Estava com um problema, não me preocupar. Sakura acha que sou sociável a ponto de me sentir bem no meio de pessoas que nunca vi na vida. Ela sempre me falava sobre eles, seus amigos, e que um dia, eu chegaria a conhecê-los. Não tinha muito tempo que chegara a Tóquio. Havia alguns dias, onde estava a trabalho. Eu e Sakura dividiríamos o apartamento. Tudo foi completamente planejado. Eu ficaria em Tóquio permanentemente e precisaria de amigos. Sakura contava as estórias que tinha sobre eles. Estava em uma outra cidade na época e confesso que imaginava como ela tinha conseguido pessoas tão legais para conviver.

-         Tem certeza de que vão gostar de mim? – nem sei quantas vezes havia dito isso, era inevitável.

-         Quem não gostaria, Hina, você é simplesmente a garota mais doce que eu conheço e também, é uma reunião de amigos.

-         Sakura, só você mesmo para me arrastar para essa situação. Você esqueceu que sou tímida?

-         Ninguém fará nada que lhe desagrade, será que pode relaxar um pouco? Oras, e hoje também, você vai conhecer meu namorado, dessa vez pessoalmente!

Éramos amigas há muitos anos, mais infelizmente tivemos que nos separar quando adolescentes, assim que minha mãe veio a falecer. Meu pai queria outros ares, qualquer coisa que não lembrasse a minha mãe. E eles foram tão contentes, claro. Cheguei a chorar muitas vezes, ela era a minha melhor amiga, como ficaria sem a minha melhor amiga? Sei que era um pensamento mesquinho comparado à necessidade de meu pai de se curar da dor, mais não poderia simplesmente esquecer de mim. Fui para uma outra cidade, ficando assim longe dela. Eu tinha muitas fotos nossas, e lembrava de momentos especiais, coisas de quando éramos meninas. Rimos de coisas tão sem sentido, que talvez isso chegue a ser o cômico. Seria bom rever Tóquio novamente. Eu não havia me esquecido dos lugares que costumávamos ir. Talvez as coisas tivessem mudado, lógico. Estava respirando fundo e tentando mesmo ver o lado bom de ser a velha Hinata. Essa que estava quase morrendo por estar perto de pessoas era a velha Hinata. Durante o tempo que estava em nessa outra cidade, tive que lha dar com o fato de estar sozinha. Não foi muito fácil, e também eu tinha obrigações para com meu pai. Obrigações de filha. Eu não quis me despedir pessoalmente, seria muito pior. Meu pai estava irredutível em relação à mudança e nada que eu falasse faria com que ele mudasse de idéia. Eu aprendi a seguir a vida, conversando com Sakura pelo MSN, e-mail e mensagens. Apesar de distância, continuávamos as melhores amigas que sempre fomos.

Confesso que tinha ciúmes, mais o que eu poderia fazer? Eu tinha que estar era feliz por ela, saber que ela tinha companhia. Mais o maldito ciúme batia à porta e dizia “Olha, ela esta em tal lugar com uma amiga, e não com você”. Isso era péssimo, muitas vezes sentia-me incapaz, como se eu não fosse tão importante para ela. Não fiz muitas amizades, mais costumava cumprimentar as pessoas de manha, quando chegava à escola. Ia a uma sala ou outra, mais apenas isso. Não conseguia manter um contanto maior com aquelas pessoas, talvez por serem diferentes do que eu estava acostumada.  Creio que me acostumei com a falta, então, não fazia muita diferença estar sozinha ou não. Meu pai dizia para que eu fosse me divertir, mais eu não tinha vontade. Estava no lugar errado, eu sentia isso. Eu não pertencia àquele lugar, tinha que voltar para Tóquio. Quando surgiu a primeira oportunidade, com o meu trabalho, a agarrei com unhas e dentes. Os anos ajudaram a meu corpo a amadurecer. Meu cabelo estava na altura da cintura. Costumava deixá-los curto, dava menos dificuldades para cuidar, mais achava que ficava muito com cara de menina. Gostava das minhas curvas, não eram perfeitas, mais são consideravelmente bonitas.  Olhava-me no espelho e pensava em situações das mais adversas. Como eu gostaria de ter a minha melhor amiga no meu aniversário, de quando teve a formatura e não pude estar com ela, coisas assim.

