Atlântida escrita por Petty Yume Chan


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Estamos começando a nos aproximar do final da fic :') espero verdadeiramente que vocês estejam gostando.



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Era meio da tarde quando eles alcançaram à costa da ilha. E verão, em um feito de despedida, fez questão de que aquele fosse um dos mais quentes dias.

Sentados nas pedras a beira da praia eles observavam o horizonte na espera da partida do sol. Era possível dizer que o relacionamento dos dois havia melhorado com o passar dos últimos dias, ao menos o ar assassino que costumava emanar de Mirela agora estava sob controle, e dada às situações em que ambos já se encontraram, aquilo era mais do que um progresso.

— Você realmente tem certeza de que estamos buscando no lugar certo?

— Mesmo depois de todo esse tempo você ainda não se convenceu?

— Não me entenda errado, eu ainda não confio em você.

— Eu sei, eu sei. Você só veio para ter o prazer de dizer que eu estava errado. Mas acredite, isso não vai acontecer.

Um leve arqueio se formou nos lábios da mulher, se você fosse otimista o bastante poderia chamar aquele pequeno movimento de sorrio. Mas a verdade era que, lá no fundo, ela estava se divertindo com a situação, acabando por descobrir que a presença de Armin poderia não ser totalmente odiável.

— Você acabou de sorrir?

— Não sei do que esta falando.

— Eu conheço um sorriso quando vejo um, aquilo definitivamente foi um sorriso. Pelos mares, eu fiz Mirela, a implacável, sorrir.

— Já disse que não estava sorrindo! E qual é a desse apelido?

— É assim que o seu nome corre por ai, não sabia? Apesar de que, considerando a sua cara de poucos amigos, não me surpreende que ninguém te chame assim quando você esta por perto. Você deveria sorrir mais vezes.

— Quantas vezes eu vou ter de dizer que eu n– E-ei, pare com isso... Haha... Pare!

Distraída em sua teimosia, Mirela foi atacada pelos dedos ágeis do rapaz a qual lhe dedilharam as costelas, arrancando-lhe gargalhadas do fundo da garganta. Ela se contorcia tentando fugir do toque, mas a combinação das cócegas, das risadas e da falta de ar acabou por tirar-lhe todas as forças. Toda a compostura que um dia ela havia construído agora estava em ruínas, Armin sempre conseguia a destruir de todos os modos possíveis, ele sempre estava no controle, brincando com ela na ponta de seus dedos, figurativa e literalmente falando.

A moça só se viu livre da situação quando o moreno decidiu que havia tido o bastante. Ofegante, ela tentava se recompor. O rosto brilhava em vermelho, tanto pela falta de ar, tanto pela raiva, tanto por qualquer outro sentimento que a deixava desconfortável, coisa que só aumentou quando ela se virou e encontrou a diversão que iluminava o rosto de Armin.

— Você realmente deveria sorrir mais. Acho que eu tenho um novo rosto favorito.

Mirela quase podia sentir o seu rosto entrando em combustão instantânea e seu cérebro completamente incapaz de raciocinar, fazendo com que ela não soubesse realizar as ações mais simples. Quando estava ao redor de Armin ela já não mais sabia o que era agir como um ser humano normal. Talvez estivesse ficando doente, ou então estivesse sob o efeito de alguma maldição. Quando parava para pensar sobre todas as loucuras a qual já ouviu o nome do rapaz envolvido talvez não fosse tão surpreendente o fato de que, em realidade, ele fosse algum tipo de bruxo dos mares que havia jogado um de seus feitiços nela.

— Olhe! O sol esta quase se pondo.

Seja o que fosse, todos os seus questionamentos ficaram para trás no momento em que o céu começou a ganhar seus tons mais escuros. Parados lado a lado eles observavam com expectativa o sol desaparecer no horizonte, os últimos dias haviam feito com que o entusiasmo do rapaz alcançasse Mirela, e agora ela se encontrava igualmente ansiosa. Quando o ultimo raio de sol foi engolido pela noite, ela esperou. Esperou um brilho mágico, esperou um agitamento no meio do mar, esperou qualquer tipo de movimentação inusual. Porém, nada aconteceu.

