Adão e Eva, na guerra dos iguanas. Parte II escrita por Paloma Her


Capítulo 12
Capítulo X. Oitava dimensão


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Amon-rá e Noemi ficavam acampando na beira do mar, com toda a tripulação em redor, eles percorreram o mato até encontrar as antigas cavernas pré-históricas, dessa vida do passado. Subiram com cordas pelas encostas íngremes e entraram nelas. Reproduções de figuras nas paredes havia-as em toda parte. Desenhos de cavalos com um chifre na testa, e um casal de homens pintados de branco, correndo entre as chamas. Também encontraram desenhos de homens com fogo nas mãos, queimando esse mundo. Era um testemunho vivo do passado. Eva fotografou, filmou, e fez um relato de interpretação descrevendo essa história. Os cavalos eram Belzier e sua fêmea, as figuras brancas, ela e Adão, e os personagens com fogo nas mãos eram os iguanas que os atacaram na ocasião.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774475/chapter/12

 Dentro da nave, Madalena tomou os comandos da sala de pilotagem, enquanto Ênio conferia seus mapas, dando o início a essa viagem. Ele descobrira novas galáxias, novas nebulosas, outras constelações, todas desconhecidas, e ia acrescentando-as no mapa estelar. A seguir, guardava, armazenava, pois, essa informação seria um dia entregue para as cobras.

Dali em diante, cada vez que descobriam um planeta davam um giro em sua direção, observando seu estado, pois achavam de tudo. Tinha aqueles que eram uma massa brilhante cheia de diamantes, e que havia que observá-los através de lentes escuras. Já outros eram planetas vermelhos vivos, como fogos eternos, esfriando aos poucos, e tinha os que não passavam de um lamaçal fétido, na espera da vida brotar. Tinha vezes que os cientistas pediam para Adão descer num voo mais rasante para deixar cair sementes em planetas cheios de lodo. Também espalhavam ovos de peixes, plâncton, algas marinhas, pois era no lodo que a vida brotava. 

A emoção, porém, tomou conta, quando atingiram a primeira parada. Na frente das janelas frontais, 20 Luas de tamanhos diferentes, que giravam iluminando esse mundo, conjuntamente com o Sol, foram ficando cada vez mais nítidas. Madalena diminuiu a velocidade, e examinaram cada uma dessas luas, pois sabiam que havia nelas um laboratório com homens cobras fazendo pesquisas. Era W de TETHA, onde viviam os homens descendentes de gorilas. Pacíficos, amorosos, um povo encantador. O mundo que Eva tanto queria rever.

Quando os avistaram, Madalena desceu por cima de um terraço. Plataforma que pela sua vez ficava acima de uma redoma de cristal redonda. Parou os motores, e esperou que essa plataforma fosse manipulada desde seu interior. Baixaram lentamente, ao tempo que os portões dessa cúpula abriam a passagem de entrada. Depois que essa porta superior fechou, apareceu uma escada luminosa para levitá-los. Assim que tocaram o chão, não só encontraram cobras, como também casais de trogloditas fortes, e crianças peludas, que estavam nessa Lua para exames médicos.

Os descendentes de gorilas eram gigantes com mais de 2,20 metros, e haviam perdido parte dos cabelos do corpo com passar dos milênios. Os homens encobriam sua masculinidade com um trançado de fibras naturais e as mulheres tampavam os quadris com um pano intrincado de linhagem. Por cima dos peitos, cingiam um longo laço para sustentar os seios.

Eva começou a chorar assim que viu a primeira mulher gorila na sua frente.

A lembrança da vida passada chegou como uma chuva. Lembrou com nitidez aos iguanas os invadindo com armas que lançavam fogos, viu Adão estendido no chão com a pele em chagas, e ela derrubada pela dor. Lembrou que morrera pedindo a "00" o direito da desforra. E nesta encarnação, ela havia cruzado a imensidão para vingar esse episódio. E Eva começou a rir dela mesma, pois não havia matado ninguém. Lembrava-se de Isabela, Benjamim, Evita, Mirim, Vitor, Bernardinho e as crianças, seus netos iguanas, e se falava a si mesma que só havia amado esse povo. Só agora percebia que não morreram nem criminosos, pois eles mesmos haviam revogado a pena de morte.

