Starling City 2013 escrita por AmandaTavaress


Capítulo 21
Capítulo Final




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Oliver estava chocado. Sua mãe havia sido absolvida. Ele tinha esperança de que fosse, já que não haviam argumentos suficientes que comprovassem que Moira Queen não passava mesmo de uma vítima de Malcolm Merlyn. Mas ainda assim... As coisas não davam certo para Oliver Queen. A sorte nunca estava do seu lado, então com certeza havia algo por trás do julgamento de sua mãe. Mas agora não era hora de pensar naquilo. Felicity disse que a Corporação Queen conseguiria fazer um tratamento não viciante para o Vertigo, e tanto ela quanto o Diggle estavam bem. Oliver precisava voltar pra casa e ficar com a sua família. E ele faria isso. Mas como Diggle saiu do esconderijo pra fazer o mesmo, deixando Oliver a sós com a Felicity, ele decidiu se prolongar mais um pouco para ter certeza mesmo de que ela estava bem.
— Você tem certeza que está tudo bem? – Ele disse se aproximando da lourinha e posicionando sua mão em cima da dela. Felicity abraçava a si mesma com um cobertor para situações de choque.
— Tá sim. – Ela respondeu com um sorriso fraco. – E eu queria dizer obrigada.
— Claro... – Oliver respondeu meio confuso.
— E que eu sinto muito. – Como assim? Oliver estava agora além da confusão, e sua expressão facial demonstrava isso.
— Pelo quê?
— Eu me coloquei em perigo de novo, e você... matou ele. – Felicity respirou fundo e continuou antes que Oliver pudesse interromper. – Eu sinto muito que tenha sido eu a te colocar numa situação em que você teve que fazer esse tipo de escolha.
— Felicity... – Oliver apertou a mão dela com um suspiro, e dessa vez interrompeu de fato o que ela dizia. – Ele estava com você e ia te machucar... – Oliver olhou fixo nos olhos dela pra não deixar dúvidas. – Não havia escolha a ser feita. – Felicity sorriu lindamente, mas de forma modesta, compreendendo o que Oliver estava dizendo. Ambos se olharam por alguns instantes que pareceram horas, e Oliver não lembrava de ter se sentindo tão nervoso antes em frente de uma mulher, com vontade de dizer o que sentia, mas com um nó na garganta que dificultava até engolir saliva. – Entre matar pra proteger alguém que eu amo ou manter uma promessa, a escolha sempre vai ser só uma.
Os olhos da Felicity se arregalaram, e ela disse baixinho:
— Oliver, eu não quero interpretar coisa a mais no que você tá dizendo, mas você não deveria dizer algo assim se não estiver preparado pra realmente assumir o que diz.
— Felicity... – Oliver disse num suspiro novamente, só que dessa vez levou suas mãos para o rosto dela, moldando aquela feição ligeiramente chocada, porém esperançosa. Antes mesmo que ela pudesse dizer qualquer coisa a mais e “estragar” o momento, Oliver aproximou seus lábios dos dela, beijando-a com toda a intensidade que sentia. Ele tinha certeza absoluta que nunca antes havia sentido tanto com um só beijo. Ele conseguia ouvir seus próprios batimentos cardíacos acelerados. Felicity não demorou para corresponder o beijo, e ele sentiu o cobertor cair das costas dela enquanto ela se aproximava para passar suas mãos na cintura dele. Apenas quando a necessidade de ar foi inevitável, Oliver se afastou, sussurrando: – Não me peça pra dizer que não te amo.
Felicity abriu um largo sorriso e partiu pra cima dele, o que fez um sorriso enorme abrir em seu rosto. Um sorriso que há anos Oliver não sorria. Um sorriso que só aparecia pra Felicity.

