Cruzamento escrita por Anny Taisho


Capítulo 3
Bistrô




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Cap. III – Bistrô

Ichigo estava sentado dentro de seu Land Rover verde em  frente a casa de Inoue. Como o prometido, iriam sair para jantar. O ruivo usava sapatos sociais, camisa branca, calça de linho preta e um blazer preto. Um pedaço de mau caminho...

Iriam ao Bistrô Kepreshef, o mais fino e requintado restaurante de toda Tóquio. Reservas tinham que ser feitas com meses de antecedência, no entanto, o nosso protagonista tinha seus contatos.

Raios! Inoue estava demorando demais! Iriam perder a reserva!

O homem fixou os olhos na rua retilínea a sua frente, sua acompanhante, morava em um bairro de classe alta. Os postes quantizadamente colocados deixavam toda a extensão iluminada. Árvores também podiam ser vistas, impecavelmente idênticas. Era um lugar que parecia tirado de uma comédia romântica.

- Ichi-kun?

Inoue observava o namorado que parecia perdido em pensamentos e viu o susto que ele tomou ao perceber sua presença perto da porta do carro.

- Já era hora, Inoue, não podemos nos atrasar.

Sistematicamente, ele saiu do carro e foi cumprimentar sua acompanhante. Ela estava belíssima. Usava um vestido cinza de decote retangular e comportado que descia pelas curvas, delicadamente, colado à pele dela até cerca de três dedos dos joelhos. Trazia um broche na ligação da alça esquerda e usava sapatos altos de muito bom gosto. E por fim, os cabelos ruivos estavam presos em um rabo-de-cavalo social.

- Olá para você também, Ichi-kun. – ela sorriu delicada como sempre – E onde está sua gravata?

- Gravata? Eu não vim com isso não!!

- Ichigo!?! – ela fez uma expressão de repreensão, mas logo voltou a sorrir – Eu sabia que você faria isso! – ela tira da bolsa uma gravata vinho – Por isso trouxe uma.

- Nem vem, Inoue. Não vou colocar isso.

- Vamos a um bistrô, não a uma boate! Pare de enjôos!!

A moça se aproxima e começa a vestir a gravata no namorado que fazia uma carranca. Odiava gravatas. Aquela coisa enforcava. Malditas convenções.

Depois de terminarem e trocar um beijo seguiram para o jantar.

 

Rukia descia as escadas da mansão a caminho da sala. O irmão já devia estar a sua espera e ainda tinham que buscar Retsu. Não que tempo fosse um problema, já que a qualquer momento que chegassem ao bistrô teriam uma excelente mesa.

A pequena mulher usava um vestido preto com mangas compridas, que deixava uma mínima camada de seus ombros a mostra, chegava a pouco antes dos joelhos e era roxo. Os cabelos vinham presos num coque frouxo e os sapatos pretos e altos pareciam de boneca. Os brincos em forma de gota eram de diamantes e platina, o elemento glamoroso do visual.

Byakuya como o esperado estava sentado no sofá. Vestido impecavelmente com um terno Armani. Ele era um homem de muita classe, fora educado rigidamente pelo avô para ser um homem da sociedade.

- Está pronta, Rukia?

- Sim, nii-sama. – a pequena vestia o casaco longo que trazia nas mãos – Retsu-san vai conosco, não vai?

- Sim. Por quê?

- Nada.

A presença de Retsu sempre fora constante, até onde sabia, a mulher era secretária do velho Kuchiki quando Byakuya casara com Hisana. Tanto que até fazer treze anos não teve muito contato com ela, somente com a morte da irmã, que permaneceu no cargo de secretaria do marido, que Retsu passou a trabalhar para o irmão.

No entanto, nos últimos anos alguma coisa tinha mudado.

Seguiram para um dos carros da família, era outra Mercedes, só que verde muito escura. Era um hábito usar carros como aquele, eram majestosos e discretos.

Os dois seguiram para o banco traseiro, Byakuya não pegava mais na direção desde o acidente que matou a mulher e quase o matou.

- Para casa da senhorita Unohana, Louis.

- Hai, Byakuya-sama.

 

No bistrô, Ichigo enfrentou alguns olhares desconfiados. Aqueles cabelos cor de abóbora eram um problema social. Todos achavam que estavam diante de um mala, encrenqueiro, maluco, delinqüente... (Cada um dava um nome!)

Apesar de toda aquela liberdade de como vestir, o Japão ainda era um lugar de muitos preconceitos. Na Europa, ou mesmo América, não enfrentara tais problemas. Apenas uma ou outra piadinha.

Era irritante tantos olhares e cochichos.

- Relaxe, Ichi-kun. Não vá dar motivos para essas pessoas falarem.

- É muito fácil para você falar, não é de você que estão falando. – ranzinza como sempre, esse era Ichigo – Devem estar achando que eu sou algum aproveitador.

Orihime não conseguia não rir. Ichigo às vezes parecia um velho. Sempre falando que não se importa com a opinião alheia, no entanto, quase morto de raiva

Mas a risada da moça calou-se ao notar que o gerente do restaurante correu para a recepção.

- O que foi? – o ruivo notou a mudança na face da namorada –

- Alguém muito importante deve ter chegado. O gerente saiu correndo.

- Idiota. Vai correndo lamber o chão de um riquinho qualquer.

