Need You Now escrita por oicarool


Capítulo 18
Capítulo 18




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776184/chapter/18

Elisabeta batia os dedos na mesa, distraidamente. Estava em meio a uma reunião de trabalho com Ludmila, que repassava os últimos números. Cada informação precisava ser repetida ao menos duas vezes até que Elisabeta a anotasse em um papel. Elisabeta sabia que Ludmila estava perdendo a paciência, ainda assim não podia evitar sua distração.

Não queria trabalhar. Queria conselhos. Queria falar com sua melhor amiga. Mas seria pior deixar a reunião para depois. Estava angustiada e não sabia se Ludmila seria de grande ajuda. Ao menos se seria capaz de ajuda-la a desfazer sua confusão. Provavelmente Ludmila apenas aumentaria ainda mais os motivos para que ela se sentisse confusa.

— É impossível trabalhar assim. – Ludmila reclamou. – Fale logo, antes que eu tenha uma úlcera. Darcy e Cecília estão tendo um caso?

— O que? – Elisabeta a encarou. – Ah, não. Não estão. Darcy está aprendendo português.

— Darcy está o que? – Ludmila abriu um sorriso. – Isso é fofo. Mas não é o motivo de você estar assim.

Elisabeta suspirou.

— Algo aconteceu ontem à noite. – ela disse.

— Algo? O que aconteceu? Você está me preocupando. – Ludmila arregalou os olhos.

— Algo, Lud. Eu não sei explicar. Pareceu mais do que esse desejo louco que eu sinto por Darcy. – Elisabeta afundou na cadeira.

— Mais? Paixão? Amor? – Ludmila sorriu.

— Não. Eu não sei. Foi intenso e assustador. – Elisa disse, confusa.

— Você o beijou? – Ludmila questionou.

— Não. Mas eu quis, desesperadamente. Foi como se eu precisasse beijá-lo, precisasse pedir para que ele ficasse. Eu não sei o que está acontecendo. – ela fechou os olhos.

— Você sabe, e é ótimo. Você se envolveu com Darcy no dia que o conheceu. Era uma questão de tempo até se apaixonar. – Ludmila sorriu.

— Eu não estou apaixonada. – Elisa resmungou. – Eu não posso me apaixonar por ele.

— Por que não? O que haveria de tão ruim em se apaixonar por um homem como Darcy?

— Tudo, Lud. Darcy não é um homem por que você deva se apaixonar.

— Você colocou isso na sua cabeça sem um motivo concreto, Elisa.

— Ele flerta com qualquer mulher. – Elisabeta resmungou.

— Quando foi a última vez que você o viu fazendo isso? Porque eu sequer lembro a última vez que Darcy flertou comigo. E sempre foi uma brincadeira.

— Eu não estou com ele o tempo inteiro. – ela disse.

— Mas ele está o tempo inteiro na sua casa, com a família dele, com você, ou aprendendo português. Realmente me parece um homem horrível.

— Isso não quer dizer nada, Lud.

— Quer, sim. Quer dizer que você está procurando motivos pra não se entregar à um homem que faz bem à você.

— Eu não estou procurando motivos, Lud. Eu sei que vou sofrer. Darcy não é o tipo de homem que tem uma mulher só.

— E o que a faz pensar isso?

— Olhe para ele, apenas olhe para ele. – Elisabeta suspirou.

— Elisa, eu não sei se você o coloca em um pedestal ou se você não costuma se ver nos milhares de espelhos da mansão. – Ludmila riu. – Por que é tão absurda a ideia de que Darcy poderia se apaixonar por você?

— Eu não sei porque eu insisto em conversar com você. Você nunca me ajuda em nada. – Elisa reclamou.

— Está bem, minha querida. – Ludmila sorriu com ironia. – Não se preocupe com a noite passada. Você provavelmente estava cansada, havia uma brisa diferente no ar. De forma alguma indica que você está se apaixonando por ele.

— Isso é o que eu preciso que você faça. – Elisabeta riu.

— É claro. – Ludmila revirou os olhos. – Apenas lembre-se de uma coisa, Elisa. Se isso que vocês tem for real, talvez seja mais complicado para Darcy do que para você.

— Como isso seria possível? – Elisabeta bufou.