Foram anos sem nós ver, quase cinco. Agora eu estava de volta Já a havia abraçado tanto que achei que ela poderia morrer sem ar. Eu chorei por tantas coisas que não consegui dizer, porque tinha que desligar o computador, ou porque eu estava ocupada demais trabalhando ou estudando. Se eu soubesse que uma pessoa se torna tão importante, eu não teria isso embora. Teria batido o pé e diria que ficaria com Sakura. Poderia ficar na casa dela, claro mais tudo pareceu correr tão rápido. Minha mãe sem motivo aparente para morrer, simplesmente nos deu as costas. Não conseguiram descobrir do que ela poderia morrer. Claro, ela fumava muito, mais nem isso parece ter sido um motivo. No enterro, era como se tivesse um vazio, que ninguém poderia preencher. Pretendo ser mãe, mais espero poder viver mais que ela viveu. Ver meu filho ou filha casar, trazer o namorado (a) para casa. Às vezes penso que Deus pregou uma peça muito grande em mim, porque acho que nem merecia sofrer, mais quem é que não sofre? Se tudo tem mesmo um motivo para acontecer, eu deveria aprender a não liberar minhas lágrimas e soltar minha frustração. Já pensei a pensar que ela morreu por minha causa, mais eu sei que ela me amava muito para isso. Nada foi descoberto e meu pai não encontrou quem pudesse amar novamente. Sempre o vi sozinho. Chegava em casa, me dava um beijo no rosto, tomava um banho, jantávamos e depois conversamos um pouco. Não fugi muito disso. Eu gostaria de ver um brilho nos olhos dele, de vez em quando.

-         Hinata chegamos amiga! – disse Sakura. Havíamos parado em frente a uma casa. Tinha um aspecto agradável e parecia ser bastante acolhedora.

-         Posso voltar outro dia não? – tentei inventar uma desculpa qualquer. Eu estava com pânico.

-         Não, vem logo, Hins – disse Sakura. Ela me dera esse apelido quando éramos pequenas.

Lógico que já fofocamos muito. E parecia que eu tinha mais coisas a contar. O apartamento de Sakura coube perfeitamente as minhas coisas. As roupas, bem, digamos que teve uma pequena discussão de quem teria mais espaço. Tive que deixar algumas na mala mesmo. Quando parti, meu pai decidiu ficar. Havia se acostumado aquele lugar. Queria que eu ligasse, desse alguma noticia. E eu disse que faria isso mesmo. Faltava apenas colocar em prática. Eu imaginava-o sozinho, sem ninguém para poder fazer alguma comida que ele gostasse, quando tivesse vontade de comê-la. Ele estava com a expressão triste e não conseguia formar muitas frases.

-         Amor, só faltava você! – ouvi uma voz masculina profunda e firme, tirando-me da minha pequena viagem. Então aquele era o namorado de Sakura. Ela havia me mostrado uma foto dele uma vez. Bastante atraente. Ela teve bom gosto – E trouxe sua amiga, finalmente conheci você, Hinata, não é?

-         È sim – disse sem graça, sentindo meu rosto corar. – Parece que Sakura andou falando muito sobre mim.

-         Ela nunca esqueceu de você, Hinata. Diz que é sua melhor amiga – disse Naruto. A porta já estava aberta por completo. Ele tinha os olhos azuis brilhantes e pareciam realmente com o mar.

-         E é mesmo – disse Sakura mexendo no cabelo. – Podemos entrar?

-         Pergunta idiota amor, claro que sim. Venha Hinata – ele disse dando espaço para que entrássemos. Tivemos que subir alguns lances de escadas. Apenas três.

Passei primeiro, para que Sakura pudesse vê-lo melhor. Deixe-os a sós, curtindo o momento que era realmente só deles. Vi que ele a puxou pela cintura, dando-lhe um beijo de leve, que a fez soltar alguns risinhos. Nem adiantou respirar fundo, isso é um fato. Parei um pouco à frente deles. Estávamos no corredor ainda.

-         Hins pode ir além, é só acabar o corredor e virar a direita, estará na sala – disse Sakura, que segurava as mãos de Naruto, parecia que com bastante força. – Sei que a casa não é minha, mas.

-         Fique à vontade Hinata-chan – disse Naruto com um sorriso – Não se assuste com os nossos amigos, que a partir de agora, serão os seus também, não é?

