Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 15
Capítulo 15




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—Meu pai descobriu. O assassino injetou ar na veia de Jack. Grandes quantidades de ar. Gerou uma embolia gasosa venosa massiva. O ar não deixava o sangue passar, o coração não conseguiu vencer todo o ar e parou.

—Ar? – James perguntou. Lily olhou para ele e acenou.

Antes que Lily pudesse falar mais sobre o assunto, a porta se abriu novamente, e Remus e Peter entraram, o primeiro claramente contrariado.

—James, vamos na casa de seus pais, ok? Peter quer ver aquela porcaria de seriado de qualquer jeito... – Remus falou, pegando alguma coisa na outra extremidade da mesa.

—Não fale assim de Quincy MD, Aluado! – Peter disse, se aproximando dos outros. Então ele percebeu os arquivos na mesa, e engoliu em seco.

—É, é o melhor seriado, vamos logo, Rabicho... – Remus respondeu revirando os olhos. Peter balbuciou alguma coisa e seguiu o amigo para fora do quarto.

—Isso é normal no mundo trouxa? – Benjy perguntou a Lily, mas James percebeu que a garota estava distraída; não distraída, mas concentrada em outra coisa: seus olhos viajavam das fotos para o laudo, até que ela resolveu responder.

—Não, não é normal. Para matar uma pessoa assim, o nosso cara teria que conhecer medicina, ou já ter visto algo assim na televisão, por exemplo... ou... – Lily arfou – ou os dois! – Ela se virou para James, pegando sua mão para chamar sua atenção – James, eu vou lhe fazer uma pergunta sobre aquela sexta-feira, e eu preciso que você seja 100% honesto comigo.

James acenou para o pedido. Lily estava torcendo para estar errada, porque se estivesse certa... ela não queria nem pensar nas consequências daquilo. Mas tudo encaixava, então ela tinha que pensar, tinha que eliminar essa possibilidade.

Lily suspirou.

—Naquela noite... me conte o que aconteceu. Tudo que se lembra.

—Essa é a pergunta? – James questionou, claramente confuso.

—Não, ainda não. Mas ajuda se você me contar.

—Bem, fizemos como sempre. Levamos Remus para o meio da floresta, nos transformamos e esperamos ele se transformar. Corremos um pouco, tomando cuidado para não chegar perto de pessoas. Até que Remus voltou à sua forma humana, então fizemos o mesmo e fomos dormir em casa.

—E, hum, todos vocês foram nesse dia? – Lily perguntou, hesitantemente. James franziu a testa.

—Sim, nós quatro estávamos lá.

—O tempo todo? – Ela pressionou.

—Lily, qual a sua pergunta? – A ruiva suspirou.

—James, você pode garantir que Peter esteve com vocês o tempo todo?

Lily, fazendo uma careta, observou o rosto de James se transformar numa máscara de surpresa, enquanto Benjy erguia as sobrancelhas.

—Peter? Por que... você acha que Peter...?

—James...

—Bem... não posso garantir. Peter se transforma num rato, então não temos como vê-lo o tempo todo. Ele geralmente fica ou comigo ou com Sirius. Eu... – James hesitou – Ele realmente não ficou comigo por um tempo. Não sei precisar quanto tempo. Eu assumi que ele estivesse com Sirius. Então não, não posso garantir.

—Você acha que foi Peter? – Benjy perguntou.

—Nós precisamos achá-lo. – Lily afirmou, se levantando, e sendo seguida pelos outros dois – James, preciso que escreva o endereço da casa de seus pais. Não consigo chegar pela aparatação de ontem.

—Eu vou com vocês – James disse, os dentes trincados e a expressão dura. Lily pensou em tentar convencer James a não ir, mas sabia que não ia conseguir.

—Certo – Lily aceitou, e com um olhar, Benjy entendeu e concordou com a cabeça, se virando de costas por uns segundos – Ei, James. Eu não afirmo que tenha sido ele, ok? Mas eu preciso eliminar a possibilidade – Lily disse, segurando a mão dele e olhando naqueles olhos castanhos. Ele concordou com a cabeça.

—Você está fazendo seu trabalho, Lil.

