Vossa majestade escrita por Hamona Wayne


Capítulo 17
Venenosas




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— Olá, Bellas peruas – Parsy sentou na nossa mesa – Espero que tenham tido um ótimo feriado porque tenho péssimas notícias.

— Que seria? – Indagou Susan

— Olha pra mesma da Grifinória.

  Seis garotas bonitas usando roupas de

— Elas não podem ser Bella damas, podem? – Reclamava Genésia, no gramado – Isso é pra ser nosso lance! Nosso jeito de voltar lá pra cima!

— Tecnicamente, elas podem – Explicou Susan – Não estão fazendo nada de errado, só dançando.

— E o que é que vamos fazer? – Interrogou Hestia – Vão fazer de tudo pra nos derrubar!

— Já estão fazendo. – Corrigiu Flora

— Não estão, não! – Parsy ficou de pé – Como capitã de vocês, digo que nós vamos vencer! Nem que seja a última coisa que eu faça! Esqueçam estudo, trabalho, namorados e parceiras. Vamos ensaiar agora mesmo!

  Os ensaios foram dobrados e todas estávamos cansadas. Sem esquecer que quase todas fazíamos os N.I.E.Ms e tínhamos que nos concentrar. Amamos Parsy, mas odiávamos ela, naquele tempo.

— Ok, chega! – Mandou – O que está acontecendo aqui? Flora, parece que você quebrou a perna. Susan, está completamente fora da coreografia. Genésia, cadê você? Parece que sumiu.

— Parsy, dá um tempo – Pediu Hestia – ‘tá todo mundo cansada, ok?

— Talvez se soltasse um pouco as regras. – Sugeriu Flora

— Cala boca, Carrow! – Arregalamos os olhos – Ah, me desculpe. Fui grosseria. Flora, para de pensar com a sua bunda porque ela não é chapéu. De novo!

  Não deu três minutos e a briga voltou. Minha cabeça latejava de dor, ainda era sensível a brigas.

— Para! Cala boca, todo mundo! – Ordenou Hestia – Qual é!  Entrei nesse grupo pra conhecer as garotas legais que somos de verdade. Mas que porcaria é essa?

— Que cheiro é esse? É fedorendo! – Reclamou sua irmã – E eu não quero ser melhor que as outras Casas, quero ser melhor pra mim!

— É, eu quero ser o que somos agora. – Apoiou Genésia

— Eu também. – Concordou Susan

— Então é culpa minha? – Estressou-se Parsy – Que eu sou a babaca. Que eu sou a garota obcecada pela vitória.

— Parsy, você é controladora que vai acabar estragando tudo!

— Fiquem sabendo que eu posso me soltar! Dessa vez, eu não vou engolir nada!

  Não me lembro de muita coisa, estava ocupada pirando na batatinha. Só sei que as meninas começaram a lutar. Ver brigas lembrava a mansão. A mansão lembra meus pais. E meus pais

— PARA! – Gritei e todas ficaram quietas – PARA! PARA! PARA! O que está acontecendo? Lutando contra nós mesmas? NÃO! NÃO! E NÃO!

— Astória, você está bem? – Preocupou-se Susan – Quer que eu chame Daphne?

— Quero que parem de brigar! A minha vida toda eu vi meus pais brigando e não era briguinha boba, a coisa descia pro cacete mesmo, ok? E andar com vocês é... É maravilhoso, cara! Porque aqui, eu não tinha que me preocupar se estou fazendo o certo, e sim, se estou feliz e... Eu estou. E não posso perder isso, está bem?

“E acho que uma de vocês, pelo menos, pensam assim. Esse lance de animar Sonserina é tudo... É tudo furada. Mentira. Só estamos aqui porque precisamos de apoio. De uma pessoa que já ficou muito tempo sozinha, sei como é horrível. E como capitã titular, quero que tomem banho, vão para seus quartos, pensem no que fizeram e... Nos encontraremos mais tarde”.

— Onde? – Quis saber Flora

— Em qualquer lugar que não seja aqui. Não estão vendo? Hogwarts está nos enlouquecendo. Precisamos de... De um lugar tranquilo e amigável onde possamos conversar como seis meninas normais. Alguém... Alguém acha que estou louca?

  Concordamos que precisávamos de um tempo. Nem conversávamos direito, apenas frases de bom dia e boa noite. Em bom clima, veio as férias de pascoa. Iriamos para mansão – nem um pouco animadas. E evitava olhar para todos os meios de encarar meu reflexo, não queria ver ela.

— Daph, vai contar a papai e mamãe? – Quis saber, no Expresso de Hogwarts

— Conta o quê?

— Você sabe... Sobre seu gosto por uvas.

— Gosto por uvas? É assim que chamava as lésbicas, nos anos 60?

— Não, chamavam de pecadoras. Então, você vai?

— Sim, mas serei sutil.

  Ela foi muito sutil. A mansão continuava a mesma. Papai fumando e mamãe tentando nos rebaixar. Só que isso não me afetava mais. Tomava chá, enquanto estudava.

— Batom vermelho é de puta. – Informou mamãe

— Não exatamente. Antigamente, bruxas passavam sangue de ursos nos lábios para mostrar poder.

— Não me diga que se acha poderosa, nem com uma poção é capaz.

— Uma pena.

  Mamãe enlouquecia também, ter apenas papai e Maurice para conversar não devia lhe agradar.

— O que é isso nas unhas?

— Esmalte, já ouviu falar?

— Olha como fala comigo, garota! Eu sou sua mãe e exijo respeito!

— E eu sou Astória Greengrass e exijo que vá embora agora. Já! Saia daqui!

  Irritada, mamãe me deixou. Após o chato jantar, me tranquei no quarto e estudei mais um pouco. Fiquei pensando em como Hestia estaria com seu boy magia; o que Flora pensaria disso; como anda as poções de Genésia; e o que Parsy falaria das suas roupas.

  Susan não deixou exatamente de falar comigo porque namorava minha irmã e tudo mais. Liguei a vitrola e fiquei ensaiando um pouco, até que ouvi algo bater na minha janela. Fui ver e arregalei os olhos. Abri a janela.

— Está louco?

— De amor, querida! — Respondeu Draco, no quintal – Minha Julieta jogaria seus lindos cabelos para que eu entrasse?

  Ri e joguei uma corda. Coitado, imagina a dificuldade de subir aquilo.

— Deve estar muito apaixonado, estamos no segundo andar e – Ele me beijou – Julieta morreu e o cabelo grande é da Rapunzel.

— Ela morreu? Que droga, ainda não cheguei nessa parte do livro. – Ele sentou na minha cama, segurando na minha cintura – Minha camisa?

— Quer que eu tire?

— Apressadinha.

— Cala boca. – Me deitei – O que está fazendo aqui?

— Senti saudades, mal nos vimos desde que ganhamos responsabilidades e tudo mais. Ou não gostou?

— Claro que gostei – O abracei por trás – Só não esperava mesmo. Me diz, o que vem acontecendo com você? Como vai o time?

— Bem, um pouco nervosos, mas dão conta. E as Bellas?

— Não estamos nos falando.

— Por quê?

— Estavam brigando e antes que fizessem algo de ruim, mandei que não se falassem até certo ponto.

— E quando vai ser?

— Não sei. Já se faz duas semanas, então.

— Está com saudades?

— Muito! Quando finalmente consigo amigas, dá tudo errado.

— Ei, rainha – segurou meu rosto – você não tem culpa, ok?

  Me deu um selinho. Conversamos mais um pouco, fiquei entre suas pernas, apoiada em sob seu corpo, lendo sobre algum assunto da escola. Era tão chato que iria dormir.

— É Runas não parece muito legal. – Comentou Draco

— Não é nem um pouco legal. Acho que – bocejei – vou acabar dormindo.

— Quer que – beijou meu pescoço –eu faça seu sono passar?

  Sorri. Os beijos continuaram. Mordeu levemente meu pescoço, meu ombro. Levantei os braços para que tirasse minha camisa. Afastou meu cabelo para o lado distribuiu suas mordidas. Fez com que minha cabeça girasse e me beijasse. Um beijo lento e gostoso.

  Se posicionou um pouco na minha frente, ainda me beijando. Desabotoei sua camisa e a jogamos para qualquer canto do quarto. Foi me deitando, se apoiou no colchão através de sus cotovelos. Voltou a beijar a deixar suas marcas em meu pescoço. Envolvi meus braços em volta de seu corpo.

  Minhas mãos desceram para sua calça à procura da abertura. Quando finalmente se abriu, a tiramos de seu lindo corpo. Dei um tapa em seu lindo bumbum de neném.

— Safadinha, em.