— Agora é a hora em que eu finjo estar surpresa, ou que eu digo que eu avisei?

— Não comece Mirela. Veja, a maré esta baixando, como eu falei.

Na beirada da areia era realmente possível ver como as ondas ficavam cada vez mais distantes, revelando a areia molhada por baixo de si. Entretanto, Mirela tinha suas duvidas se era sequer possível dar dois passos no espaço que se mostrava para eles.

— Armin, sejamos sinceros, se a maré baixou sequer trinta centímetros é muito. Como você espera que encontremos uma cidade inteira se nem sequer temos um caminho? Admita de uma vez que você se enganou, não é um problema, poderia acontecer com qualquer um, principalmente se tratando de Atlântida.

 — Nunca!

A voz saiu com um ar serio e intimidante que Mirela nunca tinha ouvido, fazendo-a quase se encolher no lugar, ele estava verdadeiramente determinado a provar o seu ponto. Não que ela não entendesse o sentimento, aparentemente os dois poderiam ser extremamente teimosos quando o assunto era atingir os seus objetivos.

Observou de longe enquanto o homem seguia para mais fundo no mar, a água já atingia a altura dos joelhos e mesmo assim nada parecia diferente de um dia normal. Ele chegou a mergulhar uma ou duas vezes, mas apenas voltava à superfície sem qualquer resultado. Mirela não poderia negar estar admirada com tamanha determinação, mas os resultados já eram óbvios.

— Armin, não tem nada aqui. Vamos voltar.

— Não! Não pode ser! Eu tinha certeza, fiz todos os cálculos! Eu vou pro–

— Armin!

Uma espécie de pânico se espalhou por todas as células da mulher, congelando-a no lugar, assim que ela viu a silhueta do homem ser puxada para dentro da água. Aguardou alguns segundos na esperança de que ele surgisse na superfície do mar, com aquele sorriso debochado de sempre, dizendo que estava apenas provocando-a. Entretanto, quando isso não aconteceu, ela passou a ficar verdadeiramente preocupada.

— Armin! Se isso é algum tipo de brincadeira eu vou acabar com você.

Mesmo que a lua estivesse no céu, toda a imensidão do mar era demasiadamente escura para que ela conseguisse enxergar qualquer coisa. Indo cada vez mais fundo, ela buscava por qualquer sinal de vida, mas a superfície da água permanecia imaculada, de forma que ela apenas poderia dizer que alguém além dela esteve ali, pelo simples fator dela mesma ter presenciado tal aspecto.

— Armin!

Ela continuava a gritar e buscar em vão, nenhuma resposta chegava até ela. As ondas já batiam na altura de seu peito e, mesmo assim, não existia qualquer rastro do que outrora foi o homem de cabelos escuros. Foi então, quando ela deu mais um passo em direção as profundezas, que ela sentiu todo o seu corpo ser puxado de maneira abrupta para o fundo do mar.

A sensação não era fácil de explicar, tudo que saberia dizer é que era horrível. As águas se moviam velozes ao seu redor, tornando impossível de manter os seus olhos abertos por conta do ardor, e mesmo se o fizesse, nada enxergaria. A água lhe trazia um ardor às narinas e já começava a se tornar intrusa em seus pulmões, a pressão sobre si era cada vez mais esmagadora e lhe dava a sensação de que todos os seus ossos se quebrariam um a um. Imaginou que ali seria onde a sua historia terminaria, entretanto, quando se viu próxima a um ponto insuportável, a calmaria se fez presente ao seu redor.

Por um momento ficou em duvida sobre o que fazer, não tinha certeza de estava viva ou não, todavia, o ardor de seus pulmões que ansiavam por ar a fizeram entender que ela ainda se encontrava no plano material. Os olhos finalmente se abriram e ela se encontrou flutuando em meio às profundezas do oceano, entretanto, a visão a sua frente era a coisa mais surreal da situação, quase lhe roubando o pouco de fôlego que ainda restava.

