Vossa majestade escrita por Hamona Wayne


Capítulo 2
Dois anos se passa como dois minutos




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Havia chegado bem cedo, não tinha quase ninguém. Peguei um compartimento vazio. Não estava nervosa nem com medo. Tinha curiosa. A porta foi aberta rapidamente por pessoas barulhentas.

— Oi – Falou uma ruiva da minha idade – Podemos ficar? – Assenti – Valeu.

  Ela e seus irmãos gêmeos entraram e se acomodaram. Pareciam ser pessoas normais. Pareciam.

— Não quer ficar com seu namoradinho? – Irritou um deles

— Cala boca! – Ordenou a menina – Não liga pra eles, são uns chatos!

— Ah, não faz assim, Gininha. – Brincou o outro

— Nós te amamos. – Completou o outro

  Não consegui evitar minha risada, eles eram muito engraçados.

— Sou George Weasley, o mais bonitão.

— Que nada, eu que sou. Fred Weasley.

— Astória Greengrass. – Seus sorrisos desapareceram – Que foi?

— Nada. – Mentiram

— São péssimos mentirosos.

— O seu sobrenome.

— Não está nos Vinte e oito Sagrados?

— O de vocês também e não ‘tô falando nada.

  Coraram violentamente.

— Essa é das minhas. – Comemorou Gina

  A conversa foi fluindo num ritmo engraçado. Amei ver as palhaçadas dos gêmeos, mais hilários que eles, só mamãe caindo de cara no chão por acidente. Saí para me trocar de última hora e fui correndo para o compartimento. Caí no chão ao esbarrar em alguém.

— Me desculpa. – Pedi

— Tudo bem, seus olhos estavam cobertos por uma lã grossa de almas amarelas.

  Era uma menina loirinha e um pouco mais baixa do que eu. Seus olhos eram azuis e usava uma coroa de papelão pintada de amarelo. Algumas de suas coisas estavam para fora do malão, devia está procurando algo ou era bagunceira como eu.

— Gostei da coroa. – Elogiei – É por que é uma rainha?

— Não é uma coroa, é uma cerca de proteção.

— O...K. Sou Astória Greengrass.

— Luna Lovegood. Estou procurando meus sapatos de mel.

— Sapatos de mel?

— Sim, ele deixa o gramado bonito.

  Só para adiantar, os sapatos de mel eram botas velhas da mãe falecida dela, que sujam todo lugar.

— Por isso seu malão está assim?

— Não, porque eles pegaram meus sapatos de mel.

  Luna apontou para alguns sonserinos risonhos, que entravam no compartimento.

— Que maldade! Espera um pouco que eu vou pegar.

— Não precisa, tudo que vai, volta.

— É, tomara que eu consiga desviar da surra deles, porque eu vou fazer barraco!

  Pelo visto, Luna não era uma pessoa de muita agressão. Mesmo assim, não me importei. Só que eu tinha um plano. Como uma garota educada, bati na porta e só entrei quando permitiram. Lá estavam um grupo do segundo ano, que já conhecia de vista: Goyle, Zabine, Crabbe, Parkinson e Draco – vão ser bem importantes no decorrer da história. Coloquei minhas mãos para trás e usei minha voz de mocinha.

— Com licença, é que minha colega disse que vocês pegaram os sapatos dela e ela gostaria de ter de volta.

— Quem é você, gracinha? – Perguntou o nojento do Zabine – Acho que já te vi em algum lugar, só não me lembro.

— Greengrass.

— Ah, sim – Recordou Parkinson – A esquisita.

— Ela não parece tão esquisita. – Comentou Crabbe, sorrindo

  É, eles ficaram falando de mim como se eu não estivesse ali. Olhei para Draco, que fazia o máximo para me ignorar.

— Por favor? – Insisti

— O que a gente ganha com isso? – Quis saber Goyle

  Eles falam e pensam quando o assunto é negociar. Para alguma coisa, eles tinham que servir.

— Meu agradecimento e – começaram a rir – uma aliança.

— Aliança? – Draco agora se interessou debochado  – Conheço muito bem a sua família, não queremos esse tipo de aliança maldita.

— Até porque, a aliança que você quis me dá, eu não aceitei, não é?

  Depois daquele dia que nos conhecemos, fui crescendo e aprendendo como funciona o sistema da nossa família. O que devia acontecer era Draco gostar de mim e casarmos, e como sempre, estraguei tudo. Nunca foi confirmado, mas por que a família dele viria e me forçaria a passar um tempo com ele se não fosse isso? Draco fez uma cara de nojo e voltou a me ignorar.

— Jogamos fora. – Declarou Parkinson, querendo se livrar de mim

— O quê?

— Aquela coisa horrorosa? Jogamos fora há quilômetros daqui. Pode ir atrás, se quiser. Aproveite e não volte nunca mais.

— Ah, não faz assim, Parsy – Reclamou Zabine – Ela é tão-

— Tudo bem, obrigada por fazerem eu perder meu tempo. Por um minuto, achei que fossem essas que você ‘tá usando. São tudo o que você disse, horrorosas. Mas já que se livraram delas... Adeus.

