Seven Warriors escrita por Naru


Capítulo 13
Sim, ela gosta de você - parte 2




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Um dos outros rapazes, que observava os atos do maior, tirou do bolso um objeto que em um estalo se transformou em um canivete afiado, entregando o artefato ao homem que fazia as ameaças. Dylan levantou o rosto, ainda tentando sugar o máximo de ar para os pulmões, sem muito sucesso, devido ao golpe que levara anteriormente. Então, vendo que se não agisse rapidamente realmente iria morrer ali, ele aproveitou que as mãos estavam livres e, mesmo sem o campo de visão perfeito, usou os braços como apoio do corpo ao que levantou a parte inferior, depositando um chute inesperado no queixo do homem a sua frente, que se afastou e deixou o canivete cair no momento do impacto.

Dylan se surpreendeu ao poder executar esse golpe, pois não tinha o costume de lutas ou brigas e nem sabia que tinha esse tipo de talento oculto. Ele se levantou rapidamente e, sem pensar, saltou em direção aos caras menores que bloqueavam a saída do beco. Um deles tentou acertar um murro de esquerda no moreno, que se desviou sem problemas, revidando o ato em um chute no meio do abdômen do homem, em um movimento preciso e de frente, fazendo-o cair em um grito de dor.

O outro já começara a olhar para Dylan com uma expressão assustada, afinal, a cena a sua frente era deveras assombrosa. Devido ao puxão anterior, o cabelo de Dylan estava completamente solto e desleixado, trazendo um ar rebelde ao rapaz. O rosto estava mesclado entre o branco da pele, roxo das porradas, vermelho de sangue e até mesmo marrom devido aos restos da parede. Uma linha fina de sangue brotava da sobrancelha de Dylan e caía até seu maxilar, e na boca estava desenhada o mesmo sorriso amedrontador dos momentos anteriores.

― Você está com medo? ― perguntou Dylan de forma sarcástica ao notar que o homem dava passos lentos para trás ao que ele se aproximava. Ao não receber resposta nenhuma, ele observou um objeto brilhante no chão e notou ser o canivete, se abaixando e o pegando rapidamente para poder ameaçar o outro. ―Bem, você tem razão em ter medo.

Quando ia dar impulso para atacar, ele foi surpreendido com um chute em sua perna direita, que fez a mesma entortar em um formato que ele sabia que não era possível. A dor fulminante na região o fez perceber que o membro tinha sido quebrado. Ele gritou pela sensação e caiu se apoiando na parede, não conseguindo raciocinar. Aparentemente os dois outros homens tinham se recuperado dos golpes rapidamente.

Antes que pudesse se recompor, ele sentiu o objeto pontiagudo ser retirado de suas mãos e alguns segundos depois, um dos homens cravou o mesmo no lado esquerdo de seu abdômen, fazendo Dylan gritar. A dor da perna e do buraco aberto pelo canivete eram tão grandes que ele queria apenas desmaiar, para poder parar de sentir aquilo, mas sabia que se perdesse a consciência, aquele seria seu fim. Então, tentou se manter desperto o máximo que conseguia, se apoiando na parede com uma das mãos e a outra cobrindo a ferida recém-aberta.

Ao olhar para a região, viu seus dedos manchados de vermelho e soube que aquilo era um péssimo sinal. Sua visão já estava extremamente turva e ele entendia que não iria conseguir seguir com aquilo. Então, lançou um olhar para o lado, vendo apenas o vulto de algum dos homens se aproximando para lançar o golpe final, mas antes que ele pudesse completar o ato, uma quarta pessoa chegou e o interrompeu com um soco no meio da face. Dylan se surpreendeu e tentou abrir mais os olhos para visualizar melhor o que tinha acontecido.

O homem que acabara de chegar não só tinha o salvo, mas também nocauteado um dos delinquentes . Então, direcionou a atenção aos outros dois que restaram: o maior e um dos gêmeos. O segundo correu em direção a ele e tentou golpeá-lo de diversas formas, mas o homem desviava sem menor dificuldade e o agarrou pelo braço, levando o membro para trás das costas do mesmo, quebrando-o sem receios.

