Com Amor, Samantha Puckett escrita por JJAlbuquerque


Capítulo 3
Dois - Teste do Amor




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― Olá sr. Puckett. Meu nome é Freddie, eu sou o filho mais velho. É um prazer conhecê-lo.

Sam não pode deixar de soltar um grito histérico alto e desesperado. Freddie Benson estava parado ao lado do pai baixinho e gordo, sorrindo gentilmente para ela. O que estava acontecendo ali?

― Sam, o que aconteceu?

― Na-Nada... Só estou surpresa.

― Freddie, seja gentil e ajude a Sammy a levar essas coisas para dentro.

A casa dos Benson parecia um sonho, exatamente como nos filmes, logo suas poucas coisas estavam dentro de casa e todos estavam reunidos na sala de estar. A senhora Benson era uma mulher linda e não parava de sorrir para Sam, dizendo que ela deveria se sentir em casa.

Freddie sentou no sofá e ficou de frente para Sam, a provocando com o olhar, a garota ficou completamente intimidada por isso e tentou se desviar ao máximo olhando para todos os lados possíveis, tentando entrar na conversa dos adultos. Comia os docinhos, biscoitinhos e docinhos oferecidos pela sra. Benson, todos muito deliciosos.

― Lucca, eu fiquei muito triste pela sua casa, que bom que não saíram machucados ― o sr. Benson lamentava o ocorrido com o velho amigo. ― Apesar de nos reencontrarmos nessa situação, velho amigo, eu fico muito feliz de ter você aqui na nossa casa.

― Benny, eu você não tem ideia do quanto eu fiquei feliz quando a TV nos ligou dizendo que você estava nos procurando ― Lucca Puckett não segurava uma rápida lágrima, dando uns tapinhas no ombro do amigo, sentado na poltrona próxima.

― Ora, ora, vamos falar apenas de coisas boas agora ― a sra. Benson interrompeu. ― Esta é sua nova casa a partir de agora e vocês devem se sentir confortáveis. Sam, você deve se sentir muito bem aqui.

― Obrigada, sra. Benson.

― Sam, o Freddie contou que vocês estudam na mesma escola. São da mesma sala?

― Não ― quem respondera foi o próprio Freddie. ― Nossas salas são... Distantes, mas nos conhecemos de forma inusitada recentemente. Certo, Samantha?

Sam quase se engasgou com o bolinho de chocolate, e sorriu desesperada em resposta a Freddie, que ainda a fitava por inteiro.

― Bem, agora vocês podem ficar mais próximos ― sorriu a sra. Benson, completamente entusiasmada. ― Sam, o Freddie é muito sozinho e calado, seja amiga dele, okay?

Sam quase não soube o que responder a piscadela travessa que recebeu da sra. Benson. Aquilo tudo era muito surreal e era difícil acreditar que viveria ali por um tempo. Algo poderia ser melhor do que isso?

― Olá sr. Puckett, eu sou o Ted, sou o irmão mais novo do Freddie.

― Olá, pequeno Ted ― o pai de Sam sorriu para o pequeno, que segurava um livro na mão.

O pequeno Ted olhou para Sam com certa repulsa e depois se virou para o irmão. Era incrível como a semelhança entre eles era quase que completa.

― Freddie, eu terminei minha atividade. Mas tem uma coisa que eu não entendi. Pensei que a Samantha poderia me ajudar hoje.

Sam engoliu em seco. Em que série ele deveria estar, na terceira? Logo sua dúvida deveria ser respondida de forma rápida e fácil por Sam.

― Cl-Claro... Qual a sua dúvida?

― Pode me ajudar com essa tradução?

― Tradução?

O tal livro na mão do pequeno Ted malvado era de alguns provérbios franceses. Quantos anos ele tinha para estudar aquilo, ele não estava apenas no terreiro ano?

― Ne pas avoir inventé l’eau chaude. Pode me dizer o que significa?

Ne pas... O quê?

O desespero era gigantesco. Vamos, Sam. Lembre-se das aulas de francêsNes pas avour... Chaude?

― Bem, chaude é calor. Diz aqui que você não criou o calor, então este provérbio significa que nada se cria, tudo se copia ― Sam sorriu vitoriosa e todos sorriram junto... De forma errada.

Estavam caçoando dela?

― Como você é idiota, realmente é uma veterana? Ne pas avoir inventé l’eau chaude significa “não inventou água quente”, você não sabe nem isso? Ne pas avoir inventé l’eau chaude. Samantha estúpida.

