Aconteceu enquanto te Odiava escrita por BeaFonseca


Capítulo 3
Capítulo 03 - O retorno do Ex-namorado




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Pov. Emma Bennet

         Sentada no meu confortável sofá, diga-se de passagem, eu olhava atentamente para a janela, perdida em lembranças desse dia tão bipolar. De manhã, Barry Allen parecia ter feito questão de insultá-la, dizendo que comia demais.

— Ora essa! – Cruzei os braços, irritada. – Não se diz a uma mulher que ela come demais! – Bufei.

         E então, ele veio com aquela palhaçada de eu ser dramática. Eu, particularmente, não me achava dramática, mas ele, certamente, estava despertando meu lado teatral. Tinha que ser muito artista para lidar com aquele filhote de Hitler.

         “Céus! Isso é uma ofensa até mesmo para Barry Allen”— Dei leves batidas na boca.

         Aquela tarde havia sido o mais estranho momento da minha vida, e olhe que ver Cisco dançando Born this Way da Lady Gaga achando que não tinha ninguém olhando, estava no topo da esquisitice da minha lista.

         Mas não deveria ser tão estranho querer uma trégua afinal, até mesmo o diabo descansava – Imaginava que sim -. O fato era que a partir de amanhã, as coisas se tornariam menos desagradáveis naquele departamento, e eu estava extasiada com a possibilidade de não precisar mais ficar na defensiva. Isso, considerando que Allen vá cumprir com o seu próprio acordo, o que eu achava muito difícil.

         De repente, uma mensagem no meu celular tomou toda a minha atenção.

*Msg – Ray Palmer*

Hey, Emma!”— Analisei a mensagem. Não estava esperando por ela naquele momento, e certamente, estava surpresa por ele falar comigo pela segunda vez só essa semana. - “Já faz muito tempo que não conversamos muito...”

         “Porque será?!”— Pensei.

“Nos falamos esta semana”— Lembrei.

“Uma conversa de porteiro” — Respondeu. Achei graça, porque de fato, a “conversa” não passou de bom dia, boa tarde e boa noite.  

O que quer Ray?” – Digitei, sem hesitar ao mandar. Não podia me dar ao luxo de acreditar mesmo que ele quisesse conversar.

Estava com saudades.”— Escreveu, e eu quase podia ver o seu sorriso avassalador.

         Seria demais dizer que também estava? Quer dizer, ele foi o meu primeiro amor por toda a vida, e quase... quase o meu namorado, se não fosse pela sua necessidade de sair do país na época para um intercambio que mudaria a sua vida no mercado de trabalho.

         Ficamos juntos (virtualmente) por quase um ano, até perdemos o contato totalmente. Ray começou a se tornar um homem muito ocupado, e eu estava iniciando minha nova vida como uma garota fora da alta sociedade. Dando meus primeiros passos. Era de se imaginar que isso aconteceria.

         Não era a primeira vez que entrávamos em contato depois disso. Foram quatro anos separados, e só um ano pra cá retornamos a nos comunicar, embora como amigos, somente. Nos últimos meses ele havia sumido de novo, até a começar a mandar mensagens com frequência. Não conseguia me acostumar mais com isso de novo.

Desembucha, Ray” – Não me contive em escrever. Eu quase podia ouvir o som da sua risada agora.

“ Um homem não pode mandar mensagem para a namorada?”

         Okay. A resposta me pegou de surpresa. Ele não pode acreditar que ainda estávamos juntos, não é? Porque isso seria constrangedor e doloroso. Eu já havia superado ele de todas as formas possíveis e imagináveis.

“Ainda está aí?... Eu estava brincando.”

         Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Aquilo havia sido pior que um soco no estômago, e então me vi mais irritada do que estava hoje mais cedo.

“Pare de brincadeira”— Digitei, esperando que entendesse o meu ponto de vista, embora eu não tenha dado muita explicação do porquê. 