Dylan observava tudo enquanto tentava se manter acordado, ele esfregou os olhos algumas vezes para tentar se livrar do borrão das vistas e em certo ponto foi possível identificar quem era a pessoa misteriosa que o defendia: roupas impecáveis, alto, cabelo loiro quase prateado...era Adrien Warren.

Adrien conseguia se livrar de qualquer investida que os homens lançavam sem nenhuma dificuldade. Ao que nocauteou o primeiro e quebrou o braço do segundo, apenas o maior estava em posição de enfrentá-lo. O loiro parecia incontrolável e enquanto agarrava o homem, que já tinha seu membro inutilizado, ele vestia uma expressão totalmente medonha, como se fosse matar o rapaz. Dylan nunca tinha o visto transparecer tamanho sentimento negativo e tentava gritar para ele parar com aquilo e fugir, não queria que ele fosse machucado também, só que, infelizmente, ele não tinha forças para fazer a voz sair.

O mais alto queria impedir que Adrien matasse seu colega, para isso, em um movimento desesperado, lançou-se contra as costas do mesmo, golpeando-o inutilmente por trás. Vários socos eram dados na cabeça do loiro, que parecia não sentir nada, então, ele apenas começou a puxá-lo para longe, tentando fazer com que ele largasse o menor. Mas tudo em vão, acabou apenas agarrando a mochila do rapaz, que estava pendurada em um dos ombros, tirando-a de suas costas e caindo abraçado ao objeto no chão.

Adrien fazia o gêmeo em seus braços gritar pela dor do braço, então, o agarrou pela cabeça e em um movimento único bateu com a mesma contra a parede, fazendo-o desmaiar na hora. Dylan acabou fechando os olhos involuntariamente ao ver aquilo, não era uma cena agradável. Assim que terminou o ato, o loiro encarou o mais alto, que estava no chão agarrado a sua mochila com o semblante completamente aterrorizado. Os olhos azuis de Adrien faiscavam e parecia que ele iria terminar de finalizar todos ali naquele momento.

Então, assim que Adrien deu o primeiro passo em direção ao rapaz, Dylan não conseguiu mais segurar o corpo na parede e soltou um gemido de dor ao que caiu de uma só vez no chão, com as mãos em sua ferida. Adrien desviou a atenção para aquela cena e sua expressão alternou imediatamente do ódio para a preocupação. Isso deu margem para que o rapaz que estava no chão com a sua mochila aproveitasse a oportunidade para se levantar derrapando e sair dali correndo o mais rápido que podia, e em poucos segundos já não era mais possível ver a sua sombra no beco. O loiro ignorou aquilo e correu para a direção de Dylan, o segurando em seus braços com delicadeza. Ao que encarou o ferimento, ele tentou disfarçar um pânico que logo foi percebido pelo moreno, que sorriu trêmulo:

― Eu estou bem, apenas um pouco tonto ― A voz já parecia um suspiro de tão fraca.

― Não fale, não se esforce! ― Os olhos de Adrien carregavam uma preocupação nítida e o moreno percebeu que não conseguiria mais ficar acordado.

― Obrigado... ― disse Dylan, pouco antes de sentir seus olhos se fechando involuntariamente, fazendo-o perder a consciência no abraço de Adrien.

Quando finalmente conseguiu recuperar o movimento de seu corpo, Dylan abriu as pálpebras com certa dificuldade, sentindo-as tremendo um pouco devido à claridade do local. Então, ao visualizar onde estava, ele não reconheceu o ambiente. Era um quarto extremamente claro com uma janela ampla ao seu lado e poucos móveis espaçados no cômodo. Seu braço estava ligado a um compartimento com um líquido transparente, com uma espécie de agulha enfiada na veia. Ao ter as imagens um pouco menos confusas, percebeu que estava em um hospital.

