Wonderwall escrita por Alexyanna


Capítulo 1
Where is my mind?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão? Estou me arriscando pela primeira vez a escrever uma fanfic de Riverdale, espero que ocorra tudo bem haha.
Boa leitura e não esqueçam de me dizer o que acharam!



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Sinto a dor latente quando intensifico o aperto em meus punhos, cravando as unhas na pele pálida das palmas de minhas mãos. Imagino o sangue brotando dos pequenos cortes em formato de meia lua, preenchendo minhas unhas com o líquido vermelho escarlate, porém isso não faz com que eu diminua a força.

Raiva. Frustração.Tristeza.

Tais sentimentos correm em minhas veias tão rápido quanto a pulsação em meus ouvidos, que me deixa zonza. Por que ela é assim?

 Encaro a porta branca do meu quarto, recentemente fechada com um estrondo quando passei por ela há alguns minutos, tremendo em fúria. Certamente ficarei com fome em breve, já que mal toquei no jantar. Finalmente começo a me acalmar e sinto o desespero e a surpresa tomando conta de mim tão rápido quanto saí da sala no andar de baixo, deixando meus pais e minha adorável irmã boquiabertos.

— Ai, meu deus, o que foi que eu fiz?! — Sussuro no silêncio do quarto, exasperada. Ouço no andar inferior o tilintar dos pratos sendo retirados da mesa, anunciando o fim da refeição que eu não terminei.

É a primeira vez em dezessete anos que eu ousei contradizer minha irmã e que respondi com grosseria minha mãe arrogante, e o peso desse ato cai tão fortemente sobre mim que sinto a necessidade de deitar-me na cama de solteiro.

Durante todos os anos de minha pobre existência, cresci à sombra de minha irmã mais velha, Polly. Ela pode ser descrita como a filha perfeita, com a vida perfeita, orgulho dos Cooper e queridinha de toda Riverdale. Certamente tudo o que eu faço não está à páreo para competir com isso, independentemente de todas as horas que passo estudando, participando de atividades extracurriculares ou trabalhando em um emprego enquanto todos os demais estudantes desta cidade estúpida estão de férias.

Ouço passos no corredor e logo duas batidas interrompem o silêncio que preenchem meu quarto cor de rosa. Minha mãe adentra o local, com os braços cruzados no peito, encarando-me seriamente enquanto apresso-me em sentar na beirada da cama.

— Espero que esteja pronta para pedir desculpas a sua irmã, Elizabeth. — O uso do meu nome completo denuncia o quão brava ela está devido ao meu comportamento. Ela possui os cabelos claros e olhos verdes característicos das mulheres Cooper, e apesar das rugas ao redor dos olhos, ela ainda é tão bonita quanto às fotos de vinte anos atrás.  

Sustento seu olhar por apenas dois segundos antes de desviá-lo para o chão de madeira, sentindo o velho e conhecido sentimento de inferioridade tomar conta de mim.

— Eu não sei o que pensei, mãe — digo, apesar de saber exatamente o que pensei: minha irmã é fodidamente escrota, e não arrependo-me nem um pouco de ter deixado isso bem claro para ela.

Minha mãe fita-me com olhar de ferro enquanto mexo nervosamente minhas mãos, antes de suavizá-lo minimamente, provavelmente piedosa com a minha provável expressão lastimável.

— Sei que é difícil, Betty, mas não é culpa de Polly que você nunca conseguiu entrar no grupo das líderes de torcida. — A raiva apossa-se de mim novamente, e cerro a mandíbula fortemente. Luto contra a ardência em meus olhos, não querendo chorar na frente dessa mulher que chamo de mãe.

— Eu sei, mãe. É só que… — deixo a frase morrer enquanto sinto meus ombros caírem, sabendo que tentar explicar-me é um desperdício de energia. Alice Cooper não entende nada além da língua dos vitoriosos, coisa que luto arduamente todos os dias para ser.