-         Sim, claro que serão. – Onde é que eu estava com a cabeça quando concordei em vir com a Sakura para cá? Eu estava tremendo, com medo de não se aceita. E se eu me sentisse sozinha? Eu não havia aprendido a criar um reflexo para a dor. Ela estava me acompanhando. A todo o momento ela esteve. Tudo o que eu fiz é fingir não vê-la, mas eu sabia... é inútil fugir dela.

È como se eu fosse oca em uma parte, que não sabe se portar com os outros. Eu me privava das coisas para que não sofresse. Nem isso dava muito certo, volta e meia, eu me via com uma decepção. Eles se aproximaram de mim e tive que começar a andar, porque se não seria atropelada. Chegando à sala, Sakura soltou-se de Naruto para ir ver os amigos. Naruto voltou a ficar com eles e eu simplesmente não sabia o que fazer.

-         Hins, esse é o pessoal – disse Sakura percebendo o meu momento “autista”. – Gente, essa é a Hyuuga Hinata. Aquela minha amiga que disse à vocês. Sejam legais com ela, ta? – brincou. – Junte-se a nós, Hins. Kiba, de um espaço para Hinata se sentar.

Fui até o tal de Kiba, que Sakura apontava. Sentei no espaço que me foi dado e as pessoas começaram a se apresentar. Havia Tenten, dona de belos olhos chocolate. Seu cabelo era da mesma coloração. Kiba, o que me cedeu o espaço era gentil e me fez sentir bem, assim como os outros. Eram pessoas desinibas e eu parecia ser aquela amiga de anos. Fazia tempo que eu não me sentia assim. Geralmente eu ficava calada, observando as pessoas, até porque, as pessoas não reparavam em mim. Achavam-me até esquisita. Havia duas loiras que insistiam em discutir, mais depois se abraçaram e deram um sorriso cúmplice. Uma tinha belos olhos verdes piscina, com nome Temari e a outra, parecia que tinha safiras em vez de olhos, e tem o nome de Ino. Os garotos estavam mais afastados, em um minibar, mais também conversavam com nós. Um era ruivo. Tinha os olhos sem expressão, e é irmão de Temari. O outro tinha a impressão de estar sempre com sono, e chama Shikamaru.

-         Bendito o fruto, hein Kiba? – disse Naruto, que decidiu ver como estavam as coisas. Sakura postou-se à frente dele, e passou os braços pela cintura dela, de forma que isso o agradou, e muito.

-         Como podem ver, estou muito bem aqui – respondeu Kiba com um sorriso safado.

-         Hika virá, Kiba? – perguntou Ino que cruzou as pernas feito uma gata, olhando discretamente para Gaara.

-         Não sei, pedi a ela que viesse – disse Kiba dando de ombros – Ela me ligara, acho.

-         Vocês namoram, mas parece que nem se importam com o outro – disse Ino com a voz autoritária.

-         Não vou tomar conta da vida dela. Sei que Hika sabe se cuidar sem mim – disse Kiba convicto, olhando Ino com o olhar duro. – Não fale as coisas de que não sabe, Yamanaka.

-         Sem estresse vocês dois, - disse Naruto – O que vocês acham que a Hinata podem pensar?

-         Que não poderia estar em melhor lugar – disse. Eu queria esse calor, esse clima de que eu sabia que todos iram se esquecer e ficar como se nada tivesse acontecido.

-         Sasuke não vai vir, Naruto-kun? – disse Tenten apoiando os cotovelos nas pernas – E Neji, você sabe?

-         Eles virão juntos – respondeu Naruto acariciando a cintura de Sakura com a ponta dos dedos, mais demonstrando com um simples toque que Sakura era somente dele. – Devem estar para chegar, não se preocupe.

Ficamos a tratar banalidades. No espaço de tempo que conversamos, estava com um copo de Martini nas mãos. Eu fiquei curiosa em conhecer esse tal Sasuke. Todos pareciam sentir falta dele ali, pelo menos Tenten sentia. Mais também havia esse tal de Neji. Shikamaru estava agora sentado onde Temari estava, e a mesma no colo dele. Parecia dizer coisas safadas só pelos sorrisos que ela dava. Eu via aquela cena sem achar alguma conexão comigo. Apesar de ter saído com alguns garotos e depois com homens de verdade, nenhum deles me interessou. Eram agradáveis, lindos, mais só isso. Nada que me falasse, que sensação estranha estou sentindo por estar perto dele etc. Queria sentir borboletas em meu estomago, um calor que não cesse. Um sinal que me fizesse sentir instigada a seguir em frente. De repente, em meio a uma conversa com as meninas, ouvi a campanhia tocar. Naruto e Sakura estavam ocupados demais. Eu logo percebi quando ele virou de costas para nós e o corpo de Sakura rodopiou. Ele estava atacando o pescoço dela sem o menor pudor. Eu nem reclamaria, se estivesse no lugar dela. Sinceramente, Naruto é gostoso mais não faz o meu tipo.