― Você está acordado! ― Ele ouviu uma voz feminina ao seu lado e percebeu Sarah sentada na poltrona no canto da parede, o rosto parecia cansado e agora levemente iluminado ― Eu vou chamar os meninos, eles estão aqui também.

Ela se levantou rapidamente, fazendo com que Dylan não pudesse falar nada para interrompê-la, pois ao tentar forçar a garganta, percebeu certa dificuldade, como se estivesse extremamente seco por dentro. Em poucos minutos ela voltou com Oliver e Ryan e agora os três rodeavam a sua cama com expressões curiosas.

― Como você está se sentindo? ― iniciou Oliver com os olhos escuros extremamente preocupados. Ele se aproximou de Dylan e encarava os ferimentos em seu rosto cobertos com algumas bandagens.

― Bem. ― respondeu o moreno com certa dificuldade, parando um pouco para forçar a continuação da frase ― O que aconteceu?

― Você não se lembra? ―perguntou Sarah assustada e confusa ao mesmo tempo.

― Da briga? Sim. ― Ele de fato conseguia lembrar de cada detalhe, como se tivesse acontecido minutos antes daquele momento ― O que aconteceu depois? O que houve com aqueles bandidos? Adrien está bem...? ― Ele tossiu algumas vezes logo após fazer tantas indagações.

― Não force muito! ― advertiu Oliver ― Bem, depois de apanhar horrores, você desmaiou no meio do beco e sua mãe o encontrou enquanto ia para o trabalho. Você estava caído no chão com dois outros caras desconhecidos. Ninguém sabia o que tinha acontecido, a sorte é que a Klhoe já estava a caminho do local com os policiais e encontrou você e sua mãe. Agora... o que o Adrien tem a ver com isso?

― Foi ele quem me salvou! Eles já tinham me esfaqueado uma vez quando ele chegou e iriam fazer de novo até eu morrer.

― Ele não fez nada. ― Oliver parecia aborrecido com a situação ― Ele nem ao menos estava lá!

― Espera... ― interrompeu Ryan, parecendo analisar alguma informação ― Você disse que foi esfaqueado? Você não foi esfaqueado. Você teve um traumatismo devido as pancadas e sua perna estava quebrada, mas eles não falaram nada sobre um ferimento desse tipo.

Dylan se sentiu confuso com a informação e então levantou a coberta acima de si, tateando seu abdômen por completo: de fato ele não sentia nada por ali e não parecia ter qualquer tipo de machucado. Ele não queria mostrar o local para não revelar suas cicatrizes, mas somente com o toque ele já conseguia perceber que a facada sumira.

― Eu juro... eles tinham um canivete....― Ele estava extremamente confuso e o olhar parecia perdido. Será que tinha sonhado com essa parte da briga e com a presença de Adrien?

― Licença... ­― Uma voz feminina e suave entrou pela porta. Ao que eles olharam, uma garota magra de cabelos loiros até a altura dos ombros, feições finas e roupas tão delicadas que faziam parecer uma boneca viva, pedia autorização para entrar no cômodo.

― Khloe! ― disse Sarah, animada.

― Me falaram que você tinha acordado. ― Ela se aproximou e agora era possível ver uma pequena caixa embrulhada com uma fita dourada em suas mãos.

― Oi! Você está bem? ― perguntou Dylan, fazendo esforço para dar um sorriso animado.

― Sim, graças a você! ― Ela estava extremamente tímida e olhava para todos ao redor com certo receio ― Eu...eu trouxe isso para você, são chocolates. Coma quando estiver melhor!

― Obrigado! ― Dylan agradeceu, recebendo a pequena caixa em suas mãos, ele estava feliz pela menina não ter sofrido nenhum ferimento.

― Eu...eu... queria agradecer! ― iniciou ela, com a voz embargada ― Se não tivesse sido por você, eu não sei o que teria acontecido comigo. E desculpa por você ter ficado assim, eu tentei correr até a polícia o mais rápido que consegui. Desculpa.

― Você não tem que se desculpar, a culpa é toda daqueles bandidos. ― Ele pensou um pouco antes de continuar ― Me diga uma coisa, você chegou a ver o Adrien ali?

