Janela para o futuro escrita por Ella


Capítulo 3
Capítulo 2 - Laços


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem!



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— Kushina!

O loiro olha para a ruiva claramente nervoso. Ela se aproxima mais com passos firmes e puxa meu braço dele.

— Você está bem? Ele te fez alguma coisa?

— Kushina! Pare de falar como se eu fosse algum tipo de pedófilo! Eu só estava tentando ajudá-la! Ela passou correndo, chorando, e derrubando metade da vila! — Diz o loiro com um olhar ofendido. Mesmo assim, um sorriso aprece nos lábios dele. Era claro para qualquer um com olhos que aqueles dois se davam muito bem e que Minato estava acostumado com as loucuras da ruiva.

— Se você não quer ser confundido com um pedófilo, você não deveria sair por aí agarrando garotinhas! — Retruca a mulher, que se volta para mim, dessa vez parecendo calma.

Eu mordo os lábios (isso já estava se tornando um hábito irritante).

— Eu... estou bem. Estou apenas nervosa, acho. Vou parar de causar proble-

O loiro me interrompe.

— Nós não vamos deixar uma garotinha correndo pela vila sozinha, Uchiha-chan. Vou levá-la para sua casa... Se seus pais morreram com quem você-

— Uchiha? — Questiona Kushina, prestando mais atenção na garota — Por um acaso você é a Izumi-chan?

Assinto, nervosa. Será que já estavam procurando por mim? Os dois estranhos eram claramente shinobi.

— Miko-chan me falou ontem da sua situação. Você está hospedada na casa dela, certo?  Por quê…

Antes de completar a pergunta Kushina suspira e simplesmente me oferece a mão.

—Meu nome é Uzumaki Kushina. Esse idiota a seu lado é Namikaze Minato. Nós estávamos indo comer ramen e você vai nos acompanhar. Depois iremos te deixar na casa da Miko-chan, ela deve estar morta de preocupada, ontem ela mal relaxou pesando em você.

Sinto minhas bochechas corarem. Estou envergonhada: nem pensara em Mikoto-baa. Ela me oferecera uma comida, seu próprio teto, e eu fugi e a ignorei.

Teria que me desculpar com ela mais tarde.

— Você não precisa fazer isso, Uzumaki-sama. Eu já almocei e posso voltar sozinha…

— Eu não vou aceitar um não como resposta, Izumi-chan — diz a ruiva já me puxando pelo braço— E nada de ‘sama’. Você pode me chamar de Kushina nee-chan. O que você está fazendo parado, Minato? Não temos o dia todo!

Kushina atravessa a rua com um sorriso que parece rasgar seu rosto, me arrastando. Um pouco atrás Minato nos segue, balançando a cabeça de leve e com um pequeno sorriso no rosto.

Entramos em uma pequena venda e sentamos em uma mesa no canto.

— Teuchi-san! Dois do de sempre, por favor! E você Izumi-chan, quer alguma coisa?

— Não, obrigada. ­

O homem sorri e deixa a mesa, direcionando-se para a cozinha. A ruiva volta-se para mim e Minato, ao seu lado, também. Surpreendentemente é o loiro que fala primeiro.

— Eu sinto muito por sua perda, Izumi-chan. Eu não sabia que era tão recente, se eu soubesse não teria falado nada. Mas o que eu disse não deixa de ser verdade: mesmo que seus pais não estejam aqui fisicamente, eles ainda te amam e se preocupam com você.

Desvio meus olhos do homem. Seu olhar era quase doloroso de suportar, me lembrando e muito do meu pai. Minato Namikaze: o relâmpago amarelo. Até uma criança como eu já ouvira falar de sua coragem e força. Será que ele conhecia meu pai? Não me atrevo a perguntar. A certeza com que ele fala dá a distinta impressão de que sim.

Achar mais uma ligação entre eles, quando já os acho parecidos, iria me fazer chorar.

E eu estava cansada de lágrimas.

— O que aconteceu para te fazer fugir? — O loiro continua após meu silêncio.

— Sabe, falar com alguém que não te conhece pode ajudar — diz agora Kushina — Pode botar as coisas em perspectiva? Fazê-la entender melhor o que está te incomodando.

Olho dentro dos olhos violeta da ruiva. Falo ou não? Ela era amiga de Mikoto-baa. Não poderia ser uma pessoa ruim, poderia? E bem, ambos eram shinobi. Talvez...

— Fugaku-sama me perguntou sobre o que eu faria no próximo ano. Eu estava treinando para ser ninja antes de... antes de tudo.            E agora...

— Você não sabe o que você não sabe o que você quer fazer — conclui o loiro em meu lugar. Seus olhos parecem ter ganhado uma raiva que antes não estava ali.

— O que o Fugaku pensa que está fazendo perguntando isso apenas dois dias após... — antes de terminar a frase a ruiva solta um som irritado da garganta esse levantando de repente — É isso! Eu vou matá-lo ‘ttebane!

