Com Amor, Samantha Puckett escrita por JJAlbuquerque


Capítulo 4
Três - A Vergonha de Freddie




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774418/chapter/4

Ele é realmente bonito... Pensou Sammy, enquanto saboreava uma deliciosa almondega preparada com muito carinho pela sra. Benson.

― Sam, seu pai disse que iria abrir o restaurante hoje ― disse o sr. Benson, sorrindo como sempre.

― Sim, ele está muito feliz por isso e é tudo graças a vocês. Muito obrigada.

E era verdade, se ainda estivessem hospedados no hotel, o sr. Puckett seria obrigado a fechar novamente o restaurante, ocupado demais pensando em tudo o que perderam recentemente. Sam estava feliz, pois apesar de tudo, seu pai havia reencontrado seu grande amigo de infância e teriam um lugar para morar sem pagar aluguel, afim de juntar as economias novamente e reconstruírem a nova casa.

Eu odeio garotas estúpidas.

Sam logo desmanchou o pequeno sorriso do rosto, o encanto que tinha por estar jantando ao lado do gênio Freddie Benson havia se perdido completamente ao relembrar palavras vindas de forma tão grosseiras por ele. Sam tinha certeza que Freddie não havia se arrependido de ser tão grosso; mas tudo bem. Ela iria vencê-lo

Terminou o jantar em questão de segundos e anunciou a todos que havia terminado.

― Sra. Benson, tudo estava muito delicioso.

― Sammy, não precisa comer tão rápido...

― Os testes estão chegando e eu preciso estudar ― disse com convicção. ―  Então, se me dão licença.

Sam agradeceu novamente pela comida e seguiu rumo as escadas. Entrar na lista dos cem melhores alunos era uma tarefa muito difícil, então precisaria se dedicar ao máximo. Adentrou seu quarto e logo foi atrás de todos os seus livros, os empilhou na mesa e decidiu começar com a matéria mais terrível de todas: matemática.

Verificando suas anotações dos conteúdos, Sam abriu o caderno, separou seu estojo e abriu o livro na primeira página indicada na sua anotação.

― Vamos lá.

E assim começou.

Dez.

Vinte.

Trinta.

Quarenta minutos se passaram e a loirinha simplesmente não conseguiu entender nada do enunciado da primeira questão. Nada entrava em sua cabeça, nada saia, nenhuma lembrança de nenhuma aula. Como aquilo poderia ser possível? Nem mesmo entendia a explicação dada pelo autor do livro.

― Eu nem mesmo sei o que eu não entendo.

Sam deveria desistir? Esse pensamento durou em seu subconsciente e durou apenas alguns milésimos de segundo.

― Francês, eu devo estudar francês agora.

O livro de francês era muito maior do que o de inglês, mas nada que a abalasse, entretanto.... Mais dez minutos se passaram e ela ainda não havia sequer traduzido a primeira frase.

― Okay, muita calma. Eu só preciso do dicionário... Certo, agora vamos lá.

Era um texto de quatro parágrafos, com o livro aberto a sua frente e o dicionário do lado, Sam começou a traduzir palavra por palavra, mas no segundo parágrafo – ela demorou quase uma hora traduzindo apenas o primeiro – os bocejos começavam a dar as caras e seus olhos começaram a arder.

― Vai levar um milhão de anos pra entrar entre os cem nesse ritmo.

Bastou essa frase para que sua cabeça começasse a cair, mas uma batida na porta e uma voz reconfortante batera a porta, anunciando sua entrada.

― Sra. Benson, está tão tarde, ainda não foi descansar?

― Eu resolvi preparar um lanche da meia noite pra você ― disse sorridente.

― Ah, muito obrigada!

Sam correu para arrumar sua mesinha de centro, retirou seu material de estudo e os colocou em cima do tapete. A sra. Benson parecia muito animada, depositou uma bandeja com um chá e dois sanduíches natural para Sam, que logo pegou um pedaço e saboreou.

― Está tão gostoso...