— Polly já foi deitar-se, alegando que estava cansada, mas sei que ela ficou triste com o que você disse, Betty. — ela diz, cerrando os lábios rosados em uma linha fina. Claro que ela ficou triste, ninguém nunca ousou dizer coisas que não fossem elogios para a incrível Polly Cooper.

— Vou pedir desculpas para ela amanhã — anuncio, derrotada.

As férias estão finalmente chegando ao fim, e amanhã Polly irá iniciar sua mudança definitiva para Nova Iork a fim de cursar Direito na NYU. Sinto uma leve esperança tomar conta de mim ao lembrar-me que pela primeira vez frequentarei a Riverdale High School sem a presença de minha doce irmã.

— Trate de dormir, filha, sua cara está horrível — minha mãe despede-se, já encaminhando-se em direção à porta. Suspiro pesadamente, sentindo minha autoestima ruir minimamente. Obrigada, mãe.

Ela sai do quarto, deixando-me sozinha com meus demônios internos. Levanto-me da cama e caminho pelo recinto minúsculo, atentando-me momentaneamente para a janela do outro lado do jardim, onde reside Archie Andrews. Noto o movimento incomum de duas pessoas dentro do quarto escuro de meu amigo de infância, e noto que seu amigo estranho também está lá jogando videogame.

Quando éramos crianças, Archie, Jughead e eu éramos inseparáveis. Estavamos constantemente brincando pelo bairro, correndo pela floresta — nunca perto do rio Sweetwater, é claro — ou fazendo qualquer coisa estúpida que crianças fazem. Porém, lentamente o trio foi desmanchado. Jughead foi o primeiro a nos deixar, quando mudou-se definitivamente para o lado sul de Riverdale, e é claro que minha mãe não me autorizou a ser amiga de um morador da zona mais perigosa da cidade. Contudo, Archie e Jughead permaneceram amigos, apesar de não se verem tanto quanto antes.

 Continuei sendo amiga de Andrews até os quatorze anos, quando nutria uma paixão secreta por ele; também foi o momento em que as cobranças pela perfeição tornaram-se insustentáveis. Tive que abandonar nossa amizade em prol de satisfazer as expectativas de meus pais, que não toleraria uma filha que não fosse perfeita e, consequentemente, se dedicasse cem por cento em sua educação.

É claro que não parei de falar com Archie, apenas não éramos mais melhores amigos. Com o tempo aprendi a conciliar minimamente meus estudos com minhas amizades, tanto que hoje em dia Kevin vive aqui em casa, porém nunca mais consegui atingir o mesmo grau de intimidade que tínhamos há três anos. E, bom, eu secretamente ainda o acho incrivelmente lindo.

Assusto-me quando vejo o garoto ruivo acenando para mim, e rapidamente obrigo-me a corresponder o ato enquanto Jughead limita-se a olhar entediado em minha direção. Sinto minhas bochechas queimarem ao constatar que estava encarando-os igual uma stalker, feliz por não serem capazes de verem meu rosto corado a essa distância.

Ambos voltam a concentrar-se na tela da televisão que não consigo enxergar da minha atual posição, e caminho derrotada até minha penteadeira. Minhas olheiras estão enormes sob meus olhos grandes, deixando meu rosto com um aspecto extremamente cansado. Os fios loiros estão presos em meu habitual rabo de cavalo, e solto-os passando o pente pelo comprimento. Estou definitivamente precisando de uma boa noite de sono.

Dirijo-me até a cama e limito apenas a retirar os travesseiros em excesso, jogando-os no chão. Desabo sob a superfície macia, sentindo meus músculos relaxarem à medida que mergulho na inconsciência. A última coisa que vejo são olhos verdes encarando-me. Fico brevemente surpresa ao constatar que o dono do olhar é Jughead Jones antes de ser dominada pela escuridão, preenchida com diversos sonhos com o garoto do lado errado da cidade.

 

 

Your head will collapse but there's nothing in it
And you'll ask yourself
Where is my mind?
(Where is my mind? - Pixies)

 


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Sua cabeça vai quebrar, mas não há nada dentro dela
E você se perguntará
Onde está minha mente?

E ai, o que acharam? Deixem suas opiniões!
beijos.