Star City, 2040

— Mas, mãe, nada disso é verdade! – Felicity sorriu e passou a mão nos cabelos do William. Ele já tinha mais de 30 anos, mas pra Felicity, ele continuaria sendo aquele menino fofo e curioso de 5 anos que se apresentou sozinho pra ela. Em público era mais comum que o William a chamasse pelo nome, mas quando estavam só os dois, ou quando ele passava um tempo na casa do pai, Felicity era sempre “mãe” pra ele. Especialmente depois do nascimento da Mia. Na frente dela, William nunca a chamou pelo nome. Era sempre mãe ou mamãe.
— Meu menino gênio lindo--
— Mãe! – William interrompeu com aquele mesmo tom de voz usado tantas vezes que se sentiu constrangido.
— Meu menino gênio lindo! – Felicity continuou como se não tivesse sido interrompida. – Eu já te expliquei! Paradoxo temporal! Eu tenho aqui nesse pen-drive toda a conversa que você teve comigo. Mas por sua causa também, a linha do tempo foi alterada, e eu preciso garantir que essa conversa que tivemos aconteça *exatamente* como foi. Só que pra você conseguir conversar comigo em 2013, você vai ter que hackear a Gideon instalada nesse celular de 2013, e eu sei que você vai amar o projetinho!
Os olhos do William brilharam com o prospecto de analisar tecnologia antiga, inteligência artificial e viagem no tempo. Tudo de uma vez só. O geek dentro dele estava em êxtase.
— Beleza! Pode deixar que a minha parte está garantida. E o pen-drive é só backup da sua conversa com o William da outra linha do tempo?
— Exatamente! – Felicity respondeu com um sorriso enquanto William espetava o pen-drive em seu tablet.
— Uau! – William comentou lendo a conversa. – Filhinho amargurado esse seu outro William, hein? E eu *realmente* não gostava do meu pai...
— Se tudo der certo, e você colocar em uso esse seu diploma do MIT, tudo isso vai ficar no passado!
— Deixa comigo, mãe!
— E por falar em mãe... – Felicity mudou de assunto tentando ser delicada, mas pela cara do William, ele ainda não estava disposto a conversar sobre aquilo. – William, a Samantha só quer o seu bem!
— Se ela só quisesse o meu bem, ela ia parar de se intrometer no meu relacionamento com o Behrad. A gente já tem dificuldades o suficiente por ele ser muçulmano, de uma família inteira muçulmana, e além disso eu tenho que lidar com o nariz torcido da minha própria mãe? – William estava claramente chateado, mas Felicity já havia dado espaço demais para ele. Era hora de insistir.
— Agora que você sabe toda a verdade sobre a nossa mudança na linha do tempo, eu vou te explicar por que a Samantha sempre teve um pé atrás com o seu relacionamento. – William deixou os aparatos eletrônicos de lado e voltou sua atenção completa para sua segunda mãe. – Toda essa história de mudar a linha temporal foi por causa de uma pessoa: Tommy Merlyn.
— Meu pai? Marido da minha mãe? É o mesmo Tommy dos textos? – William perguntou apontando pro celular antigo. Felicity assentiu com a cabeça e continuou:
— Uma pessoa me trouxe o Tommy em coma, vivo, umas duas semanas depois do enterro dele. Essa pessoa era a Zari.
— A nossa Zari? Irmã do meu Behrad?
— Você tá possessivo hoje, hein? – Felicity brincou com um sorriso, mas William continuou sério.
— Sim, William. A nossa Zari. Foi muito difícil localizar uma família inteira quando eu só tinha o primeiro nome de um dos membros e uma idade aproximada, mas eu consegui. E digamos que o emprego na Queen Inc. que eu ofereci pro pai dela não foi coincidência.
— Então você fez de tudo pra que a Zari fizesse parte da sua vida pra garantir que tudo saísse como da primeira vez e não houvesse um paradoxo. – William concluiu.
— Exatamente! – Felicity respondeu. – E tudo porque ela fez questão que eu prometesse que os eventos da vida dela se manteriam exatamente os mesmos. Porque se ela não passasse pelo trauma que passou, as Lendas não teriam salvo ela, e ela não teria acesso à Waverider.
— A Zari vai virar uma Lenda? – William disse quase gritando, espantado.
