Amor, em primeira pessoa escrita por Anaruaa


Capítulo 16
Um novo homem




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Depois do que houve, eu me sentia metade de mim mesmo.

Por vários dias tentei falar com Isabel, mas ela tinha me bloqueado.

Eu me afundei no trabalho, passando até 16 horas por dia no escritório. Eu evitava voltar para casa, pois me ressentia de Liliana, como se ela fosse culpada por eu ter perdido Isabel.

Liliane era jovem e fogosa, ela tinha desejos, mas eu não conseguia mais ficar com ela. Mesmo sendo linda, meu corpo não a desejava. Com o tempo, ela parou de me procurar e nosso casamento tornou-se apenas aparência.

Eu também me ressentia de Isabel, por ela ter me tirado de sua vida e não ter me dado outra chance. Eu a culpei por não estarmos juntos: ela terminou comigo da primeira vez, ela foi embora para outra cidade, ela me bloqueou e se recusava a falar comigo. Eu precisava esquecê-la de uma vez por todas.

Comecei a procurar outras mulheres, mesmo ainda sendo casado. Por um ano inteiro, eu fui um libertino infeliz. Até que eu percebi que aquilo não estava adiantando de nada, eu continuava incompleto.

Tentei reaproximar-me de Liliana e salvar nosso casamento, afinal, ela era minha esposa e foi a única mulher em muitos anos que passou perto de me fazer esquecer meu amor antigo. Mas aparentemente, Liliana não tinha interesse em salvar nossa relação.

De fato, alguns meses depois, Liliana me disse que estava apaixonada por outro homem. Ela pediu o divórcio e também se demitiu do escritório para abrir o seu próprio negócio, levando vários de nossos clientes consigo. Eu não pude fazer nada além de aceitar, ela merecia ser feliz com alguém que a amasse de verdade.

Então eu fiquei sozinho, e a solidão quase me afundou. Eu trabalhava na maior parte do tempo, e bebia na outra parte. Passei a dormir pouco, comer pouco e beber muito. Então eu conheci Valéria.

Valéria era uma mulher madura, um pouco mais velha do que eu, mãe de um adolescente e divorciada. Ela era uma mulher linda e fascinante. Foi ela quem me convidou para sair primeiro, e me levou para jantar em um restaurante italiano, fazendo questão de pagar a conta. Ela disse que eu parecia perdido e me estimulou a me abrir. Eu contei tudo a ela, toda a minha vida, minha história e como eu me sentia. Eu nunca tinha me aberto assim com ninguém, e me senti muito mais leve depois de falar com ela.

Nós começamos a namorar, e foi a relação mais madura que eu já tive na vida. Valéria tinha sua própria casa, seu trabalho e sua família, ela não precisava de mim para se completar, porque já era uma mulher completa. Ela estava comigo apenas porque queria estar.

Valéria preenchia um vazio que eu senti por muito tempo. Ela foi o mais próximo de um verdadeiro amor que eu senti em muitos anos. Graças a ela, eu me tornei um homem diferente, centrado, maduro, racional. Eu admirava a mãe que Valéria era, seu filho a amava de uma forma tão pura, que muitas vezes eu a invejei, desejando um amor assim para mim. Pensei que ela poderia ser a mãe do meu filho, mas Valéria sempre deixou claro não pretendia ter mais filhos, nem se casar novamente.

Nós terminamos há alguns meses, e desde então, eu venho avaliando como foi minha vida nos últimos anos. Cheguei à conclusão de que eu preciso fazer as pazes com meu passado, revisitar sentimentos antigos, que ainda estão guardados dentro de mim. Eu preciso virar a última página de um livro que eu tenho lido há mais de 15 anos, e fechá-lo definitivamente.


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