Luzes da Rebelião escrita por Marcelo


Capítulo 13
Capítulo 13 - Devaneios por Poder.




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Ele havia tomado todos os cuidados, havia planejado cada passo minuciosamente. A única coisa que precisava agora era que Petro, Gus e Cassie retornassem. Ainda esperava notícias do Leo e estava ansioso para descobrir qual havia sido o desfecho. Sabia que algo estava errado, afinal já havia dado ordens para os rastrearem e nada encontraram. Já estavam sumidos há alguns dias. Tudo aquilo era muito suspeito. Havia enviado-os para a missão de salvamento de Leo, mas apenas Ohanna retornara com a notícia que haviam conseguido salvá-lo e que havia um espião entre eles.

Edward, quando ouviu o relatório feito por Ohana se esforçou ao máximo para manter controle, franziu o rosto de preocupação e delegou ordens para que todos estivessem alerta e no caso do tal espião ser encontrado, que fosse levado a ele imediatamente.

A partir daquele momento todos ficaram alertas, desde o mais novo até o mais experiente desperto. Sabiam que era imprescindível encontrarem o espião traidor, e portanto Ohana escolheu os melhores despertos para formarem uma frente de patrulha que se revesariam em turnos pelos andares e corredores. As instruções eram claras, assim que o indivíduo fosse identificado deveria ser preso e levado primeiramente à presença dela, em seguida Edward seria chamado para que as providências fossem tomadas. Nenhuma mágika letal conhecida deveria ser utilizada, apenas feitiços ou encantamentos de encarceramento. Sabiam que o traidor precisaria ser colocado à disposição do Conselho Maior dos Despertos.

A situação na sede ficou tensa entre os membros, pois sentiam-se observados e regulados o tempo todo. O clima era pesado nos corredores. Os homens da patrulha, atentos a cada movimento estranho, perambulavam pelo átrio principal e salas de estudo, todos os andares, alojamentos, depósitos, até um horário de encarramento para o uso da biblioteca foi estipulado Tudo para garantir a segurança do lugar.

O primeiro turno havia terminado e de acordo com as novas regras impostas, todos já haviam se recolhido. Tudo estava calmo e silencioso. Os homens da patrulha seguiam meticulosamente as ordens e em pares faziam a ronda, enquanto uma equipe subia escada acima, outra equipe descia, se encontravam no meio, faziam um breve relatório e seguiam com a patrulha.

Enquanto isto, Edward continuava em seu escritório, a cabeça fervilhava. -O fim se aproxima rapidamente e se tudo correr como o planejado, em breve estarei longe deste lugar, pensou.

Assim que saiu do turbilhão de pensamentos que o acometia, manteve contato com o Chefe da Firma. Marcaram um encontro para decidirem os últimos preparativos e assim que desligou o telefone, abriu o cofre que havia no escritório, retirou de lá um pequeno embrulho e o guardou consigo. Sabia que aquele artefato deveria ser usado para que a Firma tivesse acesso à sede assim que colocassem o plano de invasão em andamento. Abriu a porta do escritório, tudo estava escuro ao redor, nenhum som próximo e foi exatamente no momento em que os andares mais baixos estavam sem guarnição que ele se esgueirou pelos corredores e como uma sombra seguiu quase flutuando rapidamente. Ao virar o corredor, um feixe de luz lilás se formou rapidamente e Edward deixou a sede sem quem ninguém o visse. Já estava longe dali.

 

Não queria levantar suspeitas, principalmente naquele momento e entre as pessoas comuns foi até um bar movimentado no centro da cidade, um lugar longe dos olhares especulatórios. Edward avistou o Chefe da Firma dentro do carro e o cumprimentou da forma mais corriqueira possível. Depois disto o chefe saiu do carro e juntos seguiram até o fundo do bar, se sentaram numa mesa discreta. Pediram suas bebidas e começaram a conversar.

—Infelizmente não conseguimos detê-los quando estiveram em nosso complexo, disse o chefe. Estamos encarando tudo isso apenas como um acidente de percurso. O plano continua de pé e em andamento. Se tudo correr como esperamos em mais alguns dias você pode dar adeus aos seus pupilos.

—Ora, ora, Lázarus, não são meus pupilos, são apenas rebanho que deverão ser abatidos em benefício de um fim maior, disse Edward tão friamente que até mesmo o chefe, que já havia se acostumado a ele, estranhou. Ainda tenho alguns detalhes a tratar antes do momento exato, continuou Edward, seus olhos brilhavam quase diabólicos ao falar.

Lázarus ficou olhando-o por alguns segundos absorto com o fato de que ele o havia chamado pelo nome. Há muito tempo não o chamavam pelo nome, desde o momento que decidiu virar a casaca e afogar a mágika que havia em si. Uma das primeiras coisas que decidiu afastar de si foi o seu nome que de alguma forma lembrava-lhe do seu eu mágiko. Aos poucos foi deixando de realizar feitos mágikos, entrou para a Firma e passaram-se anos até que conseguira deixar para trás o poder do qual ele havia, espontaneamente, desistido e abandonado de vez.

—Você tem sido um bom auxílio para nossa causa, Edward. A Firma está muito satisfeita com a sua colaboração. A propósito, já sabe para onde vai, depois que… depois que, bem depois de tudo, perguntou o Chefe, parecendo curioso.