Ele apertou de leve a mão dela, o que ela assumiu como um gesto que dizia que ele não a culpava. James limpou a garganta e Benjy se virou de novo. James suspirou, e ainda segurando a mão de Lily, levou os dois aurores com ele até a casa em que seus pais estavam hospedados.

A primeira coisa que Lily percebeu foi silêncio. Ninguém estava ali? As luzes estavam acesas, mas não parecia ter ninguém ali.

—Meus pais saíram para fazer turismo hoje – James explicou. Lily assentiu.

Como as luzes estavam acesas, ela assumiu que Peter e Remus tinham chegado à casa, mas haviam saído, e sem ligar a televisão. Será que Remus havia questionado Peter e ele decidira que já tinha ido longe demais?

Mas para onde Peter iria? E por quê?

Se Remus estivesse questionando, e Lily achava que ele poderia ter feito isso já o garoto que era muito perspicaz e o desconforto de Peter fora claro, ela assumia que Peter fosse querer dar um jeito nisso.

Mas qual lugar? Onde Peter levaria Remus para “dar um jeito” nele? Teria que ser um lugar que ele conhecesse bem, mas que não fosse tão fácil de acessar por todo mundo.

—A floresta... – Lily murmurou. Benjy e James olharam para ela – Eles estão na floresta atrás de sua casa, James. Precisamos ir para lá.

Lily mandou um Patrono para Moody dizendo onde estava indo, e o motivo.

—James, nos leve para a beira da floresta. Não quero que o barulho da aparatação anuncie nossa presença.

James fez como solicitado. Quando as árvores estavam na frente deles, Lily pediu para que James os guiasse até o local em que eles levavam Remus para a transformação.

—Mas por favor, vamos fazer silêncio, ok? Tenho medo de eles não estarem sozinhos.

Lily e Benjy seguiam James com passos leves e firmes. Era evidente que James conhecia aquela mata como a palma de sua mão. Eles caminharam por cerca de 10 minutos, até chegarem numa clareira.

Lily conseguiu não emitir nenhum som, mas se não tivesse tanto controle, teria arfado com certeza. Remus estava cercado por seis pessoas, todas apontando uma varinha na direção dele.

Uma das seis pessoas era Peter.

Se a cena era chocante para Lily, era 100 vezes pior para James, e a ruiva sabia disso. Era o mesmo que se ela visse Marlene e Benjy apontando as varinhas um para o outro. Então ela realmente não culpou James por denunciar a presença deles.

—Que droga é essa, Peter? – James questionou com raiva.

Os três entraram na clareira, se pondo ao lado de Remus. Lily conseguia reconhecer alguns dos companheiros de Peter como seguidores declarados dos ideais antitrouxas de Voldemort.

—Então a ruivinha finalmente descobriu? – Um deles disse, um sorriso de escárnio escancarado – Demorou ein?

—Por que, Peter? – Lily perguntou.

—Achei que estivesse claro – Peter respondeu, a varinha agora na direção de Lily.

—Todo o resto está. Ainda não entendi o motivo.

—O mundo está prestes a mudar, Lily! Você trabalha no Ministério, deveria saber disso. O Lorde das Trevas vai tomar o poder, e vai ser matar ou morrer. Os mais fracos não vão conseguir chegar até o fim, a não ser que estejam do lado certo! – Peter gritou.

—Então é sobre sobrevivência, Pete? – Lily resumiu.

—Não, sua sangue-ruim imunda, é sobre poder! – Um dos seguidores vociferou.

—E para isso você tinha que me incriminar? – James perguntou, a raiva ainda mais forte na voz.

—Era a saída perfeita! – Peter exclamou – O Lorde precisava de um ataque mais forte e público. Precisava de alguém para matar aquele pentelho. Alguém com acesso. Então eles se lembraram de mim, e me foi dada a tarefa. Eu tinha acesso fácil à sua credencial, então foi muito simples pegar.

—E não foi anormal nos exames de digitais porque James já tinha dito que você tinha tocado nas credenciais... – Lily concluiu. Peter sorriu.

—Confesso que fiquei preocupado quando soube que seria você a investigar, ainda mais quando você disse que assistia a Quincy MD. Roubei a ideia de um episódio antigo, sabe.