― Ah, Sam, sua chegada aqui me deixou tão feliz, e agora eu estou realizando o meu sonho! Fazer um lanche da meia noite enquanto meu filho estuda arduamente!

― Mas e o Freddie?

― Ele não estuda.

Aquilo era brincadeira, só poderia ser.

― Ele... Não estuda? Então o que ele está fazendo?

― Dormindo.

Sam quase deixou seu sanduíche cair.

― Ele dormiu logo depois do jantar.

― Ele é realmente um gênio de QI de 200.

― Mas ser um gênio não é tão bom assim ― a feição alegre da sra. Benson logo deu lugar a uma triste e preocupada. Como ser um gênio poderia ser ruim? ― Ele pode ser inteligente, e sempre estar em primeiro nos testes, mas ele não sorri, não sai para se divertir, não tem amigos. Ele está sempre mal-humorado e calado. Sinto que assim ele pode perder muitas coisas importantes na vida.

― Senhora Benson ― Sam sorriu com confiança ―, o Freddie vai ficar muito bem, porque ele tem uma família que o ama muito.

A mulher sorriu novamente e agradeceu a Sam pelas bonitas palavras, sentia que filho poderia ser feliz em algum momento de sua vida. Sam estava mais que certa, a família Benson esbanjava amor e carinho as filhos de todas as formas possíveis.

― Sam, eu acho que você precisa de um descanso de todos esses livros... ― Ela sorriu, como se tramasse algo. ― Você gostaria de ver as fotos do Freddie de quando ele era pequeno?

― Ah, eu adoraria ver!

― Então espere um pouco que eu vou buscar os álbuns!

Sam havia morrido e estava no paraíso? Seria mesmo possível ver as fotos de criança do cara mais lido do mundo todo? A sra. Benson havia deixado o quarto enquanto Sam sorria de forma abobada, a cada mordia no sanduíche, ela soltava uma nova risada. Estava nervosa e eufórica, não parava de olhar para porta, até ter comido todos os sanduíches e tomado seu chá, e finalmente a senhora Benson retornou com quatro grandes álbuns e coloca-los em cima da mesa de Sam.

― Venha ver como ele era fofo.

― Ah, ele era tão fofo!

Sam foleava as páginas e admirava cada uma das fotos do gênio mais lindo da América. Era tão incrível onde as coisas a haviam levado, estava sentada na sua cama, em seu quarto, ao lado do quarto de Freddie Benson, onde ele dormia de forma tranquila, nem imaginando que Sam Puckett estava bisbilhotando fotos suas.

― Demais!

― Minha técnica fotográfica é profissional, sempre tirei várias fotos do Freddie quando ele era menor, mas quando cresceu, começou a recusar todas as minhas tentativas de tirar mais fotos, eu nem mesmo tenho alguma foto dele depois que ele cresceu, apenas do dia que ele entrou no ensino médio. Até mesmo o Teddy começou a copiar o irmão. Sinto falta desse tempo!

Sam foleava as fotos com tanta felicidade que seu amor por ele começava a ser notado pela sra. Benson.

― Então Freddie é bonito desde pequeno. Senhora Benson, eu lembro desse dia!

Sam foleava agora as fotos da formatura com uma admiração única, lembrava-se de cada instante daquele dia, pois foi ali que seu amor se iniciou. Ele estava tão lindo... E a senhora Benson não pode deixar de notar cada expressão que e Sam fazia em cada foto que olhava, seu sorriso era o maior que a mulher já havia visto e sua cabeça já começava a planejar algo.

Sam finalmente chegara ao último álbum e abriu já com um aperto, sabendo que poderia não ter mais a chance de folear aquelas páginas novamente, mas então, logo na terceira página, uma garotinha aparecera no lugar do pequeno Freddie, e se seguira praticamente em todas as páginas. Sam estava completamente perdida.

― Quem é essa garotinha fofa, sra. Benson?

A mais velha sorriu sapeca.

― É o Freddie!

O QUÊ?

