Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 112
Virando babá




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/112

 

Márcia, a mais nova moradora de Vila Baunilha, estava se adaptando bem à sua vida de estudante na cidade. Em especial, cuidar de sua bisavó não estava sendo uma dificuldade tão grande quanto pensava. Dona Cleide tinha uma saúde de ferro, às vezes até demais.

—Bisa! - gritou Márcia na sala.

Dona Cleide acabou não ouvindo por conta do som muito alto.

—Bisa! Tô falando com a senhora! - insistiu Márcia.

Vendo que não tinha jeito, Márcia desligou o aparelho de som.

—Ei, é falta de educação interromper o som dos outros! - reclamou dona Cleide.

—Bisa, a senhora não pode ouvir heavy metal no último volume às oito da manhã! Vai acordar os vizinhos! - bronqueou Márcia.

—Deixa de ser chata. Oito da manhã já era para todo mundo estar de pé há muito tempo!

—Mas hoje é sábado - disse Márcia - O pessoal quer descansar.

—Vocês jovens são muito sem graça, viu? - reclamou dona Cleide.

Márcia apenas suspirou.

—A senhora já tomou café? - perguntou a garota.

—Claro que já. Eu acordo cedo! - disse a bisavó.

—Tá, então eu vou comer alguma coisa e ir ao mercado - disse Márcia - A gente precisa de algumas coisas para o almoço.

—Não esquece de comprar bacon. Adoro aquela gordurinha.

—Bisa, comer muita gordura faz mal - explicou Márcia.

—Ah, mas vocês jovens são chatos demais mesmo, viu? - reclamou ela - Pelo menos compre alguma coisa para deixar o feijão mais gostoso. O seu é muito sem graça!

—Ainda estou aprendendo a cozinhar - explicou Márcia - Preciso melhorar muito.

É, ela não sabia que não muito longe dali a Kelly achava que colocar catchup no feijão cozinhando seri uma boa ideia, caso contrário não seria tão modesta.

Seja como for, Márcia deixou sua bisavó em casa e foi para o mercado fazer compras. Com uma lista no seu celular, ela pegava os itens essenciais. Na fila do caixa, uma mulher falava no celular.

—Então, querido - dizia ela - Esse congresso é tão importante assim?

—É um congresso importantíssimo para o meu chefe, amor - disse o marido (no telefone) - E ele faz questão de conhecer você. Precisamos jantar com ele.

Essa conversa aleatória passará a fazer mais sentido com mais contexto e quando mostrarmos de quem estamos falando.

—Só que não tem como levar o Beni, né? - disse a esposa, também conhecida como mãe do Beni - Vamos ter que passar a noite fora e deixar ele sozinho no hotel não tem como. O quê? Deixar ele sozinho em casa? Como?!

Márcia observava a mulher e percebia a aflição no rosto dela.

—Tá, tá, a gente já conversa. Daqui a pouco chego do mercado - falou ela.

—Com licença - disse Márcia - Não pude deixar de escutar sua conversa.

Distraída, a mãe de Beni quase levou um susto ao ouvir Márcia.

—Você ouviu? Ai, desculpa. Acho que acabo falando muito alto no telefone, né?

—Imagina - riu Márcia - É que eu ouvi o seu problema e eu já trabalhei de babá na minha cidade por um tempo.

—Sua cidade? Olhando agora, nunca te vi por aqui. Você é nova?

—Sim - confirmou Márcia - Eu me mudei há pouco tempo.

—Então, você já tem experiência como babá?

—Sim - respondeu Márcia - Posso te dar o contato das minhas antigas contratantes para referência e…

—Está contratada! - interrompeu a mulher.

—Assim de cara? - estranhou Márcia.

—É que não vou conseguir encontrar outra babá em tão pouco tempo - falou ela - Quanto você cobra?