Ted se mostrou completamente uma copia exata do narcisista egocêntrico sentado a sua frente.

― Este proverbio se refere a pessoas não inteligentes.

Freddie não pode deixar de deixar isso claro. Samantha realmente poderia viver uma vida em paz nos próximos meses?

x.x.x.x.x

 ― Este é o seu quarto.

Um quarto digno de uma princesa. Samantha merecia tudo aquilo? Haviam bordados em todos os cantos, ursos de diversos tamanhos, um guarda roupa branco lindo, uma mesinha de centro, uma de estudos, uma cômoda, uma poltrona enorme... E uma vista de tirar o fôlego, Sam estava completamente sem palavras, entrando no quarto e apenas admirando tudo, tocando em uma cortina cheia de bordados.

A sra. Benson era completamente diferente de seu filho. Era gentil, alegre, sorridente, transbordava amor. Ela entrou no quarto e fez questão de mostrar cada coisa ali dentro para Sam, que olhava tudo com extrema emoção.

― Você não gostou? ― a sra. Benson perguntou quando não obteve nenhuma reação da menor.

― Sra. Benson, eu amei... Eu nunca tive nada parecido com isso, é incrível, estou sem palavras. Eu estou tão feliz, desde que a mamãe morreu, eu nunca tive nada parecido, sempre invejei minhas amigas. Meu sonho acabou de se realizar!

― Ah, Sam...

Samantha fora surpreendida com um abraço apertado da mais velha, sua euforia era estonteante.

― Nós tivemos dois meninos emburrados e independentes, eu sempre quis ter uma filha, decorar seu quarto com todos esses babados, sair para fazer compras e fazer bolos, ir ao cinema... Sam, seremos como mãe e filha!

― Estão se divertindo?

A voz grossa de Freddie invadiu os ouvidos de Sam e as sra. Benson. O rapaz colocou a pequena mala de Sam no chão e se encostou na parede perto da porta, cruzando os braços. Pra variar, sua expressão não era uma das melhores.

― Esse era o quarto do Ted, mas graças a uma certa pessoa, as coisas deles estão ocupando todo o espaço do meu quarto. Espero que esteja feliz.

― Fred Benson, cuidado com essa sua boca afiada! ― Exclamou a mãe dele. ― Seja gentil e ajude ela a desempacotar suas coisas.

A sra. Benson o intimou e saiu do quarto. Sam e Freddie se entreolharam e o desconcerto se instalou, ela logo perdeu os sorrisos vindos graças a toda animação da mãe de Freddie e toda a áurea negra dele tomou conta do lugar.

― Então, onde eu devo colocar isso?

― Não preciso da sua ajuda ― de forma brusca, Sam pegou a bolsa da mão de Freddie e deixou cair.

Algumas coisas ficaram a mostra, inclusive a carta feita para Freddie, que não pode deixar de perceber. Mas nada faria seu coração afrouxar em algum momento,

― Só não me incomode.

Algo especial? Aquilo realmente era algo especial? Quais são as chances de uma garota que acabou de ser rejeitada por um garoto ir morar na mesma casa que ele?

A sra. Benson havia feito tudo para que Sam tivesse a melhor estadia, até mesmo comprara um uniforme novo, sapatos oxfords novos e incríveis acessórios de cabelo. Naquele exato momento, Sam estava tentando escolher qual lacinho usaria nas marias chiquinhas. O azul ou o vermelho?

Estava cedo e tudo o que ela queria era reunir coragem para descer as escadas e tomar café, mas tinha medo de encontrar um certo alguém nos corredores. Sammy ajeitou a franjinha loira e pegou a bolsa, resolvendo enfim escolher o lacinho azul. Desceu as escadas com cautela e olhou para a sala de jantar, onde todos já estavam reunidos, exceto pelo seu pai, que saia sempre mais cedo para comprar coisas para o restaurante na grande feirinha.

― Bom dia...

― Bom dia, Sam, venha tomar café, as torradas estão quentinhas!

Todos estavam reunidos na mesa, a sra. Benson serviu um café preto a Sam, que se serviu de umas das torradas e ela logo se aproveitou da geleia. O famoso Freddie Benson estava sentado a sua frente, lendo um jornal, como um homem adulto. Sam logo se deu conta do que estava fazendo: estava tomando café da manhã junto de Freddie Benson! Quantas garotas não dariam tudo para estar em seu lugar?