“O Lorde queria mandar uma mensagem à Ministra, mostrar que ele tem muito mais poder que ela imagina. Quando sugeri esse método, ele ficou encantado. Acho que ele nunca esperava isso de mim. As pessoas geralmente não esperam que eu tenha boas ideias, sabe? Nem Remus, nem James, nem Sirius. O Lorde também não, mas adorou a ideia.

“Seria difícil de saber como ele havia sido morto. Se não fosse você investigando, talvez não tivessem descoberto. Se vazasse que foi um jeito trouxa... imagina o rebuliço! A Ministra amante de trouxas teve o filho morto por um...”

Lily conseguia enxergar o que Peter estava falando. Não era difícil acreditar. Agora que ela entendia o motivo, todo o resto não apenas se encaixava – fazia sentido. Era elegante, até.

—Então naquela noite eu me aproveitei da minha forma animaga e saí. Peguei a credencial e parti para o centro de treinamento. O garoto já estava no lugar certo, e de costas para mim, então foi fácil apagá-lo com um pouquinho de éter.

—Éter não deixa sinais post mortem... – Lily disse, como uma explicação para Benjy e James.

—Uma fã de Quincy, assim como eu. Esse show mostra a brutalidade dos trouxas. Quem já viu ter que literalmente cortar uma pessoa, tirar os órgãos, para saber como ela morreu?! Mas agradeço, porque sem Quincy, eu não teria conseguido.

“Quando ele apagou com o éter, iluminei o pescoço dele com a varinha e tentei fazer como no seriado. Não consegui de primeira, mas lembrei que quando James e Sirius faziam o Levicorpus, as veias do pescoço da pessoa ficavam bem visíveis. Então ergui o moleque e ficou mais fácil.”

—Então você encheu a seringa com ar, várias vezes.

—Mais vezes que consigo contar. Eu não sabia exatamente quanto seria o suficiente para matá-lo, então na dúvida, coloquei bastante. Até que o coração dele parou de bater e eu sabia que tinha conseguido.

—E usando luvas, claro, para não deixar suas digitais no corpo de Jack – Lily disse, gesticulando com as mãos como uma coisa óbvia. Peter acenou sorrindo.

—Você é boa, não é? – Peter comentou.

—Mas como você saiu, Pettigrew? – Benjy perguntou.

—Os buracos de toupeiras – Lily replicou imediatamente, e Peter riu. Ele estava simplesmente deleitado com a sua própria esperteza – Ele se transformou em rato e saiu. Não é um feitiço de para se esconder, não é uma poção polissuco, tampouco uma Capa de Invisibilidade. Ser animago faz parte dele, então os feitiços de proteção da cerca não impediram nem alertaram.

—Viu? – Peter disse para os companheiros – Por isso eu não queria ela no caso. Sim, a ruiva está certa. Eu tinha apenas que observar para saber a que pé andava a investigação. Não parecia estar indo lugar nenhum, principalmente com James atrapalhando tudo com suas tentativas de ser notado por Lily – Peter riu – Acho que só Lily não percebia.

“Era meio patético, ver James passando por tudo isso de novo, depois de ter sido recusado há 4 anos! Mas era importante para mim, então eu nem comentava. Eu realmente achei que você não fosse descobrir, Lily, e quase estava certo. Se não fosse por Remus falando sobre Quincy e me chamando de Rabicho enquanto você olhava as fotos e o relatório da autópsia.

“Deu para ver sua mente juntando as peças. Então eu saí com Remus, mas não antes de mandar uma mensagem para vários repórteres dizendo que os aurores estavam vindo para a casa da estrela James Potter, que é o principal suspeito pelo assassinato do filho da Ministra! Assim que chegamos na casa de em que os Potter estavam, nem dei tempo para Remus pensar e o trouxe para cá, onde meus companheiros já me esperavam.

“E aqui estamos, num impasse. Bem, não exatamente. Mas acho que vai demorar um pouco para achar vocês. Mas podemos matar vocês e deixar James vivo, mas desacordado. Já suspeitam dele mesmo. E vai ser um extra o pequeno Potter, a família dos trouxas, ser o culpado por tudo isso.”

