Um novo olhar escrita por Tamires Vargas


Capítulo 3
Se do céu vier auxílio...


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Cá estou. Por enquanto o hiato está sendo vencido.

Boa leitura!



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"Konoha, meia-noite do dia que não quero ver.

Eu disse pro Kurama..."

Faltou a Naruto a coragem para repetir através da escrita o que havia dito. Imaginava o que a raposa pensava sobre a declaração, o desgosto que escondeu ao ouvi-la da boca daquele que gritava aos quatro ventos o quanto considerava Sasuke.

"Com certeza, ele me acha um falso." Afirmou em pensamento.

Envergonhava-se de sua própria face. Passou o dia evitando tudo que podia refleti-la. Vê-la nos olhos surpresos de Kurama fora um golpe doloroso. O silêncio que se arrastou após as palavras malditas pareceu a Naruto sua sentença de hipócrita.

Havia permitido que seu coração se tornasse corrupto, pervertido do egoísmo próprio de quem não era capaz de dar uma nova chance ao outro. Desprezível como o tipo de pessoa que muito criticara. O lixo mencionado por seu professor, a escória do mundo ninja. Ele, Uzumaki Naruto.

A compreensão de Kurama passou despercebida, as palavras tranquilizadoras, que pediam para não transformar aquela situação no fim do mundo, não tiveram chance de repousar sequer um minuto na mente de Naruto. Ele havia se condenado.

Fitou as estrelas com o olhar perdido, quem dera não tivesse permitido que aquela ideia fizesse ninho em seus pensamentos. Contudo, os pássaros de um sentimento desconhecido se encarregaram de fornecer a palha necessária para que o incômodo crescesse e as dúvidas se multiplicassem. Logo o "valer a pena" se infiltrou no meio de um turbilhão de lembranças e emoções, gerando perguntas que nunca antes receberam uma negativa.

 Naruto estendeu a mão, seus dedos tocando as estrelas numa ilusão ótica, o coração espremido de culpa, a garganta dolorida. "Por que não consigo pensar no Sasuke como antes?... Por que sinto vontade de me afastar?..." A pressão aumentou, a voz saiu: "Que droga de pessoa eu virei?!"

"Alguém que pensa um pouco em si." Kurama interveio. "Que usa mais a cabeça."

Naruto o viu dentro de si, deitado com a cauda quase tocando o focinho. A raposa suspirou deixando a expressão de falso enfado e encarou o rapaz de feição perturbada.

"Entenda seus sentimentos antes de se achar um desgraçado."

"Kuram-"

A raposa o calou impondo sua pata.

"Primeiro se entenda, depois se julgue."

Naruto recolheu a frase que estava na ponta da língua, mais uma acusação a si mesmo, e voltou a vagar seus olhos pelo céu indo de uma estrela a outra, passando pelas nuvens, fixando-os na lua. Receberia uma iluminação se pedisse ao universo? Não. Os astros não falavam. Somente as pessoas podiam expressar opinião, e Kurama nada dizia além de "avalie-se", ato que Naruto evitava.

Queria ser repreendido, queria que alguém lhe esbofeteasse com palavras e colocasse o juízo de volta a sua mente, mas também guardava num recôndito de seu peito a sede pela absolvição. O desejo de que uma alma tivesse piedade de seu ser desprezível e lhe concedesse a graça de chamá-lo "humano". Um como qualquer outro que se doou até a exaustão e ao chegar a ela escolheu recolher seus restos e retornar em vez de queimá-los por quem muito já fizera.

Mas a culpa lhe dominava, e a teimosia decidiu acompanhá-la na tortura do rapaz abatido. Assim uma ideia se apresentou como uma redentora solução: buscar, na fonte incessante, a disposição para se sacrificar por seu grande amigo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada!
Até a próxima!
Bjs!



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