Adão, imitando sua mulher, ria feliz pelo reencontro com esses bravos homens. Abraçou a todos os peludos com emoção, pois lembrava como num filme sua morte, ao lado desses homens. E agora estavam ali, de regresso para matar a saudade.  Como Amon-rá, Ênio e Jorge eram telepáticos, também os abraçaram com carinho, enquanto as esposas rodeavam Eva, pois agora entendiam o porquê todos eles estarem nesse lugar.

Depois se deixaram amar. As cobras já os esperavam com honras, como dignos príncipes estelares. Tinham-lhes alojamentos maravilhosos, com um banquete de boas-vindas e todas as mordomias de uma civilização superior.

E ficaram durante longo tempo trocaram ideias com as cobras.

Souberam que elas visitavam os gorilas constantemente. Estudantes universitários na maioria, que gostavam de ensinar coisas elementares, como artesanato, costura manual, ecologia, construção primitiva, enfim. Mas os outros planetas que havia na vizinhança preferiam evitar, pois todos eram agressivos e perigosos. Principalmente os lagartos.

Depois as cobras mostraram para Madalena e Ênio o mapa da vida. Havia Galáxias com pontos verdes, amarelos, vermelhos e brancos. As cobras iam explicando-lhes que eram sinais de vida. Os verdes possuíam plantinhas, árvores primárias, num início de vida com amimais muitos pré-históricos. Os que possuíam pontos brancos eram melhores ignorá-los, pois só encontrariam venenos, ou, então seres microscópicos horripilantes. Os vermelhos eram selvas virgens com pântanos onde um ser humano poderia ser tragado pela lama em décimos de segundos. O mais aconselhável era descer onde havia pontos amarelos. Indicava que havia uma safra de Homo Eretus no longo caminho do desenvolvimento humano. Em seguida, compararam com Ênio seus mapas estelares, atualizaram distâncias, tempos de viagens, examinando tudo através de seus telescópios gigantes. E Ênio corrigiu, redesenhou, e atualizou suas anotações.

E depois de um longo descanso, desceram a visitar o planeta.

Adão e Eva deambularam em busca do passado durante longo tempo.

 Enquanto Amon-rá e Noemi ficavam acampando na beira do mar, com toda a tripulação em redor, eles percorreram o mato até encontrar as antigas cavernas pré-históricas, dessa vida do passado. Subiram com cordas pelas encostas íngremes e entraram nelas. Reproduções de figuras nas paredes havia-as em toda parte. Desenhos de cavalos com um chifre na testa, e um casal de homens pintados de branco, correndo entre as chamas.  Também encontraram desenhos de homens com fogo nas mãos, queimando esse mundo. Era um testemunho vivo do passado. Eva fotografou, filmou, e fez um relato de interpretação descrevendo essa história. Os cavalos eram Belzier e sua fêmea, as figuras brancas, ela e Adão, e os personagens com fogo nas mãos eram os iguanas que os atacaram na ocasião.

Como essas cavernas não eram visitadas por ninguém, Adão em pouco tempo ficou nu, pois o calor era excitante. Fez um colchão com sua roupa, sorrindo cinicamente, e Eva, assim que o viu nessa pose de malandro, deixou seus escritos e a filmadora num canto, e sentou ao seu lado. Beijou-o, e começaram a fazer cócegas, rindo, como quem está fazendo amor pela primeira vez. E Eva perguntou:

— Será que nosso amor começou assim? Numa caverna como esta, nos tempos em que a Terra só tinha homens peludos?

— Começou antes, minha querida. Nós éramos macacos. Bestas. Depois que os anjos deram início à transformação humana, eu procurei minha macaca mais gostosa para ser homem... E estou comendo-a até hoje, mais ou menos uns 5 milhões de anos... Ou, quem sabe o quanto...