  Sorri, mordendo meu lábio inferior. Me deu um selinho e se aprofundou mais. Sua mão tocava minha cintura e subia para meu seio. Não excitei em gemer. Ele deu um risinho e um selinho em mim. Desceu, desceu, desceu. Deu uma leve lambida, me olhando divertido por conta dos gemidos.

  Prosseguiu com as lambidas e passou para as chupadas. Se esticou para me dá mais um beijo e se abaixou para minhas pernas. As separou e tirou meu short. Alisou minha calcinha.

— ‘tão molhada. É por minha causa, é? – Assenti – Quero ouvir você pedir. Ou vou ter que ficar assim a noite toda.

  Sei que era mentira, Draco sentia o calor percorrer por seu corpo tanto quanto eu senti.

— É sim! Estou molhadinha por sua causa, Malfoy! 

  Sorriu vitorioso. Afastou minha calcinha para o lado e gostou do que viu. Fez com que lambesse seu dedo indicador e o do meio para que penetrasse em mim. Gemi alto. Óbvio que gostou, aumentou a intensidade.

  Àquela noite Draco Malfoy fez comigo o quis todo esse tempo que não havia permitido. Fui sua prisioneira. Barrou minha vista com sua gravata e amarrou minhas mãos acima da cabeça com seu cinto.

— O que você pretende fazer comigo, Draco?

— Te torturar.

  E me torturou. De um jeito sexual, mas ainda conta. Suas firmes mãos percorreram por meu corpo. Afastaram minhas pernas e as acariciou. Berrei ao sentir beijar minha intimidade. Passou a língua lentamente. Uma de suas mãos subiram pelo meu corpo e tocou em meu seio avermelhado. Tornou a me chupar como se fosse um tipo de sorvete ou sei lá.

— Draco...

— O que foi, querida? – Senti ficar próximo ao meu rosto – O que você deseja?

— Eu...

— Não está muito bom? – Espremeu o bico do meu seio e gritei – Ainda está com sono?

— Eu... Posso chupar você?

— Ah, Ast – Ficou a me masturbar – Por mais que ame gozar nessa sua linda boquinha – me deu um selinho – você não terá esse prazer hoje.

— Draco... Por favor...

— O que disse? Não ouvi? – Espremeu meu seio de novo e gritei – Eu tenho que ouvir, Astória.

— Deixa eu te chupar! Eu quero sentir seu gosto! Por favor!

— É assim que eu gosto.

    Levou alguns segundos e seu membro encostou em meus lábios inchados. Fiz como ele, lambi lentamente. Até que finalmente o pus na boca. Draco segurava em meu rosto, me incentivando a ir mais rápido. Sem ter minhas mãos libertas, dificultava um pouco. Isso não me impediu de ouvir palavrões de sua suja boca.

  Sem avisar, se afastou da minha boca. Soltei um suspiro chateada.

— Não fique assim, meu bem. Vai ter o que merece.

  Levantou minhas pernas e encostou em minha intimidade. Gritei com sua entrada. Não demorou para que investisse mais. Levantou uma de minhas pernas e fez lentamente e de um jeito bem gostoso. Aproximou seu corpo suado do meu. Mordia meu pescoço, me apalpava, murmurava palavrões.

  Pegou meu rosto, meu deu um beijo e um leve tapa em meus seios. Então chegamos ao nosso limite. Se jogou ao meu lado, com a respiração pesada.

— É... pitelzinho?

— Ah? Ah, sim! – Soltou meus pulsos e me beijou outra vez – Está linda assim, sabia? – Tirou sua gravata de meus olhos e o vi completamento exausto e rindo – Lembra há alguns anos, quando foi no meu quarto me provocar?

— Teve tantas vezes. Precisa ser mais específico.

— Como prefere a camisa, Draco?

— Ah, sei. O que tem? Realizou sua fantasia sexual?

— Também. Você disse que eu era muito branco e me deu um tapa, ficou bem vermelho.

— E daí?

— Olha pro seu corpo agora.

— Meu Merlin, Draco! Isso foi o quê? Sua vingancinha?

— Um pouco. Não sabe o quanto quis tirar aquelas roupas de você e foder com força.

— O que te impediu?

— O simples fato que você tinha treze anos e ser praticamente uma criança. Uma criança bem má, por sinal. Como pôde ter feito aquilo comigo? – Ri – Sabe quantas vezes acordei com o colchão molhado?

— É pra me sentir lisonjeada?

— De certa forma, sim. Foi a primeira pra quem bati.

— Mentira!

— É sério. As outras eu traçava sem dó ou piedade. Você foi a primeira garota que respeitei de verdade. Mesmo agindo como um idiota de vez em quando, tentei ser diferente com você.

  Sorri e lhe dei um selinho. Dormimos como uma pedra. No dia seguinte, fiquei com uma preguiça enorme de acordar. Só que o Sol entrou pela janela e não foi nem um pouco respeitoso com meu sono. Rolei de um lado, de um outro. Então cedi.

  E a primeira coisa que vi foi aqueles lindos olhos azuis acinzentados. Ele sorriu e acariciou minha bochecha.

— Não foi um sonho? – Indaguei

— Se for, espero não acordar.

  Nos beijamos. Após alguns instantes, Draco disse que tinha que voltar e quase foi embora saindo pela janela.

— Merlin que nos salve! – Contrariei – Vai pela porta da frente!

  Com mais um pouco de insistência, ele concordou. Descemos conversando um pouco baixo até que uma briga na sala de café da manhã chamou minha atenção.

— Eu já disse, não trouxe ninguém! – Defendia-se Daphne

— E quem foi, Daphne? – Brigava mamãe

— O que foi dessa vez? – Interroguei na porta

— A safada da sua irmã ficou gemendo a noite toda com o namorado e não quer admitir que ele veio aqui! – Explicou papai aborrecido – Tinha que ser sua filha, Constance! Uma vagabunda!

— É você que não presta! Seu... – Draco apareceu atrás de mim e nós dois ficamos mais envergonhados ainda – Vocês... Vocês... Nossa! Nossa! Astória? Nossa! Nossa! Nossa!

— Por que todo mundo reage assim? – Murmurei

— Eu sabia! – Alegrou-se papai – Desde aquele dia que tocaram piano juntos. Pelas barbas de Merlin! Sente conosco, meu rapaz! Venha! Venha! – Constrangidos, eu e pitelzinho sentamos lado a lado – A noite foi divertida, em? – Somente papai riu – Quem diria que ela ainda tem uso. Só torça pra que não seja que nem a mãe. É que nem Papai Noel, só dá uma vez por ano.

  Riu sozinho de novo e mamãe revirou os olhos.

— Daphne, onde está seu namorado, então? – Mamãe mudou de assunto – Eu espero que ao menos uma case virgem.

  Ainda está esperando.

— Espero que no inferno, mamãe.

— Olhe como é que fala do seu namorado! A mãe dele me mandou uma carta dizendo que você não escreve a ele faz meses. É bom que termine aquele livro de etiquetas. Quero que seja perfeita com seu noivo!

— Termino amanhã.

— Esse livro está na biblioteca já faz um mês. Na sua casa também é assim, Draco?

  Ele negou meio sem jeito.

— Não porque a mãe dele não fica enchendo o saco!

— Você lava essa boca bem lavada, ‘tá? Se não eu vou dá na sua cara na frente dele! Você me acha chata?

  Negou assustado.

— Vai defender ela? – Irritou-se Daphne

— Claro que vai! Ele é um menino educado!

— Porque ele não tem uma mãe maluca igual a você!

— Isso porque ela não tem uma filha vagabunda merda! Que não faz nada pro noivo, com quinze anos na cara!

— Com quinze anos na cara, que não faz porra nenhuma porque a mãe dela não deixa! Nem escolher minha roupa sozinha eu posso!

— Foda-se!

— Vá tomar no cu!

— Vá se foder!

— Vá chupar um pau!

— Vá pra porra!

— Vou te bater, em caralho!

— Bate que eu quero ver, sua merda!

— Vou mandar seu noivo te educar bem!

— Caguei! Aprende uma coisa: EU GOSTO DE XERECA!

  A sala ficou em completo silêncio.

— Acho... Melhor eu ir. – Avisou Draco

— Tchau. – Despediram-se todos

— Te levo até a porta.

  O acompanhei e ele segurou nos meus braços, já na saída.

— Escuta uma coisa, Ast – sussurrou – quando minha mãe era moça, ela vivia em uma casa conturbada e meu pai prometeu tirar ela de lá. Ele cumpriu e promessa e vou fazer o mesmo.

— O que você quer dizer com isso?

— Que um dia, eu vou vir aqui e vou te levar pra nunca mais voltar – Ouvimos um prato se quebrando – Também podemos levar sua irmã.

  Ele tentou ir, porém, segurei sua mão.

— Não quero ficar sozinha.

