A Ascensão de Skywalker escrita por André Tornado


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Tal como prometido e como aconteceu quando da divulgação do título do episódio VIII, The Last Jedi, escrevi um pequeno conto com inspiração no título do episódio IX de Star Wars, The Rise of Skywalker.
Como ainda não temos título em português, segue uma tradução minha.
Tivemos a sorte de termos título e teaser, então agarrei numa cena desse teaser e construí esta história.
Devia ter sido publicada no passado dia 13 de abril, mas só agora me foi possível fazer a publicação - embora tivesse escrito um primeiro esboço nesse dia, a bordo de um avião.

Boa leitura!



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Ela esperava.

Esperava rodeada de luz, de calor, de um toque de tranquilidade artificial que criara em seu redor, como um manto protetor.

Uma antiga capa Jedi.

O que era antigo estava morto – ela abrira novos paradigmas.

Deixara efetivamente o passado morrer e definira um novo presente. Um futuro desconhecido. Fora um conselho dado num momento de rutura e de cansaço, de confusão e de indecisão, de desilusão por as coisas não serem como se esperava e como deviam ser, mas que no fim resultara perfeito para definir o que era necessário. Rasgar amarras, experimentar a liberdade. Provocar a mudança.

Por isso não usava as mesmas vestes dos antigos mestres Jedi, não se apoiava nos mesmos pressupostos. Ela era mais. Sabia-o. Estava ali, de pé, à espera, sabendo que tinha mesmo deixado o passado morrer. Que o mundo era novo. Que tinha avançado na melhor das direções. Caminhos impecáveis e diferentes.

A Força estava com ela, no meio do deserto.

Completa, impossível, repleta, poderosa.

Na distância havia um brilho. Ténue e compacto, um ponto que era tão negro como uma estrela morta. Se havia brilho era porque a superfície do objeto refletia a luminosidade dos sóis gémeos, um mero fenómeno físico, não porque havia efetivamente luz ali. Escuridão e frio, era o que se lia. Sem salvação. Perdição. Obstinação. Rancor.

O confronto aproximava-se e ela… ela estava preparada.

Na verdade, não estava sozinha, embora à vista desarmada e também destreinada daqueles que não conheciam os mistérios da Força assim parecesse.

Uma jovem mulher, de pé na imensidão das terras desérticas de Tatooine.

O Mar de Dunas.

Não. Rey não estava sozinha. Consigo tinha o espírito diáfano de Luke Skywalker, o último dos cavaleiros Jedi.

Respira”.

Apenas… respira”.

E estava de novo em Ahch-To. E havia outra vez o perfume do mar bravio. E tinha novamente a energia da fé e da confiança.

Regressava, agora, ao deserto para o seu derradeiro confronto e para o seu magnífico desafio.

A luta da sua vida.

Fora em Jakku que sentira o despertar da Força, o apelo inamovível do seu destino que ela haveria de cumprir entre as estrelas.

Na Resistência encontrara a casa com que ela sempre sonhara; apesar das perdas, fora imensamente feliz.

Resumia-se e concluía-se tudo naquele momento.

O inimigo aproximava-se.

Kylo Ren, outrora Ben Solo. Líder Supremo da Primeira Ordem.

Escutava-o na distância, sentia-o a aproximar-se. O tal ponto escuro e denso, a Força negra, o brilho disfarçado em sombras.

Vinha na sua nave pessoal, o caça TIE Silencer, um protótipo de alta gama saído dos estaleiros da Sienar-Jaemus Fleet Systems. Uma das naves mais sofisticadas da galáxia. Imbatível e assustadora. Voava a uma velocidade vertiginosa.

Ela desejava aquele embate. A decisão final. Compreender, por fim, quem seria o vencedor. Havia medo? Não. O medo levava à raiva. A raiva levava ao ódio.  O ódio levava ao sofrimento. Ela controlava bastante bem o seu medo e nunca iria juntar-se ao lado negro.

Na planície árida do planeta deserto, na paisagem imensa, a Força era esmagada entre a luz e a escuridão. E ela sabia onde se posicionava – era uma clarividência tão nítida como o ar parado daquele dia, que permitia ver a grandes distâncias, até ao horizonte, em todas as direções.

Rey aguardava por Kylo Ren nas areias escaldantes de Tatooine.

Os dedos mornos e invisíveis do mestre guiaram-na para o punho do sabre de luz. O cristal kyber no coração do mecanismo vibrou quando a ligação se estabeleceu.

Ela era tão só o veículo, tinha consciência desse facto, verdade tão límpida e transparente como o ar quente que a abraçava naquela solidão. Porque aquele sabre de luz, que outrora pertencera a Anakin Skywalker, também o fora de Luke, seu filho – e eram os dedos do seu fantasma que o ativavam, que o estremeciam.

Ela estava ali porque…

Porque o sabre de luz precisava do necessário condutor que o levasse de regresso ao seu verdadeiro dono. Skywalker. O nome invocava toda a espécie de arrepios, temores, maravilhas, memórias, poder.

Os olhos dela fixavam-se no horizonte. Havia uma fina camada de pó que se elevava numa nuvem indicando a aproximação da nave.

Kylo Ren estava quase ali.

Rey puxou o punho do sabre de luz do seu cinto. Ativou-o. A mão invisível de Luke Skywalker retirou-se.

Era ela a herdeira do imenso legado da Força.

O nome Skywalker ergue-se, novamente”.

E o significado transmutava-se em algo maior. Algo que seria um símbolo, uma lenda. Até raiar o mito e ser relatado como exemplo, como impossibilidade, como bandeira.

Antes tinham existido os Sith e os Jedi.

Agora havia a Força e um nome.

Uma palavra mágica e impossível que haveria de escancarar os portões da esperança, que haveria de inspirar todo aquele que desejasse olhar para além do chão que se pisava e que ousasse mirar os céus. Pois era nas estrelas que se encontravam todas as respostas.

Skywalker.

Rey tinha sido assim – com os pés descalços enterrados nas areias de Jakku, sonhando com o regresso da sua família, temendo apontar os olhos para as estrelas pois receava estar a sonhar demasiado alto.

E, no fim, arredados os temores e a ansiedade, fora ela que vencera…

Iria vencer naquele dia, também.

Com o fim de Kylo Ren, o sabre de luz de Anakin Skywalker e o seu cristal kyber irrequieto haveriam de sossegar e de repousar. Reencontrariam o seu caminho e seriam devolvidos ao seu verdadeiro dono.

A paz regressaria à galáxia. Depois daquele dia em Tatooine – início e fim – depois daquele triunfo, para sempre.


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Notas finais do capítulo

Obrigado pela leitura!