Seven Warriors escrita por Naru


Capítulo 14
Tenho coragem de ser leal a você - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse é o início do segundo arco de Seven Warriors. Eu chamo esse arco de "Arco dos Guerreiros" e ele é muito mais intenso do que o arco introdutório, e deve ter uns 4 capítulos divididos em 8 ou 10 partes (não sei ao certo ainda). Eu espero que gostem!



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Ambos os rapazes correram em direção a casa de Dylan, conforme Adrien ordenou. O moreno parecia assustado e parava vez ou outra durante o caminho exigindo uma explicação do outro para aquilo. Mas ele não respondia e apenas demandava que eles seguissem para onde estava orientando.

Ao chegarem no quarteirão onde ficava sua casa, Dylan alterou sua expressão confusa para uma completamente séria e preocupada, isso porque as lixeiras da frente da residência estavam caídas ao chão, como se alguém tivesse derrubado todas. Além disso, o portão para o quintal e a porta principal da casa estavam completamente abertos, como se o local tivesse sido invadido.

Ele não conseguiu pensar duas vezes e, sem olhar para os lados, correu em direção a área, não vendo que Adrien tinha tentado interromper seus movimentos, sem sucesso. Ao chegar ao batente da porta, observou o interior do local e percebeu que vários objetos estavam no chão, como se ali tivesse ocorrido uma briga. Ele se aproximou de um porta retrato que ficava no hall de entrada, na foto estava ele e sua mãe no ano anterior em um passeio ao parque da região, ambos pareciam muito felizes:

― Mãe...― A palavra saiu como em um suspiro, então, ele respirou fundo e criou coragem, gritando dessa vez em plenos pulmões ― Mãe!!

Ao não ouvir nenhuma resposta, ele tomou impulso para subir as escadas que levavam aos dois únicos quartos da casa. Porém, ao que colocou o primeiro pé no degrau, sentiu uma mão agarrando seu braço com uma força descomunal e não conseguiu seguir.

― Dylan! ― Era Adrien que tinha o alcançado e agora o segurava, impedindo-o de continuar. Ele estava com uma expressão extremamente alterada ― Você não pode ir dessa forma, é muito perigoso!

― O que você está dizendo? Que se dane que é perigoso! ― Ele falava entre os dentes com uma fúria na voz, que fazia seu tom se elevar cada vez mais ― Eu preciso encontrar a minha mãe!

― Fala mais baixo! ― disse Adrien quase em um sussurro, não deixando que Dylan seguisse ― Se ainda tiver alguém aqui, eles vão nos encontrar se você não parar de gritar!

― Você pode ir embora! Eu vou atrás dela! ― Ele tentava se desvencilhar do toque de Adrien, mas o outro parecia conseguir segurar todos os seus movimentos com apenas uma das mãos ― Me solta, agora! ― gritou em plenos pulmões.

Adrien não soltou o braço de Dylan e ainda aproveitou o contato para jogá-lo contra a parede próxima da escada. Com a outra mão ele tapou a boca do moreno, que o encarava com os olhos escuros completamente assustados e ao mesmo tempo furiosos. Então, aproximou o rosto do rapaz, proferindo as seguintes palavras de forma baixa e devagar, enquanto mantinha a expressão séria e quase ameaçadora:

― Para de gritar!

Os rostos dos dois estavam tão próximos que a respiração mais forte de Adrien fazia alguns fios do cabelo de Dylan se movimentarem em frente ao seu rosto confuso. Então, ele apenas fechou os olhos, dando a entender que tinha compreendido a orientação. Porém, ao que Adrien relaxou um pouco a força que usava para segurá-lo pelo braço, Dylan mordeu a mão que cobria sua boca, fazendo-o se afastar com um gemido contido de dor.

O moreno aproveitou de seu próprio ato e se desvencilhou totalmente do toque, correndo pela escada sem se preocupar com o barulho de seus passos. Com isso, ao chegar no andar acima, voltou a gritar:

― Mãe! ― Ele foi direto para o quarto de Katy e abriu a porta em um movimento único e exagerado, olhando para o local em pânico, porém, não avistando a mulher em nenhum dos quatro cantos.