— Se quiser, passo as férias aqui. O que acha? – Assenti – Se eu não vier de noite, venho na manhã seguinte – me deu um beijo – até mais tarde, rainha.

  Bastou ele sair pela porta que os gritos começaram. Sentei ao lado da minha irmã para ajudá-la, embora ela mesma já conseguisse muito bem sozinha

— Que história é essa, Daphne? – Perguntou mamãe, tentando manter a calma

— É que Susan é a minha namorada.

  Papai ficou tossindo por conta de suas panquecas.

— Mamãe eu e Susan nos gostamos muito. Ok?

— Desde quando vocês estão cometendo essa safadeza? – Quis saber papai

— Uns três, quatro meses.

— Pelas barbas de Merlin! – Exclamou mamãe – Pelas barbas de Merlin! Daphne, por que não me contou isso antes, minha filha?

— Sei lá. Medo. Não me surpreenderia que tentasse me matar por causa disso.

— Agora nós somos assassinos? – Ofendeu-se papai

— Espera, Albert – Mamãe tocou no ombro da minha irmã – Daphne, você tem certeza que esta opção que você quer para sua vida?

— Isso não é opção! Não é uma escolha, não! Sou eu!

— Como é que você pode namorar com uma garota?!

— Seu pai está certo, minha filha! Olha pra gente! Quem diz que somos errados? Você não pode estragar nossa linhagem! Essa garota não de acordo com nosso padrão de vivência!

— Ela vai acabar com a nossa família! Ela vai ser como um urubu no meio de cisnes! Como uvas passas no arroz!

— Cadê o Theo? Aquele rapaz maravilhoso, educado, rico, respeitado!

— Vocês se deram tão bem!

— Mamãe, papai, eu sou lésbica! Não dá pra mudar isso! Toda vez que eu beijei ele, tive vontade de vomitar!

— A única coisa que separa um gay de um hétero é o engradado de uísque de fogo!

— Daphne, olha pra mamãe! Presta atenção! Eu tenho muita fé, me dá a mãozinha aqui – Daphne deu – eu tenho certeza que se você tiver força de vontade e dedicação, você consegue se tornar perfeita. Um gole para a perfeição.

  Então todos aqueles momentos terríveis que passei veio a mente. Imaginar Daphne passando por cada um deles?

— NÃO! – Protestei – VOCÊS NÃO VÃO FAZER COM A MINHA IRMÃ O QUE FIZERAM COMIGO!

— Você sabia, não é? – Mamãe ficou de pé – Você sabia que sua irmã era assim. Foi você que estragou ela!

  Lhe dei um tapa. Devia não comer já faz tempo de tão fraca, caiu no chão como um palito.

— Nunca mais chame minha irmã de estragada!

  Minhas mãos tremiam e meus olhos pegavam fogo. Mamãe mantinha a expressão assustada. Por um momento, pensei em matá-la. Não com a varinha, com minhas próprias mãos. Talvez estrangular ou sufocar. Minha visão ficou como um pisca-pisca. Uma hora vi a realidade, outra hora, vi seu corpo coberto de sangue.

  Não. Eu não matei ninguém. Cuspi nela. Me agachei a sua altura e segurei seu queixo.

— É importante saber quando foi derrotada. É sim.

  Molhei o rosto no meu banheiro e suspirei. Saí dali antes de passar a prestar atenção no que meu reflexo tinha a dizer. Fiquei estudando a tarde inteira.

— Posso entrar? – Perguntou Daphne, na porta

— Claro – Sentou perto de mim, na cama – Como está?

— Aliviada por ter colocado tudo pra fora. Sou assim e não posso negar.

— Você quer, você pode, você consegue.

— Valeu. Mas e aí? Malfoy?

— É...

— E quando começou?

— Naquele dia que me procurou no Três Vassouras.

— Sua mentirosa! Disse que ele tinha ido embora.

— E foi. Comigo.

  Rimos.

— E como ele é? Digo, na cama?

— Muito bom. Sabe do que gosto, como gosto e quando gosto.

— Deu pra perceber, noite passada.

— Foi muito alto?

— Um pouco. Por que não contaram a ninguém?

— Queríamos curtir sem ter pressão, entende? E só estamos nos conhecendo, ele nem me pediu em namoro.

— Saquei. Eu vou comer alguma coisa e fazer papai ter um infarto com o como gosto de chupar minha namorada.

— Você já-

— Não! Ainda não. Não me sinto pronta e nem ela.

— Já a viu nua?

— Já, uns dois anos trás. Tenho que dizer, não vejo a hora de ver ela usar o uniforme de Bella dama para a ver de minissaia.

— Merlin, minha irmã é uma tarada.

— Aí, é você quem transou com seu namorado ontem.

  Joguei um travesseiro nela. Horas depois, deixei minha roupa cair no chão e entrei no chuveiro. Para que meu estrasse descesse pelo ralo, cantei um pouco.

  Me assustei ao ouvir o boxe fechar. Draco estava nu. Envergonhada, me virei de costas.

— O que que foi? – Me perguntou – Qual o problema?

— Nada. – alisou minhas costas – Nada, só que... Nunca tinha visto você nu assim.

— Nu?

— Ah, você sabe. Já fizemos, mas nunca olhei pra ele desse jeito.

— Ah, já transamos umas seis vezes.

— Cinco vezes – limpou minhas costas com a esponja – Na Casa dos gritos, no armário de vassouras, Na Casa dos gritos de novo, na minha cama e... O sexo oral que fez em mim depois do treino das Bellas Damas conta?

— Claro.

— Mesmo assim, cinco vezes.

— E quando me pagou aquele boquete no seu intervalo no Três Vassouras?

— Mesmo assim, eu nunca examinei bem ele. Caso nunca tenha percebido, eu sempre olho pra você e sua cara de quem ‘tá sendo comido.

— Minha cara de quem ‘tá sendo comido?

— Como são os homens que tem o órgão enfiado, as mulheres que deviam dizer que vão comer eles.

— Justo. E como é minha cara de quem está sendo comido?

— É assim – Me virei, fechei os olhos e imitei sua voz – Isso, porra! Nossa, como você é gostosa! – Rimos – Fala palavrão demais.

— Te incomoda?

— Não muito.

— Sabe como é sua cara?

— Como?

  Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior.

— Cacete, Draco! Você é tão gostoso! – Rimos de novo – Você é um pouco escandalosa.

— Te incomoda?

— Não muito. E o que você acha da minha cara de quem está sendo comido?

— É legal.

— Melhor que o meu saco? – Dei de ombros – ‘tá bom. Se não quiser, não olha.

  Ficou de costas.

— Não, eu quero.

  Mostrou.

— E aí?

— É bonitinho?

— Bonitinho? – Virou – Bonitinho é cachorrinho.

— Então o que quer que eu diga?

— Eu não sei. Bonitinho não. Se quiser, pode ser magnifico. Impressionante. Eu sei que é muito usado, mas impressionante seria perfeito. E eu aceito “grande”.

— ‘tá bem, ‘tá bem. Deixa eu ver de novo. Anda, deixa. – Permitiu – Pelas barbas de Merlin! Merlin! É enorme! – Girei para trás – É monstruoso! Uma jiboia gigante! Ande, tire essa coisa de perto de mim! Afaste antes que mate alguém! Sai daqui!

— Não! – Me agarrou por trás – Eu vou te atacar!

— Socorro! Socorro! Alguém me ajude! Estou sendo pega por uma criatura horrorosa!

— Você não disse isso, ontem à noite.

— Merlin, Draco. Você... Tomou a poção?

— Tomei.

— Sabe, pitelzinho – segurei em seu pênis e o masturbei lentamente – você vem se comportando muito bem. Merece até um prêmio.

— Mereço, é?

  Mordeu meu ombro.

— Arrã. Ao rapaz mais boa pinta do pedaço.

— Já disse que adoro essas suas gírias antigas?

  Passou os dedos no meu anus. Segurou em meu pescoço sem machucar, apenas para que não descolasse de seu corpo molhado. Beijou minha bochecha, mordeu minha orelha. Dei um gritinho, Draco me penetrou.

— Silenciou o quarto?

— Não. Melhor-

— Melhor meus pais souberem do que sou capaz. Se importa?

  Saiu e entrou com força.

— Nem um pouco.

  O movimento foi se tornando mais veloz e gostoso. Suas mãos me tocando, seus beijos no meu pescoço, minhas mãos no boxe. Os palavrões que soltava. Então foi. Gozamos. Fiquei tão fraca que poderia cair e levaria horas para me levantar. Assim que recuperou a respiração, Draco me beijou.

