Cinquenta Tons de Rosa escrita por LittleR


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oneshot do meu casalsinho favorito, Yatori ❤



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Cinquenta Tons de Rosa

Capítulo único

 

Ikki Hiyori mal podia acreditar no que acontecera naquela inenarrável noite de lua cheia. Bem, ela nem sequer tinha condições mentais ou físicas de ponderar qualquer coisa.

Fora uma noite e tanto, começando pelo baile de primavera da escola, o chilique de Yama-chan por a banda contratada não ter dado as caras, a aparição do deus "realizo-qualquer-pedido-por-cinco-ienes", juntamente sua regalia abençoada, substituindo os músicos e dando um show como a jovem Ikki jamais esperaria e, por fim, o ponche com alto teor de álcool, que deixou todos naquela festa incrivelmente bêbados. No fim do baile, nem Yato nem Hiyori tinham condições de ir para casa sozinhos, por isso cambaleavam pela rua com Yukine a tiracolo.

— Y-Yato... ich... – Hiyori se pronunciou, tonteando pela rua, agarrada ao braço de Yato para não cair no chão. Ela estava terrivelmente fora de seus próprios sentidos, sua face estava vermelha, sua garganta deixava escapar soluços de tempos em tempos e ela mal podia se aguentar sobre os próprios pés. – O-O-O que ti... tinha naquela beb-bebida que você me deu? Eu tô me sentindo meio zonza.

— Era ponche, Hiyori... ich – soluçou o deus, não muito melhor que a garota, embora seu reprovável hábito de consumir álcool com mais frequência que ela lhe garantisse um pouco mais de resistência. – Aqueles ad... ich... adolescentes meno-menores de idade... batizaram a.... ich... bebida...

— O quê? – murmurou ela, quase cochilando no ombro do rapaz. – Eu... ich... não tenho... idade pra beber...

— Cara, vocês estão um trapo. – suspirou Yukine, o único que não bebera nada, olhando-os torto. – Eu não sei por que você não me deixa beber ponche, Yato. Eu sou só um ano mais novo que a Hiyori e eu já até morri.

— Não discuta com... ich... o seu mestre. – censurou o bêbado. – Tudo bem, Yukine, pode ir... ich...p-pra casa... Eu v-v-vou dei... ich... deixar a Hiyori na casa dela e... ich... já vou.

Yukine o olhou com certa hesitação, analisando o estado calamitoso de seu mestre e sua preciosa amiga.

— Tem certeza, Yato? É que... você não parece muito bem. E se...

— Eu vou ficar bem... – sorriu Yato, embora a expressão tenha saído mais como algo burlesco. – Você ainda é só uma criança, não tem que estar acordado à essa hora... ich...

O jovem shinki bufou, revirando os olhos alaranjados por ser tratado como criança. Primeiramente, ele tinha 14, então não era mais uma criança. E, segundo, ele já morrera. Mas, o rapaz não estava muito a fim de discutir isso com Yato. Porque, normalmente, o deus da calamidade já era extremamente dramático e escandaloso, imagine bêbado. Não, definitivamente Yukki não tinha ânimo pra isso esta noite. E, de qualquer forma, ele sabia que Yato ficaria bem. Ele sempre ficava. Coisa que não se podia dizer de Hiyori, que estava parecendo mais uma zumbi. Uma zumbi extremamente bonita e sexy, altamente pegável com aquele vestido azul, aquele rosto vermelho e...

— Urgh, Yukine! – Yato quase foi ao chão, levando a mão à nuca pelo choque em seu corpo. – Seu moleque pervertido! O que diabos tem nessa sua cabeça depravada?! Dê o fora daqui antes que eu lhe aplique a punição divina!

— Tá, tá – o menino ergueu as mãos em rendição. – Tudo bem, mas tome cuidado e não faça nenhuma idiotice. Eu vou esperar por você. Boa noite, Hiyori.

— B-B-Boa noite... ich... Yukine-kun.