— Você não pode se meter em assuntos de um clã, Kushina — responde Minato calmamente. A ruiva solta uma palavra que não escuto, mas se senta novamente, a irritação ainda presente nos olhos.

Ver aquela raiva toda por mim, uma desconhecida, traz um pequeno sorriso aos meus lábios. Aqueles dois realmente pareciam boas pessoas, e apenas de observá-los me sentia um pouco mais leve.

Era difícil não ser influenciada pelo claro carisma do casal. O loiro novamente se volta para mim, a raiva levemente atenuada.

Ao menos eu sabia que não era direcionada a mim. Me pergunto se não causei um problema para Fugaku ao abrir a boca, mas... já era tarde demais de qualquer forma.  

— Por que você queria ser shinobi, Izumi-chan? Você é uma criança nascida em meio à guerra. Você sabe o quão difícil e perigoso é essa vida.

— Meu pai era ninja. Ele chegava sempre cansado e tenso das missões, muitas vezes até machucado. Eu sempre ficava preocupada e brava com ele. Um dia eu perguntei: “Por que você está se botando em perigo dessa forma?

Pauso, toda a mesa em silêncio. A irritação de Kushina parece ter sumido, e a dupla me olha com atenção.

— Otou-san sorriu e respondeu: “Porque eu quero proteger você e sua mãe. Porque alguém precisa proteger aqueles que não podem se defender. Porque é o dever de um ninja lutar pela segurança de sua vila”. Eu consigo ver seus olhos agora. Eles tinham um... fogo. E naquele momento eu pensei: eu também quero proteger minha mãe, minhas amigas... todos.

Eu fecho os olhos e respiro fundo. Quando os abro novamente, Kushina e Minato estão olhando um para o outro, parecendo se comunicar com o olhar.

— A vontade do fogo — Quem diz essas palavras é o loiro— prega que o amor é a chave para a paz. Essa vontade é o que guia os shinobi de Konoha. Aqui, os sentimentos nos tornam mais fortes e é por eles que nós lutamos. Era isso que movia seu pai, Izumi. A determinação de proteger a vila, proteger a quem ama, assim como vários outros antes dele.

Silêncio.

Vontade do fogo, hun?

Parecia algo bom.

— Muitas vilas veem os shinobi como armas sem sentimento. Mas para mim... Para Konoha... um shinobi é aquele que faz o que tem que ser feito apesar das emoções.

— O que te faz duvidar de ser uma ninja agora, Izumi? — Quem pergunta isso é a ruiva.

— Eu não tenho mais nada para proteger — respondo

— Talvez isso seja verdade agora. Mas e daqui a um ano? Você ainda não terá ninguém? E seus amigos, seus primos, seu clã? — continua ela com uma voz ainda mais gentil.

Não falo nada mas penso em Yuki-chan e seu sorriso alegre. Penso em Kiharu-nee me levando para tomar sorvete e até mesmo em Mikoto-baa me abraçando naquele mesmo dia.

Mas essas pessoas valiam a minha vida? Eu deveria lutar por elas? Sim. Mas eu poderia? Eu conseguiria protegê-los?

Eu não conseguira proteger meu irmão. Ele nem conseguira nascer. Eu não conseguira proteger minha mãe: seu coração se despedaçara e eu não fizera nada.

— Eu... acho que entendi, Kushina-nee, Minato-nii — eu falo pensativa — Será que eu consigo?

— O que, Izumi-chan? — Pergunta Kushina.

— Me tornar forte. Não apenas fisicamente. Mas... forte o suficiente para apoiar as pessoas que eu amo. Para...

Balanço a cabeça, reprimindo os pensamentos. Ao meu tempo sinto uma força crescer dentro de mim, uma determinação. Eu nunca mais passaria por aquilo. Aquela impotência.

— Obrigado. Falar... realmente ajudou.

O casal sorri para mim, e eu sinto minhas bochechas corarem de leve. Esses dois realmente eram alguma coisa.

Bem na hora, o ramen chega e a dupla se serve após um animado ‘itadakimasu’. Eu olho para o outro lado da janela, pensando no que eu faria agora. Treinar e me tornar uma ninja. Me tornar alguém em que se pode confiar na força e emocionalmente.

Será que meus pais ficariam felizes?

— Então, Izumi-chan, você gosta de ramen? — pergunta Kushina.

— Eu nunca provei, na verdade — falo levemente sem graça.

A ruiva engasga e faz uma expressão de choque total. Ao mesmo tempo, o loiro a seu lado bota a mão no rosto enquanto balança a cabeça.

— Como assim? Que blasfêmia! MINATO! O s Uchihas estão torturando criancinhas! Nós temos que intervir!

