Lá estava eu mais uma vez naquele carro. O transporte que me leva para casa e o mesmo que o leva para casa dele, que por sinal fica a no máximo 60 passos de distância da minha, mas ja faz mais de um mês que ele não vem me ver. Isso me irrita bastante. Mas pelo menos nos falamos pelo telefone, msn...

 Ele fingiu não ver a última mensagem que mandei para o celular dele. Talvez ele pretenda me esquecer depois de tudo que revelei sobre mim, agora que ele sabe a verdade. Talvez ele tenha ficado com medo, como muitos outros tiveram medo de mim por isso. Essa irrevogavel verdade que mesmo aqui onde expresso tudo o que sinto não posso revelar. Mas eu revelei para ele. E ele ignorou. Talvez simplesmente não tenha acreditado. Acho que dá para entender...

 Mas será que é tão difícil dizer: "Velho, eu te amo, mesmo. Mas eu não acredito nesse tipo de coisa, por mais que eu confie em você. É um pouco difícil acretditar". Sem problemas. Eu seria capaz de lhe provar a verdade.

As coisas sempre podem piorar. Ele estava dando em cima daquela garota. Eu sei quando ele quer ganhar alguém. Ah, dane-se. Eu vou esquecê-lo de uma vez por todas. Ja chega. Eu estava pensando em algo assim quando o carro parou em frente ao portão do meu prédio e eu levantei para sair. A porta ja estava aberta para que eu saísse.

 Senti algo me puxar para trás. Alguém segurava minha mochila. Eu sabia quem era. Virei-me para trás com uma expressão meio triste. Ele sorriu e acenou, como quem diz que está tudo bem, mesmo sabendo a verdade ele ainda vai me amar. Ah, por favor. Ele estava dando em cima de outra garota na minha frente e agora vinha com essa!

 Senti que ia rir. É meio idiota começar a rir a sim. Mas o riso me veio de repente. Então eu virei o rosto, ele não merecia o meu riso.

 Ele me puxou para trás outra vez. Quando econtrei seu olhar ainda estava rindo. Ele sorriu e acenou outra vez. Virei em direção a porta e disse: "Dá para parar?!". Ele me puxou pela terceira vez. O encarrei com um olhar irritado. Dessa vez ele soltou um beijinho.

 Eu sorri meio esperançosa. Tentando dizer para mim mesma que tudo ficaria bem. Eu queria acreditar em nós dois, por mais que tivesse mil motivos para cair em uma desilusão. Então, finalmente, sai do carro e fui para casa. Ainda agora penso em como as vezes um gesto vale muito mais que mil palavras. Em como ele sabe que para mim pequenas atitudes fazem muita diferença.

                                                                           By: Alice M. Schiller