- Como se você pudesse falar muito, fala sério, Ichigo... Ninguém que está nesse restaurante é menos do que um “riquinho”.

- Mas EU não fico fazendo pose de aristocrata. E vamos falar de outra coisa? Não viemos aqui para discutir finanças.

- Yare, yare...

O casal começou a falar de outras coisas, mas Inoue mantinha o olhar pelo salão. Queria saber quem tinha chegado.

 

Na recepção do restaurante, quatro pessoas esperavam o gerente chegar. Sabiam que era só mais um baba ovo, mas o que fazer? Tinham que sorrir e agüentar aquela puxação de saco ridícula.

Retsu estava de braços dados com o chefe, era um hábito dele, sempre que acompanhado de uma dama. Fazia isso até com a irmã. Os dois formavam uma bela figura alimentando a mente fértil daqueles que nada mais tinham para fazer.

A morena vestia uma saia preta de cintura bem alta, camisa branca de seda, cabelos presos por presilhas com um leve brilho e sapatos altos que deixavam-na muito elegante.

Rukia tinha o braço atado ao de Renji. Ele era um dos diretores da empresa e que como andava muito com Byakuya, achava que deveria portar-se como ele. O que às vezes era engraçado, ficando levemente caricato. Nem todos ficavam bem como o presidente da família Kuchiki no papel de cavalheiro.

- Boa noite, desculpe-me fazê-lo esperar. Fui ter certeza de que a mesa estava à altura.

O homenzinho era roliço e parecia uma batata enrolada em papel de presente. Suava bastante, sempre levando um lenço a testa. Parecia nervoso e com aquele físico, era bem perigoso ter um infarto.

- A mesa fica bem no centro do salão, apesar de muito concorrida, reservamos para pessoas especiais.

- Muito grato, mas preferimos uma mesa reservada. – o moreno foi curto, não gostava de grandes aglomerações a seu redor – Se não for problema, claro.

O homenzinho era novo no bistrô e por isso não sabia dessa preferência da família. O suor que já escorria em bicas, passou a descer como águas de uma cachoeira. Cabeças iriam rolar por causa daquela saia justa que o deixaram passar.

- Claro que não. O cliente sempre tem razão.

E como se Kami-sama gostasse dele, a recepcionista mais antiga, que acabara de chegar, foi ao socorro.

- Boa noite. Desculpem o mal-entendido, estamos sobrecarregados hoje e acabamos por fazer confusão. A mesa de vocês está pronta, a de sempre.

Foram encaminhados até uma mesa reservada recebendo olhares discretos de todos. Não era sempre que a “aristocracia” saia de sua toca para jantar com burgueses.

Logo que sentaram, pediram um bom vinho. Os pedidos seriam feitos posteriormente.

 

Devido a curiosidade de Inoue, Ichigo acabou por prender o olhar as figuras que adentravam o salão. Como achava, uma turma que se achava a nobreza.

Não deu muita atenção, até notar uma figurinha pequenina. Ficou intrigado, não sabia se era uma mulher ou apenas uma garotinha que queria ser moça.

- Olha a baixinha, está jurando que engana alguém.

- Ichi-kun... – a ruiva riu – Aquela moça é uma adulta.

- E como sabe? – ele não gostava de ser desmentido sem provas concretas, o que por diversas vezes o deixava com uma fama de ranzinza -

- Ela é Rukia Kuchiki, a vice-presidente das empresas Kuchiki.  Eu estudei com ela no colegial.

 

- Jura? – o homem franziu as sobrancelhas – Ela é tão pequena.

- E não tem problema nenhum. Foi levada nos melhores especialistas do mundo, aquela é apenas a estatura normal dela.

- E depois você reclama de não ser alta.

Ele riu encerrando aquele assunto, apesar de intrigado. O sobrenome o remetia ao projeto de seu pai que o tornou um dos mais requintados arquitetos, no entanto, era a mulher pequena que chamava sua atenção.

Olhando melhor, ela realmente tinha contornos bonitos.

 

Depois de alguns brindes, os quatro resolveram pedir. Estavam ali para comemorar o fechamento do melhor contrato do ano.

- O que foi, nii-sama?

- Esse lugar já teve mais nível. – o moreno quase cuspiu as palavras enquanto olhava para o ponto oposto do lugar –

- O que aconteceu? – Retsu olhava discretamente para os lados – Não vejo nada fora do comum.

- Aquele rapaz de cabelos alaranjados. Onde já se viu deixar esses encrenqueiros entrarem em lugares como esse? Aquela garota deve ser uma pobre diaba enganada.

Só de olhar, ele teve certeza de que não queria conhecer aquele rapaz. Não lhe passara uma boa impressão e quase sempre suas impressões estavam corretas.

Por isso voltou sua atenção a mesa, assim como os demais.

Só Rukia que se prendeu a figura distante. Era realmente peculiar a cor dos cabelos... Como se ela própria não fosse uma peculiaridade com aquele tamanho reduzido.

Ele possuía uma face tão grande de desinteresse. Parecia que tudo ao seu redor lhe era cansativo... Não, definitivamente, a palavra não era essa. Talvez indiferente soasse melhor.

Uma pessoa com quem provavelmente não cruzaria nunca mais.

Continua...

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Amores, desculpe a demora, mas o Nyah tava em manutenção!! O cap já estava pronto fazia tempo!! Mas ai está e espero que gostem,!!
kiss kiis
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*--*



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