― Dylan!? ­― Uma voz fraca e feminina saiu do quarto que era dele e então, ele correu para o cômodo, olhando para todos os lados ao entrar. ― Aqui. ― A voz parecia baixa e ele percebeu que ela vinha da região da parede atrás da porta.

― Mãe! ­― disse com a expressão preocupada ao encarar a mulher que estava sentada no chão, encostada na parede, com uma das mãos apoiando a barriga e a outra impedindo de seu corpo de cair completamente no assoalho ― O que aconteceu?

Ele se abaixou em frente a ela e segurou a sua mão, que estava completamente gelada e, ao ver seus dedos manchados de vermelho, percebeu que o estado que ela se encontrava era grave e que havia um ferida grande em seu abdômen. A face angelical de Katy, que sempre parecia despreocupada e feliz, continha rugas de tensão e algumas gotas de suor, provavelmente por suportar a dor. Por mais que ela tentasse forçar os lábios para um sorriso leve, os outros traços a entregavam por completo.

― Eu estou bem, não se preocupe. ― disse gentilmente e encarou uma figura que tinha acabado de entrar no quarto e estava atrás de seu filho ― Você veio, ainda bem! Fiquei com medo de não estar por aqui e de não conseguir te avisar.

Dylan virou a cabeça para trás e viu a figura alta de Adrien atrás de si. Provavelmente ele já havia se recuperado da mordida e tinha corrido atrás dele. A expressão indiferente que ele sempre carregava não estava mais ali e as linhas de suas sobrancelhas se desenhavam em uma preocupação aparente, então, ele se abaixou e afastou as mãos de Katy, percebendo os ferimentos e alarmando ainda mais suas feições:

― Eles fizeram isso? ― disse Adrien de forma séria, observando a mulher a sua frente responder a pergunta positivamente apenas com um aceno de cabeça ― Quantos são? Onde eles estão agora?

― Eram apenas dois. Eu consegui ferir um, mas não consegui selá-los e eles voltaram para pegar reforços, é questão de minutos para estarem aqui de novo! ― respondeu, fazendo esforço para manter o fôlego.

― E de onde eles são? Honra? Estão aqui por causa do Kirk? ― Adrien continuou a fazer as perguntas.

― Não! Eles são da Honestidade, todos eles trabalham para o Elijah. Eles correram na frente dos guardiões quando vazou a informação que Kirk tinha sido interceptado aqui em Delphos e perdido a memória. Eles sabem que ele está aqui e sabem que você está envolvido.

A conversa aconteceu tão rápido que Dylan não teve tempo de interromper para entender do que eles estavam falando. Ele apenas encarava a mãe e Adrien de forma alternada, tentando ver se via sentido naquele diálogo, mas após alguns segundos, os encarou com a expressão completamente confusa:

― O que está acontecendo aqui? Do que vocês estão falando? ― Ele repousou o olhar sobre a mãe e perguntou de forma sincera e ao mesmo tempo atordoada ― De onde você conhece ele? ― Ele percebeu que havia um celular manchado de sangue ao lado de onde ela estava sentada e então concluiu ― Você ligou para ele vir aqui?

Ela apenas encarou Adrien como resposta, como se perguntasse com o olhar que tipo de atitude deveria ter. Dylan tremia sem reação, mas ao notar que a mancha em vermelho no abdômen da sua mãe só aumentava, ele resolveu apenas esquecer aquilo:

― Deixa para lá! Depois vocês me explicam isso. Agora a gente precisa te levar para o hospital. ― Sua voz saiu tremida e ele se posicionou para pegá-la no colo, mas foi interrompido ao que ela colocou a mão em seu peito.

― Não, eu não vou a lugar nenhum. ― Ela voltou a encarar Adrien com os olhos brilhando ― Eu preciso devolver para ele agora, talvez a gente não tenha outra oportunidade. Não tem como continuar, me desculpa.

― Karyn, tem que ter outra forma... ― Adrien parecia perdido, ele encarava a ferida da mulher loira a sua frente como se pensasse na solução para algum enigma.

― O que está acontecendo? ― Dylan parecia perdido e tentava entender que tipo de atitude ter ali naquele momento.

― A gente precisa contar para ele e acabar com isso aqui, não tem outro jeito! Foi incrível enquanto durou, mas não dá mais Adrien.  ― suplicou Katy.