  Saí sem obter respostas. A pobre da Luna ficou esperando todo esse tempo no lado de fora, com medo de que eu me machucasse.

— Seus sapatos de mel vão voltar, Luna. Espere só um... Dois... Três.

  Bastou a porta se abrir, que eu joguei spray de pimenta para trouxas na Parkinson. Segundo meus planos, ela sairia irritada com o que eu disse e me daria uma lição por isso. Só que não foi de acordo com meus planos. Draco que tinha saído e com os sapatos de mel.

— Ai meu Merlin!

  Me aproximei dele, que estava se contorcendo no chão.

— Me desculpa, Draco! Me desculpa! Eu não queria!

  Não me envergonho de ter jogado spray nele, me envergonho de ter fugido com Luna sem ao menos entregar o antidoto. O Expresso de Hogwarts havia parado, descemos e corremos para o primeiro barquinho que vimos. Gina sentou com a gente e ria sem parar da história. Aparentemente, ela não se dava muito bem com ele e sua família.

— Greengras, Astória.

  Ver toda aquela gente me fez ter medo? Não. Nem todos conheciam a minha família e os que conheciam, sabiam para onde eu iria.

— Bem audaciosa – Comentou o Chapéu Seletor – Um tanto atrevida, não fica quieta. Vejo traços que combinaria com a Grifinória – Primeiro motivo de ser zoada na escola – Ou será que isso é o que você quer mostrar aos outros? Que é forte? – Ótimo, aula de filosofia – Uma menina como você sabe bem como usar suas qualidades. Vejo um grande potencial em você. Sim, está tudo claro. SONSERINA!

  Não falei? O chato é que nenhuma das minhas novas amigas foram comigo. Estava sozinha, com metade da mesa me olhando feio por causa do lance de Draco e de quase ir para Grifinória. Falando nele, nem pensou em me oferecer um lugar. Um da minha turma que me ajudou.

— Francis Bulstrode. – Se apresentou

  Lindo, não é? Ele não é tão importante agora. Ainda estava sozinha, poucas pessoas lembravam da minha existência e menos fazia questão de recordar meu nome. Tirando ele.

— Alunos do primeiro ano, saudações – Desejou o monitor-chefe, no salão comunal – Eu sou Jeff Viquen, monitor-chefe de vocês e de quem estiver abaixo de mim.

— E eu sou Katherine Belikov, monitora não-chefe. Pois é, alguns não chegam lá – Rimos – Antes de manda-los aos seus quartos, temos a tradição de presenteá-los com essas belezinhas – Mostrou uma caixa cheia de correntinhas prateadas com uma cobra verde de pingente – Lindos, não é? Quem seria o primeiro ousado?

— Ou ousada?

  Passei na frente dos meus colegas e todos olharam para mim.

— Me diga seu nome, meu bem. – Pediu o jovem Viquen

— Astória Greengrass.

— Gostei dela – Admitiu Kat – Venha, eu mesma vou colocar.

  Afastei meu cabelo e Kat amarrou a correntinha. Todos bateram palmas e fiz uma reverência com o vestido. Sei, um pouco ridículo.

— Bonito. – Elogiou Luna, na primeira aula – Na minha casa, todos assinam algo em um pergaminho com seu nome.

— E o que escreveram no seu?

— Di-Lua.

— Na minha casa, só bebemos cerveja amanteigada mesmo – Contou Gina, andando sob as arquibancadas – Meus irmãos sabem fazer A festa. Quantos anos sua irmã tem mesmo?

— Nove. Vai fazer dez em abril. Gina, sentiu muito falta dos seus irmãos, quando vieram pra cá?

— Um pouco. Acho que foi mais inveja mesmo, sempre pensei como seria esse lugar. Saudades da sua irmã?

— Tenho medo que ela se se sinta muito sozinha. Mando cartas todos os dias, mesmo assim...

— Não é a mesma coisa, entendo. Ano passado, foi o maior tédio. Mesmo Rony sendo um chato, brincava comigo. Mamãe sempre está arrumando, ou cozinhando, ou Ai!

  Gina escorregou e caiu de bunda. Rimos como loucas.

— Doeu muito?

  Estendi a mão e Gina me puxou para que eu também caísse.

— Ei! Isso não foi legal!

— Foi sim!

— Gente! – Luna correu até nos alcançar – Souberam da última? As galinhas foram mortas! Mortas!

— Pelas barbas de Merlin, que as matou?

— Que diferença faz? Não é problema nosso! – Afirmou Gina – Vou ao meu quarto, até.

— O que ela tem? – Perguntou Luna preocupada, quando vimos Gina escrevendo em um livro, na biblioteca

— Não sei. Deve estar com medo com os nascidos-trouxas sendo atacados.

— Pensei que os grifinórios não tivessem medo.

— Todos têm medo, Lu. Mas poucos tem coragem de enfrentar.

