Depois daquele amor escrita por ChattBug


Capítulo 1
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como prometido, aqui está a parte três de "Depois daquela dança". Sugiro que leia a parte um e a parte dois ("Depois daquela carta") para melhor compreensão dessa história.
Espero que gostem.



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Marinette estava deitada em sua cama encarando o teto e sentindo um cansaço inexplicável a mantendo ali. Hawk Moth não estava enviando mais tantos akumas quanto antes e a garota praticamente o agradecia por isso, embora algo lhe dissesse que o vilão poderia estar se preparando para mandar um akumatizado mais poderoso ou então planejando um ataque inesperado, como o que aconteceu no dia dos heróis. Tentou abandonar aquela suposição e pegou o celular, mas não encontrou nada em suas redes sociais que chamasse atenção. Entediada, ela lutou contra a preguiça que a mantinha deitada e levantou para abrir a porta que levava até sua varanda. Imaginou que, ao subir ali, afastaria os pensamentos relacionados ao seu alter-ego, mas não foi exatamente o que aconteceu.

Ao observar aquela manhã nublada de domingo, lembrou que foi exatamente em um dia como aquele que muita coisa mudou. Já sentindo as recordações invadirem sua mente sem permissão, ela balançou a cabeça na tentativa de afastar as memórias dolorosas. Mas, quando percebeu que aquilo foi em vão, sentiu que agora não conseguiria mais fugir. As lembranças que ela tanto escapou durante aqueles meses voltariam a atormentá-la de uma forma ou de outra. Permitindo que aqueles acontecimentos se repetissem em sua mente, ela apoiou os cotovelos na grade e observou a manhã parisiense, recordando o dia que trouxe diversas transformações em sua rotina.

***

Há dois meses:

 

A azulada acordou um pouco perdida. Não sabia o horário e muito menos a data, mas tinha certeza que ainda era dia de semana e deveria ir ao colégio. Levantou subitamente da cama ao perceber que poderia estar atrasada. Não lembrou de ter escutado o despertador, então concluiu que seu celular poderia ter descarregado. Mas, ao acender a tela para se localizar no tempo, suspirou. Não estava atrasada, tinha até acordado cedo, mas quando viu que dia era, percebeu que não havia necessidade de acordar naquele horário. Ela estava certa, realmente era dia de semana, mas não haveria aula, pois era feriado. Pensou em voltar a dormir, mas, ao ouvir seu estômago roncar, notou que não conseguiria. Olhou para a kwami que estava adormecida, nem percebendo que havia algo sobre a mesa do computador. Desceu as escadas de pijama mesmo e, após cumprimentar a mãe, tomou seu café da manhã.

— Marinette, você sabe que hoje não tem aula, né? — Disse Sabine e a menina assentiu enquanto comia um croissant — Então por que acordou tão cedo? Esqueceu de desligar o despertador?

— Não, eu acordei sem o despertador.

— Marinette acordada a essa hora em pleno feriado? — Perguntou Tom assim que abriu a porta e, surpreso, depositou um beijo na testa da filha.

Quando a azulada terminou o café da manhã, voltou para o quarto e percebeu que Tikki ainda estava dormindo. Trocou de roupa e, após organizar o local, lembrou que teria prova de física na segunda-feira. Embora tivesse o fim de semana inteiro para revisar o conteúdo que estudou com os amigos, ela resolveu não deixar para última hora. 

Marinette pegou alguns livros da matéria e colocou seu material sobre a mesa do computador. Mas, quando iria começar os estudos, percebeu que tinha algo diferente ali: um cartão com a assinatura de seu amado e uma rosa idêntica à que tinha ganhado de seu parceiro. Ficou confusa e, durante alguns minutos, tentou imaginar como o loiro havia deixado aquilo em seu quarto. Talvez ele tivesse entregado para seus pais e estes colocaram os objetos ali, mas, durante todo o café da manhã, nem Tom, nem Sabine haviam dito algo sobre a carta e a rosa que estavam em sua mesa.

Assim que a menina terminou a leitura e encarou a flor novamente, uma suposição tomou conta de seus pensamentos. O texto no cartão a surpreendeu e os últimos versos a abalaram, mas, ao imaginar a razão que fazia o loiro não corresponder seus sentimentos, não conseguia se sentir tão mal.