— Esse foi um dos melhores que já fiz. – Declarou, enquanto nos vestíamos

— E qual foi o melhor? – Perguntei, passando hidrante no corpo, sentada na penteadeira

— Ah, você sabe – Ficou de joelhos e beijou meu ombro – Nossa primeira vez. Foi bom demais, não acha?

— Sim.

— Posso te contar um segredo? – Assenti – Quando era mais novo, gostava de pentear o cabelo da minha mãe. – Alisou o meu – Era tão macio.

— Legal. Pode... Tirar a mão, por favor?

— Por quê?

— Porque eu não gosto, Draco! – Pus ele para frente do ombro – É feio, duro, não gosto! Olha só, é tão ridículo!

— Eu não acho, ele é bonito!

— Bonito? É um estrago! Por isso amarro ele, fica menos... Você sabe. É totalmente fora de ordem.

— Você já gostou muito do seu cabelo.

— Eu já gostei muito de muitas coisas. Não gosto que toquem no meu cabelo, ele é tão seboso.

— Foi sua mãe que disse isso?

— Por que acha que foi ela?

— Porque ela te destruiu! Ela que acabou com aquele sorriso de criança que vejo tão raramente. Pra mim, sempre será linda. Mas tenho que admitir que não gosto de te ver tão presa.

— Lamento se não sou a garotas dos seus sonhos.

— É ainda melhor. – Tocou no meu cabelo e tremi – Do que você tem medo, Ast? Saiba que eu posso te ajudar, eu quero e vou te ajudar. – Beijou meu pescoço – Posso... Pentear seu cabelo?

  Uma pergunta assustadora que eu diria não para qualquer pessoa. Porque, para mim, nem sempre o sexo é o ponto mais íntimo. Falar sobre o que sente, seus sentimentos de verdade. Isso é que é assustador.

  Assenti. Ele pegou minha escova e deu leve penteadas. Senti o cheiro de seu cheiroso perfume e fechei os olhos.

— Mamãe quem penteava meu cabelo e... Ela nunca foi tão gentil. Sempre doía. Na verdade, tudo em relação a minha mãe é ruim. Os gritos, as tapas, tudo. Na Batalha de Hogwarts, dei um chute em Dolohov porque ele era o amante dela. E por mais que meu pai seja um babaca, sei lá... Não gostei nem um pouco do que ela fez.

— Achei que ele gostasse de você?

— É um machista. Mas ainda o amo. Como amo minha mãe. De algum jeito, faz sentido para mim.

— Pronto.

  Pousou a escova na penteadeira e beijou minha nuca. Nos deitamos na cama, minha cabeça em seu peito e sua mão em meu cabelo.

— Quem abriu a porta pra você?

— Seu elfo-doméstico. Ah, já ia me esquecendo. Sua irmã pediu pra que eu avisasse que iria passar a noite na casa de Susan.

— Obrigada por ter dito. Como estava?

— Acho que bem.

— Tenho que pedir desculpas a ela, não fui uma boa companhia hoje.

— O que aconteceu?

— O de sempre. Mamãe queria que Daphne tomasse a poção da perfeição.

— A mesma que ela te deu?

— Sim. Fiquei tão irritada, não quero que minha irmã passe pelo o que passo.

— Ainda tem os sonhos?

— Não. E você? Pesadelos?

— Não. Mamãe quis me arranjar um analista. Mas meu pai disse que meus amigos já me ajudariam e por amor, não por dinheiro.

— Ele está certo. Às vezes, a ajuda vem quem menos esperamos.

  Beijou minha testa e dormimos. Na manhã seguinte, fui acordada por um cheiro estranho.

— Bom dia, rainha.

  Um lindo café da manhã na cama em uma bandeja flutuante.

— Isso é pra a gente? – Questionei

— Claro, pra quem mais seria? E é bom a senhorita comer logo, teremos um longo dia.

— O que você planejou?

— Surpresa.

  Tinha bolo de limão, morangos, suco.

— Está uma delícia. Foi você quem fez?

— Gostaria de dizer que sim, mas não. Foi seu elfo-doméstico.

— Maurice cozinha bem. Gostaria de levá-lo comigo.

— E por que não faz?

— Temo o que pode acontecer aqui. – Melei o rosto dele com bolo de limão – Um pitelzinho.

— Não devia ter feito isso.

— É mesmo? E por que não?

  A bandeja flutuou para o lado e Draco praticamente pulou em cima de mim. Dei um grito rindo.

— Me larga, Draco!

— Nem pensar, prisioneira!

  Se afundou no meu pescoço e me fez rir com suas cócegas. Ficamos rindo e rindo. Então eu olhei para ele. Ele olhou para mim. Nos beijamos. Após termos tomado um banho, decidi que iria mostrar a mansão a Draco.

— Aqui é o corrimão da linhagem – Apresentei as paredes cheias de quadros dos meus ancestrais – Todos os Greengrass importantes estão aqui.

— Nem todos. Onde está você?

— Difícil, viu. Só há duas mulheres aqui, a rainha Clarisse e uma tia minha que teve nove filhos.

— Rainha Clarisse. Acho que estudei sobre ela no terceiro ano.

— É uma babaca, não é? Sabe quem foi o padre Miguel?

— Não.

— Um aborto que defendia os inferiores. Quando ela descobriu sobre ele, arrancou sua cabeça em público e dançou sobre ela na mesa de Hogwarts. Imagine a cabeça dos alunos ao verem aquilo.

— Desculpa dizer, mas ela faz lembrar um pouco você. Sabe, a aparência.

— É, já me disseram isso. Vamos?

  Assentiu. O levei na biblioteca, sala de chá, de jogos e outros lugares.

— E aqui é o salão de danças. Eu e Daphne passávamos horas aqui, brincando.

— De quê?

— Várias coisas. Girar é um exemplo.

— Girar?

— É. Esse giro nosso, gostamos de dançar no meio, sabe?

— Me mostra, então.

— Eu... Pode me esperar só um pouquinho?

— Claro.

  Corri para meu closet e vesti um vestido. Era um pouco antigo, mais ainda servia. Ele olhou para mim e sorriu.

— Pelas barbas de Merlin! – Exclamou sentado – Astória, eu...

— Quietinho, Malfoy – Toquei em seus ombros e o beijei – Deixa que eu mostro como se faz.

  Liguei a vitrola, respirei fundo, fechei os olhos e meus pés guiou meu corpo. Não foi como quando estava sendo controlada pela poção. Não. Foi como todas as vezes, de quando eu era pequena. De como conseguia me soltar. Girando, dançando, cantando.

  A música acabou e minha respiração ficou pesada. Olhei para Draco. Guardava um sorisso um tanto bobo. Se levantou e bateu altas palmas para mim.

— Bravo! Bravo! – Disse – Fantástico!

— Você acha?

— Com certeza, Astória – Segurou em minhas mãos – Amei cada detalhe, tudo. – Se aproximou para me beijar e me afastei – Que foi?

— Se quiser um beijo – dei passos para trás – vai ter que me pegar.

  Saí correndo e ele veio às pressas. Entramos e saímos de vários cômodos. Desci pelo corrimão da grande escada e ele me imitou.

— Te peguei!

  Me segurou por trás.

— Não! Eu estava quase... – Beijou meu pescoço – Quase... Quase.

— Quase, quase – Me encostou na parede e segurou pela cintura – Quase não é nada. Ainda não acredito que posso te beijar. Depois de tanto tempo.

— Esperou muito, não é? – Assentiu – Bom, agora pode.

  Sorrimos. Segurou meu rosto e me beijou, passei meus braços em volta de seu pescoço. Só não levantei a perna porque a parede atrapalhou. Mordeu levemente meu lábio inferior e tornou aos meus lábios.

— Está com você.

  Voltei a correr e entramos na sala de chá. Mais uma vez, minha falta de velocidade ativou.

— Não vai a lugar algum!

  Antes que ele beijasse meu pescoço, me beijasse e transássemos, percebemos que éramos observados por nossos pais, na sala de chá.

— Mãe? Pai? O que estão fazendo aqui? – Perguntou Draco

— Tomando chá – Respondeu a mãe dele – E, pelo visto, está se divertindo muito.

— Fica difícil de não fazer isso com minha rainha aqui.

  Beijou meu pescoço e fiquei mais envergonhada ainda.

— O amor jovem é tão intrigante – Comentou papai – Venham, juntem-se a nós! Estávamos falando de vocês.

  Sentamos na frente deles. Bebi um copo de café para me manter um pouco calma, aquilo parecia uma tortura.

— Quando terão filhos? – Indagou o pai dele

  Me engasguei.

— Filhos? Astória não tem a menor sensibilidade com crianças. – Debochou mamãe – Melhor adotar bruxos loiros e mandarem fotos para o Profeta diário dizendo que são uma família feliz. Não, melhor. O Pasquim. Tenho certeza que a filha do bastardo não negaria um pedido a sua querida prima.