— Não quer voltar para trás? Procurar as outras macacas boazonas?

— Hum... Ficou com ciúmes... Mas, saiba que não sou idiota... Só você me faz desmaiar de prazer...

— Falo a mesma coisa... Eu não o trocaria jamais...

E dias intermináveis se sucederam.

Vestindo o mínimo, Adão e Eva se perderam na mata para andar sobre algum animal e comer abacaxis doces, maçãs gigantes, bananas maiores ainda, e beber água de cocos

Os únicos que pesquisaram alguma coisa foram os cientistas. Recolheram amostras de pedras, areias, e bichinhos miúdos desconhecidos, que olhavam com lentes especiais. Aliás, eles estavam ridículos! Cada um tinha um capacete onde havia luzes, lentes, antenas, e um colete cheio de frasquinhos, tampas, sacolinhas, além de uma mochila com microscópios.

Amon-rá sequer saiu de sua barraca. Um robô se encarregou de alimentá-lo e ele só fez amor. Além do que, fazer amor em meio da natureza era excitante.

No dia em que os cientistas perguntaram com telepatia para Adão se não estava na hora de continuar a caminhada, Adão chamou seu filho, Jorge, o Ênio, perguntando o que achavam dessa ideia. Afinal, tinham as suítes da nave para continuar na maratona amorosa. E começaram a se reunir aos poucos. Além do que, os cabeludos estavam em toda parte os observando, e rindo quais crianças. Os cabeludos já sabiam que os homens de outros planetas chegavam a descansar e fazer amor por muitos dias. Quando terminavam o chamego, estavam sempre com fome e com sede. Então, os cabeludos lhes faziam um banquete.

Quando Adão chegou à praia, Jorge e Regina rebolavam em meio de uns 50 cabeludos ao redor de uma fogueira, e Amon-rá comia como troglodita pão nas brasas com marmeladas, saladas, queijos, mel, e taças de leite. Ele estava mesmo faminto, pois o robô só recolhera frutas para eles. Os cientistas, também estavam encantados. Batiam palmas, os homens improvisavam uma flauta, outros tinham maracás nas mãos, parecia festa de ninguém sabia do quê.

Após essas férias fantásticas, namorando sem trégua, com comida e festas ao luar, o regresso à Lua foi triste. Eva chorou abraçada nas mulheres, como fizera milênios atrás. Subiram na nave lentamente, acenando para esse povo encantador. Depois se instalaram na Lua para programar a continuidade desse roteiro espacial. Ênio, Madalena e Adão examinaram o mapa estelar para ver o planeta que ficava mais próximo. Era um lugar onde as cobras jamais estiveram. Um mundo de insetos gigantes. Algo que as cobras chamavam de mundo dos horrores, e riscados da curiosidade científica.

No último dia nessa Lua encantadora, cada tripulante recebeu como presente uma máquina fotográfica, que gravava as fotos num disco bem pequenino. Receberam uma filmadora que fazia o mesmo. Bastava enviar para eles os discos. Entravam neles até 80.000 fotos, ou 90.000 documentários. Também os presentearam com materiais para modelar esculturas, e gesso para fazer molde de pegadas no chão, enfim. Adão, em agradecimento, prometeu lhes enviar cada achado que encontrasse diretamente para eles.

E, um dia, voaram para o mundo dos horrores.

Madalena desta vez marcou um horário, três dias de namoro com Ênio, e um dia de pilotagem. Afinal, depois dessa descida a um planeta primitivo ele estava mesmo um troglodita, abraçava-a a toda hora, queria fazer amor dia todo, e ela amava-o demais. De vez em quando, Eva chegava a mirar para o espaço, e lhe limpava o caminho. Deixava a escuridão despojada de detritos, mas ela se retirava logo para sua suíte com Adão, deixando os robôs no desespero. Tinha os que rolavam a cabeça em 360° atrás de pedras. Era até engraçado de se ver.