— Minha amiga, eu sei o quanto tentamos todos os dias quebrar essa corrente de arrogância, mas nascemos em berço de ouro. – Ludmila sorriu. – Se Darcy fosse um grande empresário talvez você não enfrentasse metade desses dilemas.

— Eu não penso assim. – Elisabeta arregalou os olhos.

— Não mesmo? Você se casou com Xavier por bem menos do que tem com Darcy.

— É diferente, é muito diferente. – reclamou.

— Eu acho que toda essa imagem que você faz de Darcy tem a ver com ele ter ousado se aproximar de você, seduzir você, mesmo sendo a chefe dele. – Ludmila apontou. – E na sua cabeça, se ele fez isso nessa situação é porque faz em todas as outras.

— De onde está vindo tudo isso?

— Você sabe que é verdade, eu a conheço há quase vinte anos. Por algum motivo não passa na sua cabeça que Darcy possa ter optado por se aproximar apesar da situação de vocês.

— Você está me pintando como uma esnobe ridícula.

— Você sabe ser uma esnobe ridícula. – Ludmila riu. – E eu não duvido que esteja agindo assim pra manter Darcy longe.

— Chega dessa conversa. – Elisabeta levantou-se. – Eu vou ignorar tudo o que você disse e culpar a brisa.

— Ótimo, faça isso. – Ludmila revirou os olhos. – Eu tenho certeza que você não vai se arrepender quando seu castelinho desmoronar.

— Por que todo mundo insiste em me comparar à uma princesa? – Elisabeta reclamou.

— Porque você age como uma, minha cara. – Ludmila deu de ombros.

Elisabeta revirou os olhos.

— Nos vemos no baile no final da semana? – Ludmila perguntou.

— Infelizmente.

Elisabeta despediu-se de Ludmila e desceu até o pequeno espaço que servia como estacionamento. Darcy estava encostado no carro, com um saco de pipocas nas mãos. Ele olhava para cada uma antes de colocar na boca, e a imagem de uma mecha caindo na testa dele fez o coração de Elisabeta sobressaltar. Ele ergueu os olhos e a viu, abrindo um sorriso que fez a respiração dela acelerar.

— Já? – ele perguntou, quando Elisabeta se aproximou. – Você costuma levar mais tempo.

— Ludmila está com conversas desagradáveis hoje. – Elisabeta sorriu.

Darcy deu de ombros, desencostando do carro para abrir a porta para ela.

— Você pode terminar de comer. – ela disse, encostando-se na porta, impedindo que ele abrisse.

Darcy voltou para sua antiga posição, pegou mais uma pipoca e ofereceu o saco para ela. Elisabeta pegou algumas, recebendo uma arqueada de sobrancelha irônica dele.

— Você comprou na frente do cinema? – Elisabeta perguntou, após mastigar uma das pipocas.

— É claro que não. – Darcy revirou os olhos. – Eu comprei atrás do cinema. Todo mundo sabe que é mais barato.

— Eu não sabia. – disse, distraída.

— Isso é porque você pagaria dez vezes o preço sem nem perceber. – Darcy riu.

— Não pagaria, não. – Elisabeta resmungou.

— Você sempre faz isso, princesa. – Darcy sorriu para ela.

Elisabeta pensou nas palavras de Ludmila. Será mesmo que agia daquele jeito sem nem perceber? Não era acostumada a questionar o dinheiro, não acreditava levar em conta a conta bancária das pessoas em suas relações. Ainda assim era verdade que acabava, de alguma forma, sempre empregando as pessoas de quem gostava. E talvez isso nunca criasse relações tão independentes.

— Você me acha esnobe? – ela perguntou, de repente.

Darcy olhou para ela, estudando seu rosto.

— Você é rica. – ele disse, simplesmente.

— E o que isso significa? – Elisabeta perguntou, preocupada.

— Que você não precisa se preocupar se eu vou arrancar um botão quando eu tiro a sua roupa. – Darcy deu de ombros, fazendo Elisabeta rir.

— O que?

— Me desculpe, você estava séria demais. – Darcy abriu um grande sorriso. – Você tem uma relação diferente com o dinheiro, com o poder, só isso.

— Me parece uma grande coisa. – ela disse.

— Estou me acostumando. – Darcy ofereceu novamente o saco de pipocas, e Elisabeta recusou.

Elisabeta olhou para o céu cheio de nuvens. Talvez fosse chover, talvez não.