―  O café estava ótimo, mãe. Eu já vou indo.

― Mas já? Então, Sam, por que não se junta ao Freddie? Podem ir juntos! ― A sra. Benson se exaltou e se levantou, indo em direção a Sam e a fazendo levantar também. ― Rápido, rápido.

Sam concordou e logo andou depressa, Freddie já estava na porta de casa. Logo ambos estavam caminhando, Freddie com certa pressa e Sam mais atrás, com alguma cautelada, mas logo ela apressou o passo e alcançou o gênio frio. Mas a alegria dela não duraria muito.

― Escute ― ele começou.

― Sim?

― Fique pelo menos dois metros de distância de mim.

O que?

― Pode ir comigo hoje apenas pra conhecer o caminho da escola, mas não fale comigo na escola e nem conte a ninguém que estamos morando juntos. Você pode estar acostumada, mas eu não quero boatos ridículos circulando por sua causa. Entendeu?

― Ridícula? Acostumada? Por que você é tão cruel desse jeito comigo?

Freddie chegou mais perto, tentando intimidá-la, Sam se manteve em seu lugar e seu queixo em pé.

― Eu odeio garotas estúpidas.

Dito isso, ele seguiu em frente e deixou Samantha mais humilhada do que já estava. Quem ele pensava que era? Não era justo e Samantha estava indignada o suficiente para prometer a si mesma de que ele se arrependeria de cada palavra maldosa que dirigiu a ela.

x.x.x.x.x

A turma F do terceiro ano tinha o melhor professor do mundo. O sr. Spencer era divertido, engraçado e sempre fazia a turma sorrir, nenhuma turma era tão feliz como a F por ter alguém como ele, mas... Ele também era o pior professor da escola. Enquanto os gênios da turma A tinham aulas avançadas de física e matemática, o professor Spencer distribuía suas diversas aventuras amorosas aos seus alunos, e eles adoravam escutar.

― Eu estou dizendo a você, seus alunos são os piores da turma! ― Exclamava o diretor na sala dos professores. ― Especialmente aquela Samantha Puckett! Ela sempre está em ultimo em todas as provas, como pode sorrir enquanto seus alunos envergonham nossa escola? Veja o gênio da nossa escola, Freddie Benson, agora mesmo ele está na sala de estudos, fazendo suas tarefas e estudando muito.

O sr. Spencer parecia preocupado, mas ele nunca cobrou muito de seus alunos, pois eles sempre foram muito limitados. Ele deu de ombros e seguiu em direção a sala, assim que o sinal bateu. Todos conversavam animadamente enquanto o professor entrava e logo anotava os tópicos das provas que estavam por vir.

― É claro!

― O que, Sam?

― Eu preciso estudar! Com licença, professor?

― O que houve, Puckett? Está com dor de estômago?

― Eu queria saber se já decidiu as lições de inglês que cairão na prova.

Ninguém fora capaz de acreditar nisso, todos a encaravam e até mesmo sorriam debochadamente. Samantha Puckett, a pior aluna da escola, estava mesmo perguntando o conteúdo da prova? O que ela supostamente faria com aquela informação, estudaria?

― O que está fazendo agora, Sammy? ― Robbie indagou, sentando-se na cadeira da frente, mas Sam sequer o notou, estava absorvida no livro de inglês, separando todas as páginas necessárias para seu suposto estudo. ― Sam?

Ela bateu forte na mesa, assustando seus amigos.

― Eu nunca vou perdoar Freddie Benson!

― Do que está falando? Ainda está zangada pelo que aconteceu ontem? ― Indagou Jade. ― Esqueça eles e vamos comer, o que acha?

― Eu vou vencer Freddie Benson nas provas ― respondeu com convicção.

― Samantha, deixe de delírios. Ele não é só o número 1 na escola, mas em âmbito nacional.

Verdade, mas nada a faria desistir, então ela pensou melhor e:

― Então ficarei no mesmo quadro que ele, entrarei na lista dos cem melhores!

Todos sorriram e Robbie segurou no pulso de Sam, querendo leva-la para comer. Os delírios dela já eram suficientes.

― Vamos logo comer algo... Você é da turma F, nunca mudará isso.

― Não! ― De forma brusca, puxou seu braço e começou a recolher todo o seu material de cima da mesa. ― História é pra ser mudada. Vou estudar e entrar na lista dos cem melhores. Eu, Samantha Puckett, vou mudar a história da turma F! 


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