—Bem…

Em poucos instantes, Márcia já havia combinado tudo com a mãe de Beni e iria passar a noite cuidando dele. Sua bisavó ficou bastante animada com a notícia.

—Olha só, mal chegou e já arranjou um trabalho! - disse ela, assim que Márcia contou o acontecido após chegar com as compras.

—Pois é. É sempre bom ter uma graninha extra. Adoro crianças, então é unir o útil ao agradável. E ele já passou do primeiro ciclo do fundamental, então já está mais velho. O que pode dar errado? - falou ela.

—É, parece que você se deu bem- falou dona Cleide.

—E ela me contratou logo de cara. Nossa, as pessoas daqui confiam bastante umas nas outras, né?

—Cidade pequena, querida - disse dona Cleide - Legal. Vou ficar com a casa toda para mim. Vou poder ouvir meu som à vontade e..

—Nada disso! - disse Márcia - A senhora se comporte, ouviu? Não quero ouvir reclamações dos vizinhos!

—Ai, como você é chata! - reclamou dona Cleide.

De qualquer maneira, naquela mesma noite, Márcia foi até o endereço marcado disposta a cumprir sua missão como babá. Ela tocou a campainha animada.

—Oh, você chegou - a mãe de Beni atendeu, já arrumada para sair.

—Boa noite, como vai? - disse, o pai de Beni, um homem de aparência comum na faixa dos seus trinta e poucos anos, apertando a mão dela.

—Essa é a mocinha que vai ficar de babá do nosso filho essa noite - disse a mãe.

—Fico feliz que tenha aceitado - disse o pai - Não temos mais o contato da nossa última babá.

—Querido, é melhor não falar sobre isso - falou a mãe.

—É, tem razão - concordou o pai.

—O que aconteceu? - perguntou Márcia.

—É que ela acabou desistindo de ser babá depois de trabalhar aqui - falou o pai - Saiu dizendo que precisava fazer terapia.

Márcia ficou um pouco admirada.

—Ah, mas não precisa se preocupar - disse a mãe - O Beni era imaturo naquela época. Agora ele já tá crescidinho.

—Isso não foi ano passado? - lembrou o pai.

—Mudando de assunto - falou a mãe - Vamos apresentá-la ao Beni, né? Beni. Beni!

Finalmente ele apareceu na escada.

—O que aconteceu, mãe? A destruição do mundo já começou!

—Para de falar nisso e vem aqui conhecer sua babá! - bronqueou a mãe.

—Babá? Por que eu preciso de babá? Já posso me cuidar sozinho!

—Não, não pode - continuou a mãe - Essa é a Márcia. Ela vai cuidar de você essa noite. Não se preocupe, nós voltamos amanhã.

—Tá, tá bom. Se não tem jeito - disse Beni, suspirando.

—Oi, Beni - cumprimentou Márcia - Espero que sejamos bons amigos.

—Oi - cumprimentou o garoto, timidamente.

—Bem, ele já toma banho sozinho, não precisa se preocupar. Só garanta que ele jante e durma na hora certa - falou a mãe.

—Tá bem - disse Márcia - Pode deixar comigo.

—E não dê muita bola para o que ele fala, tá legal? - disse a mãe - Ele é um pouco...empolgado demais.

—Hiperatividade?

—Algo assim - explicou a mãe.

—Ah, tranquilo - falou Márcia - Não precisa se preocupar!

—Boa sorte - falou o pai - Ele é todo seu.

E assim os pais saíram. Depois de se despedir deles, Márcia entrou e se abaixou para falar com Beni olhando nos olhos dele.

—Bem, ainda é cedo, Beni - disse ela - O que você quer fazer?

—Acho que...você pode me ajudar com o meu treinamento! - falou ele.

“Treinamento?”, pensou Márcia, mantendo seu sorriso.

É, boa sorte, Márcia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse arco vai ser mais curto e não vai acrescentar muito na história, mas espero que seja divertido.

Até! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.