Yukki então virou-se e começou a andar na direção da casa de Kofuku.

Yato e Hiyori continuaram seu percurso cambaleante até a casa da garota.

— E-Eu não sabia que... você tocava guitarra. – Hiyori soltou as palavras num sussurro, enquanto sua cintura estava envolta pelo braço de Yato e sua cabeça repousava sobre o ombro dele. Estava bêbada demais para se sentir constrangida. – Existe alguma coisa que você não saiba fazer?

— Haha, Hiyori... tem muita coisa que você não sabe sobre... ich.. mim.

— Mesmo? – ela desvencilhou-se dele, fazendo-o fitá-la com interesse. – Por quê? Nós não somos amigos? Então... ich... eu deveria saber tudo sobre você.

A expressão seguinte de Yato denunciou sua surpresa. Ele levou a mão à nuca, desviando o olhar dela. Ela estava certa. Hiyori era uma parte muito importante da vida dele, e ele nem estava sendo totalmente sincero sobre quem ele realmente era. Havia tantos segredos que ele ainda escondia, não deveria ser assim, mas ele também não podia simplesmente despejar tudo em cima dela. Não ainda.

— Hiyori... – ele balbuciou. – Não há nada além do que está vendo. Eu sou exatamente isso.

— Hm. – ela cambaleou, tombando para trás, terrivelmente sonolenta. – Que... bom. – Yato a agarrou antes que ela caísse. – Eu... ich... não gostaria que você fosse qual... quer coisa.. ich... além disso.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Hiyori pousou a cabeça sobre seu ombro e ali mesmo dormiu.

O deus da calamidade deixou um sorriso de contentamento florescer em sua face ruborizada. Ah, como era bom ouvir esse tipo de coisa. E não era só pelas palavras, mas porque Hiyori é que as tinha dito. Com o coração aquecido, Yato a pegou no colo e se esforçou ao máximo para não derrubá-la e cair junto. Talvez estivesse apaixonado por ela, mas isso não era um problema. Pelo contrário, talvez fosse a solução.

Não demorou muito para que chegassem à casa da moça. Felizmente, seus pais já pareciam ter ido dormir, então não teria problema Hiyori chegar em casa bêbada e sendo carregada por um rapaz na mesma situação. Yato usou a chave debaixo do tapete para adentrar a residência, equilibrando-se entre abrir a porta, não tombar para trás e não derrubar Hiyori.

— Hm...mmm – a morena abriu os olhos, meio confusa. – O-Onde estamos... Yato?

— É... ich... sua casa.

— O QUÊ?! – no susto, ela saltou, desesperada, dos braços do rapaz. – P-Pai! Mãe!

— Shhhhhhh, sua doida! – Yato tapou a boca dela com a mão, olhando-a dentro dos olhos com censura. – Eles estão dormindo, quer acordá-los com toda essa gritaria?

Hiyori soltou um suspiro aliviado ao receber a notícia. Relaxando, ela tombou para frente, apoiando a cabeça no peito do rapaz à sua frente.

— Graças a Kami-sama! – ela murmurou. 

— Você pode me... ich... agradecer depois. – ele pousou as mãos sobre os ombros dela. – Agora vem, eu vou levar você pro quarto.

Hiyori afundou o rosto na camisa dele, enquanto seus lábios se inclinavam em um sorriso gigantesco.

— Ha... – ela começou. – Haha.... Hahahaha... – conforme a gargalhada evoluía, ela agarrava-se mais ao peito do deus da calamidade, embrenhando seus dedos no tecido de sua camisa. – Isso... ich... me lembra quando você... me pediu pra ir pra cama com você... – ela ergueu seus olhos para ele, rindo com se fosse uma piada – Você... ich... é um tarado mesmo... É o deus da perversão, haha.

— Ah, bem... – ele riu de leve, ouvindo, em seguida o ressonar da garota, que pegara no sono naquela posição inimaginável.

