P.O.V Aloy

— Mas que droga é essa?! — Fala Stark no comunicador, me afastando de meus devaneios.

Balanço a cabeça e tento enxugar as lágrimas. Meu coração ardia de dor, de saudades e de desespero...

— Vocês estão vendo isso? — Pergunta Steve

Olho ao redor e vejo um grande verme voador saindo do buraco negro por onde todos os Chitauris que estavam saindo.

Abraço Katherina pela última vez e me levanto. Olho para seu corpo morto e, por conta de todo o treinamento que recebi, pego a minha pistola de volta e dois cartuchos. Procuro por mais algum tipo de arma e não encontro nada. Olho novamente para a minha melhor amiga...

“ O que foi que eu acabei de fazer?!”, penso e fico enjoada. Viro de lado e vomito o almoço que não comi.

Saio correndo sem conseguir olhar para trás. Meu estômago ainda não tinha conseguido digerir tudo aquilo e com a corrida sou forcada a vomitar novamente. “ Aloy, você precisa colocar sua cabeça no lugar, você ainda não saiu desse inferno!”, penso.

Respiro fundo e tento colocar as minha emoções de lado. Foco na batalha de agora. Encontro Thor no meio do caminho.

— Por que tens sangue no rosto?

— Que?!

Passo a mão pelo meu rosto tentado me livrar do sangue de Katherina. Sinto as lágrimas escorrendo como uma cachoeira, eu tremia como se estivesse no inverno polar de biquíni. Eu queria gritar, chorar e sumir, Desaparecer como toda a minha família.

Primeiro Sam.

Agora Kath.

Mortos.

As mãos de Thor seguram o meu rosto com calma e delicadeza. Ele segura um pedaço de sua capa e passa no meu rosto devagar, limpando o sangue da minha melhor amiga. Eu usava toda minha força para não vomitar no deus do trovão.

Seu corpo emana um odor doce, porém másculo. Suas mãos eram macias e quentes. Nesse momento eu só queria um abraço, um peito quente para descansar e me debulhar de lágrimas, mas eu não podia ser fraca, não agora...

— Sei o que Loki fez e peço desculpas por ele...

— A culpa não é sua... — Digo num suspiro

O deus enxuga as minhas lágrimas. Balanço minha cabeça, me afastando do tato da pele de Thor. Ficar ali, recendo o carinho parecia a coisa mais errada a se fazer nesse momento.

“Você está sendo patética, Aloy!”, penso. Me afasto dele e ativo o comunicador.

— Alguma notícia fora o grande verme sobrevoando as nossas cabeças? — Pergunto, fungando pela última vez.

— A S.H.I.E.L.D pretende lançar um míssil de alta destruição aqui! — Fala Steve

— Deus! — Falo e procuro um meio de transporte – Onde vocês estão?

— Onde pousamos a nave! — Barton diz

— Estou indo!

Tento fazer ligação direta, mas falho. Olho ao redor não encontro nenhum meio de transporte minimamente intacto.

“Droga!”, penso.

— Eu posso te dar carona... — Diz Thor girando o martelo

Me aproximo dele e envolvo seu pescoço com os meus braços. Ele me segura pela cintura e começa a girar o martelo com mais velocidade. Em poucos segundos já estávamos no céu e descemos com velocidade, pousando perto do grupo.

— O que aconteceu com Kath? Ela não está respondendo — Fala Natasha se aproximando de mim

— Ela está morta — Digo, incapaz de olhar para alguém. Fico surpresa com o meu tom de voz, soou fria e calculista, inexpressiva.

Falara completamente sem emoção. Por um lado fico feliz, pois finalmente tinha conseguido voltar toda a minha atenção para a guerra. Porém sinto que estava me tornando uma pessoa fria, me tornando exatamente aquilo que fui treinada para ser.

Não sabia se isso era resultado da contínua série de traumas ou se era o meu cérebro se lembrando do treinamento que recebi na S.H.I.E.L.D, uma tentativa de meus instintos de me manter viva. Só sabia que uma coisa: que agora a minha saúde física e mental não eram importantes.

Olho para Natasha, estava pasma. No tempo que eu estive fora a ruiva e Kath se tornaram muito amigas, ouso até dizer que se tornaram quase irmãs. Sinto pena de Romanoff, Katherina Patrova faria falta.

— Desculpa intrometer o momento de vocês, mas esse míssil está se aproximando — Fala Stark

— Hum... Eu preciso do cetro de Loki para fechar o portal... — Diz Natasha tentando segurar as lagrimas.

Steve assente. Ele e a ruiva se afastam. Fico de costas para os dois.

— O que vamos fazer com a bomba? — Pergunto no comunicador

— Acho que eu sei o que fazer! — Responde Stark

Por um momento sinto meus ombros pesarem. Sabia exatamente o Tony iria fazer e naquele momento, sem pensar, eu o respondo:

— Não vou perder nenhum outro membro desta equipe, Stark! Então pode arrastar essa sua bunda de metal para o chão! Agora!

Escuto uma risadinha e olho para o céu. Vejo a armadura do Homem de Ferro voando acima de minha cabeça.

— Romanoff, só feche o portal quando eu pedir, combinado? — Fala Tony no comunicador

Procuro a ruiva e ela não estava mais perto de nós.

— Stark, nem pense nisso!

— Já pensei, Aloy! — Ele fala e ri

Suspiro.

Sinto minha respiração acelerar e meu coração bater mais rápido.

— Ok! Só consiga trazer sua carcaça de volta! Combinado? 

— Sim, senhora!

Olho para o horizonte e vejo a armadura segurando em suas costas uma bomba. Respiro fundo.

— Romanoff, só esteja atenta ao meu sinal! — Ele fala e some no buraco negro

— Porra! — Murmuro,

Steve se aproxima de mim e repousa sua mão nas minhas costas, um consolo. Naquele momento me senti totalmente inútil e fora de controle. Perdi minha melhor amiga, colocara um inocente num buraco sem nenhuma chance de tirá-lo de lá e via a destruição que causei, junto com os Chitauri, na cidade de Manhattan.

“Grande escolha de braço direito, Fury!”, penso.

— Stark? Stark está na escuta? — Chamo no comunicador.

Nada. Silêncio total.

— Tony? — Tento novamente.

— Natasha feche o portal! — Diz Steve.

— O que você pensa que está fazendo?! – pergunto me virando para ele.

— Salvando vidas! — Rogers me responde, rispidamente

Não podia ir contra Rogers, nesse momento ele estava certo.

Era patético a minha falta de controle sobre mim mesma e sobre a situação que eu me encontrava. Me viro para os céus na esperança de encontrar um pontinho vermelho caindo do céu. E nada.

 Cruzo os dedos.

— Feche o portal! Agora! — Ordena Steve.

E lentamente o portal de fechava. Naquele momento rezei para um Deus que eu mal conhecia e pedi para que ao menos o corpo falecido de Stark chegasse ao chão.