Revelações da Alma escrita por Verena Kutner Einloft


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos ao primeiro poema caso alguém se interesse em ler.
Não sei como apresentar, mas espero que gostem e que some na vida de vocês de alguma maneira.
Com carinho, Vê.



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Eu me olhei no espelho e vi um rosto que não reconhecia.

Minhas olheiras saltavam, meu sorriso moldado, os olhos cansados e uma aparência esgotada.

Um corpo oco sem vida que um dia pertenceu a uma jovem menina.

Menina essa que envelheceu em meses,

Menina essa que que o esforço não valia, que meiguice atrapalhava e o sorriso comprava.

Menina que morreu aos poucos, enterrada no fundo do poço,

Sem ter pra onde cair, mas tendo como subir.

Cai menina e me vi mulher,

Com 16 já me viam adulta como o fogo da chaminé.

Vivi uma dualidade intensa,

Em que pra amar era criança, mas pra faculdade era mulher.

Engoli os livros sem tempo pra aprender, 

O que valia era a decoreba para logo esquecer.

Desde cedo minha vida foi escrita e pelo sexo fui definida:

Se nasce mulher, é pra parir;

Se nasce menina, é rosa;

Se cresce tímida, é mal vivida;

Se cresce liberta é mulher da vida.

Sempre me disseram como ser, como me vestir, a maneira de sorrir, o porte ao sentar,

Os palavrões a não usar, o salto a aguentar, o sutiã a me apertar, a maquiagem a pinicar, 

O cabelo a alisar, os garotos paquerar, como devo fofocar e as meninas comparar.

Mas não me disseram à verdade:

Como é livre tirar a roupa, como é intenso os palavrões,

Que azul é minha cor e que nem sempre uso batom.

Não me disseram que eu tinha escolha, então eu mesma as criei, 

E abandonei num canto as regras de uma invalidez.

Liberdade!

Eu finalmente me ouvi,

Escalei o poço da angústia me descobrindo pela primeira vez

E foi amor à primeira vista pelo vazio que encontrei.

Tirei de mim tudo que era ruim,

Tudo que pesava,

Tudo o que determinava a falsa sensatez.

Decorei as paredes brancas com as cores mais vibrantes,

Construí a desordem mais bonita e que melhor me definia.

Meu espaço não estava mais branco, estava vivo,

Tão vivo quanto me sinto agora,

Tão vivo quanto a vida que me esperava de braços abertos,

Me chamando com ternura para conhecer-me de fora.

Me olhei novamente no espelho:

Ali ainda estavam as olheiras e aparência cansada,

Mas meu sorriso nunca esteve tão largo e tão menos moldado.

Encarei o meu reflexo e me permitir ser,

Não só por um momento, mas toda a vida,

Aquela que sempre me impediram de ver,

Mas que eu nunca antes amei tanto ser.


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Notas finais do capítulo

Aviso: plágio é crime. Não há necessidade de cometerem essa vergonha.
Espero que tenham gostado, bye.



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