― Adrien? Da nossa turma? ― Ela parecia confusa e o moreno concordou acenando a cabeça ― Não, ele estava lá?

Ele ficou extremamente frustrado por não conseguir a confirmação de que tinha visto Adrien no local. Algumas coisas não se encaixavam na cena, principalmente o sumiço de seu ferimento. Ele tinha sentido o local aberto, a dor era impossível de esquecer e o sangue que escorreu entre seus dedos era difícil de ter sido uma ilusão. Será que tinha sofrido um traumatismo tão grave a ponto de ter criado algumas coisas? E a presença de Adrien também era um mistério, ele sabia que o loiro o tinha ajudado, ele só não entendia porque ele tinha corrido da cena daquela forma.

No total, Dylan ficou internado no hospital por apenas três dias. Seus ferimentos se curaram mais rápido do que o esperado, apenas a sua perna ainda ficou engessada por pelo menos um mês. Mas isso não impediu que ele voltasse a escola normalmente e, para sua surpresa, no primeiro dia de volta ele encontrou Adrien na sala de aula: postura etérea como sempre e olhos focados em algum livro a sua frente. Dylan não poderia simplesmente ignorar a presença dele ali e, mesmo usando muletas, caminhou até o colega, que elevou os orbes azulados ao vê-lo se posicionando à sua frente:

― Eu sei o que você fez lá. ― disse Dylan, pouco antes de se sentar na cadeira vazia a frente de Adrien.

― Sua perna...― O loiro desceu o olhar até a o local, parecendo preocupado ­― Você está bem?

― Totalmente bem! ― falou despreocupado com um sorriso no rosto ― Foram só alguns ossos quebrados. Mas eu não vim aqui para falar sobre isso. Eu sei o que você fez no beco, eu sei que foi você que me ajudou. ― Ele mudou a expressão e assumiu uma postura mais séria, falando com sinceridade ― Obrigado. Você salvou minha vida.

Adrien estava calmo enquanto encarava o moreno, então, apenas ajustou os óculos discretos e em seu rosto e disse sem desviar a atenção:

― Não precisa agradecer, eu fiz o que qualquer um faria na mesma situação.

― Por que você desapareceu depois? ― Dylan estava completamente curioso, apoiando o queixo em uma de suas muletas.

― Sua mãe chegou, a polícia chegou...eu não era mais necessário. ― Ele voltou a atenção aos livros a sua frente, como se aquilo gerasse uma indireta para Dylan encerrar o assunto, mas não aconteceu.

― E por que não foi me visitar no hospital? ―Ele perguntou, mas então, ao ver a mochila de Adrien jogada ao lado da cadeira, emendou a fala ― Espera...você usava uma mochila azul, essa é verde. É verdade! Um deles pegou sua mochila e acho que saiu correndo, não foi? Você perdeu tudo!

― Não foi nada. ― disse Adrien de forma singela ― Eu realmente não perdi nada que me importasse.

― O que tinha ali? Me conta! Você perdeu algo de valor? Você perdeu a mochila por minha causa. Me conta quanto precisa para comprar tudo novo, eu pago. ― Dylan começou a tirar a própria mochila das costas e quando ia pegar a carteira, foi interrompido pelos longos dedos de Adrien que pousaram sobre suas mãos.

― Não precisa. ― disse pausadamente, fazendo com que o moreno encarasse o toque que havia recebido e os olhos azuis a sua frente, alternando entre os dois como se raciocinasse a situação. Então, sentiu a mão de Adrien se afastando novamente, o que o fez voltar a pensar normalmente.

― Ok... mas ali tinham os seus livros, certo? Anotações? Que aula a gente tinha no dia? Eu realmente sou ruim nessas coisas.

― Física.

