Quando Gibbs chegou da cena de crime de Kate Todd, seu coração se quebrou. Ele sabia com todas as forças que Ari havia matado a agente, mesmo que todo o resto não achasse isso.

Ele teve visões dela na sua frente e sabia que precisaria de café. Algo lhe dizia que ele não iria desistir de perseguir ele e sua equipe. Ele não poderia estar mais certo.

O casaco encharcado de chuva, o copo de café pareciam ser as únicas coisas certas quando uma bala passou a centímetros dele e perfurou a janela do laboratório.

Um grito abafado de Abby foi o suficiente para ele largar seu copo no chão, deixando a bebida se fundir com a água da chuva. Para ele nada mais importava que a vida de Abby.

De todos ali, Abby era como uma segunda filha. Ele a confortou quando ela achou que havia mandado Kate para um terrorista.

— Abby! – Ele chegou em segundos no laboratório.

— Chefe, se abaixa. – A voz de Tony o alertou. – Atiraram aqui.

Correndo, ele desligou todas as geladeiras e se jogou perto dela.

— Você está bem? – Ele retirou um pedaço de vidro do cabelo dela.

— Ari não atirou em você e acertou a Kate, não é? – Abby tremia de medo ao pensar no que viria a seguir. – Ele está atrás de mim agora, né?

— Eu estava passando pela janela quando ele atirou. – Gibbs sabia que Abby poderia ver através de sua mentira.

— Você está dizendo isso só para me acalmar. – Abby tremia muito nos braços de Gibbs.

— Eu não vou deixar nada acontecer nada com você. – Gibbs deu um beijo na testa dela, tentando conforta-la. – Eu prometo.

Depois que o perímetro foi declarado limpo, Gibbs entregou Abby para Tony e McGee. Se ele colocasse as mãos em Ari ele se vingaria.

Entrando na autópsia, a visão do corpo de Kate na maca fria o fez querer correr.

O Dr Mallard estava finalmente concluindo a autópsia mais difícil de sua vida toda. Ele ainda não sabia sobre Abby ser quase morta.

— Ari atirou no laboratório da Abby. – Gibbs precisava desabafar. – Ele devia estar do outro lado no parque Anacostia.

— Meu Deus. – O Dr ficou completamente chocado. – Abigail se feriu?

— Não. Ela está bem assustada. – Gibbs comentou. – Tony está com ela.

— No laboratório? – Ducky tinha medo de Abby ter outra dessas experiências.

— Na sala de reuniões. – Gibbs evitou olhar para Kate. – Escrevendo o relatório do incidente.

Um silêncio caiu entre os dois homens e Ducky serviu um copo de bebidas.

— Deveria ter trazido outro legista, Ducky. – Gibbs finalmente falou.

— Não pude. – Ducky bebeu. – Não para Caitlin.

— Eu já perdi homens em combate. – Gibbs lembrou daqueles dias nos fuzileiros. – A gente espera que aconteça, mas torce para não acontecer.

— Já perdeu homens em combate. – Ducky comentou. – Alguma vez já perdeu uma mulher? – Ele viu Gibbs assentir negativamente. – Vamos admitir, Jethro, somos uma dupla de velhos chauvinistas, mulheres nunca vão ser iguais em vida até que sejam na morte.

— Por que Ducky? – Gibbs começou a pirar. – Por que a Kate e não eu?

— Talvez ele tivesse a intenção de ferir você. – Ducky pressionou Gibbs a dividir seus sentimentos.

— Não, atirar em Abby significa que ele está atrás do meu pessoal. – Gibbs desviou os olhos do corpo. – Mulheres primeiro.

— Então ele está torturando você. – Ducky decidiu. – Eu me perguntou por que ele é tão sádico?

— Eu não me importo! – Gibbs decidiu que era hora de agir. – Eu só quero matar aquele desgraçado.

Saindo da autópsia, Gibbs voltou a olhar pela janela. A chuva continuava a cair, ainda mais forte. Ele imaginou que o tempo também estava de luto.

Reencontrando Jenny e conhecendo Ziva, ele enfim conseguiu pegar Ari e matar o desgraçado. Era hora de enterrar Kate. O avião estava em silêncio total. Abby estava sentada longe de todos, sozinha, apenas olhando pela janela.

Pedindo licença para Jenny, ele caminhou para ela.

— Parece injusto, não é? – Abby falou assim que ele se sentou. – Parece injusto que ela teve que morrer porque Ari queria uma vingança contra o pai.

— Algumas pessoas não tem o dom de perdoar. – Gibbs a pegou em um abraço. – Você está bem, Abbs?

— Eu não sei. – Ela abaixou o olhar para seus braços em seu colo. – Quero dizer, se não fossem você e Tony, eu poderia estar morta. Eu gostava das minhas janelas, mas agora não gosto mais.

— Se Ari tivesse matado você, eu não teria conseguido não encher ele de balas. – Gibbs abraçou Abby, que chorou em seus braços. – Você é como uma filha para mim. Nunca pense menos.

— Obrigado, Gibbs. – Abby sorriu para ele. – Por conversar comigo.

Jenny olhava para os dois, com um sorriso no rosto. Abby com certeza era alguém muito especial para todos, mas com Gibbs era uma relação muito mais paternal. Ela olhou a história da jovem e percebeu que ambos os pais estavam mortos.

Ela nunca diria em voz alta, mas se sentia como mãe de Abby. Se ela tivesse uma filha, Abby seria exatamente o que ela gostaria.

Gibbs se juntou a ela de volta e viu Abby dormindo um pouco.

— Bonito gesto, Jethro. – Jenny sorriu para o agente. – Você age como um pai dela.

— Todo mundo merece um pai, Jen. – Gibbs sorriu para ela e depois olhou para Abby. – Em todos esses anos na agência, ao lado de Abby eu aprendi coisas sobre ela que eu sempre tive curiosidade com uma filha.

Era difícil para Gibbs guardar Shanon e Kelly de todos, mas ele sabia que ainda não estava pronto para compartilhar essa parte da vida.

— Onde você aprendeu língua de sinais? – Jenny perguntou para Gibbs. – Eu percebi que você entende disso.

— Isso é segredo. – Ele deu um de seus sorrisos de marca para ela. – Mas eu aprendi apenas por Abby. Os pais dela eram surdos.

A cerimônia de despedida de Kate foi difícil para todos. Ele sabia que havia sido culpa, em partes. Ari era um desgraçado e com a ajuda de Ziva ele foi para o lugar que merecia.

— Está atrasado para o meu enterro, Gibbs. – Uma Kate imaginária disse a Gibbs.

— Desculpa, Kate. – Gibbs colocou suas flores sobre o caixão dela.

— Se importam se eu colocar um jazz? – Abby perguntou aos pais de Kate.

— Não. – A mãe de Kate a abraçou. – Kate gostava muito de você.

Ela tirou um gravador do bolso e colocou uma música típica de New Orleans. Gibbs colocou um braço ao redor de Jenny e de Abby e sentiu um final.

Ele sabia que muita coisa mudaria a partir de agora, mas ele administraria quando chegasse a hora.

Tony e McGee colocaram seus óculos escuros e Ducky deu os pêsames aos pais de Kate e se juntou ao resto do pessoal. Eles sentiriam muito a falta dela, mas sabiam que ela poderia enfim descansar.

Porque Ari Haswari está morto. E ele não voltaria a ver o sol novamente.