— Mas eu gostaria que isso parasse de aparecer na nossa relação. – Darcy disse, um pouco mais baixo.

Ela o encarou, com a testa enrugada.

— Você as vezes cita o fato de eu trabalhar para você. – Darcy olhou nos olhos dela. – Mas eu não estou trabalhando pra você quando estamos sozinhos. Faz parecer que eu faço por dinheiro.

Elisabeta ergueu a sobrancelha, tentando pensar em uma resposta. Mas a verdade é que não tinha resposta. Sequer notava que fazia isso. E Ludmila estava coberta de razão mais uma vez.

— Acho que eu sou mesmo uma esnobe. – ela suspirou. – Me desculpe.

— Não é que eu não ache excitante essa história toda de patroa e motorista. – Darcy sorriu, malicioso.

Elisabeta abriu um sorriso pequeno.

— Nós poderíamos aproveitar o carro qualquer dia desses. – Elisabeta disse.

— Você poderia me dar a tarde de folga. – ele disse, dando um passo para o lado, encostando o braço no dela. – Eu poderia levar você pro meu quarto, e poderíamos ser silenciosos.

Elisabeta pegou um pouco de pipoca, encostando seus dedos nos dele propositalmente.

— Eu adoraria, mas eu preciso trabalhar um pouco mais. – Elisabeta encostou-se um pouco mais nele. – Mais tarde?

— Eu tenho um encontro mais tarde. – ele deu de ombros.

— E você me diz assim? – ela ergueu a sobrancelha.

— Duas damas me convocaram para uma ida ao cinema. – Darcy sorriu. – Como único cavalheiro disponível, e essas são as palavras doces de Charlotte.

— A outra dama seria Cecília? – Elisabeta riu.

— A própria.

— Se você vai ao cinema à noite, por que está comendo pipocas agora? – Elisabeta ergueu a sobrancelha.

— Eu sou ansioso. – Darcy riu.

— Suas duas pequenas damas sabem sobre nós, você sabe? – Elisabeta olhou para ele.

— Charlotte tem tentado tirar essa informação de mim há semanas. – ele manteve um sorriso tranquilo. – Eu não confirmei, é claro.

— Eu disse à Cecília. – Elisabeta deu de ombros.

— Você disse? – Darcy pareceu espantado.

— Você não queria que dissesse? Me desculpe, eu nem pensei em consultá-lo. – ela tocou o braço dele em um impulso.

— Não, eu só estou surpreso. – ele abriu um sorriso. – Eu não achei que você diria à alguém.

— Bem, ela perguntou. E certamente já contou para Charlotte.

— Nesse caso... – Darcy coçou a cabeça. – Você gostaria de ir? Charlie e Cecília estarão lá, ninguém acharia estranho.

— Ao cinema? Com você? – Elisabeta sentiu o coração acelerar.

— É algum desses filmes românticos da moda sobre heróis de guerra. – ele resmungou.

— Bem, eu acho que não haveria problema, certo? – ela sorriu.

Darcy assentiu, e não demorou muito para que as pipocas acabassem e os dois entrassem no carro. Elisabeta ainda passou em duas empresas, mas seu coração estava acelerado e suas mãos geladas pela perspectiva do passeio da noite. Quando chegou em casa escolheu um vestido simples, não tão chamativo. Ao descer as escadas os três já esperavam por ela.

As meninas conversaram sobre o filme o caminho inteiro. Havia algum novo galã no elenco e as duas estavam empolgadas. Assim que chegaram correram para comprar os bilhetes, e Darcy e Elisabeta observaram a animação das duas. Elisabeta estava nervosa por estar ao lado dele, mesmo que não fosse nem de longe a primeira vez que estava com ele. Mas parecia diferente agora.

— Não conseguimos bilhetes juntos. – Charlotte declarou, assim que as duas voltaram. – Mas não tem problema. Cecília e eu podemos sentar bem na frente, já que queremos comentar o filme.

— E vocês dois podem sentar atrás, não é? – Cecília abriu um grande sorriso.

— Nos vemos na saída, certo? – Charlotte também deu um sorriso de gato, entregando os bilhetes à Darcy.

E antes que os dois pudessem responder, as duas já estavam dentro do prédio.

— Parece que temos cúpidos por aqui. – Elisabeta sorriu.