Sorrindo, ele a pegou no colo mais um vez e subiu as escadas entre seus passos cambaleantes, até o quarto dela.

O lugar estava um breu só. A única fonte de luz provinha da janela, por onde a luz prateada da lua e a luz alaranjada dos postes podiam entrar. Yato caminhou, cautelosamente, até a espaçosa cama de Hiyori, depositando-a ali com todo o cuidado.

— Boa noite, Hiyori – ele sorriu, inclinando-se e afagando o rosto da jovem menina.

Por fim, ergueu-se, virou-se na direção da janela e espreguiçou-se, suspirando ao sentir cabeça girar por causa do álcool. Resolveu parar de enrolar e ir logo. Deu o primeiro passo na direção da janela, mas alguma coisa muito sutil puxou a barra de sua camisa por trás. Virou-se e qual não foi sua surpresa ao encontrar Ikki Hiyori sentada, a face tingida em cinquenta tons de rosa, segurando a barra de seu moletom.

— Ei, por que... – ela balbuciou, mas não o olhava diretamente. Em sua cabeça, tudo girava. – Por que você está indo? Por que você está sempre indo embora? – ela ergueu seus olhos rosados para ele. – Fique comigo, eu odeio esse lugar. Toda vez que eu fecho os olhos, tenho o mesmo pesadelo, eu não aguento mais. – lágrimas nublaram-lhe a visão, embora sua face mantivesse a mesma expressão apática e vidrada. – Se você estiver comigo, eu sei que vai ficar tudo bem. Por favor, não vá embora.

— Hiyori... – Yato agachou-se perante ela. – Qual o problema?

— São os pesadelos... Neles... ich... você está sempre me abandonando. Eu... não qu-quero mais sonhar com esse tipo de coisa.

Sem mais delongas, Ikki jogou-se sobre o rapaz, abraçando-o com força. Como estavam ambos bêbados, Yato acabou tombando para trás, mas nem por isso a garota o soltou.

— Tudo bem, Hiyori – ele apertou seus braços ao redor da cintura feminina. – Eu... nunca poderia deixar você. Eu te a...

— Hahaha. – Hiyori voltou a rir. – Nossa, seu cheiro é muito bom. – afundou o nariz no pescoço dele. – É terrivelmente viciante. O meu cheiro favorito!

Yato sentiu uma onda de excitação percorrer seu corpo enquanto apertava a cintura da morena, sentindo o nariz dela deslizar por seu pescoço e ombro. A moça ergueu o tronco, buscando olha-lo nos olhos.

— Ei, Yato – sussurrou para ele, com um pequeno sorriso. – Venha pra cama comigo.

Yato franziu o cenho ao ouvir Hiyori – sua Hiyori – sequer pronunciar algo como o que ela acabara de dizer. Ele nunca esperaria esse tipo de coisa daquela garota briguenta que defendia a moral com todos os seus Jungles Savates.

— Claro. – respondeu, como quem informa a hora.

— Hm. – ela aproximou seu rosto do dele. – Você é realmente pervertido, eu devia bater em você por tentar se aproveitar de mim.

— Foi você quem se jogou em cima de mim, sua tarada. – ele riu de lado. – Admita que você quer meu corpo nu.

— Ha... hahahahahahahaha – a morena ergueu mais seu tronco, parando, em seguida, de gargalhar. Foi quando seu rosto atingiu alguns cinquenta tons de vermelho. – Ei, Yato, você está bêbado o suficiente?

— Pra quê?

— Pra... – ela inclinou-se. – Não lembrar disso.

E Hiyori beijou o deus da calamidade. Um beijo doce e casto, que dava a ele tudo o que ela sentia. Apenas um leve toque de lábios, que viajou pelo corpo do rapaz na forma de um poderoso arrepio. Os lábios dela tinham gosto de cereja e álcool e Yato nunca se sentira tão verdadeiramente pleno como no momento em que tinha o corpo dela em seus braços e os lábios dela nos seus. O rapaz levou a mão à nuca feminina, aprofundando o beijo.