Os faxineiros Amon-rá, Jorge e Regina, revistavam essa nave diariamente.

As pedras que lhes cruzavam o caminho desta vez viajavam carregadas de vermes do espaço, que se infiltravam nos vãos onde ficavam os hangares das naves domésticas. Eles passavam o dia desintegrando seres estranhos que se alimentavam de tudo, metais, carvão, diamantes, e um sem fim de porcarias. Enquanto um trabalhava, o outro se fechava nas suítes. Amon-rá fazia tudo sozinho no seu turno. Noemi ficava cuidando de cinco gatinhos que vieram com eles, lembrança dos sobrinhos, dos porquinhos da horta, dos passarinhos, e aproveitava para tirar mel das colmeias de abelhas, recolhia ovo de galinha, tartaruga, marreco ou de ganso, para fazer o jantar.

O resto da tripulação também trabalhava, pois havia médicos, astrônomos, engenheiros, veterinários, que acompanhavam Amon-rá na revisão. Pegavam seres estranhos nas lentes, os analisavam nos microscópios, fotografavam, descobriam qual era seu cardápio, e faziam um catálogo minucioso. Depois, Amon-rá os desintegrava sem dó.

E um dia, o mundo dos insetos os recebeu com uma miragem bucólica.

O planeta possuía 4 Luas magníficas, que em conjunto iluminavam a noite de forma encantadora. Parecia um mundo de magia. As árvores abrolhavam imponentes, magistrais, e os insetos voavam em meio das selvas, percorrendo o planeta em todos seus espaços.

Madalena pousou a nave a 90 metros acima do chão, e esticou cinco pés perto de uma lagoa. Em seguida, acendeu todas as luzes, para iluminar esse lugar numa distância de 8 quilômetros de diâmetro.

Para descer vestiram uma malha antitérmica, que os protegeria do calor, ou do frio, e das picadas de bichinhos. Desceram em duplas, com lâmpadas nas mãos, e um broche para localização, para os robôs os encontrarem, por mais perdidos que estivessem.

E descobrir a espécie que estava evoluindo para homens levou pouco tempo.

Os homens-moscas eram gigantes, e se encontravam no começo de sua evolução, com características metade insetos, e metade homens. Meio a meio.  Possuíam em média 90 centímetros de altura. Tinham dois pares de braços, da cintura para cima, e duas pernas fortes. Com as quatro asas abertas então, eram assustadoras, pois cada asa media 90 centímetros cada uma, e elas costumavam abrir os braços e as pernas durante o voo.

 O rosto possuía rugas, olhos protuberantes, boca pontiaguda, e um nariz que chamava muito a atenção. Ele era pontudo, empinado para cima, e as orelhas não se enxergavam, pois, as moscas eram cabeludas. O gênero feminino era assinalado pelos seios volumosos e a cintura mínima. Os homens luziam um pênis notório, e um tórax forte e anguloso.

O que mais chamava a atenção eram seus olhos, cortados em várias facetas, com uma visão magnífica. Um homem-mosca podia ver a cada alienígena em separado, ao mesmo tempo, no primeiro plano, numa abrangência de visão de 180º. E no cérebro, os números aconteciam por si só. Sabiam se havia uma pessoa, ou cinco, ou vinte. Da mesma maneira, olhavam para o mato. Sabiam com exatidão quantas árvores possuía a floresta. Além disso, a visão das moscas era de longa distância. Percebiam uma águia nas alturas onde os olhos humanos não enxergavam. Dessa maneira, fugiam delas, pois essas águias raptavam seus filhinhos e os devoravam com bicadas fortes.

Adão viu de longe um casal copulando na pose cachorrinho, dando gemidos de gozo. E fazia tempo que elas estavam nessa relação. Nos dias seguintes, descobriram que as moscas tinham hábitos sociais muito sedentários. Enquanto caminhavam em terra ficavam juntas, eram monogâmicas e viviam em grupos familiares. Os filhos se aconchegavam entre o peito forte do macho, e deambulavam em grupo, recolhendo néctar de flores, para lhes dar na boca. Quando os meninos adormeciam, os adultos ficavam deitados um a cada lado, pois eram pais muito vigilantes do perigo que descia das alturas.