-         Ninguém ouviu a campanhia tocar? – todos estavam tão concentrados em si mesmos, que provavelmente não ouviram. Ino e Temari estavam falando sobre uma bolsa que viram em uma loja. Shikamaru discutia com Kiba sobre algum tema que não pude identificar. Gaara estava atrás do sofá  participando da conversa dos garotos.

-         Será que você poderia atender, Hina-chan? – indagou Tenten, dando um pouco de atenção para mim.

-         Mas a casa nem é minha e...

-         Não se acanhe, Hinata, vá lá – disse Gaara, que começou a mexer no cabelo de Ino – Dever Sasuke com Neji.

-         Será que vocês não poderiam atender? Eles nem me conhecem! – exclamei exasperada.

-         Mais um motivo para você ir atender – disse Ino sarcástica – Eles vão estranhar, mas é só no primeiro momento, pode ir tranqüila. Creio que eles gostaram de serem atendidos por vocês, Hinata-chan.

Ignorei a frase de duplo sentido e me levantei. Estava com um vestido preto, meio rodado em baixo. Ele era bastante colado à minha cintura, e realçava meus seios. Eu estava nervosa. Minha curiosidade finalmente seria saciada. Eles me falaram que ele era moreno, e bastante charmoso, mas isso não basta, eu tenho que conferir. Vai que ele não é grandes coisas, e talvez seja só exagero de mulher. Assim que cheguei à porta, coloquei a mão na chave e abri a porta. Pensei que Naruto havia levado a chave com ele, lá para sala, mas acho que não. Isso é o óbvio. Quando abri a porta, meu ar saiu por inteiro. Eu não conseguia dizer muita coisa. Era um gato parado na minha frente. E nisso eu quero dizer no máximo da característica. Ele estava com uma calça escura, uma camisa social com os três primeiros botões abertos. Olhos cor de ônix e um semblante sério. O outro tinha os olhos da cor dos meus, acinzentados, quase brancos. Mas não estava tão bonito quanto Sasuke.

-         Ol...Olá – disse gaguejando. Meu Deus, era mesmo um cara e tanto.

-         Quem é você? – disse Sasuke com a voz fria – Creio que não nos conhecemos.

-         Não conhecem – disse abrindo espaço para que eles pudessem parar. Assim eles o fizeram. Começava a fazer frio.  – Já ouviram falar de uma Hyuuga Hinata?

-         Amiga de Sakura? – perguntou Neji, enquanto trancava a porta.

-         A própria esta agora com vocês – disse firme. Meu coração estava acelerado. Era Sasuke que o fazia ficar assim?

-         Prazer – disseram juntos. – Os outros estão na sala?

-         Sim, estão. Estavam perguntando por vocês, acho que Tenten quem tocou no assunto.

O silêncio se instalou entre nós. Seguimos o corredor, indo até a sala. Neji estava mais à frente, enquanto Sasuke estava quase ao meu lado. Ele estava com um perfume incrível. Meus sentidos pareceram mais alerto. Assim que chegamos à sala, Tenten saiu do lugar onde estava.  Saiu correndo o abraçou Neji de tal forma que eu pensei que os dois cairiam no chão. Sasuke e eu paramos. Todos pararam, na verdade. Todos já estavam no sofá.

-         Senti saudade sua, Neji – disse Tenten manhosa, com os braços em volta do pescoço dele, enquanto ele apertava com vontade a cintura de Tenten contra o corpo dele.

-         Eu também. Deixe-me ver os outros, Tenten – pediu Neji gentilmente, dando um beijo em sua testa, quando se separaram.

-         Hinata, Sasuke, podem se aproximar, eles não mordem – disse Sakura, que estava com a cabeça encostada no ombro de Naruto.

-         Parecem que já começaram a festa sem nós – disse Sasuke com as mãos no bolso, passando por mim.

Os dois começaram a dar “Oi” para os outros, enquanto eu só conseguia permanecer ali. Sasuke me deixou sem reação, literalmente. E isso nunca pareceu tão bom.