Samantha estava completamente sem palavras, como aquela garotinha poderia ser Freddie? Ela usava cabelo grande, vestidos com babados, sapatos de boneca e lacinhos coloridos nas tranças.

― Não era fofo? Eu sempre sonhei que eu teria uma garotinha, então quando engravidei comprei todas as roupinhas de menina. Mas então veio o Freddie e eu não poderia não usar as lindas roupinhas que havia comprado, então criei o Freddie como uma garota por muitos anos.

Sam dividia seus olhares entre a sra. Benson e as fotos da pequena Freddie.

― Quando o Freddie foi para a creche, ainda usava roupas de menina, mas em um dia, ele teve aula na piscina e retirou a roupa na frente dos amigos e todos começaram a rir dele. Eu desconfio que seja por isso que ele é tão frio e indiferente ― ela dizia pensativa. ― Você é a primeira a quem conto isso.

Sam sentia-se única naquele momento.

― Nem mesmo o Teddy sabe, então precisa guardar esse segredo para o Freddie, okay?

― Sem problema!

― Então, como agradecimento por guardar este segredo, vou dar pra você essa foto!

A sra. Benson entregou a Sam uma foto de Freddie ainda vestido como garota e quase não acreditou no presente incrível que estava ganhando, recebeu nas mãos o presente como se fosse a coisa mais valiosa do mundo inteiro, admirando de perto e passando o dedo no pequeno rosto capturado na fotografia.

― Ah, obrigada, sra. Benson! Ele está tão lindo nessa foto!

x.x.x.x.x

― Bom dia, Freddie! Venha comer, eu fiz torradas.

Sam sorria. Simplesmente não conseguia segurar seu sorriso ao encarar Freddie, apenas imaginando como ele ficaria lindo se estivesse usando seu lacinho branco.

― Bom dia... ― Sam cantarolou para Freddie, que o encarou, como se lembrasse da regra de nunca incomodar ele em nenhuma ocasião. Sam precisou segurar o sorriso, mas nada abalaria seu bom humor naquela manhã.

O gênio se sentou em seu lugar costumeiro e precisou aguentar Sam sorrindo durante todo o café da manhã, até mesmo as piadinhas de Teddy eram rebatidas pelo seu bom humor. A sra. Benson acabou soltando uma risadinha ao perceber os olhares de Sam para seu filho.

― Ah, claro, Freddie, Sam, onde estão suas mochilas? Eu preparei um almoço caseiro especial hoje pra vocês.

― Em cima do sofá ― respondeu Freddie, sem tirar os olhos do jornal.

― A minha também.

A sra. Benson era uma mulher de atitude, que visava sempre a felicidade absoluta de seus dois lindos filhos, e agora também a da própria Sam, mas seu filho mais velho, Freddie, era um sujeito fechado, sem graça nenhuma e totalmente parado. Ele precisava de um tipo de empurrãozinho e a sra. Benson daria vários se necessário.

E aquele era apenas o primeiro: trocou os almoços dos dois de propósito.

x.x.x.x.x

A sala estava barulhenta, todos conversavam sobre qualquer coisa enquanto o sinal não batia. Sam, por outro lado, estudava história, relembrando algumas datas importantes. Jade e Tori tentaram de tudo para fazer a atenção dela ir para longe dos livros, mas nada, absolutamente nada a fazia parar.

― Sammy ― Robbie abaixou-se ao seu lado e se apoiou os braços na mesa, ― onde você está morando? Está mesmo levando seus estudos a sério, não é?

            Sam continuava apenas a repetir os acontecimentos históricos e suas determinadas datas, as meninas já havia perdido as contas de quantas vezes ele havia repetido aquilo.

― Puckett!

E como se ela fosse ligada com um reconhecimento de voz, Sam levantou assim que a voz de Freddie entrou pelos ouvidos e ela reconheceu logo de imediato. Olhou assustada para a porta e lá estava ele, encostado na parede e a encarando seriamente.

 ― Freddie Benson! ― Todos disseram em uníssono, completamente assustados.