Com hipnoses e telepatia, Adão soube que a gestação dos filhos era de 5 meses. Os mosquitinhos nasciam com asas, como seus pais, se alimentavam dos seios da mãe, e um dia saíam voando em busca de uma fruta para mordiscar. A adolescência chegava logo, pois aos 8 anos já saíam em busca de uma parceira para namorar.

Eva registrou as suas comidas. Além de elas beberem o néctar das flores, bebiam água de folhas úmidas, ou das plantas como orquídeas, bromélias, copos de leite, comiam certas flores como crisântemos, rosas, cravos vermelhos, e adoravam o melão e as melancias, que brotavam do chão como mato selvagem. As moscas enterravam a cabeça dentro das melancias doces e cuspiam as sementes ao chão, que com o tempo originavam mais frutos, numa roda eterna de suprimentos. Também consumiam tomates, fazendo sempre o mesmo ritual, chupar, engolir e cuspir as sementeiras e o bagaço. 

Além das moscas em evolução, Adão, e sua equipe fotografaram e documentaram borboletas com asas com três metros de extensão, libélulas com um metro de tamanho, abelhas de 50 centímetros, e flores tão grandes que se podia dormir numa pétala. Nenhuma planta era carnívora.

Entre as espécies esquisitas, nunca vistas, estavam os iguanotes. Assim batizados por eles mesmos. Eram como iguanas gigantes, de 70 centímetros de altura, sem caudas, que caminhavam em 4 pés com a agilidade de uma pantera. Patas longas, pele manchada de vermelho, azul, laranja, e com escamas.

Os cavalos os haviam aos milhares, correndo nas pradarias em forma desmandada. Maravilhosos, magníficos, arredios, eram os reis das savanas. Também encontraram mamutes com mais de 3 metros de altura, leões dentes de sabre, e uma grande variedade de hienas e felinos, que se alimentavam de ratos.

A única inimiga natural das moscas eram as águias gigantes. E quando uma águia aparecia, os machos despontavam em bando a enfrentá-las, voavam em redor, até fazê-las desistir e regressar pelo mesmo caminho.

Depois de vinte dias percorrendo o mato, Adão recebeu um chamado telepático de Amon-rá, que se encontrava em outro continente desse mundo, realizando documentários:

— Pai, necessitas ver com teus próprios olhos, pois se eu te contar não vais acreditar....Vem logo...

Afinal, o que é que haveria de tão estranho assim? Algum dinossauro talvez? E chamou Eva, que estava no cimo de uma árvore fotografando uns passarinhos miudinhos.

Nesse outro continente, havia um ar seco, pois em lugar de mata fechada havia uma savana interminável com buracos no chão. Uma nave cheia de petróleo, pronta para decolar com sua carga milionária, apodrecia ao Sol. Pouco a pouco, viram Amon-rá acenando para eles. Uma casa abandonada, um lençol de petróleo borbulhando, e 400 homens iguanas maltrapilhos, magros, esqueléticos, estavam estendidos no chão. Todos mortos. E esses coitados haviam morrido com uma picada de mosquito, que matava mais do que a fome.

Ênio, que chegara à corrida a ver tudo isso, ajudou Amon-rá e Jorge a fazer a limpeza.

Os barris de petróleo foram desintegrados num olhar, ao igual que as torres de madeira e os equipamentos de perfuração. Os corpos foram enterrados no chão, e as aberturas dos poços cobertas com uma tampa de metalponita. Por cima, foi colocado terra, e em seguida espalhou-se sementes de girassóis, melões e melancias.

Eva encarregou-se de desintegrar a nave. Um monstro metálico, que desapareceu com sua fortuna dentro dela, fruto da cobiça dos homens. Riqueza culpadasde tanto sofrimento nesse canto do Universo. De massacres, e de pesadelos sem fim. E também de justiça. Pelo menos nesse planeta, a natureza castigara os invasores.