“E se fosse verdade? O que faria?”— Ray Palmer estava passando dos limites.

“Se não tem mais nada de importante para dizer, então boa noite”— Digitei, contendo a vontade para não usar letras garrafais.

“Eu estou de volta— Foi o que digitou, me pegando ainda mais de surpresa.

         Depois disso, eu passei a maior parte da noite fingindo que não tinha visto a sua mensagem, graças ao recurso de “mensagem não lida” do whatsapp. A outra parte, eu passei comendo.

         “Eu estou de volta”, foi o que ele disse. E aquilo não significava somente que estava em terreno americano. Significava que estava em terreno americano e queria me ver. O que eu faria?

         Ray Palmer é um homem que nasceu em berço de ouro. Ele nem se quer sonhava que eu levava uma vida pacata – mas nem tão pacata assim -. Me julgaria, com toda certeza, e eu não queria ter que vê-lo sentir pena de mim por isso. Além disso, havia o fato de que ele é meu ex-namorado... ou quase isso? Só nos beijamos uma vez. Não contava como namoro de verdade. Ele estava zombando com a minha cara.

         Coloquei mais um pedaço de sanduiche na boca, esperando que aquilo pudesse sufocar meus pensamentos, o que era uma teoria falha e ridícula.

         Ray Palmer não era o tipo de homem que desistia, e eu teria que lidar com isso logo, logo.

         Suspirei.

         “Vai ser uma looooonga noite” – Pensei.

 

***

— Oh meu Deus! – Foi a primeira coisa que ouvi, no momento em que Felicity cruzou o corredor a minha frente. Não era nem 8h da manhã, e ela já estava agitada. – Temos um novo chefe do departamento e ele é um GATO! – Animou-se.

— Mais do que Oliver Queen? – Questionei, duvidosa. Ela ponderou, por um momento.

— Tão igual quanto. – Respondeu, concordando com uma careta meia a meio.

         Sorri, achando graça em como ela não se dava conta da forma como falava do chefe. Felicity era, definitivamente, a pessoa mais agitada e tagarela que já vira. Mais do que eu, se quer saber. E ela era corajosa o suficiente para descrever Oliver Queen de todas as formas possíveis e imagináveis, mesmo na frente dele. Eu também tenho o que dizer do meu chefe, mas garanto que não sairiam nenhum elogio.  

— Como ele é? – Perguntei, vencida pela curiosidade.  

— Alto, muito alto. Cabelos pretos e olhos castanhos escuros. – Dizia, sonhadora. – Um sorriso mais acolhedor que eu já vira... – Continuou fazendo comparações entre ele e Oliver, possivelmente.

         Por um segundo, aquela discrição me lembrou Barry, o que não tinha absolutamente nada a ver, uma vez que o cabelo dele era castanho e olhos indefinidos, ora azul, ora, verde, ora castanho. O que era quase impossível. E o sorriso era, definitivamente, muito bonito, mas nuca fora direcionado para mim.

         Fiz ares de negação. “Mas porque diabos eu estava pensando em Barry Allen daquela forma? Eu já estava dando os primeiros sinais de loucura?”

 

— ...ele deve ser apresentado ao longo do dia. – Percebi que havia perdido pelo menos metade daquela conversa, divagando.  

         Assenti, não transparecendo minha súbita demência.  

Mesmo sendo uma cara nova no departamento, eu não estava tão empolgada assim, porque a minha cabeça traidora resolveu se concentrar nos olhos e sorriso de Barry Allen.

— Bom dia! – E por falar no diabo.

         Barry atravessou o corredor, mas não parou para nos encarar. Retribuímos o cumprimento, para em seguida eu perceber que não deveria estar no corredor conversando a essa hora.

          Mal dando tempo para Allen entrar em sua sala, me acomodei o quanto antes em minha escrivaninha. Eu me comportaria, como o combinado, e esperava que ele também.