― Certo. ― Ele voltou a pegar a mochila e a procurar algo dentro dela com certa determinação. ― Olha,― iniciou, pegando um caderno preto com rabiscos na capa, que tinha feito em algum momento de tédio ― eu não tenho o livro de física, mas eu tenho o caderno com algumas anotações que fiz na aula. Pode ficar tranquilo, por mais que digam que eu não estudo, eu ainda anoto algumas coisas que o professor fala, preciso fazer isso para me manter acordado.

Ele colocou o caderno preto em cima da mesa de Adrien e o encarava com um sorriso. Ele sabia que o outro provavelmente tinha perdido alguns livros e até mesmo coisas pessoais de valor, porém, aquilo era a única coisa que poderia retribuir no momento e mesmo assim achava que o outro não iria aceitar. Porém, para a sua surpresa, o loiro pegou o objeto com uma das mãos e encarou a capa por longos segundos, parecendo analisar cada um dos rabiscos.

― Tudo bem, eu fico com isso. ― Após observar por um longo tempo, ele guardou o objeto em sua própria mochila, fazendo Dylan sorrir em satisfação.

― Eu juro que amanhã vou trazer os livros de física para você e também os outros.

― Não precisa! Eu vou ficar somente com o caderno. ― pontuou firme, fazendo com que Dylan não tivesse espaço para rebater.

― Ok! ― Ele tinha sido vencido, mas estava bem satisfeito.

Ele não sabia muito bem como agradecer alguém por salvar a sua vida, muito menos quando essa pessoa era Adrien Warren. Na verdade, não sabia nem ao menos se era possível fazer esse tipo de agradecimento, nada pagaria o que o rapaz tinha feito por ele, nada.

O resto dos anos escolares de Dylan passou sem muitos dramas, casos estranhos ou outras brigas com bandidos perigosos em becos. Ele continuou mantendo suas notas e seu desempenho esportivo sem muita dificuldade. De vez em quando ainda matava algumas aulas para fazer coisas de adolescentes, como ler quadrinhos ou sair com os amigos para andar pela rua jogando conversa fora. Mas tinha que admitir, ele sempre lembrava da detenção forçada que tinha levado e assumia que diminuíra pela metade as faltas desnecessárias graças a isso.

Sua ligação de amizade com Oliver, Sarah e Ryan tinha se fortalecido até o fim da escola e os três eram inseparáveis. Oliver continuou sendo o melhor amigo com as piadas sobre Dylan conquistar as garotas, Sarah se manteve como a menina responsável do grupo, colocando ordem sempre que os garotos queriam sair da linha e Ryan se continuou o garoto extremamente alto e tímido, leal em todos os sentidos e também “secretamente” apaixonado pela sua amiga de infância e vizinha.

Foi um ensino médio extremamente feliz e divertido e tudo aquilo se culminou com o dia da formatura de todos. Dylan foi selecionado como o orador da turma e faria o discurso final. Normalmente esse papel era dado ao aluno com as melhores notas, que no caso era Adrien, por menos de meio ponto no total. Porém, este também manteve seu desempenho em relação a frequência e como não ia na escola em mais da metade dos dias, o conselho estudantil decidiu colocar a oratória em poder de Dylan.

Este se empenhou muito em fazer um discurso que fosse divertido e não fizesse as pessoas dormirem na cerimônia. Em meio ao ato ele conseguiu ver os olhos dourados de sua mãe o encarando de forma emocionada e todos os seus amigos pareciam ter gostado muito de tudo que ele tinha dito ali. Ele era carismático e sabia o que dizer nos momentos certos. Tinha sido um sucesso.

― Você está...não consigo encontrar uma boa palavra que expresse o que estou sentindo ao te ver com essa roupa. ― iniciou Oliver, colocando o braço por cima do ombro de Dylan e encarando o amigo com uma expressão divertida ― Acho que “casável” é a melhor delas. Você casaria comigo, Dylan Rockefeller?

