♥Terceiro Capítulo♥

“Quando estivermos sozinhos

Alguém entrara em nossas vidas

De modo em que não perceberemos

Até as mudanças começarem a acontecer”

Fazia três dias desde a briga em que se envolvera com Chloé gerando sua suspensão temporária e também fazia exatos três dias que não falava com seu melhor amigo, Adrian Agreste, sem coragem de abrir a porta para sacada e o encontrar, resolveu manter as cortinas fechadas, explicou a situação aos pais que haviam chegado pela manha, Tom nem ao menos se assustou, por outro lado, Sabine tratou de fazer um escândalo sobre o jeito explosivo da filha, gritou inúmeras ofensas contra a garota, que escutou quieta e alheia a própria mãe.

 Lia um livro qualquer deitada em sua cama quando escutou a campainha tocar, sabendo que os pais estavam a trabalhar, Marinette saiu de quarto e de sua zona de conforto para abrir a porta para quem fosse. Reprimiu a surpresa ao notar a figura mais uma vez parada em sua porta, com um sorriso zombeteiro nos lábios.

—Você de novo?

—É assim que trata um convidado?

—Não te chamei aqui, Luka.

—Da última vez, parecia apreciar a minha companhia. -Desdenhou.

—Não me entenda mal, agradeço por aquele dia, mas nem ao menos nos conhecemos.

—Não seja por isso, Luka Coffaine, dezessete anos, estou no segundo do ensino médio. -Esticou a mão, que foi ignorada. -Bom já sei quem é você mesmo, então nada de apresentações.

—Sabe o que sobre mim? -Ergueu as sobrancelhas em desafio.

—Marinette Dupain-Cheng, dezesseis anos, está no primeiro ano do ensino médio, lutadora de Jiu Jitsu, uma força e flexibilidade incrível pelo que presenciei em suas aulas de educação física e alguns campeonatos.

—Virou algum tipo de perseguidor?

—Sou observador. -Sorriu. - Então, posso entrar?

—Acho que não tem problema.

Dando dois passos para trás deu espaço suficiente para o rapaz passar com tranquilidade, fechou a porta e virou-se para Luka, percebendo então o Keiser que o rapaz trazia em mãos.

—Anda sempre com a guitarra por onde vai?

—Nem sempre.

Devolveu a resposta de forma plausível, Marinette em um movimento de cabeça. Pediu que a segui-se pelos corredores até seu quarto, mais uma vez, permitiu a passagem do moreno, esperou o mesmo vislumbrar o cômodo.

—Achei que seria mais diferente o seu quarto. -Comentou.

—O que pensava?

—Algumas cabeças de seus inimigos.

—Engraçadinho.

Sentou-se na beira da cama e esperou que ele a acompanha-se, largou a capa do instrumento e começou a andar pelo quarto, parou em frente a um mural antigo, nele algumas fotos com os amigos, outra da mestiça mais nova, medalhas de campeonatos e o que mais chamou a atenção de Luka, desenhos de vestidos e outras roupas, desgrudou a folha do mural e caminhou até a garota distraída.

—Foi você que fez?

—Me devolva! -Vociferou.

—Responda primeiro.

—Foi eu sim que fiz! Qual o problema?

—Alguém mais sabe sobre isso? -Sentou-se ao lado da mestiça. -Ele sabe sobre isso? -Referiu-se ao Agreste.

—Não, sinta-se honrado, é o primeiro a saber do meu segredo, fiz esse desenho a pouco tempo e esqueci de guardá-lo.-Ironizou. -Pretende fazer o que, já sei, imagina como uma garota como eu, que se veste com roupas maiores do que deve, desenhar uma coisa assim.

—Isso é incrível Marinette, esses desenhos são incríveis!

—Não fale asneiras.

—Falo a verdade, por quê esconde tal talento?

—Para rirem ainda mais de mim, já não basta o que falam pelos cantos sobre meu jeito, agora só o que faltava a esquisita aparecer com alguns desenhos horríveis, dizendo ter feito cada um. -Levantou-se bruscamente.