Lily não conseguia acreditar que Peter falava assim do amigo de tanto tempo, como se não fosse nada. Então Lily deu uma pequena risada, evitando que James fizesse alguma besteira com a voz e com um braço que o empurrara para trás quando ele ensaiou avançar na direção de Peter.

—É, Pete, mas primeiro você tem que nos matar. Somos dois aurores treinados, além de James e Remus, que, vamos ser sinceros, são muito mais habilidosos que você.

—Eu só vejo um jogador de Quadribol, um lobisomem, um qualquer e uma sangue-ruim – um dos companheiros de Peter falou.

Antes que Lily conseguisse sequer pensar em atacar, um feitiço foi lançado na direção do homem que acabara de fazer. Ela não precisava olhar para trás para saber que tinha sido James; ele nunca se controlara muito quando se tratava de alguém chamando Lily de sangue-ruim.

Não que ela um dia tivesse precisado desse tipo de proteção, ela só não perdia a paciência com esse tipo de insulto o suficiente para sair azarando as pessoas. E se ela não precisava ser defendida de um Sonserino que a chamara de sangue-ruim depois do NOM quando tinham 16 anos, não era agora que como auror ela iria precisar. Mas James era James, então ao invés de reclamar, ela apenas suspirou e entrou no duelo.

A prioridade dela era prender o culpado, então Lily buscou imediatamente Peter, que durou 20 segundos no duelo com a ruiva; esse foi o tempo necessário para ela estuporar e amarrar Peter antes de se voltar contra os demais.

Como eram 5 contra 4, Lily se viu duelando contra dois dos seguidores de Voldemort. Eles eram infinitamente melhores do que Peter, e a superioridade numérica definitivamente ajudava.

Mas a situação se inverteu quando Lily foi surpreendida pela chegada de mais duas pessoas na clareira.

—Ah, droga, eu queria pegar o rato! – Sirius rosnou, tirando Lily da desvantagem de lutar contra dois. Marlene se juntou a Remus, que estava na pior pelo ataque que já havia sofrido antes dos outros chegarem.

Lily estava angustiada pela situação. Ela nunca tinha lido sobre, mas ela tinha certeza que aceitar ajuda de amigos não treinados não era algo bem visto pelo Departamento de Auror. Muito menos por Alastor Moody. Então ela tinha vontade de gritar para eles saírem.

Por outro lado, 5 contra ela e Benjy não eram números interessantes, então a outra parte do cérebro dela dizia para deixar a situação e enfrentar as consequências depois (“mas senhor, eu tentei tirá-los e não consegui! James é muito teimoso, o senhor sabe disso” foi a primeira coisa que surgiu em sua mente).

Então ela decidiu num meio-termo: deixaria os outros participarem, mas ajudando sempre. Então quando Remus e Marlene pareciam não saber como se defender de um certo feitiço, Lily lançava um feitiço-escudo entre os duelistas; quando Sirius quase tropeça num dos troncos atrás dele, Lily estuporou o seu adversário; quando James teve que rolar para escapar de uma maldição da morte, Lily decidiu que era demais e com quatro gestos rápidos, tinha todos os seis amarrados a uma árvore particularmente grossa.

—Ah, parceira, não estraga a minha diversão! – Benjy reclamou com um sorriso, e Marlene bufou.

—Demorou demais, Benjy, você sabe que não tenho tanta paciência – Lily resmungou. Então se virou para os outros rapazes para avaliar a situação, e ficou satisfeita em observar que nenhum dano maior havia ocorrido (James tinha um pequeno corte na testa, e Sirius fazia uma careta enquanto segurava o braço).

—Quando você aprendeu a duelar assim?! – Sirius finalmente exclamou. Lily, Benjy e Marlene riram da expressão encantada e assustada do moreno.

—Mais ou menos na época em que ela foi treinada por mim, Black.

Lily se virou para a voz do Chefe com uma careta no rosto.

—Er, prendemos ele? – Ela ofereceu. Uma pequena risadinha a alertou para a presença de outra figura que ela tanto admirava – Ah, professor Dumbledore, que prazer!

—Fenwick, quero saber o que ocorreu. Evans, conserte a bagunça dos seus amigos.