— Eu não enfrento, de jeito nenhum. – Revelou Neville, no jantar – Só de pensar nele.

— Do que tem dentro da Câmara secreta?

— Também. – Abaixou a cabeça – Acham que o prof. Snape abriu?

— Não seja mais ridículo do que já é, Longbotton – Draco, junto de seus amiguinhos, se aproximaram – Como um grande corajoso que é, por que não entra lá e fica pra sempre?

— Seria um desperdício de sangue a menos. – Zombou Zabine

— Entrem lá, então – Respondi – São um desperdício de sangue, cérebro e espaço.

  Os próximos riram. Parkinson me puxou pelo braço.

— Olha como fala com a gente, esquisita!

— Repete isso outra vez e deixa que minha mão te responde!

— Parkinson? – Indagou Snape

— Professor? – Ela me largou – Greengrass não está na nossa mesa!

— Nem você!

— Quietas! As duas, para seus quartos! Menos cinco pontos à Corvinal por um aluno não sentar em sua mesa. Algum problema, Longbotton?

  Neville abaixou a cabeça, morrendo de medo. Nos encaramos por alguns minutos até obedecermos. Mas não fui para meu quarto, as meninas não gostavam tanto de mim. Me sentei na janela e abri a última carta de Daphne.

“Ast,

  Estou morrendo de saudades, não sei se aguento ficar aqui sem você. É tão silencioso, Maurice não quer brincar comigo. Sei que nunca vai esquecer de mim, por favor, não esqueça.

  Te amo muito, mana. Voltaaaa!

P.S: Papai quebrou a coluna e não me deixam visita-lo. Maurice diz que é perigoso. O que isso quer dizer?

Com muito, muito, muito amor

Daphne Irmãzinha do Seu Coração Greengrass”.

  Lágrimas escorriam pelos meus olhos, deixar Daphne foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda minha vida.

— Não devia deixar ela te machucar tanto assim.

  Draco sentou na minha frente.

— Até parece que aquela sonsa me afeta em alguma coisa.

— E quem te fez chorar? Snape?

— Não! Só... Não devia estar ocupado aterrorizando criancinhas?

— Crabbe e Goyle estão queimando elas no caldeirão – Não evitei rir – O que foi?

— Acho que não vai entender.

— Tenta.

— Já sentiu estar abandonando alguém? – Ficou calado – Esquece.

  Me levantei para ir no quarto.

— Eu não respondi!

— Não me leve a mal, Draco, mas sua vida perfeitinha me irrita.

  O que em base é verdade. Naquele tempo, Draco não tinha do que se queixar. Família que o ama, futuro já planejado, o que mais podia pedir? Tudo bem que metade da família dele foi presa, mas isso só são meros detalhes.

  A chegada do natal não estava tão feliz como de costume. A não ser por mim, claro.

— Precisa mesmo ir? – Questionou Gina

— Só é uma semana e trocaremos cartas. Além do mais, você também vai pra casa.

— Eu sei – Entramos no compartimento – Só acho que vamos perder algo importante se formos.

— Mais importante que minha irmã? Duvido.

— Sempre quis ter uma irmã – Comentou Luna, olhando a neve cair – Uma bem pequeninha. Seria interessante.

— Não suportaria ter uma irmã, garotas são muito chatas. – Reclamou Gina

— Que nem você? – Irritou George Weasley

— Saiam daqui!

  A ida foi bem divertida, baseada em Gina gritando com os irmãos, Ronald Weasley reclamando e eu e Luna rindo.

— Ast, você vai visitar? – Perguntou Luna

— Talvez. Vou ver se encontro uma lareira que não seja sempre observada.

— Sabe que vai se fazer cinquenta e dois anos? Papai fica um pouco sensível nesses dias. Seu avô vai?

— Talvez. Se for, ficará distante de todos. Ele não é muito de conversar.

— Bem que podia ser como esses dois. – Imaginou Gina – O que vão fazer nas férias?

— Procurar peixinhos no céu.

  O trem parou, seu Weasley foi o primeiro a descer. Me despedi das meninas e procurei o auror que me levaria.

— Procurando alguém?

— Ah, oi, Draco. Vejo que não está com seus amigos.

— E nem você com os seus. – Segurou meu pingente – Sabia que gostei quando se apresentou para colocar a corrente.

— Imagino que tenha feito o mesmo.

— É evidente – Lucio, junto de sua esposa, se aproximaram – Meu filho, um rei, deve ser o primeiro. Fiquei surpreso quando foi para Sonserina. Com essa... Personalidade, achei que iria-

— À Grifinória? Não, obrigada. Dispenso.

  Não, não penso assim da sua casa. Apenas quis evitar um conflito. Os pais dele pareceram gostar do meu argumento.

— Vejo que aprendeu muito desde nosso último encontro – Observou a mãe dele – Seus pais progridem muito...

— Astória!

  Podia ser Luna, podia ser Gina, ou Neville. Podia ser até o próprio Dumbledore, só não pensei que seria ela.

— Daph? – Comecei a correr ao avistá-la – Daphne!