― Será que dá para alguém me contar o que está acontecendo? ― Como Adrien apenas encarava o chão, ele recorreu a Katy enquanto segurava suas mãos ― Mãe?

― Dylan...― iniciou ela, o encarando com olhos sinceros e, ao mesmo tempo, calmos. Então, posicionou uma mão de cada lado do rosto do jovem, o observando de perto com ternura ― Obrigada pelos últimos três anos, eles foram incríveis! Você foi o melhor filho que eu poderia ter. ― Uma lágrima solitária deslizou de seus olhos cintilantes.

― Do que você está falando?

― Estou falando a verdade! Que eu me sinto muito agradecida por tudo que passamos juntos. ― Ela sorriu, fazendo com que Dylan sentisse seu peito afundar por entender que aquele sorriso não era bom.

―Quando diz dessa forma parece uma despedida! Você não vai morrer! ― Ele não conseguia mais segurar e várias lágrimas escorreram por suas bochechas, a voz já estava embargada devido ao choro contido ― E por que está agradecendo só pelos últimos três anos? Eu não fui um filho bom antes? ― Ele forçou um sorriso em meio as lágrimas, como se aquilo fosse melhorar a situação.

Katy apenas sorriu. Um sorriso leve e simples. Seus olhos se fecharam junto com uma respiração profunda e ela o abraçou com força, segurando-o pelos cabelos e acariciando a região em meio a algumas outras lágrimas solitárias que caíam por seu rosto bonito:

― Você foi o melhor filho antes também. ― disse em um sussurro, afastando a cabeça para encarar melhor os olhos escuros de Dylan ― Mas não era meu filho.

― O que?

― Eu estive mentindo para você. ― disse ela, pouco antes de encarar brevemente Adrien e inspirar fundo antes de continuar ­ ― Nós estivemos mentindo para você.

Dylan observou o rapaz ao lado dos dois e conseguiu notar que os olhos azuis, sempre determinados e sérios, agora encaravam o chão em completo desespero. Os longos dedos estavam fechados em punhos, fazendo as juntas ficarem vermelhas pela força.

― Mentindo sobre o que? ― perguntou ao voltar a atenção para sua mãe.

― Sobre você. Sobre nós! ― Ela sorriu gentilmente ― Você não sabe quem nós somos. Você não sabe quem você é.

Ele olhou a mulher a sua frente com total espanto e confusão na face. Nada parecia fazer sentido. Nada! Então, em um movimento único, secou as lágrimas de seu rosto com as costas das mãos, tentando colocar seus pensamentos no lugar e parecendo tomar uma decisão ali naquele momento. Porém, a voz sóbria de Adrien transpassou seus ouvidos:

― Karyn, eu não sei...

― Eu não sei do que vocês estão falando, mas eu não me importo agora. ― Dylan ignorou o que Adrien tinha para falar, o cortando completamente ― Eu preciso levá-la ao hospital ― disse sério, se levantando para finalizar um movimento e pegar sua mãe no colo de forma rápida, posicionando gentilmente um dos braços sob seus joelhos e o outro apoiando o peso de suas costas. Logo após isso, voltou a encará-lo ― E o nome dele não é Karyn, é Katy.

Katy deu uma suave risada ao lado do rosto de Dylan, que foi seguida por um abraço acalorado ao que ele a levantou. Então, ela aproximou a boca de seu ouvido e disse em um sussurro:

― Eu amo você, me desculpa por ter mentido. ― Dylan arregalou os olhos e congelou os movimentos momentaneamente ― Meu nome real não é Katherine, é Karyn. E eu preciso te devolver isso.

Em um movimento rápido, ela posicionou as mãos ensanguentadas no peito de Dylan e ele, ao olhar para baixo, viu uma luz roxa saindo do encontro do toque dela com o seu corpo. Após dois ou três segundos, enquanto tentava assimilar o que estava acontecendo, um choque começou a percorrer a região, começando pela parte superior de seu tronco, descendo para o abdômen, pernas e fazendo a subida para escorregar pelos braços. Era uma sensação terrível que o fazia pensar que estava sendo eletrocutado e picado por mil formigas ao mesmo tempo. Então, ele não conseguiu segurar e deixou que um grito rouco escapasse de seus lábios, pouco antes de cair de joelhos no chão, tentando ao máximo não derrubar o corpo de sua mãe.

