Nunca seria fim

No fim,não havia final poético que descrevesse sua frustração. Eles pareciam tão promissores, parecia mesmo que se tornariam best sellers um dia… Mas o acaso das suas emoções não permitiria. O momento pedia alguma organização.

Luiza passou a escrever roteiros e enredos regularmente. Nenhuma palavra rebuscada. Nenhum desafio pendente. Eram apenas diários,onde ela escrevia seus planos pro futuro. Eram personagens que ainda não tinham dado o primeiro passo. Estava prestes a dar à luz,porem não era a hora ainda. O problema era se arrastar com tanto peso. Seus personagens novíssimos chutando dentro de sua mente,querendo sair. E sua consciência terminando de dar sua sentença.

“Pra que criar se você não vai terminar?”

Em um último lapso sobre sua criatividade tão enjoativa, Luíza escreveu sobre si mesma. Seus medos a engolindo em forma de realidade, sua raiva expandindo junto com um aperto no coração. E foi então que ela entendeu.

Suas criações eram todas ela mesma. Todo o seu sofrimento era o que Luiza sentia. Todos os traumas giravam em torno dos dela. Por que ali, ela podia ser uma Mulher Maravilha, podia ser uma garota quebrada, uma chefe durona,uma mãe caridosa. Quando escrevia, Luiza podia matar por amor e morrer de tristeza. Quando criava, não eram seus traumas que não a deixavam dormir. Não eram as suas expectativas. Nem seus erros. Nem seus furos.

Que tolice …

Terminar em um final feliz era impossível porque ela mesma não se via em um. Mas isso era melancólico demais pra escrever, então… Nada de finais felizes ou tristes. Talvez continuações, crossovers e spin offs. Mas finais? Bem, pra isso precisaria se encerrar também. E Luzia não estava pronta pra deixar de problematizar. Muito pelo contrário…