Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 171
A fonte dos desejos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/171

Uma das melhores coisas da infância é que nos contentamos com muito pouco. Tome como exemplo Cíntia, nossa fofinha amiga. Ela estava toda contente por ter ganhado um trocado de sua mãe para comprar um sorvete naquela tarde encalorada. Enquanto caminhava pela praça da cidade na intenção de ir à sorveteria, a garota acabou tropeçando e deixando uma de suas moedas cair na fonte da praça. Infelizmente, a moeda acabou caindo perto do centro, tornando difícil de alcançar.

—Ah, que pena - lamentou Cíntia - Eu queria tanto comprar um sorvete!

Assim que terminou de dizer isso, um homem se aproximou dela com um sorvete de casquinha sabor morango.

—Ei, menina - disse ele.

—Eu? - perguntou ela, olhando para o homem ainda com uma carinha triste.

—Você quer esse sorvete? - disse o homem - Meu filho pediu dois, mas ele já ficou cheio com um e não quero desperdiçar.

—Desculpa - disse ela - Minha mãe disse que não posso aceitar nada de estranhos.

—Eu trabalho na papelaria ali na frente! - reclamou ele - Você compra material ali há anos!

—Ah, é verdade - lembrou Cíntia - Aquelas canetas coloridas são tão fofas! Se é assim, então eu aceito!

Por acaso, morango era justamente o sabor que Cíntia estava pensando em comprar. Depois que o homem foi embora e Cíntia começou a saborear seu desejado sorvete, ela finalmente se deu conta do que aconteceu.

—Espera - disse ela - Minha moeda caiu na fonte, eu falei que queria um sorvete e ganhei um sorvete! Isso só pode significar uma coisa! Essa fonte é uma fonte dos desejos!

Cíntia estava tão pasma com sua conclusão que ficou olhando para a fonte da praça com um olhar intrigado. Tanto que seu sorvete já estava começando a derreter. Ainda bem que sua boa amiga Samanta (tá, talvez nem tanto), estava passando por perto.

—Cíntia? - perguntou Samanta - Seu sorvete tá derretendo.

—Ah, nossa! É verdade! - disse Cíntia, lambendo rapidamente o que sobrou do sorvete - Obrigada, amiga. Já estava quase esquecendo.

—O que aconteceu? Por que tá tão distraída? - perguntou Samanta - Vamos combinar que desperdiçar sorvete não é do seu feitio, né, amiga?

—Não, é que...aconteceu uma coisa muito esquisita - disse Cíntia, explicando o que aconteceu para Samanta.

—Fonte dos desejos? - perguntou Samanta.

—É. Só pode - falou Cíntia, cada vez mais empolgado - Você sabe como funciona, né? Você joga a moeda, faz um desejo e ele se realiza! Como nunca ninguém percebeu isso?

—Achava que isso acontecia só com poços - falou Samanta - Você acredita nisso mesmo?

—Bem, a moeda caiu, eu queria um sorvete e ganhei um sorvete - continuou Cíntia - Contra fatos não há argumentos!

—Só acredito vendo - disse Samanta - Quero testar eu mesma.

—Boa, amiga - apoiou Cíntia - É só jogar uma moeda.

—Uma moeda, né? - repetiu Samanta - Muito bem…

Samanta estendeu sua mão para Cíntia.

—O que foi, amiga? - perguntou Cíntia.

—Pode me dar uma moeda? Não ando por aí com trocados - falou ela.

Problemas de gente rica. Quem anda com moedas no bolso quando se pode pagar tudo com Pix, não é? Dá nisso, acha uma fonte dos desejos e não pode pedir.

—Ah, claro - disse Cíntia, entregando uma moeda para a amiga - O que você vai pedir?

—Precisa ser uma coisa que dê para conferir imediatamente - falou Samanta - Já sei. Vou pedir para mudar a cor do meu cabelo.

—Mudar a cor do cabelo? - indagou Cíntia - Mas seu cabelo preto é tão lindo assim.

—Eu também acho, mas não acredito que vá funcionar - falou Samanta - Quero que meu cabelo fique vermelho.

Samanta jogou a moeda na fonte e nada aconteceu.

—Viu só, Cíntia? - falou a garota - Isso é bobagem. Não funciona.

Nesse exato momento, dois homens que estavam trabalhando na pintura de uma parede, passaram perto das meninas e acabaram tropeçando, deixando derramar um pouco da tinta vermelha que carregavam. Claro que isso tinha que cair bem no cabelo de Samanta.

—Oh, desculpe - falou um dos pintores - Foi um acidente.

—Meu cabelo! - reclamou Samanta - Meu cabelo está todo sujo de tinta!

—Calma, amiga - disse Cíntia - Não é nada que um banho não resolva!

As amigas foram para a casa de Samanta e, depois de um bom banho, a filha do prefeito já estava limpa, linda e penteando os cabelos molhados.

—Por que essas coisas só acontecem comigo? - perguntou Samanta - Oh, como sofro.

—Mas,amiga - disse Cíntia - Isso serviu para mostrar que eu estava certa.

—Certa onde, criatura? - perguntou Samanta - Só sujou meu lindo cabelo. Ainda bem que lavei rápido.

—Você não vê, amiga? - insistiu Cíntia - Seu desejo se realizou.

—Como assim? - Samanta não estava acompanhando.

—É - a amiga de Samanta insistia - Pensa de novo no que você pediu.

—Pedi para mudar a cor do meu cabelo para vermelho - disse Samanta.

—E o que aconteceu? Jogaram tinta no seu cabelo e ele ficou vermelho. Seu desejo se realizou!

—Isso é uma piada, né? - disse Samanta - Eu quis dizer para tingir o meu cabelo, não para jogarem tinta nele.

—É que você não foi clara o bastante - explicou Cíntia - Ou talvez a moeda que você jogou não cobriu o desejo com precisão.

—Será?

—É, você só jogou dez centavos. Quem trabalha por tão pouco, amiga? - perguntou Cíntia.

—Não sei, não - falou Samanta - Mas talvez seja mesmo uma fonte dos desejos.

—Foi o que eu disse, amiga - disse Cíntia - Como não descobrimos isso antes? Podemos pedir qualquer coisa!

—Ainda precisamos de mais testes - falou Samanta - Vamos voltar lá e pedir alguma coisa realmente importante.

—Tipo conquistar o Enzo, o menino mais lindo da nossa sala - falou Samanta, com olhar apaixonado.

—Mas aí o Enzo só vai gostar de você pela mágica da fonte, né? - disse Cíntia.

—Eu faço ele se apaixonar de verdade depois - falou Samanta - Vamos nessa!

—Bom, você tem moedas, amiga? - perguntou Cíntia.

—Só preciso passar no banco, pegar alguma nota e trocar no mercadinho - disse Samanta - Dinheiro não é problema quando se é rica.

—Legal. Vamos fazer vários desejos! - disse Cíntia, toda animada - Ah, amiga. Só não esquece de uma coisa.

—Do quê?

—Você tá me devendo dez centavos - lembrou Cíntia.

—Como você é mão-de-vaca, heim, Cíntia? - reclamou Samanta - Vai ficar jogando na cara esses dez centavos até quando?

—Pode fazer falta quando for comprar o próximo sorvete - disse Cíntia.

—Tá, que seja - falou Samanta - Vamos logo voltar para a fonte. Desejos não se realizam sozinhos!

Mas confusões podem se aprontar sozinhas. O que essas duas vão aprontar?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.