"Disfarce e desmascarar", as palavras do poema ressoavam em sua mente e aquela rosa que segurava a fazia lembrar de seu parceiro entregando-lhe uma flor idêntica àquela.

— O Adrien é o Chat Noir? — Falou para si, ainda sem acreditar totalmente naquilo e ficou alguns minutos parada ali, atônita demais para pensar ou fazer qualquer coisa.

Tikki acordou calmamente e ficou surpresa ao perceber que Marinette já tinha se levantado. Como não teria aula naquele dia, imaginou que a azulada dormiria até tarde e que, talvez, pudesse ir falar com Plagg para certificar se ele tinha resolvido aquela confusão feita por seu dono. A kwami voou até o local em que a menina estava e, quando iria desejar um "bom dia", notou que Marinette parecia estar distraída e que segurava um cartão. Deduziu que seria mais uma carta dela para Adrien, mas, ao se aproximar, notou que aquela letra não era da azulada. Seus olhos voltaram-se para a rosa que estava na mão da garota e, assim que encontrou a assinatura do dono de Plagg no poema, sentiu um desespero repentino a invadir. Imediatamente, lembrou-se das palavras do kwami mais cedo. "Vou pedir para ele se acalmar. Estava lá dizendo que ia esclarecer tudo e blá blá blá". Tikki também recordou que tinha se perguntado o que seria esse esclarecimento e, ao encarar sua portadora de costas, olhando para o poema em silêncio, percebeu que o tal "esclarecer tudo" deveria ser aquilo. Tentou se acalmar dizendo para si mesma que Plagg não permitiria que seu dono enviasse uma carta revelando sua identidade, mas uma sensação terrível lhe dizia que aquele cartão que a azulada segurava parecia conter o fim do segredo. Desesperada, a kwami se aproximou da menina, torcendo para que ela não tivesse lido aquilo.

— Marinette? O que é isso? O que está está escrito? Você leu? — Disparou as perguntas sentindo o desespero em sua voz e foi o exatamente o que encontrou nos olhos de sua portadora. A menina ainda estava paralisada com aquela revelação e não impediu que Tikki tirasse o poema de suas mãos.

Os olhos da kwami percorreram os versos rapidamente e ela notou que o segredo do garoto não estava tão explícito. Mas, ao encarar Marinette, percebeu que a azulada tinha entendido a mensagem. "Ela sabe", pensou, tentando imaginar alguma forma de resolver aquilo, mas nada passava pela sua cabeça. A azulada compreendeu o que Adrien disse naquela carta e Tikki não sabia como convencê-la de que tudo não passava de um mal entendido e que o loiro não era Chat Noir. Estava claro que a garota não acreditaria em sua mentira e, ao encará-la, a kwami percebeu que ela parecia estar ligando todos os pontos em sua mente, como se montasse um quebra-cabeça. Sabendo que não tinha mais volta, lembrou-se de quando Plagg tinha falado com ela mais cedo.

— Não acredito que o Plagg deixou o garoto fazer isso! Ele é tão irresponsável, tão… — Disse Tikki, mas foi interrompida pelo olhar surpreso de Marinette. A azulada lembrou que a última vez que tinha visto a amiga daquela forma foi quando discutiram no dia em que ela queria entregar o poema no qual revelava sua identidade. E agora, mesmo que não tenha sido por ela, aquele segredo finalmente tinha sido revelado. — Ah, Mari, eu… — A kwami falou, mas não terminou a frase. Não fazia ideia do que dizer para a menina naquele momento, não imaginou que as máscaras cairiam tão cedo. Notou que uma lágrima insistente molhava o rosto de sua portadora e desejou mais do que tudo que ela não precisasse passar por isso.

A azulada pegou o poema que Tikki segurava e foi até sua varanda, sentindo que precisava de um pouco de ar. Foi só observar as nuvens acinzentadas que ela permitiu todas aquelas lágrimas que estavam contidas se libertarem. "Durante todo esse tempo, o Adrien estava apaixonado por mim e tentou se aproximar", pensou, lembrando da noite em que Chat Noir tinha declarado seu amor por Ladybug, após derrotarem Glaciator. "Eu… o rejeitei", recordou, sentindo mais um rastro úmido em sua face. Ela tentava afastar aquelas lembranças de seu alter-ego afirmando que não retribuía os sentimentos de seu parceiro, mas seu esforço foi em vão.