  A abracei com toda força que pude, como senti saudades.

— Mesmo? – Indagou Daph – Por um minuto, achei que tinha me esquecido.

— Jamais. Ninguém substitui o lugar da minha maninha! – Dei vários beijos no seu rostinho fofo – Pelas barbas de Merlin, como está grande!

— Acha mesmo?

— Claro. Andou comendo direito? Está mais magrinha.

— Que nada.

— Está sim, quando chegarmos na mansão, vou fazer um brigadeirão.

— Jura juradinho?

— Juro juradinho. – Dei mais um beijo nela – Como chegou aqui? Quem te trouxe?

  Ela indicou com a cabeça para os Malfoy, que nos olhava.

— Ah, desculpe – Pedi, um tanto constrangida – Foi a emoção, eu... Obrigada! Estava com tanta saudade dela.

— Sei como é, também sinto da minha.

  Eu só não sabia que ela falava da irmã renegada. Chamaram dois táxis, um para os adultos e outro para nós. Normalmente, Draco ficaria chateado por não falar em nenhum instante. Entretanto, parecia satisfeito com nossa conversa.

— E esse Snape é tão assustador? – Perguntou ela

  Não, ‘magina.

— Um pouco – respondi – mas não precisa demonstrar. O lance é não se deixar abater. E ele persegue muito os grifinórios. Coitado do meu amigo Neville, Snape não pega nem um pouco leve com ele.

  Draco soltou uma risadinha, e como minha irmã é travessa.

— E ninguém faz nada?

— Digamos que Snape não é muito fácil de se lidar.

— Que nem seu namorado, ele que sugeriu que eu viesse.

  Draco a olhou como se tivesse ouvido a sentença de morte. Abri um largo sorriso.

— Você sugeriu, pitelzinho?

— Ah, bom... – Ficou vermelho e encarou a janela – Eu...

  Dei um beijo na bochecha dele.

— Obrigada.

  Daphne prendeu o risinho.

— Ast, canta pra mim?

— Qual música?

— Aquela que você canta quando estamos na cadeira de balanço.

  Sorri outra vez, aquela garota não presta (Autora: Você, de Tim Grande Maia). Foi num tom bem baixo e leve, no início. Daphne apoiava a cabeça no meu ombro, mexia em seu cabelo liso. Olhei para Draco, ele olhou para mim. Chegou no refrão e aumentei um pouco minha voz, meu coração batia um pouco mais acelerado.

  O táxi parou, mas o nosso ritmo ainda não.

— Olá? – Chamou Daphne – Gente?

  Piscamos os olhos e saímos do táxi. Entramos na mansão e sentamos na sala de estar. Maurice nos serviu xícaras de chá.

— Muito obrigada. – Agradeci – Daph.

— Obrigada, Maurice.

— Por que desperdiçam a educação com um ser assim? – Quis saber Narcisa

— Para ter respeito, precisa respeitar o próximo.

— Bobagem – Disse Lucio – Para ter respeito, precisa pôr medo.

— As pessoas enfrentam o medo.

— Os fracos não.

— Os fracos se fortalecem.

— Os fraco nunca deixaram de ser fracos! – Nos assustamos com seu tom – Perdão. Com licença, falarei com seus pais.

— Sr. Malfoy, pode entregar isso?

  Daphne deu uma cartinha rosa cheio de brilho.

— O que é isso?

— Uma cartinha. Soube que quebrou a coluna, quero que ele melhore. Talvez ajude.

— Com a coluna?

— Com o coração.

— Ah... Bom... Com licença.

— Nós teremos que ir. – Avisou Narcisa

— Mas já? – Indaguei

— Sim, já – Confirmou ela – Viemos deixa-la e aqui está. Tenham um bom natal.

— Para a senhora e sua família também.

  Troquei um breve olhar com Draco antes de ser levado.

— Acha que papai leu minha cartinha? – Quis saber Daphne, deitada na neve de onde fica meu balanço

— O que dizia? – Perguntei, sentada no balanço

— Que amamos muito ele e queremos que se recupere para brincar com a gente.

— Daph, papai nunca vai brincar com a gente.

— Nunca diga nunca.

— Não acha estranho?

— O quê?

— Papai ter quebrado a coluna. Ele podia fazer uma operação e estaria novinho em folha.

— Talvez tenha sido muito grave.

— Como foi isso, Daph?

— Não sei. Só sei que ouvi um barulho estranho de noite e de manhã, Maurice disse que papai sofreu um acidente e que está se recuperando.

— Será que foi atacado?

— Por quem? Ninguém vem aqui tão tarde, Ast.

— Ninguém que a gente conheça. Cai entre nós, Daph, sempre entrou gente muito esquisita aqui.

— Fazer o quê?

— Biscoitos prontinhos! – Anunciou Maurice, da cozinha – Madames!

  O natal deve ser em família, com muita gente. Para nós, não importa. Montamos uma pequena árvore – tiramos do quintal – enchemos de enfeites e fizemos um presente manual uma para outra.