― Sua sala não fica do outro lado do bloco? O que veio fazer aqui? ― Robbie indagou, com tamanha grosseria, mas foi completamente ignorado.

― Puckett, pode pegar sua bolsa e vir comigo?

  ― Certo.

Sem pensar duas vezes, Samantha pegou sua bolsa e seguiu Freddie. Sem trocar qualquer palavra e andar pelo menos cinco passos de distância do gênio, eles andaram pela escola vazia até o pátio do primeiro ano, onde Freddie respirou fundo antes de começar a falar.

Os amigos de Sam os seguiram e ficaram escondidos atrás de uma moita, tentando escutar o que tanto os dois conversavam.

― Então... ― Sam começou.

― Minha mãe trocou nossos almoços ― embalados em diferentes tecidos, era impossível serem trocados, Freddie sabia disso, mas sua mãe mais impossível ainda.

Rapidamente Sam retirou o almoço de sua bolsa e o entregou para Freddie, que já preparava a próxima reclamação.

― Se as pessoas soubessem disso, os boatos iriam começar a se espalhar, isso seria muito incomodo.

 A vingança de Sam já havia começado. Ela respirou fundo e sabia exatamente o que dizer, o gênio Freddie Benson mal poderia imaginar aquilo.

― É verdade.  Digo, ainda bem que você percebeu os almoços trocados, pode ser que da próxima vez você se engane e vista meu uniforme, e então os boatos correrão de vez ― ela sorriu, completamente ― E por que eu faria uma coisa tão estupida?

 ― E por que não? Afinal de contas, você cresceu usando saias.

Totalmente sem palavras, o grande Freddie Língua Afiada Benson estava completamente chocado com as palavras proferidas pela pequena e aparentemente indefesa Sam. Vendo que ele ainda estava extasiado, Sam, pegou de seu bolso do blazer a foto dada como presente pela sra. Benson na noite anterior.

― Surpresa!

― Por que você tem isso? Como conseguiu?

As mãos de Freddie tremiam e sua voz falhava, o coração batia forte. Mas o que estava acontecendo ali?

― Sua mãe me deu ontem. Eu estava muito cansada de estudar, então ela me trouxe muita energia e acabou me dando de presente. Você gostou?

 Sam adorou cada detalhe daquela conversa, ainda mais as expressões e gestos vindos de Freddie, completamente pego de surpresa.

― Sinceramente... ― Ele esticou a mão para Sam. ― De qualquer forma, me devolva.

― Não ― Sam sorriu, levando a foto para longe.

― Devolva!

― Não!

― Devolva!

― Já disse que não! Você sempre me trata como idiota e zomba de mim, agora é a minha vez ― Sam guardou a foto novamente dentro do blazer. ― O que acha disso agora, hein?

― E o que vai fazer com isso?

Samantha Puckett estava prestes a vencer a primeira batalha.

― Vou devolver a você ― ela havia conseguido total atenção de Freddie. ― Se me ajudar a estudar e me colocar no quadro dos 100 melhores. Você tem que me dar aulas.

 ― Aulas?

― Sim.

― Pra você?

― Exatamente.

― Eu me recuso ― Freddie parecia ter dado sua palavra final. ― Você tem que ter em mente que existem coisas impossíveis na vida e uma delas é você entrar no quadro dos cem melhores.

E mais uma vez Sam sorriu.

― Tudo bem. Então eu vou mostrar isso pra todo mundo ― Sam também havia virado para seguir até sua sala.

― Ah, espere, espera, por favor espera ― Freddie estava prestes a se dar por vencido, respirou fundo e disse: ― Tudo bem. Eu vou te dar aulas até o dia do teste, todas as noites começando por hoje. Mas você vai fazer exatamente o que eu mandar pra poder chegar no seu objetivo, o quadro dos cem geralmente só mostra os alunos da turma A e B. Pra alguem da turma F entrar, só um milagre.

― Não se preocupe, eu vou me esforçar!

Freddie assentiu com a cabeça e lançou a ela um ultimo olhar.

― Até o jantar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor, Samantha Puckett" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.