Lily assentiu e se virou de imediato para James e Sirius. Remus e Marlene seguiram.

—Que diabos você estava pensando, James? – Lily perguntou num sussurro quando chegou mais perto.

—Eu?!

—Iniciar um duelo assim! – Lily explicou – Você em teoria nem deveria estar presente. Era para você e Remus terem saído e ter deixado eles comigo e com Benjy!

—O quê? Seis contra dois? E eu que to pensando besteira? – James replicou, franzindo a testa.

—Hum, sim! Eu e Benjy fomos treinados duramente para conseguirmos duelar com números piores do que 3 pra 1, James, como você percebeu.

Ele ia responder, mas pareceu pensar melhor.

—É, mas ele lhe chamou de... você sabe o quê! Eu não consegui me segurar! – Marlene e Sirius reviraram os olhos enquanto Remus abriu um sorrisinho com a resposta do amigo. Lily também sorriu um pouco.

—E eu já lhe disse há muito tempo que não importa, e que eu não preciso que você defenda minha honra ou sei lá o que. Eu passei dois longos anos me ferrando um dia depois do outro pra estar preparada, e eu estou. Então relaxa, e deixa eu ver esse corte.

Lily conjurou uma cadeira e James se sentou. Era um corte pequeno na testa, e Lily já cuidara de coisa pior, mas como James havia rolado no chão, estava sujo, então ela demorou mais um pouquinho para deixar perfeito.

—E o que houve com seu braço? – Ela perguntou se virando para Sirius.

Depois de algum tempo, ele finalmente revelou: não havia se machucado no duelo exatamente, mas sim quando tropeçou na raiz da árvore e usou o braço para aparar a queda. Lily segurou o riso e fez o possível para ajudar, mas avisou logo de cara que não seria definitivo e que ele teria de procurar outra pessoa para tratar corretamente.

—Bem, Evans – Moody disse, se aproximando do grupo com Dumbledore e Benjy – Apesar de tão acostumado com seu trabalho, devo admitir que você se superou nesse caso.

—Obrigada, senhor – Lily disse, sorrindo – Mas tive muita ajuda de Benjy e, claro, do laudo de meu pai.

—Ainda assim, impressionante, Srta. Evans – Dumbledore disse – Quem iria imaginar que o Sr. Pettigrew fosse um animago ilegal?!

Lily percebeu James e Sirius cruzarem os braços, tentando não parecerem muito culpados. Dumbledore e Moody sorriram.

—Sabemos, também, que ele nunca teria conseguido sem a ajudinha de amigos... – Dumbledore comentou, erguendo as sobrancelhas.

—E em situações normais, isso significaria 2 anos em Azkaban – Moody falou – pelo simples fato de ajudar o amigo nesse ato ilícito...

—Mas estou aqui por um motivo especial – Dumbledore, ajeitando os óculos, informou – Estive observando com atenção a situação de Lord Voldemort. Ele está crescendo de maneira assustadora. E já tem gente infiltrada no Ministério.

Lily e Benjy ergueram os olhos.

—Entendi que estava na hora de criar uma frente de resistência sem filiações institucionais, com o intuito de combater Lord Voldemort, e os Comensais da Morte.

—Comensais da Morte? – James perguntou.

—São aqueles que seguem Voldemort e apoiam a sua causa.

—Como Peter – Sirius concluiu, o tom de voz amargurado. Dumbledore suspirou.

—Sim, senhor Black. E esse infeliz caso nos mostra que até mesmo aqueles que pensávamos ser de inteira confiança, podem, na verdade, não ser. E é por isso que criei a Ordem da Fênix.

—E o senhor quer que nós participemos? Isso é um convite? – Remus perguntou.

—Exatamente, Remus. De início o convite seria apenas para Srta. Evans e Sr. Fenwick. Contudo, depois do que vi hoje, creio que terei de estender a mais quatro pessoas.

“É de fundamental importância termos bruxos e bruxas qualificados ao nosso lado, pois do outro há muitos. Cada pessoa é importante, e me faria muito feliz se todos aceitassem participar da Ordem.”