— Um álbum de figurinhas? – Indagou Daph, abrindo seu presente na manhã seguinte

— Se for no Beco diagonal, pode trocar por uma vassoura bem legal.

  Me abraçou com força. Abri o meu, um porta-retrato com nossa foto, no meu aniversário anterior.

— Amei, Daph!

  Ganhei um anel de ferro azul de Luna, um suéter da sra. Weasley e um disco – será importante, não esqueça – de Neville. Dei novas sapatilhas à Luna, luvas de jogo à Gina e camisa bem legal a Neville.

— Onde estamos, Ast? – Quis saber Daphne, segurando minha mão

— Indo ver a vovó Dory.

  Em um cemitério bruxo, o túmulo da vovó Dory havia diversas rosas e alguns camaleões passando por cima, vai entender. Deixei um buquê de flores rosas no tumulo e ficamos caladas por um instante.

— Aqui está nossa avó, Daph. Ela se matou nesse dia, com uma varinha apontada no pescoço.

— Quem se mata é fraco, Ast?

— Não. É aquele que lutou bravamente e soube seus limites.

— Sábias palavras – Elogiou Luna, ao meu lado

— Oi, Lu. Cadê seu pai?

— Veio de manhãzinha e voltou, ele não gosta quando o vê triste. Essa deve ser sua irmã.

— Daphne.

— Luna. Um prazer, prima.

    Ir embora da mansão não foi tão triste como pensei. Estudar foi. Revisava para os exames do final do ano, no salão comunal. Estava vazio, ou seja, perfeito. Com as pessoas sendo petrificadas, era mais difícil de fazer amigos, acreditavam que todos os sonserinos eram maus e ruins. Sem contar que tínhamos que seguir os professores para cima e para baixo. Draco entrou acompanhado dos dois brutamontes, Crabbe e Goyle.  

— Pode nos dar licença? – Perguntou o loiro educadamente – Temos assuntos importantes a tratar.

— Então vai pro seu quarto. – Sugeri

— Acho que não entendeu, eu dei uma ordem.

— E eu, uma solução. Tchau, Draco.

— Fique, então. E que dessa vez, calada.

  Pouco me importei com assuntos dele e dos amigos, só estranhei o comportamento dos idiotas. Estavam calados demais, prestavam atenção em cada palavra que soltava da boca do Malfoy. Dez minutos depois, os dois saíram correndo como loucos.

— O que eles têm? – Quis saber

— São idiotas, quem se importa?

— Que ótimo amigo, você é.

— Não preciso de amigos – ficou de frente para mim – preciso de aliados.

— Não importa se tiver o próprio Salazar ao seu lado, se não tiver amigos, não terá nada.

  Aquilo deve ter mexido muito com ele, passou maior parte do tempo me evitando. Acredito que agia assim porque eu era a única que lhe mostrava a verdade. Infelizmente, não era uma coisa boa, ninguém falava comigo.

  Nem com minhas novas colegas de quarto, as Carrow, socializei. De certo modo foi bom. Eu, Luna e Gina nos tornamos grandes amigas, sempre falando tudo e de todos. Pena que nem todos concordavam com a nossa amizade.

— O que seu irmão tem, Gina? – Perguntei, quando estávamos indo para cozinha e ele se recusou a ir, fazendo uma cara esquisita

— Deve... ‘tá preocupado... Viu Sirius Black. Sabe...

  Estava tão envergonhada que nem sabia onde enfiar a cara. Eu sabia que ele não gostava de mim por se eu. De amizade mesmo, só fui ter Luna, Gina e Neville – naqueles dias. As outras pessoas achavam que eu era preconceituosa e ruim, e os verdadeiros preconceituosos me achavam mole. Só tinha eles, e mal sabia que também iria perde-los.

— Todo mundo deve me odiar por ter perdido a senhas. – Lamentou-se Neville, ao nosso lado

— Não dá pra odiar alguém quando não é notado. – Olhei feio para Gina – Digo... Você não fez de propósito.

— Ast – Luna me entregou um livro – Aqui está.

— Obrigada, Lu.

— O que é? – Questionou Gina

— A Alma das poções – Respondi – Mesmo que eu seja da Sonserina, nada impede que eu possa repetir.

  Não era A alma das poções, Luna me entregou a Alma das paixões. Um romance meloso e dramático, com personagens sentimentais e uma história impactante. Tudo o que eu detesto. Porém, eu me apaixonei. Fiquei completamente viciada naquele livro e o devorei em poucos dias.

— Não sabia que gostava de romances.

  Então um novo ser entrou na minha vida. Eu lia normalmente no jardim.

— Como vai, Colin? E obrigada por perceber.

— B-Bem. Você... Sabe meu nome?

— Claro, Colin Creevey. Como poderia me esquecer? Você foi petrificado.

— Ah, claro. Isso.

— E também é um dos melhores alunos em poções.

— Gostaria que o prof. Snape pensasse assim também.

— Não tente impressionar Snape, tente se impressionar.

