Com Amor, Samantha Puckett escrita por JJAlbuquerque


Capítulo 8
Sete = Freddie Bipolar




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Freddie decidiu que ajudaria Sam novamente, principalmente nas atividades de física e matemática. Ela não havia chorado muito, mas também não duvidou das palavras de Freddie, e, milagrosamente, ele se deixou levar e até mesmo sorria um pouco enquanto Sam contava uma história do seu quarto ano, quando ainda morava em outra cidade. 

― O que... Você acha de prepararmos curry pro jantar?

― Eu gosto! Vamos fazer, você será o chefe de cozinha super famoso Freddie Benson e eu serei sua fofa e linda assistente.

― Por que você sempre divaga tanto? ― Indagou o garoto, descendo as escadas.

Samantha ia logo atrás dele, e era praticamente impossível de manter um enorme sorriso no rosto, Freddie estava se abrindo um pouco com ela devido ao passado, havia a ajudado com as tarefas do feriado, feito o café da manhã, e até mesmo havia sorrido um pouco.

Era um grande avanço pra um único dia, mas mesmo assim, Sam tinha medo. Freddie poderia simplesmente dar uma de bipolar e se mostrar grosso novamente. Quanto tempo seu lado gentil e amigável poderia durar? 

― Tem todos os ingredientes em casa? ― Indagou a garota, abrindo a geladeira. ― Você comprou tudo enquanto eu dormia? 

Freddie apenas balançou a cabeça, confirmando. Ele pegou os materiais do curry e os colocou em cima da bancada de mármore, onde indicou a Sam como ela deveria cortar todos os legumes, enquanto ele cortava a carne e a temperava também. Sam separou o arroz e o lavou, Freddie o preparou. 

― Você aprendeu a receita toda? Não precisa olhar?

― Não. Eu só preciso ler ou ouvir uma única vez. Eu consigo lembrar mesmo depois de muito tempo.

― Você é tão exibido ― Sam fez uma careta. 

― O que eu posso fazer se você continua perguntando como eu consigo lembrar? 

Sam nada mais disse, mas não evitou uma revirada de olhos de modo divertido. Depois disso, ambos ficaram em silêncio, terminado de preparar o jantar; o relógio já marcava quase sete horas da noite. Seus pais chegariam na manhã seguinte e a sra. Benson provavelmente indagaria se, por acaso, eles haviam avançado em algo. Sim, eles haviam avançado e muito. Freddie havia revelado a Sam sobre seu passado, aliás, sobre o passado de ambos e Sam realmente não havia duvidado daquilo. Seu pai havia comentado inúmeras vezes sobre como o pai de Freddie e ele eram como irmãos ― mesmo antes de Sam saber que o pai de Freddie era o pai de Freddie. Sr. Puckett sempre disse que foi ele quem apresentou a sra. Benson ao seu melhor amigo, e então eles se apaixonaram completamente. Quem diria? 

X. X. X. X

Os pais de Freddie e Sam voltaram revigorados da reunião escolar. Sorriam a todo momento, comentavam sobre as coisas divertidas que fizeram, de todos os colegas de classe que reencontraram, de como a vida deles estava realmente boa após a faculdade. Praticamente todos casados com seus filhos. Sam estava realmente feliz pelo pai, por ter tido a chance de reencontrar seu velho amigo, e agora os antigos colegas de classe da época do colegial. 

Quando conseguiu um tempo a sós com ele, Sammy finalmente conseguiu perguntar sobre o que havia descoberto dias atrás. O sr. Benson ficou em silêncio por alguns instantes, antes de finalmente tomar um longo gole de água e confirmar a história.

― Sua mãe era muito amiga da sra. Benson, vocês cresceram juntos. Depois que sua mãe morreu e você rejeitou o pequeno Freddie, eles se mudaram pra algum outro país. Eles voltaram depois de alguns anos, mas já havíamos mudado de casa, por isso não nos encontraram. Não imaginava que um dia você poderia estudar na mesma escola que ele.

― Então é mesmo verdade.

― Deve ser por isso que ele é tão fechado e sério. 

― Deve ser... É uma pena que as coisas tenham ficado assim.

― Deveríamos convidar eles para um jantar no nosso restaurante hoje, como uma forma de agradecer pela gentileza deles e pela nossa reunião depois de tantos anos? 

― Acho uma ótima ideia ― o sr. Puckett sorriu em resposta, afagando os cabelos da filha.

X. X. X. X

― O que tem nesse prato?

