Starling City 2013 escrita por AmandaTavaress


Capítulo 10
Capítulo 10




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Felicity olhou para o Oliver, que estava imóvel, sem reação. Quer dizer que no futuro, ela e o Oliver...? Não havia mais resposta do William, e nem ela sabia o que escrever. Até que Felicity lembrou-se de algo que era muito mais urgente.

— Oliver! – Ela disse num tom aflito, voltando na conversa escrita que havia tido com o William. Ele olhou pra ela preocupado. – Olha! – Felicity apontava na conversa enquanto falava. – Ele disse “você não me conhece ainda”. Não falou “não nasci ainda”. E não sei você, mas eu fiquei com a impressão de que eu não sou a... mãe dele. – Era muito estranho se imaginar mãe de alguém! Oliver foi ficando branco e Felicity baixou um pouco o tom de voz antes de falar. – Tem alguma chance de você ter um filho por aí que não saiba? – Oliver não respondeu nada, e Felicity acrescentou: – Ou que saiba! Não estou julgando!

Oliver se levantou passando as mãos nos cabelos, quase arrancando o que tinha. Ele parecia um tigre preso, indo de um lado pro outro.

— Felicity, eu preciso... – Oliver interrompeu como se ele próprio não soubesse do que precisava.

— Oliver, se você precisa sair, vai! A gente conversa quando você quiser... – Felicity respirou fundo e desviou o olhar dele. – *Se* você quiser.

Oliver lançou um olhar de gratidão, mas não se estendeu muito: em questão de segundos já havia ido embora fazer sabe Deus o quê. Felicity só esperava que nenhum infeliz cruzasse o caminho dele no estado em que ele estava. Ela resolveu que não esperaria por ele. Começou a arrumar as suas coisas que trouxe da viagem, e antes de guardar seu celular-Gideon, mandou uma última mensagem: “Espero que o risco tenha valido a pena...”. Ela tinha certeza que se houvesse uma resposta, demoraria. Nada mudaria mais uma linha do tempo do que descobrir a data de morte de um amigo pra que você possa evitar, e claro... que o homem que é secretamente o seu crush acaba sendo o pai da sua filha...

Felicity vestiu seu pijama de cupcakes e se preparou para dormir, mas demorou horas até que de fato conseguisse. Seu cérebro não conseguia parar de pensar em possibilidades e fazer teorias. A Zari voltou no tempo, salvou o Tommy, mas ele morreu meses depois e não adiantou nada... Ela própria em 2040 fez planos de viagem no tempo, mas sumiu (morreu?) e passou a bucha pro seu... enteado (talvez?) pra que consertasse o passado. Provavelmente para evitar a morte do Tommy mais uma vez, mas o William quis mais. Ele disse que ela era boa demais pro seu pai. Ele parecia realmente repudiar o Oliver. Falou também que sua irmã foi criada longe dele... Que futuro era esse que Felicity e Oliver decidiam criar uma filha longe do irmão... do filho mais velho do Oliver?! Agora Felicity estava na dúvida se ter contado tudo pro Oliver foi melhor ou pior. Como ela conseguiria seguir adiante como se nada tivesse acontecido sabendo que um dia casaria com ele. E será que saber que ela casaria com ele acabaria atrapalhando tudo e o relacionamento deles nunca sairia da possibilidade por conhecimento prévio?

Felicity dormiu com a cabeça cheia desses pensamentos e teve sonhos conturbados por conta disso. E justamente por estar tão envolvida em tantas dúvidas que não ouviu quando a janela do quarto dela foi aberta. Aos poucos ela percebia que seu nome sendo chamado não era no sonho...

— Felicity! – Ela acordou assustada e deu um grito quando viu uma figura de um homem na escuridão do seu quarto. – Sou eu, não grita!

— Oliver! – Felicity o repreendeu levando a mão ao peito. Seu coração estava quase saindo pela boca! – Você quase me mata de susto!

— Desculpa. – Oliver disse sem jeito. – E desculpa por invadir sua casa uma hora dessas...

— Que horas são, por falar nisso? – Felicity se sentou melhor na cama e pegou seu celular do criado-mudo. – Meu Deus, Oliver! Você não dorme, não? – Oliver estava sem graça, mas também tinha um quê de urgência no olhar. Felicity decidiu poupá-lo. – Já que estou acordada, vou fazer café. Não penso sem café, e pelo jeito o negócio é sério.