—E eu ajudarei a capacitar os que não forem capacitados – Moody resmungou. Lily sorriu.

—Pode contar comigo, senhor – Lily respondeu rapidamente.

—Eu também – James disse quase que imediatamente. Os outros também se colocaram à disposição, e Dumbledore passou a explicar sobre o funcionamento, convidando-os para a primeira reunião após a Copa Mundial.

—Agora que está tudo certo e que a situação é diferente – Sirius disse, com um sorriso travesso – acho que é uma excelente hora para mencionar que eu e James também somos animagos. A critério de estratégia, é claro.

A careta que Moody fez foi suficiente para fazer até Dumbledore rir.

—Por algum motivo não acho que um cervo possa ajudar contra Voldemort, Sirius – Remus comentou.

—Sempre soubemos que Pontas seria inútil mesmo...

Eles continuaram conversando, Benjy e Lily discutindo quem ficaria com os relatórios finais e Sirius mostrando a Dumbledore e Moody a vantagem de ter dois animagos ilegais à disposição, enquanto Remus e Marlene observavam entretidos.

Um tempo já tinha se passado quando Lily percebeu que James não estava mais na floresta. Quando se atentou para isso, supôs que ele estivesse chateado por causa de Peter, e pediu dispensa para Moody, que concedeu após um olhar penetrante.

Sem perder tempo no meio da floresta, Lily simplesmente aparatou na frente da casa de James. Ele estava encostado numa estrutura da varanda, olhando para os pés.

—Hey... – Ela disse, indo para o lado do garoto e imitando a sua posição.

—Hey...

—Sinto muito, James – Lily disse. Ele suspirou.

—Eu também. Eu só não esperava. Ninguém esperava. Era Peter! Desde os 11 anos somos amigos, e nenhum de nós desconfiou.

—Ninguém desconfiou, James, não se culpe por isso – Lily argumentou.

—Você desconfiou.

—Só no final, e por sorte. Se ele não tivesse mencionado Quincy naquela hora, e se Remus não tivesse o chamado de Rabicho, eu nunca teria pensado – Ela respondeu – Eu fui treinada para isso. E não me sinto orgulhosa de ter desconfiado de um amigo.

James assentiu com a cabeça.

—Pelo menos agora você está 100% livre das acusações – Lily disse. Ele meneou a cabeça – E de suas babás! – James soltou um riso.

—Não era tão ruim. Uma das babás, pelo menos – Ele respondeu, virando-se para observar as bochechas de Lily corando.

—Benjy ficará lisonjeado em ouvir isso – Ela respondeu. James riu de novo.

—Eu tive uma conversa com ele – James comentou após alguns momentos em silêncio. Lily ergueu uma sobrancelha.

—Oh? Conversa interessante, imagino?

—Muito. Bastante esclarecedora.

—Não sabia que vocês eram próximos... – Ela disse. James deu de ombros.

—É algo recente. E por recente quero dizer hoje – Ele explicou. – Ele me ajudou a colocar umas coisas em perspectiva.

—Benjy é assim. Eu tenho sorte em tê-lo como amigo— Lily respondeu, dando ênfase na última palavra. James deu um meio sorriso.

—Amos Diggory, eh? – Ele perguntou. Lily gemeu e fechou os olhos, uma careta no rosto.

—Um grande erro de minha parte, devo admitir. Bom, eu te contei sobre ele.

—Não com nome. – James discordou.

—É, não com nome.

Eles ficaram em silêncio, apenas encarando um ao outro. No sol, os focos verdes nos olhos castanhos de James ficavam mais aparentes, assim como as poucas sardas que ele tinha no rosto bronzeado.

—O caso acabou então? – James perguntou abruptamente, se virando de frente para Lily.

—Quase. Falta levar os acusados para Azkaban, preencher os documentos de prisão e os relatórios finais do caso – Ela explanou. – Mas a parte de campo está encerrada.

James exibiu seu meio sorriso de novo.

—Sabe o que isso significa? – Ele questionou.

—Que você pode se concentrar completamente na Copa? – Lily arriscou. James riu.

—Que você pode sair de férias! – Ele exclamou, e Lily gargalhou em resposta – Para onde você vai?