— Você é tão inteligente. P-Posso tirar uma foto sua? – Arregalei os olhos um pouco surpresa – É para o anuário q-que planejo fazer. Um caderno com-

— Sei o que é. E pode tirar foto sim.

— Mesmo? – Assenti – Que legal!

  Coloquei uma perna em cima da outra, deixei mechas do cabelo na frente dos ombros e dei um leve sorriso. Ele preparou a câmera e tirou a foto.

— Lindíssima!

— Você acha?

— S-Se eu acho? Tenho certeza! V-Você é maravilhosa.

— Obrigada, Colin.

  Lhe dei um beijo na bochecha, ficou todo vermelho.

— Ele está caidinho por você. – Avisou Gina, no banheiro – Pensa, por que ele ficaria todo tímido quando te ver?

— Nossa, parece que Colin é você em versão masculina. – Brincou Luna

— Ei!

  Morremos de rir.

— Vão por mim, Colin é só um amiguinho fofinho.

  Esse amiguinho fofinho passou a me dá dezenas de chocolates e querer tirar fotos minhas a todo momento. O desgraçado me fez gostar dele. E chorar por ele.

— Bem que você disse que ela é bonita. – Disse Dênis, seu irmão menor

  Colin ficou totalmente sem graça.

— Muita gentileza da sua parte.

  Tão pequenino e fofito. Não mereceu o destino que lhe foi dado. Alguns idiotas começaram a mexer com eles, incluindo meu idiota. Sei que fazia isso só para chamar atenção.

— Garotos são estranhos, Astória – Comentou Luna – Eles acham que as garotas vão gostar mais deles se fizerem idiotices do que nos tratar com carinho. Olha lá!

  Zabine levantava a câmera e seus amigos riam do pequeno Dênis tentando alcançar.

— Ast, espera – Luna segurou meu punho – Eles são mais que você.

— Não são não. – Cheguei perto deles – Devolve, Zabine!

— E o que eu ganho com isso?

— Que tal não ganhar um murro na cara?

— Querida, você mais late do que morde! – Zombou Parsy

— A cachorra aqui é você!

— Vamos embora, Ast. – Chamou o pequeninho envergonhado

— É, vai embora, esquisita!

— Ainda não, devolve, Zabine!

— Falou – Jogou para Dênis, que pegou de mau jeito – Agora falta meu beijinho.

— Vai se danar!

— Você não vai a lugar nenhum – Agarrou meus braços, com um sorriso sínico – Só um beijinho, vai!

— Me larga, idiota!

  Os outros pararam de rir, mas nada fizeram. Blásio me apertou com mais força e engrossou um pouco a voz.

— Só um beijinho, um beijinho!

— Me solta! Para! Para! – Minha voz começou a falhar – Está me machucando! Para, por favor! Para! Me deixa em paz!

— Ela disse não! – Draco ficou entre a gente e o empurrou, finalmente – Não, Blásio!

— Qual é, cara. Só um beijo.

— Não! – O puxou pela camisa – E não se atreva mexer com ela, entendeu?

— Relaxa, só uma garota.

— Garotas são gente, babaca! Ninguém mexe com ela! – Se virou para mim – Machucaram você? – Neguei com a cabeça – Tem certeza? Está bem?

— Astória! – Gina vinha correndo com Luna, Neville, Colin e o irmão monitor dela – Dênis veio correndo, dizendo que estava em apuros. Qual desses babacas tentou te agarrar?

— Nos chamou de quê? – Interrogou Crabbe

— Quietos! – Mandou o irmão dela – Você está bem? Te fizeram alguma coisa?

  Não sei o que deu em mim, morria de vergonha. Meus olhos ficaram embaçados, pois lágrimas surgiam. Dei um pequeno soluço e corri para longe dali.

— Astória!

  Eu não estava sozinha, eu tinha eles. Meus amigos. Não olhava por onde ia, saí da escola.

— AAAAAAAHHHHHHH!

  Um dementador passava por lá. Sorte que Neville me puxou para dentro, não sei o que poderia ter acontecido comigo.

— Sua burra! – Gina me abraçou com força – Quer me matar do coração? – Senti suas lágrimas em meu ombro – Quase te perdi.

  Luna e Neville se juntaram ao nosso abraço grupal. Deitadas no chão da sala de astrologia – que, por algum motivo, sempre está aberta – vendo aquele lindo céu estrelado, nós quatro conversávamos.

— Não acredito que o Malfoy te salvou. – Disse Neville – Ele sempre é um mala comigo.

— Por algum motivo, acredita que esconder o melhor de si é melhor – Expliquei – Vai entender.

— Não acho que fez isso por bondade – Desconcordou Gina – E se estiver interessado no que Zabine quis e só quer fazer de um jeito mais sutil.

— Bobagem, ele gosta dela. – Opinou Luna

— Eca! – Exclamou Neville – Não que você não seja, só... Merece coisa melhor.

— Bem melhor – Completou Gina – Ah, por que estamos falando disso? Temos doze entre treze anos, poxa! Não temos nada que pensar em namoro, precisamos é estudar e ganhar dinheiro!