Felicity levantou-se da cama e foi caminhando até a cozinha. Oliver a seguiu. Felicity foi pegando as coisas necessárias e posicionou duas xícaras, uma do lado da outra na bancada da cozinha. Ela esticou o braço na direção da banqueta, indicando que Oliver deveria sentar.

Assim que as duas xícaras estavam cheias, e Felicity já havia dado pelo menos três goles, ela se virou pro Oliver e disse:

— Tá, agora pode falar. O que é tão urgente que não pôde esperar pelo menos o sol nascer? – Oliver deixou sua caneca na bancada e se virou também de frente pra Felicity.

— Quando você me falou aquilo sobre ter um filho... – Oliver respirou fundo baixando o olhar. – Uma vez, antes de Lian Yu, eu tive um susto de gravidez com uma garota.

— A Laurel? – Felicity perguntou inocentemente e se arrependeu quando viu a expressão de culpa no rosto do Oliver.

— Não... Eu não era exatamente fiel à Laurel... – Felicity assentiu com a cabeça, mas não disse nada. E o William esperava ainda ter uma irmã? Felicity não aceitaria traição assim como a Laurel aparentemente aceitou. – Mas essa garota, Samantha, engravidou. E ela foi até em casa, me falou da gravidez, mas uns dias depois ela ligou e disse que tinha sofrido um aborto espontâneo, e eu nunca mais a vi. Claro que algumas semanas depois eu tava no Queen’s Gambit, então realmente nunca mais nem pensei nela. – Felicity assentiu com a cabeça e permaneceu em silêncio, esperando que o Oliver continuasse no ritmo dele. – Quando eu saí daqui mais cedo, só conseguia pensar nisso. A minha vontade era procurar por ela, mas eu nem saberia por onde começar. E eu tentei esperar até uma hora mais decente pra te pedir, Felicity, mas... Eu preciso saber!

— Claro, Oliver. Claro que eu te ajudo a desvendar esse mistério. Você sabe como eu me sinto sobre mistérios. – Felicity comentou enquanto se levantava e pegava o seu tablet, trazendo-o de volta para a bancada. Enquanto ela ia se ajeitando, o Oliver, claramente tenso disse:

— Samantha Clayton é o nome dela. Eu não sei muito mais que isso... Sei que ela era amiga de faculdade da Laurel.

— Sério, Oliver? Com uma amiga? – Felicity queria não julgar, mas ele estava dificultando e muito pro lado dela. – Oliver nem conseguiu se constranger muito, de tão nervoso que estava. – Ok, Samantha Clayton, provavelmente nascida em 1985 ou perto disso... Faculdade de Starling City? – Ela perguntou e Oliver assentiu com a cabeça. – Encontrei você. Vamos ver agora registros médicos... Bem, ela é de Central City e voltou pra lá em 2007 mesmo. Esteve internada por 2 dias no hospital no começo de Dezembro de 2007 na... Obstetrícia.

— Ela mentiu pra mim? – Oliver estava branco como papel. Horrorizado. – Ela me disse que perdeu o bebê...

— William Clayton... 5 anos, na pré-escola... E espera um pouco... – Oliver ainda não conseguia focar em nada. Tanto que Felicity teve que colocar a mão em seu braço para chamar a atenção dele depois que ela encontrou o que queria. – Olha, Oliver. Definitivamente parece com você.

Oliver olhou pra tela do tablet que tinha uma foto do William do seu registro escolar. Um menininho com cabelos castanho claro, bochechudo e olhos tão parecidos com os dele. Oliver estava sem palavras.

— Parecer ele parece, mas você tem certeza absoluta que é seu, Oliver? – Oliver olhou do tablet para ela. – Você pode pedir um exame de DNA pra ter certeza, mas por que ela falaria pra você que perdeu o bebê e voltaria pra cidade natal dela?

— Felicity... – Oliver suspirou profundamente. – Você falou com ele! Um William em 2040 disse que eu sou pai dele, e a Samantha teve um filho chamado William! Eu só quero entender por quê! Por que ela mentiu pra mim? Eu confesso que não estava nem um pouco pronto pra ser pai, mas ainda assim...

— Oliver... – Felicity passou a mão no ombro dele massageando-o por um instante. – Quando o William nasceu, você já estava em Lian Yu! Ainda que você soubesse, você não teria feito parte da vida dele.