Ted, confuso e com muita vontade de provocar Sam nesta noite, perguntou ao tentar pegar uma estranha gosta escura com a colher.

― É bolo de carne... Eu mesma fiz! ― Respondeu Sam, tentando parecer animada, mas com um perceptível tom de decepção em sua voz. ― Eu tenho certeza de que deve ter um gosto bom!

O sr. Benson havia fechado o restaurante para que pudesse receber seus convidados de honra, havia dispensado seus funcionários, ficando apenas com Sam, que a ajudou em alguns pratos, fazendo o Bolo de Carne sozinha... Entretanto, era tão boa na cozinha como era estudando sozinha. Estava com tamanha vergonha, porque seu pai era um chef incrível e como filha dele, deveria ser capaz de cozinhar o básico, mas ela era simplesmente terrível.

― Parece horrível ― Ted continuou falando, desistindo completamente de pegar aquilo em cima do prato amarelo. ― Eu não vou comer.

― Eu também não ― Freddie falou, sua primeira palavra desde que havia chegado no lugar. ― Você realmente não cozinha mesmo, né?

― Não pode me culpar... Eu estava tentando cozinhar algo gostoso, eu apenas não consigo ― Freddie sorriu com a fala de Sam, o que causou calafrios... Ah, ele ficava tão lindo quando sorria!

O sr. Benson fora o primeiro a experimentar a comida feita por Sam, retirou um pedaço com a colher – e certa dificuldade, porque estava estranhamente mole – e colocou em seu prato, como se estivesse reunindo coragem o suficiente para finalmente experimentá-lo. Ele sorriu meio sem jeito, enquanto o resto da família o observava, esperando o resultado. O homem então abriu a boca e enfiou uma colher cheia daquele negócio estranho na boca, e faz uma cara estranhamente contente.

― Hmmm...

Ted fora o próximo a dar uma corajosa colherada na gosma preta em ao lado do suculento frango feito pelo sr. Puckett. Ted, diferente do pai, começou a tossir assim que começou a comer, e então o resto da mesa observou o mais velho e percebeu a careta estranha que fazia: com muita dificuldade, ele engoliu. Sam definitivamente não deveria chegar perto da cozinha novamente.

― Eu sinto muito! ― O pai de Sam fora o primeiro a falar. ― Por ela ser filha de um chef, deveria saber cozinhar, mas é apenas mais uma coisa que ela não sabe fazer. Fico me perguntando se alguém vai querer casar com ela sendo tão desastrada assim.

― Pai! ― Exclamou Sam, fazendo um enorme bico. Era fato de que Sam não conseguia fazer a maioria das coisas, mas ela era muito destemida e nunca desistia.

― Bem, não se preocupe. Vamos apenas ficar todos juntos pra sempre, já que gostamos tanto de vocês.

Todos então paralisados ao ouvir aquela sentença lançada tão natural na mesa de jantar, Freddie apertou ou olhos para a mãe, desejando não ter entendido a fala da mulher, que sorria olhando confiante para todos ali.

― Basta ela se casar com o Freddie, ela com certeza faz o tipo dele, conheço o filho que tenho ―  ela ainda estava de queixo em pé, certa do que falava.

Sam e o brilho em seus olhos atraíram a atenção de todos, seu pai estava um tanto constrangido e não era diferente com o pai de seu amado, que precisou tomar um gole gigantesco do suco, mas não que não aprovasse a ideia: ter Sam em sua família seria uma ótima coisa, pois sentia como ela estava mudando seu filho, de alguma forma, mas ambos ainda eram novos demais para pensar naquilo, afinal tinham apenas 18 anos.

― Nunca, me recuso a ter uma cunhada como ela! ―  Ted foi o primeiro a se pronunciar.

― Isso não cabe a você decidir ― respondeu a sra. Benson.

―  E nem a você ― Freddie respondeu ―.  Não decida as coisas por você mesma, isso cabe somente a mim.

― Eu sei muito bem o que estou falando, Samantha definitivamente é o seu tipo ideal.

― Eu sou?

Sam? O tipo ideal de Freddie? Se a própria mãe dele estava dizendo isso, por que não acreditar? Que melhor arma para conquistar o amor da sua vida seria se não a própria mãe dele?

― Claro que não ― Freddie respondeu no mesmo instante. ― Não deixe que a loucura dela te contagie.

― Contagiar? Você também não faz o meu tipo ideal!