Ele ajoelhou no chão do descampado da escola, segurando as mãos do amigo e o olhando com uma expressão falsamente apaixonada. Os dois estavam com roupas formais e até mesmo usavam gravatas naquele dia. Dylan estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo bem feito, mas uma mecha da frente propositalmente solta, trazendo um charme ao seu visual. Oliver vestia as mesmas roupas que o outro, porém, com uma gravata borboleta rosa, os cabelos tinham crescido mais no último ano e a franja lisa começava a chegar nos olhos. Ambos estavam bem bonitos.

― Nem que você fosse o último homem vivo. ― Ele riu e puxou as mãos fingindo uma negação e o amigo se levantou falsamente indignado ― Você não presta, Oliver Melton!

― Oh, o que eu vejo aqui, finalmente se declarou, Olly? ― Sarah se aproximou dos dois com Ryan ao seu lado, ele era o único que não vestia roupas tão formais, já que era apenas convidado e não formando.

―Ainda não, mas está chegando o dia que eu vou ter coragem para isso. ― brincou Oliver, enquanto lançou um olhar para Ryan ― E você, quando vai ser o seu dia?

― Do que? ― O maior parecia muito confuso e fez os dois outros rapazes rirem de forma discreta.

― Esquece! ― finalizou Oliver, não querendo entrar em um assunto tão delicado ali.

― Vocês gostaram do discurso? ― perguntou Dylan genuinamente curioso.

― Foi ótimo, inspirador, eu percebi que todos gostaram! Sua mãe até chorou! E ah, você estava ótimo usando beca. ― disse Sarah, elogiado o amigo.

― Estava? Então, isso quer dizer que você vai sair comigo? ― Ele envolveu os braços ao redor do pescoço da menina, a encarando com uma expressão divertida.

― Exatamente como você respondeu ao Olly: nem que você fosse o último homem vivo. ― Ela se desvencilhou do abraço de Dylan e o encarou ― Você não presta, Dylan Rockefeller. ― Então, riu para finalizar a brincadeira ― Eu vou pegar umas bebidas, vocês vem comigo?

Todos concordaram e iam acompanhar a morena, mas Dylan viu uma figura masculina no canto do descampado da escola. Ele parou por alguns instantes e encarou a pessoa de longe, uma indagação em sua mente surgiu para saber se falaria ou não com ele, mas ao perceber que talvez aquela fosse sua última possibilidade, ele se desvencilhou dos amigos e andou até o local, chegando sem ser percebido até seu último passo.

― Adrien Warren. ― iniciou, encarando a figura alta e bem apessoada do colega de turma a sua frente. Os cabelos loiros levemente prateados reluziam naquele dia ensolarado e o vento batia sutilmente na região, fazendo alguns fios balançarem um movimento que combinava perfeitamente com os olhos azuis e sérios que agora o encaravam.

― Dylan Rockefeller. ― cumprimentou, tendo uma expressão mais amigável do que normalmente apresentava ― Então, você se formou.

― E você também. ― Sorriu animado ― Parabéns para a gente!

― Parabéns. ― Apesar da palavra e expressão mais leve, Adrien ainda carregava um tom sério.

―Então, agora não vou poder mais te incomodar. Você deve estar feliz!

Eles tinham mantido o mesmo tipo de relacionamento até o fim da vida escolar. Não eram amigos e Adrien parecia ignorar Dylan sempre que esse se aproximava com as suas piadas. O moreno já tinha aceitado aquele tipo de relação e não estranhava, por mais que desejasse ter se entrosado mais com o colega e talvez criado um laço maior de amizade.

― E você, o que está sentindo? Está feliz por ter se formado? ― Dylan estranhou a pergunta, mas ao pensar melhor sobre, sentiu uma enorme paz e um sentimento bom se formando em seu peito.

― Muito! Foram dois anos incríveis. ― disse sincero com o olhar meio perdido nas nuvens, como se estivesse se lembrando dos momentos.

― Fico feliz por você, de verdade.

Adrien fechou os olhos e abaixou sutilmente a cabeça, um leve e quase imperceptível sorriso se formou em seus lábios. Dylan viu aquela reação e quando ia emendar o assunto, foi interrompido:

― Dylan? ― Ele olhou para o lado ao ouvir uma voz feminina se aproximando e citando seu nome.