  Não chorei, não gritei. Apenas mantive o foco no café.

— Eu acho que Astória seria uma ótima mãe. – Defendeu Draco

— Você acha?

— Não, eu tenho certeza. E por que não? Ela é responsável, estudiosa, inteligente, dedicada e sabe como fazer um filho direito.

  Não evitei soltar um risinho e ele também não.

— Então a conhece? – Falou mamãe

— Sim. Bem mais que outras pessoas, inclusive.

  Mamãe não disse nada por três segundos, não podia estragar sua pose.

— Claro que a conhece. Não foi você que engravidou aos catorze anos, carregou ela por nove meses na barriga, ficou todo inchado, passou noites acordado para que calasse a maldita boca, deu banho quando se sujava de lama, penteou o cabelo dela, ensinou etiqueta e ainda foi jugado. Não, não precisa disso.

— Como se fosse difícil.

  Dane-se os bons modos, ambos trocavam olhares irritados.

— Bom, já vamos indo. – Anunciou Lucio – Draco, junte suas coisas.

— Mas pai-

— Ouviu ele, Draco. – Interrompeu Narcisa

  Pior que esse conflito nem afetou a relação entre nossos pais. Sentava na escada quando desceu com sua bolsa.

— Me desculpe – Pedi sem jeito – Minha mãe é... Droga!

— Relaxa – sentou ao meu lado – ainda teremos muitos outros momentos – Demos um beijo – E eu adorei irritar sua mãe.

  Rimos.

— Draco. – Chamou o pai dele

  Nos levantamos. Ele me deu um beijo de despedida, tirando meus pés do chão.

— Ainda volto pra te buscar.

  Beijou minha bochecha e partiu com os pais.

— Viu isso? – Bronqueou mamãe, na porta do corredor – Se você-

— Ah, cala boca! Por que sempre tem que estragar tudo? Se não gosta de mim, me esquece!

  Recebi uma carta de Daphne, disse que passaria alguns dias lá e concordei. Passei boa parte da tarde estudando. Minha mente cansou então liguei a caixinha de som. A primeira música que tocou foi a dos ensaios. Sentia saudades das meninas, das conversas, das danças, tudo. Fiquei a dançar, rebolar.

— Pelas barbas de Merlin, acho que morri e vim pro Céu.

— Pitelzinho!

  Corri para onde ele se encontrava, sentado na minha janela. O puxei pela camisa e o beijei.

— Devia ter mais cuidado, qualquer pessoa podia ter entrado aqui.

— Senti saudades.

— Nossa, chega me sinto especial. Ah, espera. Sempre fui.

— Convencido. – Sentamos na cama – Seus pais sabem que está aqui?

— Não. Por isso vou ter que voltar cedo. Estava ensaiando?

— Um pouco.

— Dança pra mim?

— Não.

— Por quê? Você dançou hoje.

— É, mas eu não rebolei ou coisa assim.

— Sério? Vai usar esse argumento?

— Por Merlin, Draco!

  Ele riu.

— Por favor.

— Está bem.

  Liguei a vitrola e segui a coreografia. Draco ficou mais hipnotizado do que nas horas anteriores.

— Fantástica! – Elogiou, beijando meu ombro, comigo sentada em seu colo

— Obrigada.

— Que foi? Por que está assim?

— Nada, só... Sinto falta das Bellas.

— Se sente, por que não fala com elas?

— Acha que vão me ouvir?

— É capitã?

— É, acho que sim.

— Então vou ter que te ouvir, querendo ou não. É a capitã e tem que mostrar quem está no controle.

  Sorri e o beijei. Namoramos, mas ele teve que voltar antes das duas. Tendo que estudar, treinar, ser filho e monitor, Draco ficou sem tempo para mim, então deixava bilhetes com mensagens bem fofas, enroladas em uma rosa preta.

— Quanta besteira, Astória – Reclamou Daphne, no meu quarto – Quer que ele faça um pedido romântico? Comigo, foi beijar Sue e estamos juntas. Se bem que vocês sempre tiveram um namoro indireto.

— Namoro indireto?

— É, faziam coisas de casal sem ser um casal.

— Por que todo mundo diz isso?

— Porque é verdade.

— Oi – Susan beijou Daphne – Oi, Ast.

— Oi.

— Vou dormir, você vem?

— Daqui a pouco.

— Ok, até amanhã, Ast. Até daqui a pouco.

— Até.

  Susan subiu para o quarto. Mesmo estando feliz por elas, ainda é estranho ver minha irmãzinha lésbica.

— Parece que não sou a única que gosta de alguém.

— É, ela é maravilhosa. Daph, vocês... Planejaram algo pra hoje a noite?

— Não! Que coisa!

— Ok, não precisa ficar toda sentida.

— Não estou, só... Quero, mas não estou pronta.

  Segurei as mãos dela.

— Só faça quando sentir vontade. Não sei como nossos pais não brigaram com você.

— É porque sou maravilhosa demais pra ser atacada. E você e Draco? Fazem muito?

— Algumas vezes. Meu lance com ele é... Não imagino minha vida sem ele. Quero dizer, também não consigo sem você, mas-

— Está completamente apaixonada por ele, sei como é. Quero ser madrinha do bebê, em.

— Sai pra lá!

— Vou dormir, boa noite.

— Boa.

    Escrevi cinco cartas para minhas cinco amigas. Esperava ansiosa, no Três vassouras. A cada porta que se abria, achava que era elas. A primeira a vir foi a pequena Genésia. Depois dela, chegaram as gêmeas, que sentaram em uma mesa diferente. Susan veio e ficou com a mais nova. Por fim, Parsy. Todas olhamos para ela, parecia ter chorado por um bom tempo.

  Indiquei a mesa e as gêmeas a seguiram. Todas muito caladas. Em uma bandeja, as servi com canecas de chocolate quente. Tomamos.

— Sou mestiça e meu tio puro-sangue me odeia por isso. – Revelou Genésia

— Gosto de masturbar com minha escova de dentes. – Disse Flora

— Por isso tem aquele cheiro? Eca!

— Hestia?

— Eu... Estou saindo com um corvino, Aaron. E acho que estou apaixonada por ele.

— Meu primeiro beijo foi com Dênis Creevey e vomitei três minutos depois. – Contou Susan

— ‘tá bem. E eu nunca fui dessas garotas que tem um monte amigas. Não amigas... Amigas que... Tenho medo de contar tudo. Mas agora não tenho e... Isso é bem legal. Agora outra fala, por favor.

— Bellas, eu sei que peguei pesado com vocês – admitiu Parsy – Mas eu sou filha do meu pai. E ele sempre disse “se você não acertar de primeira, faça as malas”. Achei que... Fazer parte disso valeria bem mais do que ser só geradora de puros-sangues.

  Parsy soltou lágrimas e Genésia abraçou ela.

— Eu entendo. – Apoiou Flora – Minha mãe sempre disse pra que eu seja fria e machucar os outros, ou eu seria machucada. Como sou todo dia. Como todas somos.

— Parece que não sabemos nada uma da outra. – Comentou Susan – A maioria não.

— Astória – Parsy se levantou e eu também – O que vamos fazer?

— Aqui não rola.

  Todas com bolsas nas costas, caminhando na sóbria floresta enquanto... Ok, não foi bem assim. Andávamos pelo um campo monitorado por trouxas prontinho para acampar.

— Se minha soubesse que estou aqui, morreria agora mesmo. – Contou Flora

  Daphne poderia até ir com a gente, mas se recusou a ser uma Bella.

— Tenho cara de stripper, por acaso?

  Amei quando Susan passou.

— Astória, já andamos há quinze minutos! – Reclamava Genésia, ao meu lado

— Calma, vai valer a pena. Chegamos!

  Ficamos de frente a um colchão velho.

— Por favor, não me diga que desabafei aquilo pra dormir aqui. – Pediu Parsy

— Como vocês são bobas.

  Puxei o colchão e vimos um buraco. Todas passaram e fui por última, tinha que esconder o colchão.

— Que lugar lindo!

  De frente a uma cachoeira, onde iriamos dormir de frente.

— Onde achou esse lugar? – Perguntou Susan

— É onde os meninos acampam, nas férias. Melhor montarmos tudo.

  Ajeitamos a barraca do jeito trouxa porque somos feras.

— Me ajuda!

  Nem tão feras assim.

— Que foi? – Perguntou Susan

— Essa barraca é pequena demais. – Explicou Flora – Hestia, cadê a nossa barraca?

— Voando para sua casa, agora mesmo – Informei – Vamos dividir uma barraca trouxa.

— Todas nós naquilo ali?! – Indagou Hestia – Vai ser um milagre se Genésia entrar. Sem ofender, Ge.

— Tudo bem.

