Entrei no carro um tanto quanto nervosa. Era difícil encará-lo. Eu sempre ficava meio tímida, corava. O vi sentando em um dos bancos que ficam bem em frente a porta do ônibus escolar. Eu já tinha voltado outras vezes no mesmo transporte que ele, mas naquele tempo não tinha essa coisa estranha entre nós. Ele era só mais um. 

Mas de certa forma eu queria sentar perto dele. Queria sentir que ainda o tinha, como há tempos não sinto... Mas alguém me chamou para sentar no fundo do carro. Ia parecer estranho deixar de sentar perto de minha amiga para ficar perto DELE. Eu não precisava ficar ouvindo os comentários irritantes que fariam depois. Na verdade faltou-me coragem para sentar ali...

Em alguma hora, um colega que estava ao meu lado chamou-o. ELE olhou para trás, olhando fixamente em meus olhos antes de virar-se para o amigo. Abaixei o olhar, tentando esconder o fato de que eu estava corando. Putz, eu sou o cúmulo da timidez. Fazia um ano que estávamos nesse rolo. Não dá para dizer que estávamos namorando. Mas ficávamos vez ou outra e talz... Realmente esperava que ele resolvesse assumir algo sério. Só que ele fingia não entender minhas indiretas quase que diretas.

Aquele silêncio me incomodava. Tínhamos muito para dizer. Mas permanecemos calados durante toda a viagem. Eu não queria que fosse assim todos os dias daqui para frente. Por fim o ônibus escolar parou em frente a minha casa. O motorista tentava me passar o boleto e eu já estava de pé, bem na frente do banco em que ELE estava sentado. Ele pegou o boleto e me passou. Dei um sorriso tímido antes de abrir a porta e descer do carro.

"Tchau", minha voz era apenas sussurro. "Tchau", ele foi o único que me ouviu... Fechei a porta do carro e já não podia vê-lo, já que o vidro era escuro. Mas eu esperava que as portas para algo mais sério nessa relação se abrissem de uma vez.

                                                                By: Alice M. Schiller