― Khloe! ― A menina loira de olhos deliciados estava a sua frente com uma expressão ansiosa no rosto.

― A gente pode conversar? ― perguntou de forma sincera, encarando os olhos escuros de Dylan.

― Agora...?

Ele desviou o olhar algumas vezes entre ela e Adrien, tentando encontrar palavras para alertar a menina de que aquele não era o momento ideal, pois já estava em uma conversa com outra pessoa. Mas antes que pudesse gaguejar alguma desculpa, o loiro apenas começou a caminhar para longe rapidamente, não dando a oportunidade de ser interrompido.

― Eu atrapalhei a conversa de vocês? ― indagou ela ao que percebeu a situação. Dylan sabia que não conseguiria mais retomar o assunto com Adrien, então apenas sorriu simpático e negou com a cabeça.

― Não era nada demais.

― Entendi. Então...― Ela respirou fundo a ponto de perceber a movimentação do peito ― eu... eu sei que deveria ter te falado isso há muito tempo, não ter deixado para a última hora.

― O que aconteceu?

― É que...

Khloe desviou o olhar para baixo, parecendo consideravelmente ansiosa. Então, como se acumulasse toda a coragem possível, impulsionou o corpo para frente, se apoiando nos calcanhares para aumentar um pouco a altura e, enquanto apoiava as mãos nos ombros de Dylan, juntou seus lábios aos do moreno em um beijo singelo. Este por sinal manteve os olhos abertos de surpresa, deixando os braços congelados e jogados na lateral de seu próprio corpo. Ao sentir o toque levemente úmido em sua boca, ele não soube como reagir, afinal, não era algo que esperava.

A garota finalizou o ato e voltou o corpo a altura normal, demorando para abrir os olhos e encarar a expressão aérea de Dylan. Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, ela apenas deixou que traços angustiados se desenhassem em sua face e virou de costas, correndo para longe dali. Ele tentou pará-la, mas nenhum som saía da sua boca. Ele parecia não saber que tipo de atitude tomar naquela situação.

Ele sentiu que a atenção de alguém estava recaída sobre si e a olhar para a lateral do descampado reparou que Adrien continuava a alguns metros dali ainda, observando a situação de longe. Então, após voltar a raciocinar um pouco melhor, ele correu para o local onde o loiro estava, porém, este apenas se virou de costas para sair dali.

― Espera! ― Após alguns segundos de corrida, ele conseguiu segurar o braço de Adrien, o interrompendo de continuar ― Desculpa, ela apenas chegou e interrompeu a gente...

― Não precisa se desculpar, a gente não tinha mais nada para conversar.

― Você viu aquilo? ― disse ele, se referindo ao beijo que tinha acabado de receber.

― Vocês formam um belo casal. ― Apesar da expressão tensa, Adrien parecia sincero em suas palavras ― Eu preciso ir agora.

― Nós não somos um casal. Nós não somos nem tão próximos, eu não sei o que aconteceu ali. ― Ele realmente não conseguia entender o motivo da menina tê-lo beijado, pois nunca tinha notado nenhum tipo de interesse da parte dela nos dois anos que estudaram juntos.

― Ela sempre gostou de você, ainda mais depois que você a salvou há mais de um ano no beco. Ela estava sempre te olhando.

― Eu nunca notei, nunca percebi... ― Ainda agora, com as palavras de Adrien, ele não conseguia visualizar as situações em que os sentimentos da menina pareciam tão óbvios.

― Mas agora que sabe...você gosta dela? ― Ele o encarava com seriedade, como se aquela pergunta fosse muito importante.

― Eu nunca pensei sobre essas coisas relacionadas a ela. Não sei! ― Adrien pareceu respirar fundo e a expressão tensa anterior fora substituída por uma mais leve.

― Se você nunca pensou sobre isso, nunca se perguntou, então você não gosta.