Edward era um homem astuto, pressentiu que por trás daquele pergunta aparentemente ingênua, havia algo a mais. Algo que de alguma maneira poderia colocar sua segurança em risco. Não podia confiar plenamente em seu interlocutor e apenas disse que pretendia tirar umas férias prolongadas em algum local cheio de sol, boas bebidas e quase nada com o que se preocupar. Talvez encontrasse uma mulher por quem se apaixonar.

O chefe sorriu para Edward e em seguida o convidou para irem juntos para outro lugar. Assim que pagaram a conta do bar e saíram pela porta, o Chefe fez sinal para que o seu motorista abrisse a porta do carro. Edward antes de entrar no veículo da Firma, olhou ao redor para se certificar que não estavam sendo observados. Alguns bêbados que estavam na rua seguiram o carro com o olhar até virarem a esquina. Edward achou mais seguro disfarçar o carro e lançou sobre ele um feito mágiko que mudou a sua marca e modelo.

—Para o caso de estarmos sendo seguidos, disse ele e olhando para o homem ao seu lado.

Alguns mundanos não acreditaram no que haviam visto bem diante de si. Um deles esfregou os olhos, como para se certificar que havia visto coisas, um outro olhou para a garrafa de bebida que estava na sua mão e em seguida para o carro.

—O choque de retorno ainda vai te matar, disse Lázarus.

Edward riu ao ouvi-lo falar daquela maneira.

—Já não me preocupo com isso a algum tempo, respondeu Edward.

Eles seguiram pelas ruas da cidade. O vento frio da noite entrava pela janela e uma leve névoa atingia o rosto daquele que estava disposto a colocar a vida dos seus iguais levado apenas pela sede de poder. Os pensamentos que o acometiam vinham num vórtice violento. Não demoraram muito para chegarem ao complexo da Firma, e Edward desfez o feitiço com um estalar de dedos devolvendo ao veículo suas características originais. Além dos seguranças, não havia mais ninguém ali. O carro de vidros escuros atravessou os portões e estacionaram próximo da entrada. Seguiram diretamente para o escritório onde o Chefe, sem qualquer rodeio acessou uma página da internet e mostrou ao Edward.

—Metade do valor em dinheiro que combinamos já foi transferido para a sua conta na Suíça como pediu. A outra metade será depositada assim que tomarmos o controle da sede e eliminarmos todos os despertos.

Um brilho de prazer e satisfação perpassou o olhar de Edward ao ver o montante que já estava na sua conta bancária. É claro que o dinheiro não o preocupava, nunca precisou de dinheiro, herdara o suficiente para viver com todo conforto. O que realmente queria era “Poder”, mas a quantia em dinheiro era o melhor subterfúgio que encontrara para ocultar a sua verdadeira intenção.

Com apenas um movimento Edward fez desaparecer tudo o que havia sobre a mesa de Lázarus e em seguida com um gesto simples fez surgir sobre ela uma imagem holográfica do interior da sede dos despertos.

Lázarus ficou boquiaberto com o que estava vendo. A imagem profetava-se a quase dois metros sobre a mesa, as linhas azuis e brilhantes encontravam-se formando salas, corredores, a escadaria, os poços dos elevadores que também estavam na imagem, subindo e descendo e parando nos andares.

—Preste bem a atenção. São cinco andares a serem inspecionados. Normalmente os quartos e alojamentos provisórios, ficam à esquerda dos elevadores a partir do terceiro andar e as salas de estudo à direita até se fechar o circulo. Aqui, no quinto andar, fica a biblioteca principal, disse ele apontando o local exato, nela há uma seção mais reservada. O refeitório e a cozinha fica aqui, disse ele apontando mais uma vez. Esta é uma porta oculta, você e seus homens jamais seriam capazes de encontrá-la, mas há o local exato por onde vocês vão entrar.

—E onde seria este local, perguntou Lázarus sorrindo de satisfação.

—Aqui, no térreo há uma porta grande que é proibida de ser aberta. Todos sabem disto e mantêm distância. Por aqui poderão passar tranquilamente sem alertar ninguém. Lembre-se que o ataque deve acontecer à noite, quando ninguém estiver esperando. Daqui não será difícil acessar toda a sede. E… Ele levou a mão ao bolso interno, retirando o objeto dele. Você precisará disto.

Entregou a Lázarus um objeto brilhante.

—Este artefato deve ser acoplado à fechadora da porta que for usada por vocês. É ele que efetivará a ligação entre a sua porta e a nossa. Depois disso é por sua conta. Eu já estarei longe, muito longe.

A seguir o holograma começou a sumir de cima para baixo, vagarosamente, até que a mesa de Lázarus voltou a ser como antes, coberta de objetos e papéis.

—Eu mandarei o sinal a você quando tudo estiver pronto através deste artefato, esteja preparado.

Lázarus e Edward saíram do complexo uma hora mais tarde. Edward foi deixado diante do bar onde haviam se encontrado.

O Chefe seguiu satisfeito como desfecho que se avizinhava. O traidor, por sua vez, olhou para o carro ao se distanciar e pensou que em breve todos seriam destruídos e estaria longe de todos eles colocando outros planos em prática. Não haveria um único desperto que não conhecesse seu nome e estivesse submetido a ele, ao seu mando, ao seu poder.


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