Aconteceu enquanto te Odiava escrita por BeaFonseca


Capítulo 5
Capítulo 05 - Uma mentira para encobrir outra mentira




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O carro mantinha a velocidade enquanto eu pensava em que momento Allen pararia o carro para me deixar em uma parada qualquer. Eu já não estava mais nem preocupada se ficaria na minha parada de costume.

— Você é inacreditável! – Solto de repente. Eu me assustei com seu tom de voz.

         Normalmente, eu não me intimidaria com seu tom exageradamente sério, mas a situação não era favorável para se manter o orgulho. O medo de que a qualquer momento pudéssemos nos envolver em um acidente, era maior do que a minha vontade de retrucar os seus xingamentos.

— ...como acha que vai resolver essa situação com o Palmer? – Bufava. – Amanhã haverá boatos de que estamos juntos e pra piorar, Palmer é meu chefe agora e seu EX-namorado. O que acha que pode acontecer? – Continuou a resmungar.

         Em nenhum momento pensei em responder, ora porque pensava que ele estivesse certo em tudo – o que eu, particularmente, não gostava de admitir -, ora porque eu temia responder-lhe e atravessarmos um sinal vermelho e bater de frente com um caminhão.

         “Céus! Barry vai nos matar se continuar assim!”— Pensei.

         De repente, enquanto me dividia entre rezar e lamentar a mentira que me trouxe a essa situação, percebi que Barry seguia, justamente, em direção a meu bairro.

— Oh.. – Apontei para a rua que acabara de entrar que daria, exatamente, na minha casa. Mas Barry continuava a resmungar. Talvez ele nem tenha percebido o que acabara de fazer.

— ...eu tenho uma reputação... – Continuava, até parar em frente a meu apartamento.

         Não havia uma partida de ping-pong naquele momento, mas eu sentia como se estivesse em uma. Ora olhando para o prédio, ora olhando para Barry.

         “Como diabos ele sabe onde eu moro?!”— Pensei.   

— O que está fazendo?! – Ele me assuntou de repente, chamando toda a atenção para si. – Já deveria ter saído do carro! Quer que eu te leve até lá em cima também? – Perguntou, debochado, à medida que saia do carro às pressas, mas sem antes questionar.

— Como sabe onde moro? – Disparei, desconfiada, e finalmente ele ficou em silêncio, pensativo. Barry parecia ter caído na realidade, olhando para os lados.

         Ele parecia nem ter se dado conta de que havia me trazido em casa, o que me deixou levemente compreensiva, mas não menos aliviada. Barry bufou por fim.

— Olha o que você fez, sua aproveitadora! – Falou, para logo em seguida fechar os vidros em minha cara e disparou para bem longe, mal me dando tempo para dar-lhe uma resposta desaforada.

— Ele que me traz em casa e eu que sou a culpada?! – Bufei, irritada.

         Sinceramente, as vezes Barry Allen podia ser imprevisível quando queria, e isso me irritava profundamente, não porque ele fazia algo de errado, mas algo que realmente me surpreendia de um jeito estranho.

         Mesmo no direto de está irritado e não precisar me trazer, ele o fez. E isso, definitivamente, eu não esperava. Obviamente, o fato dele saber onde eu moro ainda era um ponto de interrogação que eu precisava esclarecer mais tarde, contudo, naquele momento, eu só me sentia agradecida por não ter vindo com o Ray, ou a noite acabaria em uma cicatriz no coração, maior do que a que foi deixada no passado.

***

Na manhã seguinte...

— ...O que?! –

Aquela hora da manhã, era proibido barulho de qualquer tipo. Mas eu estava tão abismada, que já nem ligava para a porcaria da regra.    

...Me desculpa, Srta.Bennet, mas vamos demorar para terminar o serviço um pouco mais.— O mecânico informava pelo telefone. 

— Okay... – Me despedi, desligando o celular em seguida.

Minha resposta não poderia ter sido mais triste naquele momento. A verdade era que eu não estava acostumada andar de ônibus, porque a minha vida toda tive esse conforto.          Quando a empresa do meu pai foi a falência, foram deixadas muitas dívidas em seu nome até o Dr. Wells resolver o problema com muito esforço, o que nos deixou em dívida com ele. Meu pai retornou para Starling City, mas eu continuei em Central City afim de recomeçar. Trabalhando na STAR, eu conseguiria retribuir toda aquela ajuda.

Suspirei.

Era de se esperar que as coisas nem sempre seriam fáceis para mim, e eu já deveria estar acostumada com isso. Seguindo caminho para a STAR, pensei no problema que eu ainda teria que encarar com Palmer, além de um Barry extremamente irritante com meu comportamento de ontem.

