céu). e não precisamos dizer nossos nomes, mon cher, não precisamos descer na próxima ou daqui três estações. só prometa recitar-me poesia sempre que puder e permita-me conhecer e desvendar as infinitas constelações que moram em ti?

vejo-te ali e amo-te ali, lá, acolá e aqui. quero tocar-te, mas outra vez, mas desta vez, sou inundada pela ideia de que desaparecerá de repente. talvez não vire pó, acredito que pétalas e serão elas tudo o que me restarão de ti junto aos seus carinhos pelas páginas amareladinhas e enfeitadas por micro buraquinhos feitos por traças que talvez quisessem ver-te como te vejo. tudo é lindo. tudo é jardim. tudo é infinito universo.

e talvez, só talvez, eu devesse permanecer do lado de cá e amando cada singelo, singular gesto teu e de teus lábios feito nuvens que flutuam no céu em um dia de verão. ou de chuva. meu peito continua uma bagunça que só. oh, céus. meus braços não aguentam e muito menos o que resta de mim neste vagão. porém, antes que eu desmanche, tu me permite. tu me sorri. e é como se agora tu me tivesse nas mãos, nos olhos, nas constelações.

sorrio. minha alma sorri. meu coração finalmente se abre. sem mais, sem menos, sem divisão ou multiplicação.

o jardim vira oceano. é quando é dado a anunciação da parada – realidade-, olho-te pela última vez pela primeira vez e eternizo todas as suas recitações que me fizeram te sentir sempre em meio àquele silêncio; onde te amei e preferi partir.

guardo em minhas gavetas todas as flores, palavras que não trocamos, mas que te vi tocar, pétalas que deixara por aqui; por cada canto, por cada estação, no meu peito.

pétalas bem aqui na minha porta de entrada, onde encontro-me com o enorme pedido em mente que esta porta esteja aberta, mesmo depois de cinco vezes – ou mais, será? -, puxando e empurrando descontroladamente. que eu te veja de novo em algum trem. e que eu diga tudo o que guardo. que meu coração pula amarelinha sem fim por ti. que saiba, enfim, que tu és a mais bela poesia existente e inexistente.

 

p.s.: prometo dividir, com todo amor que resta e plantara em mim e essa minha esquisitice que não me deixa ficar, minha sopa de letrinhas e todas as minhas frutas favoritas. a gente até pode voltar naquela tendinha adorável e escolher as tuas. onde tu me sorri e eu recito-te a poesia que se fez em mim:

tu, kim namjoon.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

muito obrigada se lera até aqui, saiba que isto me deixa imensamente feliz; e perdoe-me por "falar" demais :').

desejo-lhe uma linda noite, dia, tarde, vidinha ♥

à bientôt! ♥