Lily se virou, de modo a também ficar de frente para James. Ele ainda estava sorrindo, e ela não teve como não imitá-lo.

—Eu estava querendo ir para a França – Ela disse, pensativa. James ergueu as duas sobrancelhas – Tenho um amigo que conseguiu me colocar na suíte de um capitão de Quadribol.

James encarou Lily novamente, e colocou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha.

—Também significa que está na hora de termos uma conversa, Lil.

Lily mordeu o lábio e assentiu.

—Por que eu não começo? – James sugeriu e ela concordou com um novo aceno da cabeça – Eu não esperava que isso fosse acontecer. Nada disso. Não imaginava que eu seria o suspeito de um assassinato. E mesmo que imaginasse, eu nunca iria supor que seria você a me investigar.

“Lily, acho que você não tem noção do quanto significava para mim em Hogwarts.” James disse, e Lily corou. “Nem eu sabia muito bem, porque eu tinha 15 anos, e o que garotos de 15 anos sabem sobre isso? Eu só tive noção do quanto estava apaixonado por você naquele dia em King’s Cross.”

Lily abriu a boca para responder, mas nada saiu.

Apaixonado?!

James riu da cara de surpresa de Lily.

—Você é uma pessoa especial, Lily Evans, e eu tive muito trabalho para... seguir minha vida, sabe? E isso parece insensível, e talvez seja, mas é a verdade. Não vou lhe falar nada que não seja verdade. E eu consegui. Parei de te ver em outras mulheres. Segui o conselho de Sirius e fui aproveitar a vida de jogador de Quadribol.

“Mas aí de onde eu menos esperava, você surgiu, e eu nem sabia exatamente como reagir. Raiva eu estava sentindo da situação, e me escondi nela enquanto pude. Mas quando deitei a cabeça no travesseiro... não tinha como descontar tudo em você.”

Lily ia falar alguma coisa, mas James ergueu a mão, pedindo para continuar. Ela se calou e o garoto riu, acariciando o rosto dela com as costas da mão.

—Você me surpreendeu. Não que eu duvide de sua capacidade de chegar onde chegou. Você sabe que isso eu nunca questionei. Mas você ainda é tão você... eu achei que você fosse me odiar completamente. Eu esperava muito mais hostilidade, então também usei hostilidade.

“Até perceber que você só queria fazer seu trabalho, e bem. Então deixei a hostilidade de lado, mas me prometi que não me colocaria novamente na posição que eu estive longos 4 anos atrás.”

Ele sorriu mais e passou a mão pelos cabelos.

—Foi de surpresa. Num momento, eu estava tranquilo, e no outro eu estava odiando Fenwick por lhe chamar de parceira. E eu sabia que estava ferrado. Que era tudo de novo. Que eu teria um trabalho imenso em repetir todo o processo.

“Mas aí...” James virou a cabeça de lado, um meio sorriso brincando em seus lábios. “Aí eu perdi o controle e lhe beijei, e estava esperando um soco ou algo assim, que seria bem merecido, porque não se pode beijar alguém daquele jeito. Mas você me beijou de volta, e eu juro que meu eu de quinze anos não podia ficar mais feliz.

“Bem, podia, se você não tivesse parado de me beijar. Eu juro que enlouqueci tentando entender, sabe. Não mudava o que eu faria, mas eu precisava entender. Só que você pediu espaço, e era a única coisa que eu podia fazer.”

James abriu um imenso sorriso e se aproximo um pouco de Lily.

—Então eu tive uma conversa esclarecedora com Fenwick, e ele deixou escapar uma informação muito importante: que você gosta de mim, mas tem ética ou algo assim. Eu não ouvi muito depois disso, sabe.

Lily riu e revirou os olhos.

—E cá estamos, Evans. Eu estou na mesma situação de 4 anos atrás, só que agora entendo mais o que é estar apaixonado por você.

Lily mordeu os lábios e olho para baixo.

—Eu... Benjy estava certo. Eu também não faço a mínima ideia de como isso aconteceu, mas eu gosto muito de você. Minha eu de 15 anos não ficaria tão animada. Mas eu não tinha como evitar. Você simplesmente... aconteceu. Talvez eu tenha percebido aos poucos, como você tinha amadurecido, como era bonito, sua atenção. Você simplesmente me encantou, James, e pouco a pouco se enfiou na minha vida de um jeito que nunca imaginei.