— Eu já combinei tudo com a Gideon, e ela vai levar as Lendas de 2017 até onde eu preciso. As famosas irmãs Canário vão poder continuar a salvar o mundo normalmente depois disso.
— Tá, e o que isso tem a ver com o meu relacionamento com o Behrad? – Felicity respirou fundo e pegou a mão do filho.
— O trauma que a Zari passou, ou melhor, vai passar é a morte do irmão.
Os olhos do William se arregalaram, mas ele não disse nada. Ele respirou fundo algumas vezes antes de dizer:
— Uma coisa é você amar um vigilante e viver em constante medo de que ele vá morrer em ação um dia, e outra completamente diferente é ter a certeza de que isso vai acontecer.
— Eu sei exatamente como é isso. – Felicity disse baixinho.
William levantou a cabeça com os olhos ligeiramente marejados e olhou fundo nos olhos da mãe enquanto assentia.
— Sabe mesmo. – William abraçou a mãe por alguns instantes até que ela continuou a explicar:
— A Samantha sabe de tudo isso. Pouco antes de vocês se mudarem pra Star City e também com o relacionamento dela com o Tommy, eu e o seu pai resolvemos ser completamente honestos com ela. Daí entre uma cidade que tinha gorilas e tubarões gigantes lutando pelas ruas ou Star City com crime organizado e uma chance elevada de sequestro, ela achou mais prudente ficar onde ela conhecia pessoalmente os heróis locais. – William sorriu levemente, mas ainda era um sorriso triste. – Então, quando você e o Behrad começaram um relacionamento, foi especialmente difícil pra ela primeiro porque ele é um vigilante, e você sabe como isso pesa... – William assentiu com a cabeça e olhou pra baixo. – E segundo porque ela sabia que até 2042, ele morreria. Mas filho... – Felicity passou a mão nos cabelos dele e desceu até o queixo para que pudesse erguê-lo e fazer com que William olhasse pra ela. – Uma coisa é prometer pra uma estranha que você vai deixar o irmão dela morrer, e outra coisa completamente diferente é deixar isso acontecer com um menino que você viu crescer correndo dentro da sua própria casa, e que é o amor da vida do seu filho... – Os olhos do William se encheram de esperança.
— Quer dizer que...? – William não quis dizer as palavras, com medo de se decepcionar.
— Eu planejei tudo, Will. A Zari vai achar mesmo que o irmão morreu. Eu melhorei um sistema de simulação de realidade virtual que um antigo amigo meu desenvolveu. A Zari vai acreditar que a realidade dela é outra, que a cidade está em caos, e que a ARGUS é a inimiga. Mas tem uma coisa que eu não vou poder mudar... – William engoliu em seco, apreensivo. – O Bahred vai precisar *mesmo* se separar do totem dele. Na linha do tempo original, a Zari estava com ele, e assumiu várias missões usando o totem. – William suspirou triste.
— Ele vai ficar arrasado! Aquele totem é parte de quem ele é.
— Eu sei disso, Will. Mas você tem tempo de ajudá-lo a se preparar pra isso. Você vai explicar a situação toda pra ele, e se ele quiser continuar sendo um vigilante, ele pode começar a treinar mais combate corpo a corpo. E acredite em mim: 2 anos é bastante tempo pra que ele aprimore o que quiser. Durante esses anos, eu já vi gente virar vigilante com muito menos tempo de treino que isso. – William assentiu com a cabeça. – E agora que você sabe toda a verdade, dá pra perdoar a sua mãe?
William sorriu largamente e deu um abraço super apertado na Felicity.
— Eu nunca vou me cansar de dizer isso, mas eu sou muito, muito grato de ter você na minha vida! Ninguém mais nesse mundo tem duas mães tão fantásticas quanto eu!
É claro que Felicity chorou. Não havia dúvidas disso. Assim que Felicity saiu, William leu novamente as mensagens e reparou na última, enviada pela Felicity em 2013: “Espero que o risco tenha valido a pena...”
Sem pestanejar nem pensar duas vezes, William respondeu: “Valeu! Com certeza, valeu.”

FIM


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Notas finais do capítulo

É isso aí, gente! Acabou!

Quero reviews e comentários, hein! Muito obrigada por participarem dessa jornada comigo ♥



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