Obvio que as palavras dele a machucaram, ele não gostava mesmo dela, e isso ele já havia deixado claro inúmeras vezes, mas ela não deixaria que o mesmo se saísse por cima naquela discussão, não deixaria que ele simplesmente a humilhasse.

― Eu definitivamente não quero me casar com você ― ela respondeu com convicção, levantando o queixo, sua expressão era séria, como se não existisse mentira em sua afirmação.

Mas para sua surpresa, Freddie sorriu. Ele tinha uma carta na manga e ela não tinha nenhuma ideia daquilo.

― Jura? Porque suas palavras pareciam inteiramente apaixonadas por mim naquela carta.

Pronto, ele havia capturado a atenção de todos naquela mesa, Sam havia ajeitado o corpo na cadeira, procurando sua confiança que havia sido completamente abalada.

Colega Freddie Benson, como vai? Meu nome é Samantha Puckett, da turma F. Eu precisei reunir muita coragem para poder escrever meus sentimentos nesta carta. Eu o observo desde o primeiro dia do colegial...

Sam não acreditava no que estava ouvindo. Ele havia mesmo vasculhado suas coisas? Havia mesmo lido e decorado sua carta? A loira não se conteve e desferiu um tapa no rosto do garoto a sua frente e logo o sorriso vitorioso deu lugar a uma cara rabugenta e desacreditada.

― Como ousa?!

― Você leu a minha carta? Xeretou as minhas coisas?

― Você foi a única que a deixou exposta em cima da mesa, e você não a escreveu para mim?

― E você rejeitou!

― Espera um pouco ― a sra. Benson chamou a atenção de ambos, que viraram para a mulher, ambos enfurecidos. ― Sam, querida, você já gostava do nosso Freddie? Escreveu uma carta de amor pra ele?

Sam congelou. Todos a encararam, já sabiam de tudo agora.

― Por que não conta a eles? ― Freddie proferiu, voltando a se sentar em seu lugar.

Sam, por outro lado, ficou em pé, pensando em seu segredo que acabou por ser revelado naquele instante, na frente das duas famílias.

 

― É verdade... ― Ela disse baixo, com o olhar distante, envergonhada. ― Escrevi pro Freddie uma carta de amor.

Mas para amenizar o clima, mesmo que de forma inconsciente, a felicidade da sra. Benson tomou conta da mesa. Em sua mente, já conseguia ver Sam vestida em um incrível vestido de noiva longo, com um penteado divino, e uma decoração de outro mudo.

― Então quer dizer que meu sonho pode se tornar realidade!

― Mas não vai mesmo!

Um Robbie alterado havia invadido o local, assustando os convidados e o dono do restaurante. Ele havia seguido Freddie mais cedo naquele dia quando o viu saindo do metrô. Acabou ouvindo parte da conversa e se sentiu completamente indignado com a fala da senhora Benson. Como Sam poderia pensar em se casar com Freddie?

― Robbie? O que faz aqui?

― Quem é você?

― Sr. Benson, desculpe a intromissão. Eu desejo boa noite a todos. Eu sou Robbie, eu e Sam somos o casal mais adorável da escola ― Robbie sorriu, confiante.

― Robbie, pare de contar mentiras! ― Advertiu Sam. ― Vocês todos estão aqui?

Para surpresa maior da garota, suas amigas Jade e Tori apareceram logo atrás, seguidas de Gibby e Sinjin. Ambas explicaram que haviam marcado de sair os cinco juntos naquela tarde, mas Robbie acabou vendo Freddie no metrô e decidiu que todos iriam segui-lo.

― O que importa agora é que esse cara não vai casar com você. Quem sabe o dia de amanhã? Ele já te fez chorar várias vezes, não se deixe cair no encanto dele! Nem tenta flertar com ela, entendeu Benson?

― Bem, nunca se sabe.

O garoto levantou mais uma vez, colocando as mãos no bolso e andando em direção a Sam; olhou para a garota e continuou a falar:

― Posso não gostar dela hoje, mas posso gostar amanhã.

― Como disse? Quer dizer que gosta da Sam?

Um Robbie furioso fora segurado por seus amigos, o impedido de agir tão descontroladamente na frente dos pais presentes no local.

― Quem sabe? Mas não se esqueça que ela é apaixonada por mim e não por você.

Sam não controlou um sorriso. Isso que ele havia acabado de falar poderia ser o suficiente para que ela criasse boas expectativas em relação ao seu amor por Freddie? Estaria ele dizendo a ela que ela poderia continuar apaixonada por ele?


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