— A nossa competição mostra uma chance pra redenção. – Esclareci – Não temos a menor chance de mostrar quem somos sem acharmos nosso estilo próprio de novo. Perdemos completamente a harmonia. Então, para os próximos dois dias, vamos ter que fazer tudo juntas até acharmos nossa harmonia.

“Meninas, preparem para serem transformadas. Estão cercadas pelas forças de suas colegas Bellas e pelo suporte de uma orgulhosa tradição feminina e algumas armadilhas de ursos, então não vamos sair muito das trilhas. E sem varinhas”.

— O quê?!

  Todas colocadas na minha bolsa. Nossa primeira noite em uma barraca trouxa não foi tão confortável assim.

— Para de cutucar!

— Não ‘tô te cutucando!

— ‘tá sim, que eu ‘tô sentindo!

— Aqui é muito apertado!

— É só sair e pronto!

— Sai você!

— Sai você!

— Calem a boca! – Mandou Parsy – Ótimo, agora durmam.

— Mas aqui ‘tá muito calor.

  Veio uma ventania e a barraca foi com ela.

— Melhorou?

  Juntamos um pouco de madeira e fizemos fogo para nos aquecer um pouco.

— Ainda não acredito que estou aqui. – Disse Genésia, sentada com a gente

— Nem eu, aqui tem tanto mosquito! – Reclamou Flora

— Vou lavar louça por semana. – Contou a mais nova – Tive que negociar com meu primo.

— Como assim?

— Ele manda em você?

— Arcolo? Não! É cuidamos da nossa avó, ela é meia doidinha, mas amamos ela. Às vezes, faz biscoitos deliciosos. De vez em quando, está no St. Mungus.

— Sinto muito, Genésia. – Falou Parsy – ‘tá tudo acontecendo tão rápido, acabo ficando com tanta pressão, sabe. Não quero estragar tudo. Quero dizer, o que vão fazer quando se formar?

— É o seguinte, eu vou pra Las Vegas – Respondeu Flora – Eu vou dá uns pegas em alguém. E aí geral pode aparecer lá. ‘tá todo mundo convidado. É isso aí.

— Que nojo – Disse Hestia rindo – Acho que vou ser modelo ou vendedora de drogas, o que mais me der dinheiro.

— Eu quero fazer vassouras. – Contou Susan

— Acho que algo no Departamento de mistérios, sei lá. – Disse Genésia – Ast, você nunca contou o que vai fazer depois de se formar.

— É, então...  Eu não tenho nenhum plano.

— Não acredito! – Soltou Parsy – Você sempre tem tudo planejado, como assim você não sabe o que quer?

— Ah, não sei. Acho que... Moraria num lugar bacana. De dia, trabalharia num lugar um pouco chato e de noite, dormiria de conchinha com meu noivo Draco e...

— AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! VOCÊ AMA ELE!

— Não! Eu não amo!

— Quando pretendia nos contar?

— Como aconteceu?

— Quando aconteceu?

— Vocês transam muito?

— Ele já deixou você brincar com o bilau dele?

— Meu Deus! Calma! Calma! – Pedi – Eu ia contar quando estivesse pronta. Aconteceu quando brigamos naquele tempinho e ele veio atrás de mim no Três Vassouras. Transamos umas dez ou onze vezes. E já, já peguei no... Já chupei ele com muita, mais muita força.

— AAAAAAAAHHHHHHH!

— Ok, chega de papo de mulherzinha – Parsy pegou algo na bolsa dela – Hora de diversão de verdade!

  Quem leva um vibrador para um acampamento com suas amigas? Aquela tarada!

— Vamos, Ast! Mostra o que você sabe!

— Eu?

— É, a única experiente.

  Foi então que me toquei.

— São virgens?!

— Claro, a safada é você – Me jogou o troço – Pode começar.

— Ah, gente, eu... Tem Ge e Susan aqui. Elas não vão querer ver isso.

— Queremos sim!

— É claro que querem.

— Mostra! Mostra! Mostra! Mostra!

— ‘tá bom. A primeira coisa a fazer é segurar. E não pode ter medo, sabe. É você quem está no controle. E sempre é bom ver ele louco, então você... Você masturba bem devagar, só pra ele sentir o gostinho. Vão ver eles gemendo e vão querer mais, então aumentem a velocidade sem avisar.

— E quando coloca na boca? – Perguntou Flora

— Não pode ser muito rápido, ou ele goza na hora. Dá um beijo, uma leve, eu disse, leve mordida. Isso deixa eles loucos. Lambe um pouco como se fosse o picolé mais gostoso que já viu.

— E o que você faz quando ele gozar? – Questionou Hestia – Engole ou cospe?

— Eu li em alguns livros que os homens se sentem um pouco rejeitados quando cospem, mas vocês escolhem. Então é só pedir que gozem em outro lugar. Nem sempre o gosto é bom, varia pra cada cara.

— E o do seu namorado é bom? – Quis saber Genésia

— Muito bom, Ge. E não faz mal à saúde, eu já chequei. E ele não é meu namorado.

— Como assim? – Perguntaram

— Ele não pediu, ué. Mas não esquentem com isso, sei que gosta de mim e eu, dele.

— Que fofo!

— Muito. Bom, meninas. Hora de dormir, teremos um longo dia amanhã. E voltaremos bem cedinho.

  Claro que não dormimos tão facilmente, ainda me fizeram algumas perguntas. Levantamos às oito da manhã e comemos o que trouxemos do Três Vassouras.

— Acordando, Bellas! – Chamou Parsy – O que acham de uma caminhada?

— Eu tenho uma ideia melhor, Pan.

  Escalar é melhor caminhar?

— NÃO! – Gritou Hestia – Eu vou morrer por sua causa, Astória!

— Qual é, Hes! Estamos presas em cabos, ok?

— Ela é medrosa, ok? – Flora escalava bem mais rápido que toda – Isso é ótimo!

— Isso é demais!

  Susan se balançava no ar.

— Queria dizer o mesmo. – Desejou Pansy

— Não sabia que tinha medo de altura. – Falei

— Eu? Jamais. Só não conta pra minha mãe, ok? Quando disse isso pra ela, me falou que nunca seria nada se tivesse medo de ser melhor. Parece encorajador, mas não é.

— Sei como é, minha mãe faz a mesma coisa.

— Sinto muito por ter rasgado seu livro.

— Meu livro?

— O de três anos atrás.

— Isso? Que nada. Ainda se lembra?

— Ficou difícil com Draco brigando comigo a cada dois minutos. E me desculpe por ter te chamado de esquisita. Eu meio que tinha uma certa inveja, todo mundo olhava pra você.

— Claro, quem não ia ver uma doida? – Rimos – Amigas?

— Amigas.

— Andem logo, menininhas! – Ordenou Ge, lá em cima com Flora

  A outra tarefa foi no lago próximo. Não entramos de biquínis sexys, fomos de roupas largadas mesmo. Pulamos várias vezes e fizemos guerras d’água. Teve famílias que foram embora por nossa causa.

— Ei, vadias – Chamou Susan – Olha só a potência disso!

  Ela pulou de barriga e a gente riu pra caramba. Quando anoiteceu, fomos correndo de volta ao nosso cantinho. Susan ligou a vitrola dela e ficamos dançando e cantando.

— Eu amo vocês! – Declarou Parsy, abraçando as gêmeas até fazemos um abraço coletivo

  Nos acalmamos um pouco, trocamos de roupas e sentamos em volta da fogueira, assando marshmello.

— Isso é tão bom que me casaria com isso – Decretou Ge – Genésia Marshmello.

— É um lindo nome. – Elogiou Susan – Ast, sente saudades de Daph?

— Um pouco. Parece que ela está na casa de uma amiga, não sei ao certo. Sabe o que é engraçado? Ver ela crescendo. Eu sempre cuidei dela e agora é quase uma mulher.

— Você foi forçada a ser mãe muito cedo.

— Talvez, mas não me arrependo nem um pouco. Precisava tomar conta dela antes que minha mãe fizesse.

— Qual é a dela? – Perguntou Hestia

— Engravidou cedo, me culpou por casar com o idiota do meu pai, me cobra ser perfeita, coisas assim. Às vezes, me sentia errada. Como se tivesse nascido com defeitos.

— Mas, Ast, todas temos defeitos – Explicou Susan – Se queremos melhorar eles, é outra história.

— Quando era mais nova, comia meleca. Hoje não como mais. – Contou Ge

— Muito legal saber.

— Obrigada. Pansy, o que tanto você desenha aí?

— Quê? Nada.

— Ah, vai!

— Mostra!

— Por favor!

— Ok, eu mostro. Mas vou logo avisando que não está muito bom.

— Anda logo!

— ‘tá bom – Virou – O que acham?