A azulada leu novamente o poema de Adrien, voltando sua atenção para os últimos versos.

Eu sinto muito, Marinette

Seu amor não posso corresponder

Estou apaixonado por outra pessoa

Espero que consiga entender

 

Ela sabia muito bem que essa "outra pessoa" era Ladybug, visto que Chat Noir já tinha dito, na frente dos pais dela, que ainda era apaixonado pela parceira, embora ela gostasse de outro. A azulada sentiu uma dor no peito ao perceber que o "outro" era ele mesmo, mas sem a máscara. Sentiu-se culpada por não ter aceitado os sentimentos do parceiro, sabia que ele tinha ficado mal naquela noite. Perguntou-se como não havia reconhecido o garoto e como foi capaz de dizer que não o amava, mas subitamente lembrou que ele tinha feito o mesmo. Adrien também amava apenas uma parte dela, a Ladybug e, até onde sabia, o garoto também não a reconheceu. Além disso, ao olhar o poema em suas mãos, notou que o loiro, assim como ela, havia rejeitado os sentimentos da pessoa amada por não saber quem ela era.

"Ele… disse que não me ama porque não sabe quem eu sou". Parou de encarar o rastro molhado que uma lágrima havia deixado no papel que segurava e seus olhos voltaram-se para a manhã nublada novamente. "Se o Adrien soubesse que eu sou a garota que ele é apaixonado, ele…", seus pensamentos foram interrompidos por uma memória. Já tinha pensado naquilo antes. Foi exatamente o que pensou antes de escrever o poema revelando para seu amado que era Ladybug. "O poema!" Ela saiu da varanda e foi até a caixa que guardava seu diário. Após tirá-lo dali, encontrou a carta que Tikki tinha recuperado do armário de Adrien, o que impediu o loiro de descobrir a identidade secreta da heroína de Paris. Leu aqueles versos novamente, sentindo uma indecisão tomar conta de si. Será que era uma boa ideia?

A kwami comia um cookie enquanto voava de um lado para o outro. Ainda não fazia ideia de como reverter aquela situação. Sua dona agora sabia a identidade do parceiro e, se tratando de Marinette, aquilo com certeza traria algumas mudanças nas batalhas. A garota sempre ficava distraída quando Adrien estava por perto e Tikki temia que Ladybug ficasse assim nas lutas contra os vilões de Hawk Moth agora que descobrira quem era Chat Noir por trás da máscara.

Marinette voltou para a varanda, encarou o papel em formato de coração que estava um pouco amassado e, logo em seguida, a carta escrita por Adrien. "Se ele soubesse quem eu sou, tudo seria mais simples", pensou e voltou o olhar para a kwami que tinha uma expressão confusa atrás dela.

— Tikki, transformar! — Disse, ainda um pouco hesitante em relação àquela ideia. Mas, contrariando sua indecisão e uma voz que parecia gritar em sua mente implorando para que não fizesse aquilo, ela saltou sobre os telhados até a mansão dos Agrestes.

Quando estava próxima do local, suspirou. Não sabia o que iria dizer para seu amado, mas continuou utilizando seu ioiô para chegar mais perto da mansão. Aproximou-se do quarto do loiro e percebeu que ele não estava lá. Notando que não teria coragem para falar qualquer coisa com ele, apenas passou o cartão rosa pela pequena fresta da janela fechada e saiu.

A garota sentia o vento frio em seu rosto e, durante o caminho, se perguntou diversas vezes se tinha sido uma boa ideia colocar a carta ali sem falar com o loiro pessoalmente. Mas, ao olhar para trás e notar que já estava distante da mansão, ela continuou saltando sobre os telhados até chegar em casa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Falei que ia ser um pouco diferente…
Essa última parte, assim como as outras, será postada às segundas, quartas e sextas entre 19h e 20h.
Obrigada por ler!



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