Ele fechou os olhos ao ter a sensação indo para a sua cabeça e deixou que o grito saísse contínuo por seus lábios. Tudo doía, tudo queimava; pareciam mil facas sendo enfiadas em cada parte de seu corpo. Para um alívio mínimo, sentiu que Adrien havia tirado Katy de seus braços e agora ele entendia que não era mais ela que estava causando aquilo, a sensação estava interna em todos seus órgãos. Era insuportável! Então, acabou caindo no chão ainda em meio aos gritos, segurando a cabeça.

― Karyn, você liberou tudo para ele? ― A voz de Adrien parecia desesperada e ele, após voltar a sentá-la no chão, ficou na frente de Dylan e o levantou, observando seu rosto já pálido e suado devido as dores.

― Eu tive que fazer isso! Não temos tempo para liberar pouco a pouco. Você me ouviu, Adrien? Eles voltaram para pedir reforços, logo estarão aqui com uma boa parte do exército da Honestidade. ― Ela recuou um pouco e voltou a segurar o abdômen que parecia ter piorado ― Eles vão matá-lo!

― O que... ― Dylan tinha parado de gritar e conseguia proferir algumas palavras, o corpo ainda sofrendo alguns choques ― O que foi isso? ― disse em meio a uma respiração profunda, sentindo que a sensação terrível estava acabando com a mesma velocidade que tinha começado.

― Você está bem? ― Adrien parecia preocupado e segurou suas mãos quase que em um movimento involuntário. Dylan se afastou do toque, parecendo extremamente irritado.

― O que caralhos foi isso? O que foi isso? ― Ele gritou e encarou o loiro a sua frente, voltando o olhar para sua mãe ― Você fez isso? Mãe? O que foi isso?

A sensação de morte e dor tinha passado por completo. Porém, Dylan sentia uma espécie de energia estranha embaixo de sua pele, como se alguma corrente elétrica muito potente estivesse passando por ali. Ele não conseguia explicar o que era e não conseguia assimilar que sua mãe tinha feito aquilo.

Antes que pudesse ter sua resposta ou gritado mais alguma pergunta para tentar entender a situação, Katy pareceu tremer como se visse algo aterrorizante:

― Eles estão vindo para Delphos agora! Eu estou sentindo muitos deles e estão vindo para cá! Vocês precisam ir, agora!

― Do que está falando com "vocês precisam ir"? Nós precisamos ir! Você consegue curar essa ferida em segundos! ― Rebateu Adrien. Ele encarou as mãos e as roupas ensanguentadas da mulher e pareceu raciocinar algo ― Eu estava pensando nisso desde que entrei aqui. Por que você não se curou ainda?

Ela sorriu. Era um sorriso triste que ao mesmo tempo parecia conter alguma informação oculta:

―Eu não tenho poder suficiente para me curar e para fazer o que tem que ser feito. ― disse singela.

Pela forma que os olhos azuis de Adrien se acenderam, parecia que ele tinha compreendido completamente o que a mulher quis dizer com aquela frase. Então, falou entre os dentes:

― Você não vai fazer isso! ― Sua mão se espalmou contra o chão em um ato de raiva.

― Fazer o que? ― perguntou Dylan, sincero e inocente ao mesmo tempo.

― Infelizmente não vou ter tempo de explicar. ― disse ela ao que começaram alguns barulhos no quintal da casa. ― Você vai ter que ir agora, Adrien! Não jogue todo os nossos esforços por água abaixo por minha causa. ― Seus olhos quase dourados faiscavam. Assim, ela deu uma pausa, alterando o tom para algo mais calmo, antes de falar de forma quase angelical e pausada ao loiro ― Você tinha razão, vale mais a pena do que tudo na minha vida! Incluindo a minha própria vida.

Ela sorriu suave. Um sorriso que continha compreensão, amor e carinho. Um sorriso que poderia deixar até o ser mais ranzinza do mundo se sentindo nas nuvens e em paz. Adrien sentiu aquilo e pareceu compreender também o que tinha que fazer.

― O que vale a pena? ― perguntou Dylan, parecendo perdido naquela conversa.

Katy em um ato repentino jogou os braços ao redor do pescoço do filho e o envolveu, depositando um singelo beijo na lateral de seu rosto. Então, se afastou um pouco e o fitou:

― Vá com ele! E confie nele a sua vida se precisar.