E ficaram nesse mundo até enjoar.

Adão e Noemi examinaram as manadas de carnívoros e herbívoros, deram determinados remédios, e fizeram algumas cirurgias.   Estudaram todo o sistema interno de uma mosca fêmea corajosa que se deixou examinar através de um vidro vermelho.

Enquanto isso, por ali perto, o grosso das mulheres ficou em meio de um grupo de moscas tentando ensinar-lhes a falar. Eva também tentou lecionar música, soprando uma flauta de osso, que ela mesma fez. Como as mulheres-moscas tinham quatro braços, possuíam 20 dedos. Por esse motivo, Eva fez uma flauta mais comprida, com mais buracos, e o resultado foi magnífico. Os sons das flautas provocavam os primeiros grunhidos de alegria entre elas. Era encantador.

Enquanto Eva ensinava música, Ênio por sua vez fez desenhos, pintou telas, pois a inspiração artística bateu nele. As paisagens desse mundo eram inspiradoras, principalmente ao amanhecer, quando o Sol dissipava as camadas úmidas, e o mato ficava envolvido nessa névoa, com os insetos dando seus primeiros voos matinais. Era mesmo uma miragem de um mundo esquisito. Amon-rá fez esculturas de argila. Um zoológico em miniatura com figuras esquisitas desse mundo, foram tomando forma. Queimou-as num forno apropriado para queima de argila, feito por dois engenheiros, e as embrulhou uma a uma, dando-lhes nomes, inventados por ele mesmo.

Todas as pesquisas, as fotos, os documentários, as pinturas, e as figuras de argila foram enviadas para o planeta das cobras junto a um relato sobre os iguanas petroleiros enterrados nas savanas desérticas. Para descobrir o germe que os matara, os cientistas haviam analisado um pedaço de pele, e descobriram que fora dengue hemorrágica. Junto a isso tudo, estava o aval médico, pois chegaram ao consenso de que não havia nada perigoso nesse mundo. As moscas eram tão encantadoras quanto os gorilas. As moscas haviam abandonado o costume de chupar sangue, ou procurar comida entre a merda, como se fez durante milênios. A única recomendação que enviaram para as cobras era o uso abundante de repelente contra mosquitos e vacinas contra todo tipo de febres.

Depois de enviar as cápsulas para a Lua do planeta dos gorilas, Adão revistou a rota junto com Ênio, o gênio dos mapas estelares.

Madalena examinou a rota e deu um suspiro de alivio. Não havia nada de nada que os atacasse. Nenhum pedregulho. Mesmo assim os robôs ficaram nas janelas espiando, enquanto a tripulação humana se trancava nas suítes, refrescando o corpo nas piscinas internas, e olhando os documentários eróticos das moscas, que ficaram com eles.

Assim que Madalena avistou o planeta seguinte, correram a olhar pelas janelas, pois ele foi ficando gigante em pouco tempo. Desta vez Madalena deu uma volta rasa, para ver os mares, continentes, mato fechado, desertos, e novamente as torres de extração de petróleo estavam cravadas, aos centos. Adão chamou a todos olhar através das vidraças.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enquanto Eva ensinava música, Ênio por sua vez fez desenhos, pintou telas, pois a inspiração artística bateu nele. As paisagens desse mundo eram inspiradoras, principalmente ao amanhecer, quando o Sol dissipava as camadas úmidas, e o mato ficava envolvido nessa névoa, com os insetos dando seus primeiros voos matinais. Era mesmo uma miragem de um mundo esquisito. Amon-rá fez esculturas de argila. Um zoológico em miniatura com figuras esquisitas desse mundo, foram tomando forma. Queimou-as num forno apropriado para queima de argila, feito por dois engenheiros, e as embrulhou uma a uma, dando-lhes nomes, inventados por ele mesmo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Adão e Eva, na guerra dos iguanas. Parte II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.