Foi com voracidade que o deus da calamidade consumiu os lábios daquela pequena humana. Ele deslizou as mãos pela cintura dela, virando-se e derrubando-a sobre o chão, subjugando o corpo feminino sob o seu. Deslizando os lábios pelo pescoço dela, ele sentiu quando a moça abriu seu moletom. À essa altura, ambos já haviam perdido a consciência de qualquer coisa. Yato levou os dedos às alças do vestido que ela usava, deslizando-as e beijando o ombro macio da garota, passeando a mão por uma de suas coxas. Pensando bem, ele não podia culpar Yukine por seus pensamentos pervertidos em relação à Hiyori. Porque, naquele momento, o próprio Yato se sentia o deus da perversão, preenchido de luxúria, enquanto abria o zíper do vestido dela. Ele sabia que não devia, mas não podia evitar e nem sequer conseguia silenciar o lado masculino que gritava pra ele não parar. No entanto, ele gostava de Hiyori muito além do desejo sexual. Era algo puro e genuíno que visava, em primeiro lugar, a felicidade dela. E, mesmo que estivesse bêbado, esse lado estava lá, gritando para ele que aquele tipo de coisa não era o que Hiyori, sua adorada, iria querer.

E foi esse sentimento, que Yato sequer podia nomear, que o fez refrear seus movimentos, afastar seu rosto do dela e olhar, diretamente, os cinquenta tons de rosa dos olhos de Ikki.

— Ei, sua tarada, quantos dedos tem aqui? – ele ergueu 3 dedos diante dela.

— Hmmmmm.... doze.

— Idiota! – ele ralhou. – São seis, você não vê?

Deixando isso de lado, ele suspirou, tombando para a esquerda, caindo deitado de costas no chão, ao lado dela.

— Por que você está me deixando de novo? – ela inquiriu, fitando o teto.

O deus virou o rosto para ela, sorrindo ao observar sua face avermelhada.

— Porque eu gosto de você.

Ela virou-se totalmente para ele, recusando-se a tirar o olhar dos olhos azuis do rapaz.

— Ei, Hiyori, você quer mesmo fazer isso? – perguntou ele.

— Eu... – a menina hesitou, encolhendo-se. – Não sei. Está tudo girando, não consigo me situar em lugar nenhum.

— Eu entendo.

Algum tempo se passou entre eles, sem que nada fosse dito. Por fim, Hiyori suspirou, escorregando para perto do rapaz e pousando a cabeça sobre o peito dele. Yato a abraçou e ficaram assim, apenas fitando o nada.

— Mas você bebeu o bastante, Yato? – a morena tomou a palavra.

Ele soltou uma leve risada.

— Eu acho que sim.

— Então me prometa que não vai se lembrar de... ich... nada disso amanhã.

— Por um beijo, eu posso realizar qualquer pedido seu.

Enquanto ele ria da própria piada, Hiyori ergueu-se e o beijou. Leve e calmo, sem luxúria ou depravação, cheio de afeição e apego. O beijo que arrasta Yato para fora de sua corrupção. Ao afastar-se, ela olhou-o bem nos olhos e sorriu.

— Você não vai se lembrar mesmo, então. – Hiyori voltou a deitar sobre o peito dele – Yato, eu te amo.

Ele sorriu, feliz, aconchegando-a em seu abraço, de onde queria que ela nunca saísse.

— Eu também amo você.

E, sob a luz da lua cheia, eles permaneceram juntos, como deveriam estar por toda a eternidade. Até que Yato decidiu que era hora de ir. E mesmo que soubesse que não lembraria de nada na manhã seguinte, ele tinha plena consciência que aquele sentimento, aquela felicidade e aquele bem estar nunca desapareceriam.

 Owari...


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Notas finais do capítulo

Vida longa a Yatori ❤



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