Vendo a cena de Kushina praticamente pulando em cima de Minato e do loiro com as mãos levantadas, tentando acalmá-la, não teve jeito: eu comecei a rir. Os dois olharam para mim e em poucos segundos começaram a rir junto comigo.

Após nos acalmarmos, a ruiva volta a falar:

— Falando sério agora, me lembre de trazer aqui um dia para almoçar. Você não pode morar em Konoha e não conhecer o ramen do Ichiraku!

Sorrio e concordo com a cabeça, a ideia de vê-la novamente me deixando estranhamente alegre. Kushina termina o terceiro ramen, junto com Minato (que acabara de terminar o primeiro), mas enquanto a primeira já pede o próximo, o loiro apenas pede uma bebida. A quarta rodada (que já estava sendo preparada) chega e a mulher volta a comer alegremente e rapidamente. Em poucos minutos ela para, dando um suspiro de satisfação e esticando os braços, se espreguiçando.  Minato se levanta e paga a conta, e Kushina o segue logo depois, me arrastando com ela.

Deixamos o restaurante e seguimos em direção ao distrito em um silêncio confortável. O céu está claro e sem nuvens, o clima um pouco frio e pela primeira vez no dia penso em minha mãe sem ter vontade de chorar.

— Minha mãe adorava o céu. Sempre que ela não estava muito cansada ou ocupava, nós saíamos para o jardim e observávamos a imensidão azul. Ela sabia os vários tipos de nuvens e todas as constelações...

Continuo olhando para aquela imensidão azul, e me lembro de algo que minha mãe costumava falar: “Quando eu olho para o céu noturno eu sinto toda a minha energia voltar. É como um boa noite de sono, com o melhor dos sonhos, só que acordada. Quando eu vejo o céu durante o dia, eu sinto uma esperança enorme, uma alegria incontrolável. É como um banho numa cachoeira. Sempre que estiver triste, Izumi, olhe para o céu! ”.

— Ele está realmente belo hoje— comenta Minato

— Será que minha mãe consegue ver o céu do lugar onde ela está?

— Eu tenho certeza que sim.

Chegamos na porta do Distrito Uchiha e em frente a ele, dois meninos esperavam. Shisui corre em nossa direção e Itachi o segue.

— Kushina-nee, Minato-nii, é bom ver vocês por aqui! — Fala Shisui com um sorriso gigante que em seguida se fecha para uma expressão de repreensão— Izumi-chan! Por que você saiu correndo sozinha? Mikoto-baa ficou preocupada!

— Desculpa por preocupá-los, Shisui-san, Itachi-san. Eu precisava... pensar, acho. Eu já estou bem e prometo que não vai se repetir.

O mais novo relaxa um pouco enquanto Shisui estreita os olhos. Ele parecia querer falar algo mas é cortado antes.

— Itachi-kun, Shisui-kun, quanto tempo! — Quem fala isso é Kushina — Eu vim trazer essa gatinha fujona de volta para Mikoto!

— É um prazer revê-la, Kushina-san. Muito obrigada por trazer Izumi-san de volta, tenho certeza que minha mãe também ficará muito grata — fala o mais novo, se curvando de leve — Minato-san.

O mais velho sorri.

— Espero que vocês estejam passando bem, Itachi, Shisui.

— Vamos voltar para a casa, antes que Mikoto-baa decida enviar toda a força policial atrás de você — Fala o Uchiha mais velho já se virando e nos conduzindo pelo distrito. Todos o seguem em silêncio e rapidamente nos encontramos entrando na casa.

­— Tadaima — fala Itachi suavemente

— Okaeri, Itachi-kun! — Fala Mikoto abrindo a porta da cozinha — Oh, Izumi-chan! Eu estava tão preocupada! Ainda bem que você está segura.

Eu imediatamente me curvo.

— Me desculpe, Mikoto-baa-san. Você me acolheu e eu retribuí fugindo e a preocupando.

— Está tudo bem, Izu-chan. Você está em uma situação difícil e muita coisa aconteceu de uma vez. Se eu estivesse em seu lugar, também ia querer fugir.

Ela sorri gentilmente para mim e me sinto ainda mais envergonhada.

— Minato, Kushina, vocês a encontraram, certo? Por que não entram e tomam uma xícara de chá? Fugaku está na sala, tenho certeza que ele também ficaria encantado de vê-los. Meninos, vocês estão indo brincar, certo? Levem Izumi-chan com vocês.

Shisui concorda imediatamente e antes que eu sequer pense em falar alguma coisa, ele me arrasta para o quintal. Itachi nos segue calmamente.

— Vocês estão pensando em brincar de que? — pergunto levemente curiosa.

— Nós estamos indo treinar! Eu já te vi indo treinar com o Ushijima-sensei então você também vai ser ninja, não é, Izumi-chan?

— É! — Respondo com convicção


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Sugestões? que estão pensando sobre a Izumi? Por favor respondam!



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