         Dei uma espiada em sua sala, percebendo que nossos olhos se encontraram, se repelindo com a mesma rapidez. Não demorou mais que alguns minutos para Barry decidi fechar as persianas que nos separava. Estava mais do que óbvio que não tinha a intenção de manter contato visual, e não era como se eu estivesse reclamando disso. No entanto, era uma atitude no mínimo estranha, tendo em vista que era a primeira vez que as fechava, desde que comecei a marcar presença aqui.   

         Alguns minutos depois, ouvi o que seria o “clic” da porta, bastante ruidosa e lenta. Me levantei prontamente para receber quem quer que seja, e acreditem... eu o faria muito bem, se não fosse por um grande detalhe.

— ...e esta é a sala de Barry...

— Emma..?

         A voz de Oliver Queen foi abafada pela manifestação repentina de ninguém mais, ninguém menos, que Ray Palmer.

         “O que ele estava fazendo aqui?!”

Naquele momento era impossível saber onde a jogadas de olhares iriam parar, porque não importava quantas vezes eu desviava, os olhos do Queen e de Palmer se encontravam para logo seguida me encarar com um misto de confusão e perplexidade.

— Ahm... – Oliver deu uma tossidela. Era óbvio que estava tentando nos chamar atenção.

         “O que Palmer estava fazendo aqui?!”— Eu me perguntava, pensando seriamente no quão estranho seria se eu, de repente, saísse correndo dali.

— Presumo que conheça a Srta. Bennet.

— Muito bem... – Ray sorriu de repente. – Nós já...

— Vou chamar o Sr. Allen! – Interrompi bruscamente a sua quase revelação, indo em disparada para a sala de Barry sem se quer bater.

— Mas o quê...

— Sr. Allen, o Sr. Queen está aqui fora!

         Por um segundo eu pude observar o meu súbito comportamento exagerado. Eu devia está parecendo uma louca, levando em consideração a cara de confusão de Barry. Era óbvio que ele me acharia louca, porque não havia motivo para que a presença do Sr. Queen fosse um problema a esse ponto.

         E Barry não era adivinha.

— Porque você está tão verm... – A porta se abriu, revelando Oliver, por fim, que me encarava com certa dúvida. – O que está acontecendo?! – Barry parecia impaciente.

— Acredito que o novo chefe do departamento também esteja aí. – Tentei me recompor o máximo que pude. – Acompanhado do Sr. Oliver.

         Estava bem óbvio aquilo. Porque em seguida, Palmer entrou e fez questão de continuar a me encarar, como se eu fosse o ser mais interessante naquela sala. Eu não duvidaria, mas não arriscaria questionar.

— Oh... – Barry se levantou, parecendo entender a situação, que claramente não era a mesma que a minha. – Podem ficar à vontade. – Olhou para mim, em um sinal transparente de que eu já deveria ter saído.

         Assenti mais que prontamente. Acho que nunca obedeci tão rápido a Barry como agora. E foi em silêncio e de cabeça baixa que atravessei a porta sem encarar Ray Palmer.

         Sentei em minha cadeira tão lentamente, que pensei que não a alcançaria nunca. Meus olhos buscavam a porta diversas versas acreditando que Palmer poderia vir tomar satisfações a qualquer momento. Eu não duvidaria se o fizesse, porque quase revelou para Oliver Queen que nós dois tivemos algum tipo de relacionamento.

         “O que estariam conversando lá dentro? ” – Pensei, cogitando a possibilidade de ouvir por detrás da porta. Não era de meu feitio, mas pra tudo tinha a primeira vez.

         Mal encostei na cadeira quando me levantei novamente.

         “Não! Não posso fazer isso. ”— Desisti, sentando de vez.

         “Ah, que se dana!”— Me levantei, não para encostar na porta como o plano inicial, mas para sair daquela sala absurdamente barulhenta com todas as minhas paranoias.


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