— Eu não estou reclamando. – Darcy disse, e aproximou-se dela. – Quem sabe eu posso segurar sua mão durante o filme?

— Você poderia. – Elisabeta manteve o sorriso.

— Você quer pipoca? – Darcy perguntou.

— Não, eu já tive a minha cota à tarde. – Elisabeta fez careta.

— Sobra mais para mim. – ele deu de ombros.

Demorou alguns minutos e retornou com um saco de pipocas e um embrulho pequeno nas mãos. Entregou à ela, e Elisabeta abriu o pequeno saco cheio de caramelos. Um sorriso chegou à seu rosto.

— São os meus preferidos. – ela disse.

— Eu sei. – Darcy sorriu. – São os que você sempre compra. Vamos entrar?

Assim que entraram na sala de exibição ficou óbvio que não haveria a possibilidade de não conseguirem comprar lugares juntos. Quase todas as cadeiras estavam vazias. Cecília e Charlotte já estavam sentadas quase coladas à tela. Darcy aproveitou esse momento para segurar a mão de Elisabeta, e ela entrelaçou os dedos nos dele. Procuraram seus lugares e sentaram lado à lado.

O filme era interessante. Elisabeta tentava prestar atenção na história do soldado que se apaixonava pela cozinheira do batalhão, mas era completamente impossível permanecer focada com Darcy à seu lado. No começo os dedos dele acariciavam a mão dela. Depois, ele passou a depositar alguns beijos em sua mão, mordidas em seu pulso, e Elisabeta perdeu completamente o propósito do filme.

Talvez fosse uma boa história, mas Darcy estava completamente virado para ela. Sua outra mão acariciava de leve sua coxa, e não demorou para que ela também começasse à observá-lo, ao invés de olhar para a tela. Se o cinema estivesse cheio certamente estariam assistindo ao filme. Mas na escuridão deserta, Darcy parecia irresistível. Ele sorriu para ela, mordendo seu pulso mais uma vez.

Darcy subiu um pouco mais a mão, e Elisabeta ergueu a sobrancelha. Ele não seria tão ousado, é claro. Mas Darcy aproximou-se dela, beijando levemente seu pescoço. Repetiu o movimento, e Elisabeta sentiu a mão dele descer por sua perna, e subir novamente por baixo do tecido. Darcy se afastou um pouco, e Elisabeta quase tirou a mão dele do lugar, mas parecia tudo perfeitamente escondido. Ele voltou a seu pescoço.

— Vamos ver se você consegue ficar quietinha. – ele sussurrou no ouvido dela.

— Você é louco. – ela fez o mesmo no ouvido dele, e então Darcy tocou sua intimidade, fazendo-a morder a orelha dele. – Alguém pode ver, Darcy.

— Ninguém vai ver. Ninguém está preocupado conosco. – disse, acariciando-a.

Elisabeta pensou em protestar ainda mais, mas seria em vão. E seria hipócrita, porque Darcy tinha algum efeito nela. Alguma coisa acendia toda vez que ele a tocava, que estava por perto, que olhava para ela. E também parecia o único capaz de apagar momentaneamente aquela chama que ardia por ele. Ela se deixou levar, então, pelo toque dele.

— Você é o responsável por garantir que ninguém vai nos ver. – ela disse.

Darcy sorriu, mas sua expressão fechou quando Elisabeta procurou por ele, quando foi a mão dela a abrir a calça dele com cuidado, a pele fria dela a se fechar em volta dele. Ela sentiu a respiração dele vacilar e sorriu. Darcy ardia por ela também, e ficavam loucos juntos, envoltos em uma necessidade que os tornava irresponsáveis, sem limites. E ela sabia que havia mais ali.

Soube quando o viu pela primeira vez. Soube quando foi hipnotizada por aquele olhar. Soube quando ele a tocou pela primeira vez. E soube no momento em que se entregou à ele sem restrições, no momento em que sentiu ciúmes pela primeira vez. E sabia em cada momento de prazer intenso, a cada vez que seu corpo vibrava por ele, como naquele momento. Quando explodia com o nome dele nos lábios, com ele nas mãos, em um cinema escuro de bairro.

Ele não era só o filho de Archie, só seu motorista, só um homem, só um caso. Darcy era mais. Ela só não sabia nomear ainda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Need You Now" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.