No momento que Marinette disse as palavras e se transformou, o mundo pareceu ter parado. Um brilho roxo envolveu o corpo da heroína, criando um novo traje, enquanto tudo estava em câmera lenta pra ela. Em seguida, Marinette conseguiu sentir o poder invadir cada parte do seu corpo, lhe causando inúmeras sensações ao mesmo tempo.

Se existia uma linha entre a vida e a morte, Marinette sentia-se como se estivesse caminhando exatamente no meio dela.

Segundos antes que Feather Moth conseguisse alcançá-la, seu corpo emitiu uma onda poderosa de energia lilás, o jogando para longe e sendo visível em toda a cidade de Paris.

— My lady! – Adrien levantou com dificuldade indo até ela.

— É muito poder! Não sei se aguento! – Marinette não podia ser claramente vista, seu corpo era basicamente feito de energia.

— Vai ficar tudo bem! – Adrien abraçou ela, fazendo com que o poder o invadisse também – Juntos nós podemos fazer qualquer coisa. – disse com dificuldade devido ao poder em suas veias.

— E o que fazemos agora? – a energia lilás estava rodeando a dupla, impedindo que qualquer um que tentasse, chegasse perto. – Temos o poder ilimitado em nossas mãos.

— Eu sei.

— Você... Quer trazer a sua mãe de volta? – Adrien permaneceu em silêncio, ainda abraçado nela.

O poder correndo na veia de ambos era muito e sabiam que precisavam retirar os Miraculous em breve. Não aguentariam por muito tempo.

— Eu quero, mas... Não é certo. Não assim. – sem dúvidas era uma escolha difícil. Adrien queria sua mãe de volta mais do que tudo, mas não era certo usar os Miraculous para seu desejo pessoal.

Além do mais, sabia que se sua mãe voltasse e visse o que Gabriel se tornou, não conseguiria nem olhar pra ele. Também sabia que Marinette e Mestre Fu estariam ali para ajudar ele a trazê-la e ele mesmo não desistiria dela.

— Vou desfazer as transformações, ok? – ele assentiu.

— Plagg, claws in! – o kwami negro caiu em suas mãos e logo os dois caíram de joelhos no chão com a respiração descompassada. Estavam completamente esgotados, como se o poder ilimitado tivesse sugado uma parte de si.

Marinette rapidamente entregou o anel a Adrien, que colocou no dedo mas não se transformou, permaneceu apenas com o Miraculous da cobra.

— Agora... Você não é mais Snake Noir.

— Verdade, agora sou Aspik! – ela riu quase sem forças.

— Da onde você tira esses nomes?

— NÃO! O que vocês fizeram? – Gabriel levantou com dificuldade. – Vocês tinham o poder... Adrien... Como pode? – a dupla levantou com dificuldade e virou na direção de Feather Moth.

— Você sabe que o que está fazendo não é certo, pai.

— Como não... Eu quero fazer algo bom, não entendem isso? – o desespero de Gabriel era claramente visível em sua voz.

— Acontece que os fins não justificam os meios! – Marinette falou, então Gabriel grunhiu de raiva e partiu para cima dela tão rápido que mal puderam raciocinar.

O vilão segurou Dragonbug pelo pescoço e se atirou da Torre junto com ela.

— Marinette! – ouviu Adrien gritar.

— Você tirou tudo de mim!

— Você... Quem... Fez Isso! – disse com dificuldade, tentando tirar as mãos dele do seu pescoço. Vendo que não teria sucesso, rapidamente pegou sua espada e ergueu – Climate! – Dragonbug usou seu poder especial de controlar o clima e fez com que o vento diminuísse a velocidade da queda.

Logo, sentiu algo pesar sobre seu corpo e notou que era Adrien nas costas do pai.

— Solta ela! – o loiro puxava os braços de Gabriel desesperadamente.

Marinette aproveitou o momento de distração e retirou o broche do pavão de Gabriel. Que arregalou os olhos e acabou soltando a heroína.

Os três aterrissaram no chão e Gabriel cambaleou para trás. Então, Aspik o empurrou para frente e correu para Dragonbug, pegando o ioiô na cintura dela e envolvendo seu pai nele.

— Vai mesmo ficar do lado dela, Adrien? Se ela gostasse de você, entregaria seu Miraculous e ajudaria a salvar sua mãe!

— Ela está ajudando a me salvar e a salvar o senhor de sucumbir com o poder. Você sabe que a mamãe não gostaria do que você se tornou. – deu um puxão no ioiô e Gabriel caiu no chão. – Está na hora de encarar os fatos, pai. Por mais que doa. – Adrien se aproximou dele e tirou seu Miraculous.

— Não... – Gabriel choramingou e os dois heróis encararam ele enquanto sua transformação se desfazia.

— Acabou. Aceite isso.

***

— Como ele está? – Marinette perguntou assim que Adrien saiu do quarto do seu pai.

— Está bem. Mestre Fu está fazendo um chá que vai fazer ele esquecer que foi portador de um Miraculous, bom, no caso dois. Receita que ele encontrou no enquanto decifrava o livro, algo assim.

— E você, como está? – segurou o ombro do loiro e o trouxe para si.

— Contando tudo que enfrentamos, estou bem. Mas completamente exausto.

— Eu também. Praticamente usamos quatro Miraculous ao mesmo tempo, incluindo o da Ladybug e do Chat Noir. Os mais poderosos.

— Você contou ao Mestre? – ela negou.

— Ainda não. Só passei em casa para tomar um banho e vim direto para cá. Inclusive ainda estou com os nossos Miraculous secundários. Os da equipe eu deixei com eles, busco depois.