― Você deve estar completamente louca se acha que vou te deixar aqui e ir embora! ― disse Dylan em desespero ― Eu não sei o que está acontecendo. A única coisa que eu sei é que se tem alguém querendo fazer mal para gente, vamos fugir, ir no hospital e depois na polícia.

― Nós temos que ir. ― Adrien se levantou completamente e agarrou Dylan pelo braço, ignorando qualquer coisa que ele tinha dito ― Você a ouviu, nós temos que ir. ― Apesar de decidido, a voz do loiro parecia trêmula e insegura.

― Nunca! ― Ele fez menção para voltar a carregar sua mãe no colo, mas Adrien fez um movimento de curva com os dedos no ar e, ao finalizar, os braços de Dylan grudaram um no outro, como se tivessem sido presos com uma corda invisível ― O que você está fazendo? ― Ele gritou.

― Nós temos que fugir. ― disse, parecendo triste e olhou novamente Katy ― É mesmo o único jeito?

― Sim! Não tem problema. ― Ela parecia feliz em meio ao caos e disse em uma voz suave e de forma lenta ― Ele ficaria muito orgulhoso de você, sabia?

Adrien deixou que um fino sorriso se desenhasse em seus lábios e fechou os olhos, uma singela lágrima podia ser vista deslizando por sua pele alva. Então, ele seguiu em direção a janela dos fundos do quarto puxando Dylan pelos braços. Este por sinal gritava, forçava com os pés e chutava o outro, mas a falta de movimento dos membros superiores fazia com que ele não conseguisse se desvencilhar do aperto das mãos do loiro.

― Eu vou matar você! ― ameaçou ele ao que se sentiu ser puxado para cima da janela ― Mãe!! ― gritou entre lágrimas ao que viu a mulher loira e bonita sentada no canto do cômodo.

Ela apenas acenou uma última vez, falando um "eu te amo" entre os lábios, não emitindo qualquer som. Sem que ele pudesse responder, Adrien o carregou no colo e subiu na janela, pulando sem qualquer medo no gramado abaixo e aterrissando no solo com facilidade.

―Mãe!! ― Dylan voltou a gritar, tentando sair dos braços de Adrien para escalar novamente a janela.

― Para de gritar, eles vão achar a gente! ― disse Adrien em um quase sussurro.

― Você acha que eu me importo?! Minha mãe está morrendo lá! A gente precisa voltar!

Adrien o ignorou e continuou correndo pelos fundos do terreno com o moreno em seus braços. Ao que conseguiu pular o primeiro muro, acabou escorregando em uma pedra e, aproveitando o desequilíbrio, Dylan rolou para o lado e se afastou do outro. Porém, pouco antes de iniciar a subida do muro novamente para voltar à casa, ele foi interrompido por um estalo que se transformou em uma enorme barulho, calor e pressão que o fez ser lançado para longe e ficar sem seus sentidos por alguns segundos.

Ao conseguir levantar a cabeça para entender o que tinha acontecido, seu olhar e corpo congelaram. A visão era horrível e ele não acreditava no que estava a sua frente: sua casa tinha explodido.

― Mãe!! ― gritou entre lágrimas e apesar de usar toda a voz, ele não conseguia ouvir nada que tinha falado, pois a explosão tinha interrompido sua audição.

Ele se levantou com dificuldades, as roupas continham algumas cinzas e o rosto estava sujo e manchado pela queda. Os cabelos estavam completamente soltos e voavam sem direção com o vento que batia ali naquele momento. Seus olhos se fixavam nas chamas que mais fortes e colocavam cada vez mais sua casa abaixo. O fogo estava alto, vermelho, laranja, quente, tudo isso em meio ao completo silêncio.

Em seus olhos as lágrimas começaram a brotar e cair de forma desenfreada pela face. Sua boca abria e fechava pronunciando "mãe", mas ele nem ao menos conseguia ouvir a palavra que falava com tanto amor. Ele não estava acreditando e não conseguia aceitar.

" Eu sou a sua mãe e te conheço mais do que qualquer pessoa nesse mundo."

"Você sabe que pode contar tudo para mim."