— Mas então por que ela não me disse quando eu voltei? Com certeza ela ficou sabendo! Eu tenho o direito de conhecer meu filho! – Agora Oliver estava ficando irritado, e Felicity retraiu a mão, dando-lhe espaço. – E se esse negócio de viagem no tempo não tivesse acontecido, eu ia descobrir como? Quanto tempo mais eu ia perder da vida do meu filho?

— Oliver. Pra bem ou pra mal, nosso futuro já está alterado. Você descobriu agora que tem um filho. Não adianta pensar no que seria. E se você chegar assim na Samantha, talvez você não vá conseguir o que quer, que é fazer parte da vida do William... É isso que você quer, né? – Oliver assentiu com a cabeça e respirou fundo, se acalmando. – Com certeza a Samantha tem uma explicação. E ainda que você não goste da explicação, você tem que dar a chance a ela que se explique!

— Você tem razão. – Oliver ficou alguns instantes em silêncio, até que se virou pra Felicity. – Eu preciso ir pra Central City!

— Você não prefere ligar antes? – Felicity sugeriu.

— Não, isso não é conversa pra telefone! Além do quê, eu quero ver o William com os meus próprios olhos. Você consegue o endereço? – Felicity nem respondeu, apenas tombou a cabeça pro lado com uma de expressão que parecia dizer “Jura que você tá me perguntando isso?” – Certo! Claro que você consegue...

— Você... quer ir sozinho, ou... – Felicity hesitou. – Se você precisar de apoio moral, eu ainda tenho alguns dias de férias que pedi pra poder ir atrás de você. Mas também entendo se quiser fazer isso sozinho.

Oliver olhou nos olhos dela, e Felicity pôde ver toda a deliberação que estava tendo. Oliver sempre preferia fazer tudo sozinho. Só o fato de estar considerando levar alguém com ele, já era um passo enorme.

— Seria bom ter alguém com conhecimento jurídico comigo, mas a única pessoa que conheço é a Laurel, e de jeito nenhum vou viajar com ela num momento como esse... – Felicity pôde até ouvir os anjos cantando “Aleluia” de fundo. Há alguns meses atrás, o Oliver teria estragado todo o progresso que teve com o Tommy fazendo uma besteira dessas. – E você é a pessoa mais inteligente que eu conheço...

— Oliver, se você quiser que eu vá, eu vou! – Felicity disse com um sorriso, e Oliver simplesmente assentiu com a cabeça. Pedir ajuda era algo muito difícil pra ele, mas aceitar ajuda já era um progresso enorme na opinião dela.

— Tá... então faz uma mala pra um ou dois dias enquanto eu vou em casa fazer o mesmo e pegar o carro. Eu tô com a moto aí. – Oliver disse enquanto se levantava e posicionava sua xícara na pia. – É o tempo certo de eu voltar aqui e a gente pegar estrada. – Felicity olhou confusa pra ele, ainda sentada. – Se bem que se a gente levar só uma mochila e for de moto, chegamos mais rápido...

— Quê? – Felicity estava sem palavras, e era raro ela estar sem palavras.

— Não, você não tem capacete, e acho que não pega bem eu chegar de moto querendo ser pai do menino...

— Oliver! – Ele voltou a focar nela, pegando sua jaqueta, que ele havia retirado antes de sentar pra tomar café. – A gente pode ir de trem...

— A estação está fechada. Eu quero ir agora. – Oliver respondeu simplesmente, e Felicity piscou algumas vezes antes de responder:

— Ok... – Ela se levantou e o seguiu até a porta.

— Obrigado por fazer isso por mim, Felicity. – Oliver disse assim que chegou na porta. Daí sorriu levemente, e com os olhos brilhando com humor, completou: – Ah, e adorei os cupcakes!

Felicity olhou confusa pra ele, que estava de costas, já subindo na sua moto, e fechou a porta de casa. Daí ela olhou para as suas pernas e se deu conta. Cupcakes! Seu pijama! Ela havia tido uma conversa inteira com Oliver Queen vestida de pijama de cupcakes!

— É pra morrer! – Felicity disse balançando a cabeça e indo refazer sua mochila. Só Oliver Queen mesmo pra tirar tanto a sua vida do eixo!


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? Bora trabalhar esse relacionamento Olicity pra que nosso Ship decole antes do que foi na série?
E um William de 5 aninhos deve ser a coisa mais fofa!
Não decidi ainda se no próximo capítulo mostro a viagem dos dois ou simplesmente conto resumidamente como foi já na volta deles... O que vocês preferem? Comentem aí pra eu saber



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