— Tem certeza? Sei que a Alya e o Nino são confiáveis, mas a Chloé...

— Ela tem se tornado uma pessoa melhor, então eu acho que posso confiar nela. – disse pois tinha refletido sobre, antes de deixar o Miraculous com ela.

— Adrien! – Nathalie saiu do quarto e cumprimentou rapidamente Marinette com a cabeça – Posso falar com você?

— É claro.

— Me acompanha ao escritório do seu pai?

— Sim. Já volto, tá? – o loiro deu um beijo rápido em Marinette e saiu acompanhando a mulher.

Os dois adentraram o escritório de Gabriel e Nathalie fechou a porta, o assunto que precisava falar com o garoto era bem particular e sério.

— Eu sempre soube que seu pai era o Hawk Moth. – disse ainda de costas e logo virou na direção dele – Quando ele me contratou, pediu que eu fosse assessora dele mas principalmente que eu cuidasse de você. Com o tempo eu acabei me apaixonando e cegamente seguia suas ordens para trazer Emilie de volta. – Adrien escutava tudo com atenção, queria entender a visão de Nathalie – Houve um dia que eu resolvi confessar que o amava, por mais que soubesse que seria difícil a retribuição desse sentimento e ele me surpreendeu ao dizer que ficaria comigo.

— Foi quando ele parou de ser o Hawk Moth? – ela assentiu – Mas se ele te amava, por que voltou a ser? – Nathalia encarou o loiro com os olhos marejados.

— Talvez ele realmente não me amasse. Mas eu não sou egoísta ao ponto de não entender que Emilie significa mais para a sua família do que eu, eu entendo isso. – Adrien foi até ela e a abraçou, fazendo Nathalia se surpreender no começo, no entanto retribuiu depois.

— Minha mãe é muito importante para mim, mas enquanto ela não estava aqui, você me cuidou como uma mãe de verdade. Vocês duas significam muito para a nossa família. – a mulher sorriu – Sinto muito de meu pai não veja isso, mas eu vejo.

— Obrigada, Adrien. – desfizeram o abraço – E tem mais uma coisa que eu preciso te contar. O seu pai guardou isso à sete chaves, até mesmo de mim e eu só descobri por acaso recentemente. No entanto eu sinto que você deve saber, afinal, ele provavelmente não vai se lembrar depois.

— O que é?

— Me acompanhe por favor. – Nathalie apertou os botões do quadro que exibia a passagem para o esconderijo de Hawk Moth.

— Eu já fui no esconderijo dele.

— Não é no dele que estamos indo.

***

Marinette encarava Mestre Fu, se perguntando se diria a verdade de ter usado um quantidade perigosa de Miraculous.

— Marinette? O que você queria me contar? – o idoso chamou atenção da garota – Se for sobre ter deixado os Miraculous com seus amigos, tudo bem, eu sei e não é nada demais. Sei que eles guardarão as joias até você busca-las.

— Sim, mas não é só isso.

— Então é sobre você ter usado o Miraculous da criação e da destruição ao mesmo tempo? – a garota arregalou os olhos levemente – Eu senti a onda de energia. A única coisa capaz de causa-la, seria o poder ilimitado das joias.

— Eu sinto muito, mas é que...

— Tudo bem. Só estou feliz que você tenha sobrevivido, tamanho poder é incrível mas imensamente perigoso.

— E na verdade, eu meio que usei mais de duas joias.

— Como assim? – foi a vez do Guardião se surpreender. – Usou o do dragão junto? – assentiu.

— E o da cobra. Adrien estava usando só esse e como eu não estava aguentando, ele me abraçou e acabamos dividindo o poder. – Fu levou a mão até a barba, pensativo.

— Isso não deveria ter acontecido. O único a receber o poder deveria ser quem está usando os Miraculous, no caso era você. Adrien não deveria ter resistido.

— Mas como conseguiu?

— Preciso estudar melhor isso, no entanto, minha teoria é que vocês têm uma ligação muito forte e por isso foram capazes de dividir o poder.

— É possível?

— Não achava que fosse, mas agora preciso rever certos conceitos.

***

Adrien olhava para o tubo aonde estava sua mãe deitada segurando um buquê de lírios. O garoto estava feliz por vê-la ali tão perto, mas não deixava de pensar o quão psicopata seu pai poderia ser para mantê-la naquele lugar, praticamente um altar de adoração.

— Ele se trancava algumas vezes e pedia para que eu não entrasse. Não sabia o porquê, já que eu sabia todos os procedimentos dele como Hawk Moth. – Nathalie explicava, atrás do loiro que encarava fixamente a sua mãe. – Acabei descobrindo essa entrada sem querer. Nunca falei disso com ele.

— Isso... Isso é... Eu... Eu nem sei o que pensar. – admitiu ainda em choque, colocando a mão sobre o vidro. – Eu realmente amo a minha mãe e tive a chance de trazê-la de volta, no entanto eu não o fiz por achar que estaria indo pelo mesmo caminho que o meu pai. Acha que eu estou certo? – encarou finalmente Nathalie, que se aproximou de si e colocou a mão no seu ombro.

— A coisa que eu mais eu admirava no seu pai é que ele fazia de tudo pelo amor que tem pela sua família. Mas depois eu percebi que isso não pode ser algo admirável, já que ele beneficia a sua família enquanto faz mal à outras. Você sabe que sua mãe não gostaria disso.

— Sim, eu sei. E mesmo que eu trouxesse ela de volta com o mesmo poder, não acho que ela gostaria de ver o que meu pai se tornou por ela.

— Então, o que pretende fazer agora? – questionou e Adrien suspirou depois de alguns segundos em silêncio.

— Tentar trazê-la de volta, mas do jeito certo.