Suspirei mais uma vez.

Eu deveria pegar um atestado pra hoje?

— Emma! – Ouvi a voz de um anjo soar logo a minha esquerda. Um anjo de carro.

— Caitlin? – Questionei, imaginando o que ela estaria fazendo por ali, uma vez que não era nem perto de onde morava. Não que eu estivesse reclamando, porque aí eu estaria negando uma possível carona. – O que faz aqui?

— Vem, eu te dou carona e no caminho explico. – Sorriu, amigável. Não precisei esperar o convite mais de uma vez. – Poxa, é uma sorte ter te encontrado por aqui e agora.

Nem me fale...— Sorri, maliciosa. – Quer dizer, poxa vida! – Olhei de esguelha, com uma tossidela. – O que estava fazendo por aqui? – Questionei.

— Eu estava dando uma olhadinha no apartamento novo do meu noivo. – Deu um meio sorriso com as bochechas coradas. Caitlin não precisou dizer mais nada para que eu entendesse que havia dormindo por aqui.

— Sei... – Ri da sua reação, o que só fez piorar o vermelhão. – De qualquer forma, estou feliz com essa carona. – Brinquei. – Meu carro está na UTI.

— Nossa, que horrível! – Lamentou. – Mas espero que consigam resolver o problema. – Assenti. – A propósito, te vi ontem entrando no carro do Sr. Allen.

         Eu não pensei que conseguiria engasgar tão depressa. Foi quase impossível disfarçar a minha vergonha naquele momento. O que eu diria? Quer dizer, eu não tinha nada pra esconder, mas ainda assim, a situação me pareceu constrangedora.

—Eu... Nós... – Tentava argumentar algo, mas encontrei dificuldade para inventar uma mentira. – O Sr. Allen precisou da minha ajuda. – Soltei.

— Ajuda? – Caitlin questionou, desconfiada. – Aconteceu algo grave?

— Não! – Neguei prontamente. – Era sobre um presente, para Kendra.. queria uma opinião feminina.

— Kendra? Mas ela só volta daqui a três meses. – Apontou. – E você não a conhecia, como saberia o que ela gosta?

— Érr... mas não era exatamente pra ela, você sabe... – A cada palavra que saia da minha boca, um ninho de mentira gigante se formava. Caitlin não era boba, e não acreditaria nisso, então eu precisava ser mais convincente, nem que para isso, eu devesse mentir mais uma vez. – Vou dizer a verdade, e eu sei que posso confiar em você, Cait. – Engoli em seco, nervosa.

         Pensei que, se assunto sobre Palmer chegasse aos ouvidos do Dr. Wells, ele certamente poderia contar a meu pai, e as coisas iriam começar a se estreitar pro meu lado. Meu pai não é uma pessoa discreta, e eu sabia que a chance de Ray ser um alvo de uma grande armação, era de 100%. Eu não precisava de mais esse problema para resolver.    

— Minha nossa, conte logo! – Caitlin parecia extremamente curiosa naquele instante. – Você está me deixando nervosa, sabe que pode confiar em mim.

— O Sr. Allen tem um namoradO, e não quer que ninguém saiba. – Fiz a minha maior cara de dramática. – Por ser a secretária dele, acabei descobrindo, e por isso, em troca do meu silencio, decidiu me levar para casa ontem. – Foi o que soltei, pensando que essa seria a melhor saída para me livrar de um escândalo por causa do Palmer.

— OMG! – Caitlin gritou segurando firme ao volante. – É por isso que ele nunca é visto em eventos da empresa ou em boates. Ele provavelmente sabe que teria problemas com isso e não queria se expor. – Agitou-se. – Há, uma vez peguei ele ao telefone dizendo que estava preocupado e que seria um caos se alguém soubesse de tudo. – Soltou.

— É, seria mesmo, porque, aparentemente, é alguém bem famoso. – Complementei, certa de que estava imensamente arrependida por isso. Mas o que seria uma mentirinha perto das ofensas que já ouvi de Allen? Acho que ele merece uma vingança. Além do mais, eu realmente precisava evitar o assunto sobre Palmer.  

— Famoso?! – Agitou-se mais ainda. – Isso está ficando cada vez mais interessante. – Ria.

— Por favor, Cait, não pode dizer a ninguém sobre isso. – Insisti, pensando que talvez eu tivesse ido longe demais com tudo isso.

— Pode deixar! – Ela afirmou, e eu sabia que eu não teria problema com isso, pelo menos não agora.

         Suspirei.

         “Eu to muito ferrada se ele descobrir” – Pensei. - "Porque não peguei um bendito atestado mesmo?"


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