— Já tenho.

— Já tenho.

— Já tenho.

— Ah, vão se foder.

— Gina disse um palavrão. – Falou Luna rindo

— Isso é tão... Minha avó. – Comentou Neville – Só falta o cachimbo.

— Sua avó fuma?

— Como chaminé.

— Que horror! – Bradou Gina

— É, mas ela diz que é medicinal.

— Neville, não existe cachimbo medicinal.

— Não? Caraca, minha vida foi uma mentira.

— Existe sim. – Afirmou Luna – E os cachimbos de chocolate? – Rimos – Ast.

— Oi?

— Canta pra gente?

— Melhor não.

— Canta! Canta! Canta!

— ‘tá bom!

— Aeeee!

(Autora: You Belong With Me, da Taytay queen). Luna levantou e puxou Neville, os dois começaram a dançar de um jeito bem engraçado. Gina batia nas pernas no ritmo da música, me levantei para dançar também e girar meu lindo vestido.

— Amigos pra sempre? – Perguntou Neville, estendendo o braço no meio

— Amigos pra sempre!

  Colocamos uma mão em cima da outra e a levantamos no ar. Tudo às mil maravilhas. Já Sonserina passou a me notar mais e me detestar também. Sentar com eles era como me juntar a um quarto cheio de bombas prestes a explodir.

— Sabe que pode sentar com a gente, né? – Propôs Colin

— Snape fez questão de me deixar na minha mesa.

  É, ele não é legal com todo mundo. Ficava sem falar quase o tempo todo, muito chato.

— Ninguém mandou ir pra perto deles. – Resmungou Weasley, nas arquibancadas sem dementadores

— Não odeio minha Casa, odeio os babacas que estão nela. Tem muita gente legal lá. Só não conheci ainda.

— O prof. Snape é legal – Informou Luna e todos olhamos surpresos para ela – Quê?

— Talvez lá no fundo do fundo do fundo mais profundo de toda amargura, ele seja alguém que não seja possível odiar tanto. – Falou Gina

— Dizem que ele gosta dos sonserinos – Comentei – Pura mentira, ele me detesta. Só não demonstra na frente de vocês.

— Snape odiando um sonserino? – Indagou George Weasley

— Parece falso, George. – Observou Fred Weasley

— Quem dera se fosse.

— Onde estavam? – Quis saber Rony Weasley

— Fomos fazer uma visitinha no loiro oxigenado.

— Draco?! – Questionei

— É, o idiota foi atacado por um hipogrifo. Daria mil galeões para ver.

— Eu vi tudinho bem de perto. – Contou R. Weasley – Foi o melhor dia da minha vida!

— Licença.

  Rumei direto a Ala hospitalar, precisava saber como estava

— Pitelzinho?

  Aos beijos com Parsy. Normalmente, uma garota choraria, faria um escândalo, sairia correndo. Eu não sou qualquer garota.

— A-Astória?

  Como se tivesse visto infere, ficou mais pálido que o normal. Irritada, Parsy me fuzilou com o olhar.

— O que você quer, esquisita?

— Nada que seja da sua conta. Só vim ver se ele estava bem e como está, não é? Até, casal.

— Astória.

— Sim?

— Você... Você já vai? É que eu não te esperava e-

— Draco, filho! – Narcisa veio correndo abraça-lo – Querido, que susto você me deu!

— Nunca mais faça isso, está bem? – Brigou seu pai, muito preocupado

  Um monstro verde surgiu em mim, a inveja. Ter aquele amor para si, algo tão... Especial e importante na vida de alguém.

— É difícil, não é? – Provocou Parsy, no meu ouvido – Não ser amada. Vai se acostumando, aquele teatrinho não é nada. Vai por mim, ele não quer você.

  Não foi o fato de ele não me querer, foi que eu nunca ia sentir aquilo. Aquele amor, amor de mãe e de pai. Por isso sempre cuidei de Daphne, para que meu amor a cercasse a ponto de não notar a falta dos outros tipos. Bem de manhãzinha, ainda de roube, desci para visita-lo. Dormia tranquilamente, um anjo. Desci meu dedo indicador da sua testa aos seus lábios quase sem cor. Ele piscou os olhos algumas vezes e sorriu ao me ver.

— Já disse que parece uma rainha? – Dei um leve sorriso e me levantei – Aonde vai?

— Cuidar da minha realeza.

— Já? E-E se eu precisar de alguma coisa?

— Pede a Parkinson, rainhas não tratam pessoas como você.

  Ele não ficou irritado, sorriu. Aquele lindo sorriso que faz a calcinha molhar.

  Em algumas noites depois, já era tarde, umas dez horas. Meus olhos estavam loucos para se fechar, mas meu coração lutava bravamente contra meu cansaço. Reginald pensava, em seu quarto, se iria se encontrar com sua amada, ao menos uma vez.

— Esse é meu lugar! – Avisou Draco, com o braço enfaixado

— Não sabia que tinha seu nome.