"Você foi o melhor filho que eu poderia ter"

Ele conseguia ouvir cada uma das frases em sua mente com a voz doce e suave de sua Katy. Sua mãe que parecia uma princesa. Sua mãe que sempre estava lá para ouvi-lo. Sua mãe que sempre fazia os melhores cafunés e tinha o melhor colo do mundo. Sua mãe que ele amava mais do que tudo na vida.

― Dylan! ― Ele ouviu uma voz ao fundo, como se alguém gritasse por ele de longe. Então, virou devagar e viu Adrien a sua frente o sacudindo e o encarando de perto. ― Dylan!!

― Ela... ― A voz estava alta, mas ele ainda ouvia como um sussurro. Ele se aproximou em passos lentos na direção da casa, mas Adrien o segurou pelo braço.

― Não adianta tentar voltar. ― disse calmamente.

― Ela...― Ele repetiu e o loiro percebeu que ele estava em estado de choque.

― Sim, ela... ela se foi. ― Adrien parecia querer segurar as lágrimas e sua voz ainda soava muito baixa para a audição danificada de Dylan. ― Nós precisamos ir.

No início, Dylan não parecia estar disposto a resistir, era igual a um boneco sem reações que tentava entender o que tinha acontecido. Assim, Adrien teve certa facilidade para segurá-lo pelo braço e o levar para longe dali o mais rápido possível. Só que, subitamente, após poucos minutos, o moreno pareceu voltar alguns raciocínios e parou os passos, o que fez o outro olhar para trás preocupado.

― Ela morreu. ― disse Dylan repentinamente, com os braços ainda juntos pela "corda invisível" que Adrien tinha colocado.

― Sim.

― Ela realmente morreu? ― Ele encarava o chão como se tentasse organizar seus pensamentos ― Se a gente voltar...

― Ela realmente morreu. ― cortou Adrien, parecendo não querer alimentar aquele tipo de ideia.

― Ela disse que mentiu para mim. ― Ele levantou o olhar para o outro ― Que vocês dois mentiram.

― Sim. ― concordou, respirando fundo para enfrentar aquela situação. Os cabelos de Adrien pareciam pela primeira vez desalinhados e as roupas, sempre impecáveis, estavam sujas e manchadas. Ele parecia perdido também.

― Sobre quem eu sou... ela disse que eu não sei quem eu sou. ― Ele parecia estar juntando os traços dos diálogos que tinha ouvido minutos antes. ― Você sabe quem eu realmente sou?

― Sim.

― Então quem eu sou? ― Ele utilizava um tom baixo e engolia a seco, o rosto completamente manchado pelas lágrimas.

― Isso não vem ao caso agora...

― Eu preciso saber isso, esse é o mínimo que eu preciso saber agora.

― A gente precisa continuar andando, precisamos correr para longe daqui! ― Adrien tentou se aproximar para segurar Dylan pelo braço novamente, mas esse conseguiu se esquivar do toque.

― Quem eu sou?!? ― Ele gritou e outras lágrimas voltaram a rolar por sua face ― Me diga, quem eu sou?

Adrien mantinha suas mãos perdidas ao vento. Seu rosto era uma mistura de preocupação, tensão e dúvida. Então, ele ficou estável ao que inspirou um pouco mais fortemente o oxigênio. Em movimentos lentos, ele levou as mãos aos olhos, retirando os óculos que estavam ali, como se quisesse encarar melhor o rapaz a sua frente. Assim, disse de forma pausada e clara, ao que o encarava sério com os olhos azuis vívidos:

― Você é Arthur da Coragem, um dos sete guerreiros celestiais.


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Notas finais do capítulo

1) Eu disse que ia começar o segundo arco já resolvendo vários mistérios, não disse? Tcharam!

2) A palavra "mãe" foi repetida 29 vezes nesse capítulo. E sim, eu estou ciente disso e foi proposital ):

3) Temos um grupo de whatsapp sobre Seven Warriors, onde o povo fala sobre teoria, me mandam fanarts, e falam sobre yaoi e coisas em geral

4) Não esqueçam de votar no capítulo e de comentarem o que acharam ok? Ler os comentários de vocês é o que me deixa mais feliz!

Vamos voltar ao cronograma de posts domingos e quintas ok? Nos vemos esse fim de semana então!


Love.



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