  Um desenho belíssimo do primeiro uniforme de Bella dama da história.

— É lindo!

— Você tem talento!

— Acham mesmo?

— Claro, só não é mais maravilhoso que você.

— Obrigada, meninas. Vocês são incríveis!

  Ver Parsy mostrando seu verdadeiro eu me deixou feliz e espantada ao mesmo tempo.

— Meninas, acho que encontrei minha barreira. O que me impede de ser totalmente feliz.

— E o que é, Ast?

— O amor da minha mãe. Há algum tempo, tentei me matar porque me disse coisas terríveis e um reflexo meu foi feito sempre me xingando. Mas querem saber de uma coisa? Eu não preciso dela, eu não preciso ser perfeita! Só de saber que sou importante – soltei algumas lágrimas – já fico muito feliz.

— Ah, Ast!

  Demos outro abraço coletivo.

— Tem certeza? – Questionou Flora

— Absoluta.

  Se tinha me tornado outra pessoa, precisava mostrar isso. E nada melhor do que cortar o cabelo.

— Não fecha os olhos! – Ordenei

— Ok, desculpe.

  Todas as meninas observavam muito atentas. Ouvi o movimento da tesoura e senti como se um peso saísse das minhas costas. O peso do creme. Flora continuou a cortar.

— Menina, você ‘tá um arraso.

  Bem de manhãzinha, arrumamos tudo para partir. Cantamos o caminho inteiro e chegamos no Três Vassouras, onde nos esperavam ansiosos. Entramos e os sonserinos bateram palmas e assobiaram.

— Astória, venha cá – Chamou madame Rosmeta – Quero que me diga tudo detalhe por detalhe!

— Rainha! – Draco me abraçou por trás e beijou meu pescoço – Ela não é linda, madame Rosmeta?

— A mais linda de todas. Até daqui a pouco.

  Sorri e me virei para ele. Tirei o gorro e ele arregalou os olhos, como se tivesse um dementador ou algo do tipo.

— Gostou?

— Claro que sim, eu que cortei! – Pronunciou Flora

— Eu amei, querida. – Admitiu madame Rosmeta – Está linda!

— Obrigada, madame Rosmeta.

  Draco ainda não me dirigia a palavra. Na verdade, ficou quieto 

— Meninas, as suas posições!

Todas vestidas de garçonetes, com o lenço verde enrolado no cabelo ou nos braços e cantando. 

— Por que temos que fazer isso mesmo? - Quis saber Parsy desanimada

— Se somos mais, temos que conhecer os menos. - Lhe dei uma bandeja - E trabalho em equipe é tudo.

  Todas trabalhando e eu eu também, claro. O lance da música era uma ser a voz principal e o resto, as batidas (Autora: Pitch Perfect 2 - Back To Basics (Lyrics) 1080pHD). A primeira cantora principal foi Flora; depois foi Hestia, Susan, Ge. Todo mundo olhava pra gente como se fossemos um bando de doidas. A última foi Pansy. Todas olhamos para ela para que cantasse. Ela revirou os olhos e prosseguiu.

— Muito bem, Bellas - Elogiei - Estou orgulhosa.

— Pergunta: a comida era de graça? - Quis saber Susan

— Não.

— Se alguém perguntar, foi Nott.

Nos despedimos e cada um ficou com seu boff - tirando Susan. Eu e pitelzinho andávamos sozinhos por aí.

— Como foi o resto do seu feriado? – Perguntei

— Legal.

— Que bom. O meu também foi ótimo. Eu e as meninas nos conhecemos bem melhor e viramos amigas de verdade. Até descobri o motivo da minha timidez.

— Todo mundo sabe, medo de falar em público.

— Não exatamente. Não era timidez de verdade, só uma barreira que me impedia de ser quem sou e feliz de verdade.

— Quer dizer de cabelo preso, você não é feliz?

— Não é isso, só fingia ser alguém que não sou. E parece que você não está feliz de me ver de cabelo preso.

  Ele parou de andar, com uma cara confusa, e eu também.

— Eu?

— É. Não disse nada sobre meu cabelo e todo mundo gostou.

— Desculpa se não sou como todo mundo.

— Tudo bem.

  Sentei num banco próximo e ele se juntou a mim.

— Eu não disse que está feio, ok? Só não me acostumei, não estava preparado.

— Draco, eu só cortei o cabelo.

— Eu sei, mas... Esse lance de sentimento é difícil.

— Nem me fale.

  Sorrimos e ele me deu um selinho.

— Você ficaria linda até careca.

— Sério? Então não se importaria se eu fosse ali e-

— Nem pensar! – Me prendeu em seus braços – Não vai a lugar nenhum, a senhorita vai ficar comigo. – Beijou meu cabelo – Sabe que esse creme é bom? Tem cheiro de cereja.

  As aulas voltaram e estudávamos dia e noite, a tarde estava reservada para os ensaios.

— Bellas peruas! – Parsy no chamou, no salão comunal – Adivinhem de quem os uniformes estão prontos!

  Saias curtas; blusas com a barriga de fora; e muitos, muitos garotos babando por nós.

— Menina, você está linda! – Elogiou Parsy, no salão de ensaios

— Acha mesmo?

— Com certeza. Se eu não estivesse namorando, te pegaria.

  Ela bateu na minha bunda e foi falar com as outras garotas. E não usávamos só nos jogos, virou o uniforme de vinte quatro horas por dia. E claro que todo mundo olhava, incluindo os garotos.

— Greengrass – McLaggen pronunciou meu sobrenome como um doce suculento – Que perninhas, em.

— Gostou? Aposto que são bem mais bonitas do que as mulheres da sua leitura diária.

  Fiquei um pouco mais astuta, porém, com quem fala comigo. Continuei a usar o leve batom vermelho. Em uma certa tarde, senti algo tocar meu traseiro. Parei na hora, me senti fraca. Olhei para trás e vi um senhor sentando em uma mesa por perto, abrindo seu jornal.

— Está tudo bem, prima? – Perguntou Luna, vendo um pouco da minha aflição

— Claro. O que vão querer?  

  Não ouvi nada da boca dela, apenas um ruído desconfortável. Pude notar que o homem me observava, no canto do olho. Meu reflexo cruzou os braços e negou com a cabeça.

— É forte, é? Engraçado, cadê suas amiguinhas quando precisa? Sabia que pode ser estuprada? É bom que seja mesmo, é o que merece por se vestir como uma vagabunda!

— Ast? – Mexi a cabeça e lembrei que Luna ainda estava ali e bem preocupada – O que foi?

— Nada, com licença.

  Deixei o bloquinho de notas na mesa e me escondi no banheiro. Molhei meu rosto e tentei manter a calma. Evitei olhar para o espelho, não queria ouvir ela. Abriram a porta e tentei me recompor.

— Se não é a Bella bonequinha de comensal. – Disse Dove sorrindo – O que faz aqui? Retocando o batom? Ah, Merlin. Ela cortou o cabelo! Está tão ridículo que tenho vontade de vomitar. – Sentou na bancada da pia – Sabe que também sou uma Bella dama, mas tem uma diferença.

“Eu tenho futuro e você não. Acha o quê? Que vai conseguir muita coisa com um comensal no seu pé? Acredite, querida. Vocês vão ser um fracasso e não vão conseguir nada além de desgosto. Sabe como é. Alguns ganham, outros não”.

  Dove sempre lembrou minha mãe, acho que por isso que sonhava em acabar com ela. Como eu fiz. Ela foi embora e outra pessoa entrou.

— Ei, Ast? – Chamou Draco, entrando – Está tudo bem?

— Não pode entrar aqui, é o banheiro das meninas.

— Eu sei, mas Lovegood disse que caiu um meteoro em você e fiquei um pouco preocupado. Só um pouco. O que foi, vai? Pode falar. Foi  Dove? Ela vem te incomodando de novo?

— Não, não é isso. Só... Me sinto um pouco fraca. Não param de olhar pra mim.

  Com o tempo, Draco foi aprendendo como funciona minha mente e como devia reagir – com ajuda de Daphne, claro.

— O que ela disse? E por que ela disse?

— Tem um cara e... Ele me tocou.

— Onde?

— No meu traseiro.

— Ok. Olha, vai pra Hogwarts agora, está bem?

— O que você vai fazer?

— Não precisa se preocupar, farei o certo. Vai lá, toma um banho, que te encontro depois.

  Beijou minha testa e me abraçou. No início, achei que iria brigar. Então descobri que ele falou com Potter e disse sobre o ocorrido – sem dizer que se tratava de mim, claro. O cara foi preso, se quiser saber.

— Acho que vou escrever uma carta ao Potter, como agradecimento. – Contei, antes do treino de quadribol

— Quê? Por que vai fazer isso? – Questionou Draco, amarrando o sapato

— Porque fui assediada e ele prendeu o cara.