—Seus desenhos são lindos Marinette, entendi o motivo de nunca mostrar a ninguém, mas não se diminua, acompanho sua história desde que entrou para aquela escola junto a rapazes, notei garotas lhe lançarem olhares de ódio e inveja, e você passou por cada um com a cabeça erguida, continue assim.

—Entenda uma coisa Luka, isso cansa, gosto de lutar, as roupas largas e meus amigos, mas também estou cansada de escutar as mesmas piadas sobre mim, guardo isso no fundo do coração todos os dias.

—Nunca contou a ninguém, por quê?

—Para que contar, se de nada adiantaria, ando com um bando de garotos, faço travessuras e ganho medalhas por um esporte bruto visto por muitas garotas, e também se os garotos com quem ando soubessem desse lado, esse que desenha vestidos, iram rir de mim, afinal, sou a Marinette sem coração que todos dizem.

—Se é tão sem coração, por quê ajuda todos que precisam de você, eles são seus amigos e iram te respeitar, mesmo que tenha um lado feminino como uma garota da sua idade, Adrian não ira te julgar, são melhores amigos.

—Sinceramente, não sei se somos mais.

—Bom, vamos mostrar a todos quem é Marinette Dupain-Cheng de verdade.

—O que pensa em fazer?

—Sabe costurar?

Marinette sorriu orgulhosa de si mesma, andou até o pequeno guarda-roupas e abriu uma das portas, abaixou-se para vasculhar o fundo, e de lá retirou uma sacola na cor preta, voltou a fechar a porta do móvel e se aproximou do moreno que a olhava intrigado.

—Não me critique, é a primeira vez que mostro isso a alguém, e sabe, fico feliz que seja você.

Aos olhos de Luka, achou adorável o modo em que Marinette o tratou, a viu pela primeira vez envergonhada, as bochechas adquiriram um tom róseo fazendo um perfeito contraste com os olhos azuis, sorriu para a garota e puxou a embalagem de suas mãos, cauteloso, retirou o tecido de cor vermelha perfeitamente dobrado, jogou a sacola em cima da cama e desdobrou curioso, em primeiro vislumbrou as alças finas, o decote em coração com pedrarias pretas, mais abaixo, a saia curta esvoaçante marcaria a cintura de quem vesti-se, feita de Chiffon, um tecido transparente que necessitava de um forro por baixo, a costura feita a máquina dando um ar profissional.

—Marinette, não sei nem o que dizer, é lindo.

—Obrigada.

—A costura não foi feita a mão. -Afirmou.

—Tenho uma máquina de custura escondida.

—Pode vesti-lo para mim? -Sorriu pretensioso.

—Nem pensar. -Negou com as mãos em frente ao corpo. -Não é meu estilo.

—Então por quê é o seu tamanho?

—Usei como modelo, pare de fazer perguntas e me dê isso.

Guardou o vestido no lugar de sempre e suspirou ao virar-se para Luka, que ainda sorria.

—O baile de fim de ano esta chegando.

—Estou mais focada na minha luta na próxima semana.

—Calma garota, quero te fazer um pedido.

—Por que desconfio que isso vai me fazer sair da minha zona de conforto?

—Minha banda vai tocar no baile, e quero que a senhorita seja a minha estilista.

—O QUE!? Não, nem pensar.

—Sua capacidade é incrível.

—Não, nunca fiz nada assim, aquele vestido foi um momento de fraqueza ou sei lá.

—Me escuta. -Segurou a garota em sua frente pelos ombros. -Seu talento é maravilhoso, ficarei feliz de fazer as roupas para o show.

—Mas e o resto da banda?

—Serão minha irmã, a amiga dela e mais um garoto e claro, eu.

—Conheço alguém?

—Pode apostar, mas só saberá se fizer as roupas.

—Se disser não, ira me incomodar o resto do ano?

—Com certeza, não há escapatórias.

—Aceito sua proposta.

Luka não soube conter o entusiamos e ergueu Marinette no ar em um abraço alegre a caloroso, no começo soltou inúmeras ofensas ao rapaz que de nada surtia efeito, rendida, cedeu ao entusiasmo e o abraçou de volta.