Lily arriscou um olhar para James e não se arrependeu. O sorriso dele era imenso.

—Você sabe como é comigo. Horas impossíveis e imprevisíveis. Sempre vou me arriscar em campo. Vou priorizar o trabalho muitas vezes, e você vai precisar me chamar pro mundo real. Eu vou sair em missões e não vou voltar por dias ou até semanas, e estarei sozinha com Benjy em boa parte delas – Lily falou, o rosto sério – Amos não aguentou. Você consegue?

James sorriu e segurou o rosto dela com as duas mãos.

—Lily Evans. Se você sabendo todos os meus defeitos, sabendo que eu também viajo, que a rotina também é meio louca, sabendo da minha relação com a imprensa, ainda assim me pergunta se eu aguento ter que lhe lembrar ocasionalmente que é hora de parar, qual você acha que é a resposta?

Lily finalmente se permitiu sorrir, porque finalmente conseguia pensar na situação com clareza, desde o dia em que havia percebido no que havia se metido. E com clareza, a única coisa possível para fazer naquele momento era ficar na ponta dos pés e puxar James pela camisa para baixo, fazendo o James de 15 anos excepcionalmente feliz.

Ela também se permitiu apreciar o que não havia conseguido nem perceber direto da última vez: como as mãos com calos de James se encaixavam bem na sua cintura, como os cabelos dele eram macios, como quando ela passou a unha pelo pescoço dele, James tremeu como num calafrio, como ela se sentia simplesmente bem nos braços de James...

—Você tem que me ensinar como fazer tudo aquilo que você fez – James disse quando se separaram. Lily riu.

—Segredo de auror. Vai ter que esperar Moody ensinar. Só ensino os feitiços que usei pro corte.

—Ficou realmente melhor do que o que eu faço normalmente – James elogiou

—Eu não podia estragar seu rosto para a foto do campeão – Lily disse, piscando um olho. James sorriu.

—Muito obrigado, mas sabe... não ia estragar. – Ele respondeu. Lily ergueu as sobrancelhas e ele, ainda sorrindo, abaixou o tom de voz como se contasse um segredo – Ouvi dizer que cicatrizes de lutas assim são sexy.

Lily riu e revirou os olhos. Depois mordeu o lábio e ergueu uma sobrancelha.

—Então o que você acha dessa daqui...? – Ela perguntou, mostrando uma cicatriz no ombro direito.

O sorriso de James se abriu ainda mais e ele semicerrou os olhos.

—Ah, auror Evans...

Mas o que com certeza seria uma resposta bastante espirituosa foi interrompida por uma voz vinda do jardim.

—Ora, ora! Eu venho aqui esperando encontrar uma história sobre como o herói da Inglaterra é o principal suspeito do assassinato do filho da Ministra, e quando chego, ele está aos beijos com a auror responsável pela sua investigação – Rita Skeeter disse, e depois gargalhou – Obrigada por isso!

—Ah, merda – Lily gemeu quando a jornalista se afastou. Uma risada na porta da casa fez com os dois virassem – Vai se ferrar, Benjy – Lily retrucou.

—Ah, parceira, eu pensei que um tempinho a sós com James fossem lhe dar bom humor, mas vejo que não contabilizei Skeeter nisso. – Benjy falou, se apoiando na porta.

—Vai se ferrar, Benjy – Lily repetiu. James franziu o cenho.

—Por que você está assim?

—Porque Skeeter definitivamente vai escrever tudo isso e vai colocar como a capa do Profeta: ESCÂNDALO! A Bela Ruiva aos beijos com o suspeito – onde o Ministério vai parar? Ou algo assim.

—Ah – James disse com uma careta – Já comecei fazendo besteira, né? Agora vão duvidar de você – Ele disse com uma voz culpada. Benjy riu.

—Não é por isso que ela está assim. É porque o que será publicado é mentira, e Moody vai querer retificado – Benjy explicou, e depois riu novamente – Ela está assim porque vai ter que dar entrevista.


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