Presa a parte inferior da ilha, a enorme cidade se estendia para as profundezas, era como se a mesma um dia tivesse tombado para dentro da água e se encontrava totalmente de ponta cabeça. Lutando para manter o pouco de ar que ainda tinha, Mirela nadou mais para perto, percebendo que toda a cidade era envolta por uma espécie de redoma de vidro, entretanto, quando as pontas de seus dedos tocaram a superfície da estrutura percebeu que, embora densa, não era solida, sendo algo mais parecido à textura de uma gelatina.

Os dedos furaram a superfície da redoma, indo cada vez mais fundo, já estava próximo à altura do pulso quando sentiu a parede ceder do outro lado, tendo então todo o seu corpo puxado para dentro do local. Esperava flutuar como fizera no mar, mas diferente disso sentiu o peso da gravidade sobre si, fazendo-a cair no chão do local, ou talvez fosse ao teto, variava com o seu ponto de vista, afinal de contas ela via os peixes e toda a vida marinha nadando de ponta cabeça do lado de fora da redoma, mas sabia que, da visão deles, ela era a única a estar de ponta cabeça.

Levantou-se ainda um pouco aturdida, a atmosfera não era leve como estar na superfície, mas também não era pesada como o fundo do mar. Sentia a sensação aquosa ao seu redor, mas conseguia mover o corpo normalmente como fazia em terra firme, a parte mais incomoda era o ar rarefeito como o das montanhas que chegava de forma sofrida aos seus pulmões, mas nada com o que ela não pudesse lidar.

Aproveitou o momento em que seu corpo se acostumava às mudanças para observar o local ao seu redor. Seus pés pisavam um caminho de paralelepípedos tingidos de um azul brilhante e, conforme o caminho seguia, enormes prédios se estendiam de forma rústica, como se houvessem sido esculpidos em enormes rochas e agora eram incrustados por conchas, algas e corais, a única fonte de iluminação derivando das espécies luminosas ali presentes.

— Quem vai dizer “eu avisei” agora?

Nunca havia ficado tão feliz por ouvir tal voz. Um pouco mais a sua frente pode ver a figura de Armin sair por um dos becos, aparentemente o garoto não havia perdido tempo em começar a explorar as possibilidades daquele lugar, o rosto era banhado por uma mistura de deslumbre e orgulho. Por um momento, Mirela se sentiu aliviada.

— Esta bem, eu admito. Eu estava errada.

— Mirela admitindo que estava errada? Esse lugar realmente deve ser algum tipo de realidade alternativa.

— Cale a boca, idiota.

Com um soco amigável no ombro do moreno, eles trocaram olhares cúmplices. O clima entre os dois havia se tornado mais leve depois que ambos foram capazes de superar a tensão que os cercava, e agora, tendo alcançado o seu objetivo, os dois sentiam que estavam compartilhando algo.

— Bem, já que ambos concordamos que eu tinha razão, acredito que seja hora de seguirmos com a nossa expedição.

— Armin, espera.

A calmaria que envolvia o local poderia ser apreciável, se não fosse preocupante. Não importasse para onde olhava, tudo tinha um ar abandonado, como se eles fossem os primeiros a pisar ali em séculos. Tal pensamento lhe trazia um embrulho no estomago, ela já havia vivido muitas situações que lhe davam todos os motivos para temer o silencio absoluto.

— Se você estiver com medo, eu posso segurar sua mão.

Mas claro que o seu acompanhante não levaria nada disso a serio. Deixou que o seu rosto formasse uma careta de desgosto e desaprovação, talvez o que a esperasse na sombra fosse mais agradável do que a companhia que ela aceitou acompanhar até ali. Não tinha o porquê discutir, no final das contas, se qualquer coisa acontecesse ela poderia ter o prazer de dizer “eu avisei”, e tal ideia até que lhe agradava. Assim, com um ultimo revirar de olhos, ela seguiu na frente do rapaz sem qualquer outra palavra, mas a mão nunca abandonou o punho de seu sabre.


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Notas finais do capítulo

Só mais três capítulos a partir de agora.
Estão ansiosos?? Porque eu estou. >
Até amanhã !!
Kissus da yume.



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