  A história estava tão boa que nem o próprio Dumbledore me impediria de terminar.

— Eu quero sentar!

— Senta no chão!

— Eu-

— A poltrona é bem grande, por que não divide comigo e para de encher meu saco, antes que eu quebre seu outro braço?

  Pouco me importei o que iria fazer. Se sentou no braço da poltrona, leu alguns versos do livro comigo.

— É com isso que perde tempo?

— Se se refere a você, sim. Agora, quieto, por favor! Pessoas educadas devem ter modos, pitelzinho.

  Ele deu um leve riso e continuou a ler comigo. Aos poucos, Draco já estava colado em mim. Não sabia se dava atenção ao livro ou a ele. Tão perto. Senti um peso no meu ombro, Draco dormia. Não evitei sorrir, senti vontade de lhe fazer cafuné. Aquele lindo cabelo platinado cheio de creme estava pronto para ser tocado. Não sei por quanto tempo o observei, só saí de transe com a chegada do prof. Snape.

— O que os dois fazem aqui? – Indagou ele – Já para cama! Tem um assassino a solta!

  Draco acordou de um jeito muito fofo e foi o primeiro a se levantar. Pediu desculpas a Snape e subiu para seu quarto sem nem me olhar.

— Perdeu algo, Greengrass?

— Srta. Greengrass? – Chamou Lupin, em sua aula – Está prestando atenção?

— Sim, senhor.

— Saberia me dizer como identificar um alimento envenenado?

— Professor, isso não cairia em poções?

— Sim. Mas temo que o prof. Snape faça aprender lhe dando uma maçã envenenada – Todos riram – Sabe a resposta?

— Olhando a semente é um bom jeito. Se colocá-la na água e boiar, está envenenada.

— Boa resposta, cinco pontos à Sonserina. A comida envenenada já foi muito usada para matar inimigos...

— Sei que Lockhart era bonitão, mas Lupin é o melhor professor de todos. – Admitia Gina – Luna?

— Sim?

  Sua pele estava bem branquinha e não tirava seu pensamento de algo.

— Bicuço, ele... Verá minha mãe hoje.

  Não fiquei totalmente amiga de Hagrid nesse tempo, mas me senti mal por ele e seu animalzinho.

— Por favor, Draco – Implorei, enquanto ele se arrumava no vestiário, após o treinamento – O coitado não teve intenção.

 - É, claro. Ele não quis machucar minha cara e quebrar meu braço! Astória, você viu, fiquei todo ferrado!

— Mas foi um erro, todo mundo comete erros, não é?

— Sim e todos devem pagar por eles.

— Tirar a vida dele é crueldade demais! O que faria se fosse você?

— Não me compare a uma besta como essa!

— Pelo menos, ele tem coração!

— Sinto muito, Lu – Pedi, na mesa da Corvinal – Tentei falar com ele, mas...

— Tudo bem.

— Por um lado é bom – Gina tentou ajudar – Ele vai pro céu dos hipogrifos.

— Será que tem um céu dos sapos? – Indagou Neville

— Por quê?

— Acho que Trevor foi pra lá.

  Nos esticamos para ver melhor, seu sapo estava mortinho da Silva. Fizemos um lindo velório, no banheiro da Murta Que Geme.

— T-Trevor f-foi um sapo muito especial – Contava Neville, chorando – N-N-Nunca vou esquecer d-dele.

— Astória. – Avisou Luna

  Comecei a cantar Aleluia, não se ria ou se... É, eu queria rir mesmo.

— Trevor sempre estará em nossos corações – Citou Gina – Ele nasceu, viveu e morreu. Dá descarga, Luna.

  Foi bem engraçado, na hora do refrão, a língua do sapo se estirou para pegar a moscar.

— Trevor!

  Já era tarde, a descarga tinha sido apertada e o sapo tinha sido morto. Neville caiu de joelhos e voltou a chorar. A Murta Que Geme ria baixinho.

— Não acredito que matei meu sapo. – Choramingou Neville, sentando no banco do Expresso de Hogwarts – Tão jovem.

— Pense que agora estará em lugar melhor. – Tentei avisá-lo

— É, em um canto cheio de bosta. – Olhamos feio para Gina – O quê? É verdade.

  A porta foi aberta por uma menina risonha.

— Desculpe, lugar errado. – Pediu Ana Abott – Sinto muito pelo seu sapo, Neville. Tenho certeza que deve estar bem.

— Obrigada, muita gentileza sua, Ana.

— Não tem de quê. Vou comprar um gatinho no Beco diagonal, quem sabe te vejo lá.

— É, talvez.

— Bom, tchau a vocês. Tchau, Neville.

  Ela saiu sorrindo.

— Cara, ela ‘tá tão na sua! – Alertei

— Que nada, Ana tem gente melhor.

— Tipo quem?

  Neville apontou com a cabeça para Dino Thomas, que a paquerava.

— Vai por mim, não vai dá certo. – Confirmou Gina

— Como sabe?

— Palpite.  


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