— Só fez o trabalho dele, nada de mais.

— Claro, porque é você que recebe olhares nojentos o dia todo.

— É só não se vestir assim.

— Então tenho que parar de me vestir como gosto porque babacas ficam me olhando?

— Não foi o que eu quis dizer.

— Entendi muito bem o que você quis dizer.

— Olha, eu... – Respirou fundo – Melhor pararmos, ou vamos acabar brigando.

— Acho que já estamos brigando.

— Draco! — Chamou Blásio

— ‘tô indo. Terminamos essa conversa depois, ok? – Assenti – Não se esqueça que sou apaixonado por você.

— É difícil com as marcas que deixa no meu pescoço.

  Sorriu e me deu um selinho antes de ir embora. Me juntei as minhas amigas – todas de uniforme, para variar – nas arquibancadas. Dançamos e cantamos um pouco para eles. Depois, fizemos o que todas as meninas fazem: falar da vida alheia.

— Sabe Simas Finningan? – Perguntou Hestia – Parece que ‘tá pegando a indiana.

— Qual das? – Questionou Flora

— E eu sei lá, tem tudo a mesma cara. – Disse uma gêmea idêntica – Só sei que o lance parece ‘tá ficando sério, andam até de mãos dadas.

— Que cafona. – Comentei, cerrando as unhas – O que vão fazer agora? Andar pelo bosque encantado, sentar embaixo de uma árvore e comer docinhos gostosos?

— Ei, eu fiz isso com a sua irmã! – Exclamou Susan

— Foi mal. Ai meu Merlin.

— Que foi?

— Olha quem chegou.

  As putas Bellas damas da Grifinória dançavam no campo.

— Por que estão dançando pro nosso time? – Perguntou Genésia, sentando com a gente

— Se liga, Ge. Estão dando uma de intrometidas – Respondeu Parsy – E vocês que não pensem em se misturar com essa gentinha. Nossa Casa representa elegância, tudo o que elas não têm. Que tipo de roupinha é aquela? Parece um pano de chão!

  Ficamos rindo. Um tempo depois, alguns garotos sentaram com a gente. Vi que o boy magia de Hestia morria de ciúmes por ser deixado de lado e ver ela falando com um lufano. Os garotos eram até legaizinhos.

— Oi, Greengrass. – Menos Macloggen – Como vai minha Bella dama preferida?

— Ótima, obrigada.

— Que isso. Sabe, eu estava te olhando dali e pensei que quisesse sair comigo.

  Eu e as meninas seguramos o riso.

— Como o gênio da Grifinória descobriu isso?

— Ah, eu venho te observando. Aposto que já me imaginou pelado.

— Com certeza. Me masturbo toda noite pensando em você, querido.

— Olha – alisou minha perna – podemos fazer agora, se quiser.

  Abaixei os óculos de sol e o olhei melhor.

— Sério? – Ele assentiu – Ah, querido, isso é tão romântico que chega faz meu coração acelerar. Vamos fazer o seguinte.

  Sussurrei no ouvido dele e foi embora sorrindo.

— O que você disse pra ele? – Perguntou Parsy

— Ah, baby, você vai ver.

  Lá para as quatro horas, procurei por você e disse que tinha encontrado uma coisa estranha embaixo das arquibancadas. E não foi só isso, pedi para Dênis tirar uma foto do momento e a banda marcial comparecer. Foi hilário. A melhor parte foi ver ele correndo pelo campo com só uma goles tampando o saco. Eu e as meninas rimos disso por muito, muito tempo. É correto? Caguei.

— Então é assim? – Incomodou Dove, nos vendo rir – Acha que pode armar isso pra ele e sair impune?

— Eu não fiz nada, ele que ficou lá pelado.

— Acha que é o máximo, não é?

— Ela não acha, tem certeza! – Defendeu Ge

— Cala boca, pirralha!

  Todas ficamos de pé, mas Parsy que despejou o lixo.

— Olha, eu acho melhor você tirar essa bunda murcha daqui ou vai sentir ela sendo chutada, pode escolher!

— Eu vou, mas não pensem que acabou! Ainda vão ver, minha Casa acabará com vocês, malditas!

— E quando Hogwarts acabar, quem vai te proteger? – Questionou Daphne, atrás dela

— O Ministério vai! E sai da minha frente, sapatão!

  Empurrou ela e seguraram eu e Susan.

— Você ‘tá bem? – Perguntei a minha irmã

— É bom que ganhem o jogo ou vou ficar muito irritada, cara!

  Nos trocamos no vestiário, decidi tomar banho lá. Pegava minha roupa no armário, o lugar já estava vazio. Ouvi a porta se abrindo.

— Olha, Dove, eu juro que... Pitelzinho?

— Oi – Me entregou um buquê de rosas negras – Queria me desculpar pela nossa pequena discussão e te parabenizar pelo idiota do MaClaggen.

— Obrigada.

— É, você mandou muito bem. E tem todo direito de andar do jeito que quiser, o corpo é seu.

— Obrigada. Mais alguma coisa?

— Sou apaixonado por você.

  Sorri. O puxei pela camisa e lhe dei um beijo casto. Nos sentamos no banco e demos outros encostamentos de lábios.

— Nervoso pro jogo?

— Bastante. É o último ano e quero terminar bem.

— Tenho certeza que vai, você é o melhor.

— E você? É a estreia das Bella damas, não é?

— Nem me fale, vamos arrasar ou pagar o maior micão.

— Aposto na segunda opção. Me diz uma coisa, Dove ainda te incomoda muito?

— Ah, só de vez em quando. Mas isso não tem muita relevância.

— Ah, tem sim. Sabe que me importo com você, muito mesmo – Beijou meu pescoço – Não quero ver ninguém machucando minha rainha – beijou o outro lado – ou vou ter que resolver do meu jeito.

— Sabe que não gosto de violência, Draco.

— Violência? Eu ia falar com McGonagall. Monitor, esqueceu?

— Ah, claro. Foi mal. Você é tanta coisa que chega me esqueço. Monitor-chefe, capitão do time de quadribol.

— Não esqueça de futuro marido de Astória Greengrass.

— É, talvez entre na lista.

— Talvez?

  Ri e o puxei para mais um beijo. Segurei em seu pescoço e ele me trouxe para mais perto, segurando em minha cintura. Sua mão encostou na minha coxa e foi subindo, subindo, subindo. Arfei ao sentir seus deliciosos lábios no meu pescoço. Seu dedo brincando com a alça da minha calcinha, sussurrando sacanagem no meu ouvido.

— Eu quero você, Ast. Eu quero muito ter você. Olha o que você faz comigo – Pegou minha mão e colocou no seu pau ereto – Isso não se faz.

— Eu sou menina má, é? – Esfreguei minha mão em seu membro – O que você vai, pitelzinho?

  Nos beijamos outra vez, desabotoava os botões da sua camisa. Foi me deitando no banco, deixando marcas no meu pescoço, no meu corpo. Ficou de pé e abriu o cinto.

— Você é uma menina muito má, Astória Greengrass.

— Sou, é? Me castiga, pitelzinho. Me mostra como devo me comportar.

  Sorriu maliciosamente. Abaixou a calça e a cueca, me puxou para perto. Se posicionou bem no lugar devido e penetrou. Começando movimentos de vai e vem, apertando minhas coxas. Se aproximou um pouco – sem parar os movimentos – e levantou minha blusa, deixando meus seios expostos.

— Isso é que é gostoso! Oh, delícia!

  Prensou o bico do meu seio e gemi um pouco alto. Fechei meus olhos, mordi meu lábio, arranhei o banco – será que ainda tem marca lá? –, levantei a cabeça, delirei legal. Esfregou os dedos no meu clítores e enfiou na minha boca. Senti que estava perto e veio. Ele gozou só um pouco depois de mim. Só um pouco.

  Penetrou em mais umas três ou quatro vezes, então parou. Seus olhos estavam fechados e respirava fundo.

— Cansado, pitelzinho?

— De você? Nunca. Só... Dando uma pequena pausa.

  Apertou meu seio.

— Ai!

— É isso que se ganha... Sendo uma menina má.

  Ficou praticamente colado em mim, enterrado no meu pescoço. Ouvia sua respiração, a batida do seu coração. O cheiro de suor entrava pelo meu nariz e me deixava satisfeita ao saber que estava assim por minha causa.

— Temos que voltar, devem estar nos esperando.

— Consegue se levantar?

— Ei!

— Brincadeira – Deu um beijo no meu ombro – Sabe que sou louco por você.

  O que aconteceu depois não é tão importante assim, só recebemos olhares maliciosos ao nos verem sentar juntos após um certo tempo sumidos.


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