Dylan resolveu refletir por alguns segundos e percebeu que nunca tinha encarado a menina dessa forma simplesmente porque ela nunca tinha despertado nele esse tipo de sentimentos. Ele estava apenas perdido por ter sido beijado tão de repente. Na verdade, se lembrou que minutos antes do ato, ele estava mais interessado na conversa com Adrien do que em qualquer coisa que ela tinha a dizer.

Aquilo era estranho, mas era a verdade, se ele gostasse de Khloe, com certeza saberia. Para sua sorte, ele nunca precisou responder a declaração da menina, pois logo após a formatura ela se mudou, assim como Oliver, ambos foram fazer faculdade em outra cidade. Dylan se manteve em Ohio, dando um rumo diferente a sua vida do que parecia mais previsível.

 

[Voltando aos dias atuais]

Dylan ainda segurava o antigo caderno de física que tinha dado a Adrien após este salvá-lo dos bandidos no beco. O outro o encarava com uma expressão contrariada, como se quisesse ter impedido que ele visse o objeto.

― Por que você ainda guarda isso? ― perguntou Dylan com os olhos brilhando em curiosidade.

― Você quer que eu jogue fora?

― Não! ― Elevou a voz, abraçando o caderno contra si como se aquilo fosse um ultraje ― Eu lembro que essa foi a única forma que encontrei de te agradecer naquela época e sempre me senti mal porque não parecia ser o suficiente.

― Foi o suficiente. ― pontuou Adrien, voltando a mexer nos documentos e estendendo a mão para que Dylan devolvesse o caderno para que ele pudesse guardar. Ele o obedeceu, entregando o objeto.

― Isso fez eu lembrar de uma coisa da época, no beco...eu fui esfaqueado! Eles tinham um canivete e eu senti claramente aquilo ser enfiado na minha barriga. Só que quando eu acordei não tinha mais nada ali e me contaram que aquilo nunca tinha acontecido, que era uma ilusão! ― Ele parecia pensar um pouco e então continuou ­― Na época eu aceitei, tentei entender que eu poderia ter sofrido algum trauma, algum estresse pós-traumático ou coisa. Não teria sido a primeira vez na minha vida que a memória tinha me dado problemas. Mas agora isso voltou, porque aconteceu a mesma coisa com você! Agora pra mim parece realmente que não foi um estresse ou uma ilusão, meu ferimento realmente sumiu que nem o seu!

― Eu não sei do que você está falando. ― finalizou Adrien, pegando o seu celular que parecia vibrar insistentemente em seu bolso.

― Você sabe exatamente do que estou falando, não adianta tentar...

― Nós precisamos ir! ― Adrien cortou Dylan logo após ler algo na tela de seu telefone, jogando os documentos que carregava na cama. Ele agarrou o pulso do moreno, fazendo-o se assustar ― Agora, nós precisamos ir!

― Do que você está falando? Espera! O que aconteceu? Ir para onde? ― Ele observava a expressão de pânico do rapaz a sua frente, o que fez ele começar a ficar preocupado.

― Precisamos ir para a sua casa, agora!


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Notas finais do capítulo

1) Pessoal, primeiramente queria me desculpar pelo atraso de 1 dia no post, mas não consegui terminar a revisão do texto ontem. Foi mal mesmo :/

2) Esse post ficou ENORME e marca o fim do flashback, do capítulo e do arco introdutório de Seven Warriors. A partir de agora a história vai ficar mais interessante e vocês vão ter muitas respostas reveladas já no próximo capítulo.

3) Vou dar um espaço maior de postagem para começar o próximo arco e o próximo post vai ao ar na quinta-feira que vem ok? Preciso me dedicar a deixar o segundo arco o melhor possível porque ele é MUITO importante e vai ser bom pra vocês terem tempo para se prepararem para o que está por vir!

4) Temos um grupo no whatsapp de Seven Warriors para teorias, fanarts e assuntos aleatórios sobre Yaois da vida. Quem quiser entrar, me manda mensagem!

É isso galera, até quinta! Não esqueçam de votar no capítulo e deixarem seus comentários que eu AMO ler tudo!

Love.



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